Antonia escrita por Valdir Júnior


Capítulo 5
A Nuvem




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A alferes Miranda Sanches estava terminando o seu turno no posto de comunicações da Estação de Monitoramento Epsilon IX da Federação Unida de Planetas, na fronteira da Zona Neutra Klingon no Quadrante L-14. Sua última tarefa seria contatar a nave de Exploração Científica U.S.S. Columbia, que estava saindo do setor e repassar as últimas ordens recebidas do comando da Frota Estelar.

— Estação Espacial Epsilon IX chamando U.S.S. Columbia NCC-6210.— disse a operadora – Columbia, responda, por favor.

Aqui é Nave Exploradora Columbia, Epsilon IX. — respondeu o oficial de comunicação da nave - Você pode melhorar sua transmissão?

Columbia, estamos amplificando o sinal. – disse a alferes Sanches - Como está recebendo?

— Muito bem agora. – foi a resposta - Obrigado, Epsilon IX. Recebendo sua transmissão.

A U.S.S. Columbia deve se encontrar com a Exploradora U.S.S. Venere, NCC-5952, que está no Setor Kalamari, na data estelar 7411.4. Quando o contato for estabelecido serão transmitidas ordens adicionais aos oficiais comandantes. Assinou o Comodoro Angel Prober pela Frota Estelar. Fim de transmissão.

— Ordens recebidas e entendidas  Epsilon IX. – respondeu a Columbia - Obrigado.

A alferes Sanches encerrou a transmissão e preparava-se para fazer as entradas finais no computador antes de passar o posto ao próximo turno, quando recebeu uma retransmissão automática de um dos satélites de vigilância que a Federação mantinha ao longo da fronteira. Como identificou que se tratava de um arquivo de áudio e vídeo, passou-o para o monitor da sua estação de trabalho.

 Imediatamente surgiram na tela três grandes Cruzadores de Batalha klingon Classe K’T’Inga (1), deslocando-se em velocidade de impulso e navegando em formação, muito próximos uns dos outros.

A oficial ouviu então as ordens transmitidas às naves pelo comandante da esquadra na língua klingon, que eram traduzidas quase imediatamente pelo computador.

dup yaS! (Oficial Tático!)

— jIHDaq chollaw'lI' (Visual!)

— nuH qul! (Preparar torpedos!)

—vut... (Atenção...)

— baH! (Fogo!)

Seguindo os protocolos de segurança da Frota, Miranda acionou o comando de alerta no intercom do seu painel, para se chamar o oficial comandante da Estação no seu turno, o Comandante Thomas Branch.

Dentro de pouco tempo o oficial se aproximou do terminal onde estava a alferes Sanches.

— Pois não alferes? – perguntou o comandante Branch parando a seu lado.

— Comandante, nossos sensores de longa distancia interceptaram esta transmissão no Setor Beta Thoridor.

— Esta posição é dentro dos limites do espaço  Klingon – disse Branch.

Depois que a alferes repetiu para o comandante as imagens das naves e as comunicações entre elas, o oficial continuou olhando intrigado para a tela.

— Contra quem eles estão lutando? – perguntou ele, preocupado.

— Desconhecido, senhor. – respondeu Miranda – Mas acabamos de conseguir um visual externo ampliado.

— Vamos ver então – ordenou o comandante.

Surgiu então na tela alguma coisa que lembrava uma nuvem de energia imensa, brilhando em tons de azul e branco. Pouco a frente dela estavam os cruzadores klingon, parecendo quase insignificantes, tão grande era a diferença de tamanho entre a nuvem e as naves.

Os oficiais ouviram novamente as últimas ordens que o comandante da esquadra klingons havia dado.

— Atenção!

— Fogo!

As naves disparam um torpedo fotônico simultaneamente cada uma. Eles se dirigiram diretamente para o centro da grande nuvem. Mas passados alguns segundos seus rastros luminosos simplesmente desapareceram, sem que acontecesse nenhuma explosão. As naves klingons disparam novamente uma nova salva de torpedos, com o mesmo resultado.

Os oficiais da Frota ouviram então a voz tensa do comandante klingon da esquadra dar a ordem final

— teq! (Retirada!)

Os cruzadores manobraram rapidamente e fizeram a volta, tentando se afastar da nuvem. Porém quando estavam começando a ganhar distância, dois grandes globos de luz branca e brilhante, cercados de pequenas ondulações elétricas, foram lançados do centro da nuvem em direção às naves klingon que estavam mais à retaguarda e ao atingi-las seu brilho as envolveu completamente e as desintegrou quase de imediato.

O comandante Kligon percebendo o perigo que estava correndo, ordenou preocupado:

— pIvghor chu' (acionar motor de dobra)

Quando mais um globo de luz foi lançado da nuvem em direção à sua nave, o klingon deu a ordem final:

— bach qeq qab! (preparar disparos traseiros!)... - baH! (Fogo!)

A nave disparou mais dois torpedos simultâneos, a partir da popa. Mas eles, ao entrarem em contato com a esfera luminosa, sumiram simplesmente, sem causar qualquer efeito.

O globo energético continuou sua trajetória e atingiu o cruzador Kingon, que se preparava para entrar em velocidade de dobra, iluminando-o por instantes para em seguida fazê-lo desaparecer completamente, como se nunca houvesse existido.

Os oficiais da Frota ficaram olhando atônitos a tela, que agora mostrava apenas a imensa nuvem de energia, brilhando no espaço.

Depois de alguns se segundos, o comandante Branch pigarreou nervoso.

— Nós já sabemos qual é a trajetória desta nuvem alferes? – perguntou ele à Miranda.

— Estamos recebendo o cálculo agora comandante – respondeu ela, olhando para o seu terminal.

Quando ela leu os dados, levantou a cabeça e olhou preocupada para o oficial.

— Segundo as projeções, comandante – disse ela – a nuvem passará pelo espaço da Federação bem perto de nós.

— Direção? – perguntou Branch.

— Senhor, ela está rumando diretamente para a Terra – foi a resposta angustiada da alferes Miranda Sanches.

 

 

Referência do Capítulo:

(1) Cruzadores klingon Classe K’T’Inga São as naves de retaguarda da Força de Defesa Klingon, com amplo arsenal de armas para longas batalhas. Possuem dispositivo de invisibilidade, disruptores potentes, torpedos fotônicos, como também velocidade de Dobra. Estas naves são amplamente usadas para defender o Império contra ataques. Esta classe está em funcionamento desde 2260 e seu design inspirou as naves de guerra romulanas.

 


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