Depois da Ruína - O Fim escrita por Bzllan


Capítulo 12
União Improvável




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/789908/chapter/12

— Consegue ajudá-los daqui? - Rafael pergunta, encostado na parede oposta aos monitores, olhando um a um. O sangue dos homens que acabara de matar escorrendo até seus pés.As sombras escuras não mostram-lhes nada com clareza. Ele pega o walk talk sob sua posse. A luz permanece apagada.– Não saberia nem como. - Diego observa os painéis. Sente-se inútil à partir dali. - O que vai fazer com ele?

Apavorado, o homem que liberara a passagem deles até ali olha de um para outro sentado em um canto, a arma de Rafael ainda apontada em sua direção.

— Não vou matar o cara se ele não me der motivo.

— Não vamos ficar com reféns, cara.

— Ele ajudou a gente! Quer que eu execute o homem a sangue frio?

— Não, por favor… - Ele junta as duas mãos em súplica. A voz mais fina do que aparenta.

— Cale a boca. - Diego ordena.

— Não vamos matar o cara. Ainda pode ser útil.

Diego o encara. O homem não moverá um músculo sem que seja instruído.

— Não deixe ele fazer merda.

Diego anda de um lado para o outro. As mãos na cabeça, sentindo-se impotente. Se pudesse, sairia no mesmo instante com a arma em mãos, procurando agir do lado de fora, e não ficar preso assistindo.

— Posso ser útil. - A voz do sequestrado é ouvida, trêmula. Diego e Rafael o encaram de cima.

— Por que ajudaria? - O mais velho pergunta.

— Porque eu não vou tomar lado nenhum nessa guerra. Eu só quero sobreviver. Eu tenho família. 

Diego o encara, e Rafael encara Diego.

— Ok, anda. Levanta. Sabe mexer nisso? - Diego tira a própria arma das costas, ameaçadoramente.

— Eu trabalhei aqui esse tempo todo, é a única coisa que eu sei fazer. - O homem se levanta devagar, olhando de um para o outro, tentando achar algum sinal de blefe. Se senta na cadeira de frente para o painel de controles.

— Se fizer qualquer merda eu estouro os seus miolos. Entendeu? - Diego segura a arma contra sua nuca e fala baixo próximo à sua orelha. - Se ajudar, você e sua família saem de fininho e nunca tivemos esse papo.

O calvo balança a cabeça nervosamente. Uma aliança desconfiada se forma.

— É bom se mostrar útil.

 

E ele obedecera. Mostra-se mais útil vivo do que com uma bala alojada na nuca. Sentindo-se confortável no território que domina, desembesta a falar.

— Ok, não vão enxergar nada com essa luz. - Ele muda todas as telas para visão noturna com dois cliques. De repente, cada uma das pessoas fica visível. Rafael passa os olhos rapidamente pelo quebra-cabeça que as telas formam. - Têm mais duas salas de controle.

— Duas? Eu encontrei uma. - Diego diz de trás do homem, apoiado na cadeira.

Agilmente, o calvo muda todas as telas para uma planta diferente da que eles possuem. A planta de cima, dos setores. Dois pontos vermelhos piscam nas extremidades opostas.

— É, são mais essas duas. Estão tentando nos derrubar.

— Eu sei. Resolve isso? - Diego pergunta, mas percebe ser um problema para dois. Ao lado do homem, faz o que lhe é indicado, sem deixar de seguir seus instintos. Ele sabe que é capaz de hackear a rede do bunker.

Em uma aliança improvável, os dois bloqueiam os sinais que tentam invadir a sala de controle.

— Têm mais. - O calvo parece empolgado. Digita às cegas um código que aparece na extremidade inferior direita da tela. - Pronto.

— O que você fez?

— Puxei o controle todo pra sala. Ninguém tem acesso à mais nada fora daqui.

Diego e Rafa se entreolham, aliviados. Rafael o olha com um olhar de quem diz "viu só?". E Diego não pode discordar. O homem será valioso vivo.

As telas retornam às câmeras. Os dois amigos olham incessantemente de uma para outro, procurando sinais de vida de pessoas conhecidas. 

Em uma tela no canto esquerdo, Rafael fixa o olhar.

— Cacete.

— O quê?

— Alex e Nic.

— O que tem? - Diego se aproxima para olhar.

— Não deveriam estar ali.

— Não têm pra onde irem. - Diego aponta para o corredor que supostamente os dois deveriam estar. O corredor dos elevadores. É passagem dos homens fardados.

— Tem outro jeito de chegar nos setores? - Rafael pergunta. O homem calvo apenas observa a mesma tela que eles.

— Nenhum que vá ajudá-los.

Diego pensa em diversas possibilidades. Fugir daquela sala e atravessar cegamente até alcançar Alex e Nicolas com uma saída perfeita, mas, além da ideia ser suicida, investidas na porta atrás deles se iniciam.

— A porta é de metal blindado. Não vão entrar aqui. - Rafael o lembra.

— Ok, essa é uma preocupação pra depois.

Como se sua cabeça fosse iluminada, ele se lembra.

— Um dos walk talks está com Alex, não é?

Rafael concorda, pensativo. Tira rapidamente o aparelho do bolso da calça e sintoniza na frequência 12.

Com os olhos fechados, torce para que a garota veja o sinal.

Diego olha para a tela, para a sala onde os dois se escondem, a respiração finalmente voltando a funcionar quando vê Nicolas enxergar a luz vermelha piscar no escuro.

— Alex? Nicolas? 

Esperam um segundo até ouvirem a voz aliviada da garota.

— Estamos aqui.

 

 

x

 

— Estamos aqui. - A voz de Alex não esconde o alívio. Sente-se em um campo minado - qualquer passo em falso levaria não só eles, mas uma missão inteira para o fundo do poço. A voz de Rafael é a luz no fim do túnel.

— Estamos vendo

Instantaneamente os dois olham ao redor à procura de câmeras. É difícil encontrá-la no escuro, mas veem a luz piscando no teto, acima de suas cabeças. Alex sorri olhando diretamente para ela.

— Conseguem nos tirar daqui? - Nicolas pergunta.

Eles demoram um segundo para responder.

— Conseguimos. — A voz é de Diego. - Mas vai ser difícil. Escutem com atenção cada palavra que falarmos, tá legal?

Ambos concordam com a cabeça, sabendo que os amigos os enxergam.

— Armas nas mãos, crianças.— Rafael brinca, mas percebe-se o nervosismo em suas palavras. - Vamos bater de frente com eles.

 

x

 

— Como vamos levá-los lá pra cima?

Rafael pergunta, sentindo uma pontada de remorso por quase ter tirado a vida do homem que os ajuda.

— Ok, olhem os monitores. A12 e A22. E os do outro lado. D14 E D25.

Os dois entendem onde o calvo quer chegar. Conseguem alertar Alex e Nicolas sobre os soldados antes de estarem no campo de visão dos mesmos. 

É uma grande responsabilidade em suas mãos, mas uma oportunidade de se sentirem mais úteis.

Rafael aciona o walk talk.

— Armas nas mãos, crianças. Vamos bater de frente com eles.

 

x

 

Nenhum dos dois sabe o que aquelas palavras querem dizer, mas sabem que não há possibilidade de serem boas.

Alex tira a arma das costas. Nicolas, o rifle.

— Eu vou na frente. - O amigo gentilmente tira o walk talk de suas mãos. - Sou mais rápido. - Ele sorri, travesso.

— Veremos. - Ela provoca.

— Ok, dois. Vamos nessa.— A voz de Rafael tenta passar confiança.

Nicolas segura o rádio ao lado do ouvido, ansioso.

— Vão ter que sair daí.

— Elevadores?

— Sim.

— Como vamos usar os elevadores sem energia? - Alex pergunta.

— Poderíamos liberar um pra vocês, mas é arriscado… Confiem em nós, só… 

— Ok, confiamos. O que vai ser?

— Tudo bem, pra porta. Agora. Esperem a deixa.

 

Tanto Nicolas quanto Alex obedecem. Sabem o quão próximos estão de chegarem ao destino. O caminho está claro em suas mentes. O problema é mais embaixo.

 

x

 

Maia agradece mentalmente pela disposição labiríntica do corredor. É rápida, tanto se escondendo quanto correndo e atirando, mas nunca sentiu-se tão próxima da morte, como se a mesma rondasse em seu encalço esperando o primeiro deslize.

O fogo cruzado começara logo depois de invadirem pela escotilha. Cada um seguira o caminho que haviam combinado, dispersando-se. O elemento surpresa já fora usado. Agora era resistir e esperar.

Maia abre caminho para onde deve chegar, esperando que além de tudo a sorte esteja ao seu lado. Levi a segue. Sabe que ela está com o código no antebraço e precisa estar lá primeiro.

O mapa impresso em suas memórias claramente.

Como se brincassem de pique esconde com soldados armados, invadem o território desconhecido e parcialmente escuro.

Estão próximos. Gael segue atrás dos dois.

Maia pára bruscamente em uma esquina, logo antes de chegarem ao destino.

A porta do laboratório está cercada, ela espia por de trás da parede. Levi a observa, estático. Não podem partir os três para a ofensiva, seria suicídio.

— O que fazemos?

— Procurar outra entrada? - Ela sugere.

— Arriscado demais. - Gael se aproxima.

— Eles sabiam que era o primeiro lugar que a gente ia tentar entrar, devem estar armados até os rabos. - Levi respira fundo. - Preciso entrar lá.

— Eu sei. - Maia diz, concordando com um olhar significativo. - Vamos dar um jeito.

Sua sentença mal termina quando escutam o som de uma explosão bem ao lado deles. O impacto é tão forte que os desestabiliza. Os ouvidos surdam por um instante.

Gael, que estava mais distante, é o primeiro a se aventurar a espiar.

Do corredor em que a bomba fora lançada, os soldados fogem como insetos. Alguns ardendo em chamas. Gael reconhece o agressor - Lucas. Limpara a barra deles. Por enquanto.

— Cacete! - Ele diz, já partindo em direção ao laboratório descoberto. Acaba com o sofrimento dos homens em chamas, dos desfigurados e incapazes.

Levi puxa Maia para segui-los assim que vê a situação.

A garota corre o máximo que pode, o garoto lhe dá cobertura. Escondem-se atrás de uma pilastra, bem em frente ao laboratório.

Levi e Gael investem uma rajada de tiros contra os soldados que ousam se aproximar, enquanto Maia digita o código da porta.

Quando acham estar em completa desvantagem, uma salva de tiros do outro lado do corredor os acoberta. Não conseguem ver a origem.

Ela se destrava com um clique.

Maia empurra a porta e adentra. Gael a segue. Levi espera. Assim que os dois adentram, três rostos conhecidos aproximam-se deles do corredor oposto.

Levi espera Lucas, Cauã e Naomi passarem para fechar a porta logo atrás dos dois. Ela se fecha com a trava por dentro. Sem mesmo se comunicarem, os homens partem para a parte braçal, empilhando tudo o que conseguem na frente da porta, desde mesas até armários pesados. Não entrarão ali.

Maia e Naomi sorriem ofegantes uma para a outra. Ainda estão inteiras. 

Algo a mais acompanha Naomi dessa vez. Ela traz papéis em suas mãos, os espalhando em cima da bancada do laboratório.

— O que é isso?

— São respostas. - A morena diz, entretida com a papelada. - Espero encontrar mais aqui.

Elas olham em volta. Estão na sala que mais lhes tirara o sono. O laboratório intitulado "Alaska".







Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

ok agr eu vou lá escrever pq eu fiz um mapa mental e agr eu sei como fazer as coisas acontecerem HEHE



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Depois da Ruína - O Fim" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.