Assim que estacionaram o quadriciclo em frente ao “Rourke´s Bar”, ouviram a animada musica “country” típica daquela região. Como ambos gostavam bastante deste tipo de música, entraram rapidamente esperando encontrar um bom lugar. Por sorte conseguiram achar uma mesa perto do pequeno palco.

Enquanto esperavam as apresentações começarem, eles pediram duas cervejas e cumprimentaram alguns conhecidos que também estavam aguardando o show.

— Eu vi que você recebeu uma mensagem do seu sobrinho Peter – disse Antonia para ele– notícias do Winona Kirk Haras?

— Ele apenas estava me atualizando. – disse Kirk sorrindo – Nasceram mais dois potros e a equipe está se preparando para levar Lancelot para a primeira exposição eqüina de Des Moines de que vão participar. Eles não esperam menos do que o primeiro lugar.

Antonia olhou para Kirk, parecendo querer perguntar alguma coisa. Depois de tomar um gole da sua bebida, pareceu tomar coragem.

— James, quero lhe fazer uma pergunta, mas peço que seja sincero comigo.

Ele a olhou estranhando seu nervosismo, mas aguardou.

— Você nunca se arrependeu de haver aberto mão do de tudo aquilo para ficar comigo? – perguntou ela, olhando-o nos olhos.

Kirk apenas sorriu, tocou o queixo dela com as pontas dos dedos e aproximou o rosto, beijando os lábios dela com carinho.

— Nunca, por uma razão muito simples – disse ele – eu te amo.

Ela também sorriu meio encabulada.

— Agora que isso ficou esclarecido – disse Kirk, beijando-a levemente de novo – vamos pedir mais duas cervejas, que estas estão acabando.

Ele olhou em volta, para tentar chamar uma das garçonetes, mas todas pareciam estar muito ocupadas, correndo de um lado para o outro, agora que o bar estava cheio.

— Eu acho melhor eu mesmo ir até o balcão pegar as bebidas – disse Kirk – volto já.

Enquanto ele atravessava o salão lotado, Antonia pegou o seu tele-link para conferir se havia recebido alguma mensagem. De repente, ouviu uma voz falar bem ao seu lado.

— Olá beleza, precisando de companhia?

Ela olhou assustada e viu que um jovem de cabelos e ruivos, barba por fazer e usando um chapéu de vaqueiro havia se sentado na cadeira ao seu lado. Ele era forte e já estava meio “alto”.

— Scusa bambino— respondeu ela séria – mas eu estou acompanhada.

Ele olhou em volta de maneira irônica.

— Pois um não estou vendo ninguém mais aqui – disse ele.

Antonia já estava se preparando para responder, quando Kirk voltou com as bebidas.

— Você ouviu a moça, garoto – disse Kirk, colocando as cervejas na mesa.

O rapaz olhou para ele, com o canto dos olhos e sorriu. Levantou-se devagar e ficou de frente para Kirk, encarando-o. Ele era pelo menos cinco centímetros mais alto.

— Sabe, velhote – disse ele, mostrando os dentes, irônico – uma potranca desta qualidade merece um homem muito melhor que você.

Antonia viu os músculos do maxilar de Kirk se contraírem e ficou preocupada com o modo feroz como ele olhou para o sujeito. Em seguida ele olhou para ela, sorriu e sussurrou: “desculpe”.

— Pode ser que eu até concorde com isso – respondeu Kirk olhando novamente para o rapaz – se ela um dia conhecer algum.

O ruivo nem viu o que o atingiu. E então o mundo virou de cabeça para baixo.

*    *    *

— Ai, isso está ardendo! – disse Kirk, tentando afastar a mão de Antonia, que aplicava um anticéptico na sua sobrancelha rachada. 

— Quem mandou se engalfinhar com aquele idiota lá no bar – respondeu ela irritada – você não é mais criança James Kirk!

Ele a olhou sorrindo. Não se sentia tão bem assim há anos, desde que comandava a ponte da Enterprise e havia enfrentado alguns Klingons mano a mano. Muitas vezes, para sua própria surpresa, via-se lembrando com saudades daqueles tempos. Logicamente não iria dizer isso para ela, por isso vez uma cara de inocente.

— Mas eu garanto que ele não vai se esquecer de mim por muito tempo! - disse ele, sorrindo de modo feroz.

Antonia o olhou zangada, apertando os olhos.

— Desculpe amor – disse Kirk – mas aquele cara estava pedindo.

— E você fez justamente o que ele queria – disse ela – conseguir acabar com a nossa noite.

— E você queria o quê? – perguntou ele exasperado - que eu ficasse ali parado, enquanto aquele troglodita desrespeitava a minha mulher?

Ela o olhou, surpresa e não pode deixar de sorrir.

— Sua mulher? – perguntou.

— Depois de dois anos juntos você ainda tem alguma dúvida? – respondeu ele puxando-a para si e a beijando com paixão.

— Ah, não comece... – respondeu ela, irritada, tentando empurrá-lo.

Kirk olhou para sua Antonia com ternura. Mesmo zangada e passional, era a mulher mais bonita que ele vira em toda a sua vida.

— Você me deixa sem fôlego — murmurou ele – será que me ama o bastante para me dar a chance de consertar tudo?

— Talvez – respondeu ela fazendo um beicinho.

Kirk se aproximou e passou os dedos pela curva do ombro dela.

— Deixe então eu tentar mais uma vez – disse ele - desculpe.

— Vou pensar - ela murmurou, aproximando o seu rosto do dele – mas você vai ter que ser esforçar mais.

Antonia deslizou as mãos lentamente pelo peito de Kirk até cruzá-las atrás da sua nuca.

— E eu acho quem sei por onde começar – disse ele, antes de seus lábios se uniram aos dela.