Soldier Seiya - A Era de Poseidon 01 escrita por Léo Rasmus


Capítulo 3
Saint Fenix




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CAPÍTULO 02

“SAINT FENIX”

JAPÃO - ORFANATO FILHOS DAS ESTRELAS, DEZ ANOS ATRÁS.

   — Ah, Seikaaa, você vai mesmo me deixar aqui? Por que eu não posso ir junto?

   — Porque você é um menino e só tem 08 anos, Seiya. Meninas órfãs como eu, quando completam seus doze anos, são chamadas pra servir ao Império na Fortaleza em Atlântida. Eu vou ser uma das Nereides de Poseidon.

  — Uma “Neide” de Poseidon? Então você vai usar uma dessas armaduras enormes e sair enfrentando monstros por aí? — pergunta Seiya, mostrando um de seus livros em quadrinhos.

  — Nereide, Seiya! — responde Seika, sorrindo. — E não, as Nereides não lutam como os heróis dos quadrinhos, e por isso, não precisam de armaduras. Elas usam um vestido lindo, são todas bonitas e ajudam os soldados, comandantes e capitães com as tarefas do dia-a-dia. — Seika parecia cada vez mais animada — Algumas limpam, cozinham, outras são guias turísticas, outras trabalham como recepcionistas, ou telefonistas...

   — Entendi... Mas se as Nereides têm que ser bonitas como você vai ser uma delas, hein, Seika? — Comentou Seiya, fazendo gracinha para sua irmã.

   — Seu bobo! Eu te pego!!

Os dois começam uma divertida briga de travesseiros. Seiya, de repente, para a brincadeira e olha entristecido para sua irmã:

— Seykaa... Mas e eu, como fico?

— Seiya, nós dois somos órfãos e nunca conhecemos nossos pais. Fomos deixados aqui quando você era só um bebezinho. Por enquanto você vai ter que ficar aqui e ser forte. Eu vou, mas assim que eu juntar bastante dinheiro em Atlântida, eu venho te buscar. Tenho fé no deus desse mundo, Poseidon.

— Você promete? — pergunta Seiya, levantando o dedo mindinho, curvado, para fazer o juramento.

— Sim, Seiya, é uma promessa. — confirma Seika, fazendo o juramento de mindinho — E eu também prometo te ligar todos os dias.

Seika levanta-se e segue em direção à porta aberta. Eles dividem um último abraço e então ela entra no banco de trás do carro. Pela janela, ela olha para seu irmão e fala bem alto:

— Só alguns anos Seiya. Eu volto pra te buscar! Eu prometo Seiyaaa!

Seiya tenta correr em direção ao carro, como se sentisse que nunca mais fosse ver sua irmã outra vez. Ele corre e corre, chamando por Seika, até que ele tropeça e cai, enquanto o veículo desaparece no horizonte.

ATLÂNTIDA, UM ANO DEPOIS.

O continente de Atlântida estava bastante movimentado. Segundo os principais meios de comunicação, toda a população parou para acompanhar a notícia da morte natural do Grande Mestre Nereu, que esteve no poder pelos últimos noventa e dois anos. Nas ruas, ao redor do templo, havia um imenso falatório:

            — O nosso amado mestre faleceu, mas seu filho Dócrates logo vai assumir o trono! É uma data histórica!

            — Sim! Dizem que ele é como o pai, um homem temente a Poseidon, que preza a família tradicional. Com ele, bandido bom é bandido morto. Ele vai acabar com a maldita rebelião de Athena, e com qualquer um que siga outros deuses!

            — Ele vai conservar nossos valores! Eu até respeito as minorias, mas quem manda nesse mundo é a maioria, tá ok?

            — Exato! E logo, logo ele vai assumir o nome de Tritão, que é concedido a todos que assumem o posto, desde eras mitológicas!

            De dentro do templo, a alguns andares acima, Kanon, trajando roupas bastante elegantes, afasta-se da janela da sala ampla e semi-iluminada e volta-se para o senhor de idade avançada e longa barba branca, que se encontra sentado em uma confortável poltrona, atrás de uma mesa grande de reuniões. A escassa luz da sala não nos permite enxergar seu rosto nitidamente. Kanon, então, anuncia:

            — A notícia de sua morte já foi veiculada. Logo poderemos anunciar a posse do suposto filho de Nereu. É incrível como o senhor tem apelo com o público, Senhor Tritão. E pensar que séculos atrás o senhor costumava impor seu reinado através da força bruta.

            O senhor de aparência cansada, de corpo esguio e com uma cabeleira rala e branca, mantinha as pontas dos dedos de ambas as mãos juntas e próximas ao rosto, em tom pensativo, enquanto apoiava os cotovelos sobre a mesa. De olhos fechados, ele respondeu:

— Eu percebi que é mais fácil dominá-los quando eles mesmos resolvem me seguir. Tolos! É tão simples falar o que cada geração deseja ouvir. Quanto a quem se opuser a mim, esses sim deverão ser eliminados.

             — Não teme que descubram que a passagem do trono de Atlântida é uma farsa? Que Tritão, que eles pensam ser apenas um título hereditário, na verdade é o seu verdadeiro nome? Que Tritão, o deus imortal, filho de Poseidon, sempre foi o mesmo e finge passar o trono de pai para filho enquanto tem vivido por todos esses séculos como o Grande Mestre?

            Tritão, que até agora se mantinha sentado, levanta-se calmamente e posiciona-se próximo ao seu general, em um ponto mais iluminado da sala. Seu semblante, podemos agora observar, é sereno e sua fala é clara:

— Fingir ser como os humanos é uma necessidade. A figura de Poseidon, como deus onipresente, mas que ninguém nunca viu, também é uma necessidade, pois provoca medo. Mas os humanos também precisam de um “deus” que possam ver. Os humanos não compreenderiam um ser que atravessa os séculos sem envelhecer. — as feições de Tritão agora se tornam malignas — Entende agora, meu caro Dragão do Mar? Ninguém nunca descobrirá que hoje sou Nereu, um velho que morre, mas que amanhã renascerá como um homem forte e jovem, Dócrates, para prosseguir com meu reinado.

— Sim, senhor. Nem mesmo os outros generais têm conhecimento sobre isso. Perdoe minhas preocupações. Em que momento pretende se dirigir à Fonte das Hidríades, para restaurar seu corpo?

— Amanhã, ao entardecer, é o momento certo. Entrarei na fonte e transformarei esta casca velha em um corpo belo e poderoso. Depois retornarei, para permanecer em meu trono até que eu envelheça novamente.

— E quanto à Rebelião de Athena?

— A Athena desta geração está morta, Kanon, você mesmo a matou. Aqueles fracos já podem se considerar mortos.

Ao contrário de Tritão, porém, Kanon está bastante preocupado. Ele sabe que Athena está viva, em algum lugar do mundo e, para matá-la, ele precisa acabar com a rebelião.

***

Ao cair da noite, em outro lugar do continente, em um templo em ruínas com notável estilo grego, surge um indivíduo coberto por um manto com um capuz, tão rápido que, visualmente, é como se ele tivesse se originado do próprio vento. Ajoelhado, ele fala:

— Aconteceu, Aioria.  — diz o encapuzado. — A morte do mestre foi finalmente anunciada.

De costas para o indivíduo, está um homem jovem, vestido com uma simples armadura de treinamento, que responde:

— Então aquele teatro, que acontece a cada noventa e poucos anos, será encenado novamente. Que nome Tritão usará dessa vez? — Aioria se vira para o encapuzado. — Não importa. O que sabemos é que a partir de agora ele se fortalecerá, porém, graças às descobertas da Fundação Graad, nós sabemos que o corpo de Tritão, apesar de imortal, se enfraquece com o tempo. Essa é a nossa oportunidade de atacá-lo e exterminá-lo. Como vão os preparativos para nosso ataque, Ikki? Ou devo dizer... Fênix?

O jovem levanta-se, retira o capuz e se mostra para Aioria, o atual líder da rebelião:

— Tudo conforme os planos. De acordo com as informações fornecidas pela Fundação, Tritão terá que ir amanhã, ao entardecer, até uma fonte que fica em um jardim secreto nos arredores do vilarejo de Potâmide, perto daqui, para regenerar seu corpo. Nesse instante, seu corpo estará tão fraco como o de um humano normal, e nessa hora atacaremos. Shaka, Mu, Aldebaran e outros vinte rebeldes já estão preparados.

Ikki faz um breve silêncio e pergunta:

— A Fundação Graad. Como eles se tornaram nossos aliados?

— Mitsumasa Kido, presidente e dono da Fundação, descobriu que a Rebelião de Athena existe desde a Primeira Guerra Santa contra Poseidon. Ele que nos procurou. Mitsumasa localizou Aioros e Mu em Jamiel, há alguns anos. Juntos, eles desenvolveram o plano para impedir que a Athena dessa época fosse morta ao vir para esse mundo. Graças aos esforços do Senhor Mitsumasa Kido e da Fundação Graad, temos conseguido valiosas informações. Ele é nossa aliança mais poderosa atualmente. Além de financiar os custos da Rebelião, ele é o protetor de Saori, que vive como sua neta na mansão Kido, no Japão.

— Entendo. Voltarei agora para o esconderijo.

— Me reunirei a vocês em seguida. Precisamos ficar atentos para qualquer movimentação. Não podemos perder essa chance. E Fênix...

Ikki já havia dado as costas para deixar o local. Ele para e apenas vira as pupilas para a direita:

— Sim, Aioria?

— Faz um ano que você veio da Ilha da Rainha da Morte, mas você nunca falou muito sobre sua história. Soube que procura seu irmão, que se separou de você em um naufrágio, quando vocês se dirigiam para cá.

— Foi há cinco anos...

“Eu tinha oito anos na época e meu irmão Shun apenas quatro. Vivíamos em um orfanato no Japão e fugimos de lá, pois eu acreditava que nós, que não tínhamos ninguém, precisávamos ser fortes. E para isso, viajamos por muitos e muitos dias para chegar até Atlântida a fim de nos tornarmos Soldados de Poseidon.”

 “Finalmente, entramos como clandestinos em um navio na costa da Espanha. No meio da viagem, uma terrível tempestade se formou e o navio afundou. Tentei salvar meu irmão a todo custo, mas... Eu podia jurar que vi uma mulher saindo da água, pegando ele nos braços e levando Shun para o fundo do mar. Mas foi só minha imaginação. Só sei que acordei em uma ilha desconhecida.”

“Eu havia sido encontrado por uma jovem moça chamada Esmeralda, que me apresentou a seu pai, Guilty e a todo o seu povo. Eles eram todos seguidores de Athena e lá aprendi sobre a história da luta entre os deuses.”

 “Aquele lugar é chamado de Ilha da Rainha da Morte e, tirando o oásis onde as pessoas viviam, a ilha é um verdadeiro inferno: As temperaturas durante o dia alcançam níveis de calor inimagináveis e ao cair da noite, a ilha se torna um pesadelo gelado, chegando a muitos graus abaixo de zero.”

“Guilty, apesar de ser um homem bom e gentil, quando soube do meu desejo de me tornar forte, decidiu me treinar de forma dura e agressiva. Durante os quatro anos que vieram, ele me mostrou como queimar meu cosmo, suportando o calor do vulcão, até que as chamas e a lava causticante não podiam mais me fazer mal. Ele me falou da Fênix, a ave imortal, minha constelação protetora, e assumi pra mim esta identidade.”

“Foi quando Shaka aportou na ilha, procurando pelo continente perdido chamado Mu. Ele me falou da rebelião e ficou surpreso em ter encontrado um grupo de seguidores de Athena num lugar como aquele. Decidi, então que era hora de partir e utilizar minha força, que consegui sem a ajuda de deuses malignos, para libertar a humanidade das mãos de Poseidon.”

— O resto, você já sabe. Juntei-me à rebelião, e soube que a garota chamada Saori Kido, que é a reencarnação de Athena, está no Japão. E tenho lutado ao seu lado durante este último ano que se passou. Fui aprendendo, pouco a pouco, a confiar em todos que juraram lealdade à Athena. Bem, falei demais e não sou muito bom nisso.

Ikki dá as costas mais uma vez e escuta a voz de Aioria, dessa vez em um tom ameaçador:

— Ikki...

 O Fênix olha rápido para trás e vê uma brilhante luz. Em seguida, sente uma energia se aproximando, com um calor tão intenso como nem ele jamais sentiu. Ele tenta se esquivar, mas não consegue a tempo. Ele é jogado com o rosto no chão com tamanha força que seu corpo inteiro quica uma vez de encontro ao solo.

— A-Aioria, o que...?

— Reconhece esta técnica, Ikki?

— Mas é... É a mesma técnica do meu mestre Guilty, como isso é possível?

— O homem que você chama de mestre já foi um Capitão Marina, Guilty de Merlion. Ele foi meu mestre também por alguns anos, durante minha juventude.                 

— Mas como? Então ele...

— Isso mesmo. Ele veio até Atlântida para entrar no grupo de Poseidon. Ninguém jamais imaginaria que ele tinha uma vida secreta como líder de um grupo de seguidores de Athena. Apesar de ele parecer um beberrão, meu irmão confiava nele e nos apresentou. Ouvi dizer que ele morreu afogado no meio do oceano, enquanto velejava bêbado.

— Seria bem a cara do velho, ter um fim como esse. Eu não mencionei, mas ele é um pinguço mesmo, mas continua vivo. Pobre Esmeralda, que tem que aguentar a cantoria dele a noite toda. — relembra Ikki, saudosamente, se recompondo do ataque que recebera.

— Ikki, eu fico feliz em conhecer sua história e em saber que temos essa ligação. Me prometa, Ikki, que caso algo aconteça comigo, você continuará a proteger Saori, ou melhor, Athena, e que você será o líder da Rebelião no meu lugar.

— Mas Aioria, seu poder... É muito maior que o meu.

— Apenas prometa... Ikki.

— Está bem. Eu prometo.

— E quanto a seu irmão, acredite, você irá encontrá-lo.

Aioria olha em direção à constelação de Sagitário e é como se visse a figura do falecido irmão. Aioros, meu irmão. Eu prometo que farei o que tem que ser feito.

                      

VILAREJO DE POTÂMIDE. O DIA SEGUINTE

O grito de Ikki ressoa em meio a uma ensurdecedora explosão:

— Fujam, é uma emboscada!

Dezenas de soldados investem de forma violenta contra a rebelião e muitos são mortos rapidamente. O cenário é de guerra, há chamas e fumaça e o solo do jardim secreto onde fica a Fonte das Hidríades está coberto de sangue.

— Miserável! Como sobreviveu à minha Rendição Divina? — Shaka está no chão, ferido, sob os pés de Tritão, que surge com seu corpo renovado e trajando sua assustadora escama dourada.

 

PRÓXIMO CAPÍTULO: “UM TRAIDOR NA REBELIÃO! CAPITÃO MARINA MEGALODON!”

QUEIME O COSMO ATRAVÉS DOS SETE MARES!!

 


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