A história de Wuji escrita por Kori Hime


Capítulo 5
A beleza da união




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/789947/chapter/5

Para aquela apresentação, eles precisaram da ajuda de outras pessoas. Wei Wuxian recebeu uma flauta de bambu no último momento, antes de entrar no palco e ficou aliviado. A antiga flauta estava deteriorada, e a única disponível para ele usar era de metal e o som para ele era muito mais frio e sem emoção.

— Vocês estão animados para isso. — Jiang Cheng disse, sorridente.

— Obrigado pela ajuda. — Wei Wuxian falou, trocando sorriso com seu irmão. Mesmo que aquele na sua frente não tivesse a alma de Jiang Cheng que conheceu, Wei Wuxian estava feliz em tê-lo encontrado. Principalmente ter tido a oportunidade de vê-lo sorrir de forma tão animada.

A relação dos dois ainda era bastante delicada, as vezes Jiang Cheng estava de bom humor quando o encontrava e eles conseguiam ter uma conversa civilizada. Às vezes, nem conseguiam se manter no mesmo lugar. Ficou tentado em abraçar o irmão, para sentir novamente a segurança de estar ao lado dele. Contudo, foram chamados para subirem ao palco.

Lan Zhan não estava muito diferente do que Wei Wuxian conhecia, só que, dessa vez, eles conseguiram figurinos muito parecidos com os que usavam em seu tempo. E, olhando melhor, ele parecia até mais feliz pelos longos cabelos negros caindo nas suas costas.

Wei Wuxian aproximou-se rapidamente dele, antes de passarem pela área dos que chamavam de bastidores e o elogiou, vendo suas orelhas ficarem vermelhas de vergonha. Wuxian suspirou, sentindo saudade dos beijos e das carícias mais íntimas de quando eram casados. Agora, apenas um olhar parecia causar rebuliços.

Assim que apareceram no palco, as luzes direcionaram para eles. Era um incomodo aos olhos aquela claridade. Além disso, mal conseguiam ver a plateia para quem estavam tocando com toda luz em suas faces.

Lan Zhan estava tranquilo, mais confortável naquelas roupas que se assemelhavam as suas, até havia conseguido uma fita para colocar em sua testa. O instrumento estava em um lado do palco e ele caminhou até a guqin, sentando-se de frente para ela.

Do outro lado do palco estava Wei Wuxian, com seus belos cabelos negros implementados por uma jovem gentil que os preparou antes daquela apresentação. Ela era bastante habilidosa e Lan Zhan mal sentiu suas mãos puxarem os fios para prenderem as mechas atuais. E isso foi agradável, pois ele não gostava do toque de outras pessoas, senão as mãos de Wei Wuxian.

O público parecia agitado, mas foram se acalmando quando o som da cítara foi tocado. Causando um impacto nas pessoas, que elas sentiram seus corpos vibrarem com aquela nota. Wei Wuxian sorriu para Lan Zhan, e depois ele assoprou a flauta, fazendo o som melodioso bailar pelo ar, até atingir os ouvidos dos espectadores.

A canção foi tocada como eles costumavam sempre fazer, cheia de intensidade de sentimentos e significados. Era uma forma de pôr em notas toda a sua força e energia espiritual, mesmo que aqueles corpos possuíssem muito pouco disso.

Mas, aos poucos, eles começaram a sentir a energia espiritual aumentar. Não sabiam como isso era possível, mas a música se tornou mais poderosa conforme a energia crescia dentro deles.

Eles se olharam, por um breve momento, voltando a atenção em seus instrumentos musicais, assim como na energia concentrada.

— Você sentiu isso? — Perguntou Jiang Cheng, para a colega. — Essa energia. — Ele sentiu o corpo arrepiar completamente, antes da canção terminar.

— Senti um arrepio, eles tocam muito bem. — Ela respondeu, surpresa, pois não sabiam daquela habilidade dos dois.

O som da canção foi se espalhando pela região de Gusu, até o alto da montanha, alcançando os coelhos selvagens, que se tornaram dóceis. O templo abandonado recebeu uma brisa calma acendeu as velas empoeiradas, dando luz ao ambiente. Os símbolos encrustados diante do altar brilharam com luzes douradas. Não havia ninguém ali para ver tal espetáculo.

No palco, bem no centro da cidade, a energia estava acumulada e quase no final da música, Wei Wuxian pode sentir seu espírito escapar pelo seu corpo. Já havia sentindo algo parecido com aquilo, contudo, não era tão terrível como morrer.

Lan Zhan fechou os olhos e sentiu a mesma coisa.

E, quando os dois terminaram a canção, recebendo uma salva de palmas, eles abriram os olhos e encararam a plateia sem entender por que estavam ali.

Assim que deixaram o palco, ainda aturdidos com tudo o que aconteceu, Wei Ying e Lan Zhan receberam vários elogios dos colegas nos bastidores. Quando conseguiram ficar a sós no camarim, eles se olharam assustados.

— Isso foi um sonho? — Wei Ying perguntou, passando a mão no rosto e nos cabelos.

— E-eu não sei. — Lan Zhan parou na frente do espelho e passou a mão em sua testa e tirou a fita. — Não pode ser real, nós dois termos tido o mesmo sonho.

— Mas, mas parecia real. — Wei Ying aproximou-se dele, segurando sua mão. — Éramos nós dois, mas em outro mundo.

Era difícil para eles entenderem o que estava acontecendo, precisaram receber mais convidados no camarim, antes de conseguirem novamente ficar a sós. Wei Ying pegou seu celular particular que estava dentro do bolso da sua roupa. Ele ficou curioso com as fotografias que foram tiradas e que ele não se lembrava de ter feito.

— Tem um vídeo aqui. — Disse, sentando-se ao lado de Lan Zhan na cama.

Já haviam sido dispensados depois de uma longa noite de trabalho e conseguiram um tempo no quarto dele na pousada. O vídeo iniciava com uma saudação educada e que não era usada a muito tempo. Aquele era Wei Ying, mas não se parecia com ele.

— Oi, provavelmente você deve estar confuso com o que aconteceu. Nós tentamos entender o que houve e nos conectamos com o passado para tentar fazer a troca. Se está vendo esse vídeo, é porque deu certo. — Ao lado dele, Lan Zhan apareceu, os dois estavam vestidos com as roupas da apresentação daquela noite. — Vocês são pessoas importantes nesse mundo, e muitas outras pessoas se espelham em seus exemplos. Isso acontece também no nosso mundo. Somos sempre usados de exemplo para coisas boas e ruins. Mesmo assim, tentamos seguir nossa vida sem arrependimentos, com a consciência limpa.

— Nesse mundo atual não é fácil.

— É, não é mesmo. — Wei Ying suspirou. — Eu não gosto de mentiras, mas aprendi que as vezes é preciso omitir algumas coisas para que outras deem certo. — Ele olhou para Lan Zhan. — Não me olha assim, você já mentiu por mim algumas vezes.

— Não menti, apenas demorei para falar a verdade.

— Claro, claro. — Wei Ying gargalhou. — Nós só queríamos dizer que vocês são boas pessoas, e eu estou feliz em saber que o meu descendente encontrou o amor certo.

— Eu também. — Foi tudo o que Lan Zhan disse, após o final do vídeo.

Os dois ficaram sem palavras, depois que assistiram aquele vídeo no celular. Eles não sabiam se acreditavam que aquilo era real ou uma simples montagem. Mas quem iria tão longe para fazê-los passar por uma pegadinha dessas?

Foi preciso alguns dias para eles conseguirem se recuperar da experiência. E a turnê acabou sendo cancelada, todos os shows e as gravações, além das entrevistas foram suspensas. O país estava passando por um grave momento de pandemia, onde a população precisou ficar de quarentena. O isolamento causou uma forte mudança na rotina de Wei Ying e já fazia quinze dias que ele estava em seu apartamento. A família estava em outra cidade, todos passavam bem e isso era o que mais dava forças para ele, saber que os pais estavam com saúde.

Sua outra preocupação era com Lan Zhan. Esse não parecia estar muito bem, havia tido uma crise alérgica alguns dias atrás e agora se dizia melhor. Mas, todos os dias, eles conversavam por vídeo chamada e aquilo o tranquilizava e acalmava seu coração.

— Estava pensando, sobre quando tudo isso acabar, queria poder viajar. — Ele disse, olhando para o celular que estava preso em um suporte. Lan Zhan sorria pela tela do aparelho. — Conhecer algum lugar novo, sabe?

— E por acaso você quer uma companhia para viajar? — Ele perguntou, com as bochechas coradas, fazendo Wei Ying rir também.

— Claro que eu quero companhia. — Ele disse. Não havia deletado ainda o vídeo que eles gravaram. Ainda não sabia se foram eles que gravaram, era uma grande incógnita na vida. — Estou com saudade, até mesmo de ficar sentado com dois metros de distância, como nas entrevistas.

Lan Zhan gargalhou, balançando os cabelos e os jogando para trás. Sua franja havia crescido um pouco mais.

— Sinto saudades também. — Ele disse, ainda com as bochechas atiçadas pelo o que ouvia. — Eu te amo.

— Eu amo você também. — Wei Ying disse e aquelas palavras preencheram seu coração com bons sentimentos. — Dorme comigo essa noite?

— Claro. — A resposta foi dita rapidamente. Naquele momento, dormir juntos para eles era manter os celulares ligados na vídeo chamada, ao seu lado na cama. Eles podiam olhar um para o outro, até pegarem no sono. A ligação eventualmente caía em um momento da noite, e a tela já estava desligada quando eles acordavam, mas ainda era uma boa sensação.

 

Em algum lugar do passado...

 

Lan Zhan sentiu falta do peso da cabeça de Wei Wuxian sobre seu peito. Ele abriu os olhos e se levantou, já era cinco horas da manhã em Gusu Lan. Assim que vestiu o robe branco, cobrindo sua nudez, ele jogou os cabelos longos para trás e ajeitou a faixa na testa, que havia sido removida com os dentes pelo marido na noite anterior.

Ele ouviu um som de risada e caminhou sem pressa até a varanda, onde encontrou o marido rindo diante de uma pilha de papeis e algumas velas acessas.

— O que está fazendo? — Lan Zhan perguntou, estava claro que Wei Wuxian sequer havia passado toda a noite na cama, depois que ele adormeceu.

— Escrevendo um livro com a nossa história. — Ele respondeu, animado. — Eu estava pensando em como ajudar a nossa futura geração a respeitar e aceitar as pessoas e seus romances. Então, a única forma de fazer isso, é contando nossa história. Assim podemos enviar cópias da nossa história para vários lugares e ela pode ser lida por várias pessoas ao longo dos anos.

Lan Zhan sorriu, sentando-se ao lado dele no chão da varanda, e o abraçando.

— Acho uma ideia bonita.

— É claro que é, porque nossa história de amor é bem legal, não acha?

Ele concordou, movendo a cabeça. Embora achasse melhor evitar alguns detalhes, como a morte de Wei Wuxian e outros assuntos.

— Posso ler? — Lan Zhan pegou a pilha de papeis e começou a ler os inscritos de Wei Wuxian. As pinceladas apreciam firmes e dava a sensação de que ele tentou se esforçar para serem legíveis, embora a escrita noturna pudesse ser um pouco mais difícil porque estamos com os olhos mais cansados. Era possível passar a limpo depois.

Por um momento, estava achando agradável a história no ponto de vista do marido. Ele de fato ocultou a parte da caçada, os assuntos familiares e as mortes. Estavam lá os momentos juntos, quando visitaram Yunmeng e passearam pelo porto. Também o encontro deles quando jovens, e logo em seguida as coisas ficaram muito mais detalhadas. Como a primeira vez deles em uma floresta.

Ler aquela parte causou um embaraço em Lan Zhan. Ele não se arrependia do momento e o desejo realizado, mas era inapropriado outras pessoas saberem. Sugeriu a mudança, ocultando também esses detalhes.

— Mas então as pessoas não vão ter certeza de que nós somos um casal, não é? — Wei Wuxian suspirou. — Eu estava até pensando em fazer uma revista com ilustrações, o que acha? — Apesar do sorriso dele ser completamente encantador, a ideia não era muito bem vista para Lan Zhan.

— Não me sentiria a vontade.

— Não precisamos fazer igualzinho a gente. — Wei Wuxian bateu a ponta do pincel no queixo. — E se eu disser que já contratei o artista?

— Wei Ying...

 

Em algum lugar no futuro alternativo

 

O menino pintava o desenho que havia feito com as canetinhas coloridas, ele balançou o desenho no ar para mostrar ao pai, que estava sentado no sofá, assistindo ao jornal. Quando o garoto teve sua atenção capturada pela jornalista, que falava sobre a novidade daquele momento.

— Muitos casais decidiram se casar hoje, em uma grande celebração comunitária. Essa data se tornou histórica há um ano, quando os atores Lan Zhan e Wei Ying oficializaram seu casamento, sendo o primeiro casal homoafetivo a ser reconhecido por lei no país...

— Papai, olha, é você. — Yuan apontou para a televisão, correndo depois para se sentar no sofá com o pai.

— Sim, sou eu e seu pai. — Wei Ying comentou, abraçando o filho e o pegando para sentar-se em seu colo. — Nós nos casamos, para depois adotar você. — Ele deu um beijo na cabeça do menino, bagunçando os cabelos dele em seguida.

Lan Zhan havia acabado de chegar, carregando algumas sacolas de compras, quando Yuan correu em sua direção, dizendo que ele estava passando no jornal. Ele pegou o garoto em seus braços e sentou-se no sofá, recebendo um beijo no rosto do marido.

— Espero que eles sejam felizes. — Disse, ganhando mais um beijo, dessa vez do filho em seu colo. — Está com fome? Eu trouxe torta.

— Oba! Eu quero torta. — Yuan comemorou e saltou do colo dele, indo em direção a cozinha para mexer nas sacolas. Antes de Lan Zhan ajudar o filho, ele recebeu um abraço do marido e um beijo.

— Senti sua falta. — Wei Ying disse, dando alguns beijos no rosto de Lan Zhan, que riu.

— Eu saí por uma hora.

— É o suficiente para me fazer sentir saudade. — Ele voltou a beijá-lo e recebeu um abraço apertado em seguida. — Vamos, também quero torta.

Lan Zhan concordou, indo até Yuan. Wei Ying virou-se para a televisão, com um sorriso de felicidade, desligando-a em seguida, e voltando a atenção para a sua família.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

FINAL, espero que tenham gostado. Me contem o que acharam. Único fantasma legal é o Hua Cheng.
beijos



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A história de Wuji" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.