Manuscrido escrita por MJthequeen


Capítulo 8
Encomtro




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en.con.tro

sm; ato ou feito de encontrar(-se), de chegar um diante do outro. 

 

Sasuke precisou fechar os olhos por causa do flash; quando a sua visão voltou a ficar normal, sem as manchinhas irritantes, ele viu Itachi todo sorridente, um ar orgulhoso.

— Que emoção! Não é o primeiro encontro, mas… – E ele olhou com carinho fingido para a foto no celular, se divertindo. 

Sasuke, que agora estava levemente corado – um tiquinho só –, passou as mãos pela calça jeans. Não estava amassado – ele tinha passado! –, nem sujo – ele tinha lavado! –, mas o Uchiha estava tão nervoso que só não aguentava ficar parado.

— Do que você tá falando… Esse é sim meu primeiro encontro. 

— Com uma garota, né? Porque eu tenho certeza que você e o Uzumaki já estão num outro estágio desse relaci… Ei, não me deixa falando sozinho! Pera aí – Itachi gritou para a porta da sala, onde Sasuke tinha praticamente se teletransportado, já com a chave na mão. Virando-se como a garota do exorcista, o Uchiha menor, zangado, teve vontade de martelar o irmão mais velho, que estava sorrindo como um idiota desde que Sasuke tinha começado a se arrumar. É, talvez ele tivesse passado perfume demais, mas isso não era motivo para ganhar aquelas encaradas bizarras e piadinhas…  

— O que foi?

Itachi enfiou a mão num vaso circular em cima do hack, tirou de lá alguma coisa e lançou na direção de Sasuke, o sorrisinho ainda no seu rosto cretino. O mais novo pegou quase que automaticamente, os reflexos perfeitos por causa dos muitos jogos que treinava com o irmão. 

— Eu não vou precisar ensinar a colocar não, né? – brincou, cruzando os braços.

Sasuke olhou para a embalagem quadrada e corou mais profundamente, uma veia saltando na lateral da testa.

— Nós vamos para o cinema, seu idiota… – ele resmungou baixinho, mas foi logo guardando a camisinha na carteira. Bom, ele com certeza não usaria hoje, mas havia algum tipo de orgulho masculino em carregar essas coisas por ai… Na vez que uma tinha caído da mochila de Naruto, no ano passado (e isso com certeza só podia ser fruto do padrasto pervertido com quem ele morava), no meio do vestiário masculino, os outros caras da sala tinham ficado bem impressionados. Obviamente Naruto tinha mais chances de fazer um balão com aquilo do que usar para o real propósito, mas, né… Quando você tem 14 anos, camisinhas são o ápice! 

Itachi coçou o queixo, olhando para cima de um jeito levemente sonhador.

— Sabe, no meu primeiro encontro num cinema, foi onde eu recebi a primeira p… Ou! Pelo menos se despede! – Itachi gritou, mas Sasuke já tinha saído correndo dali, nem um pouco a fim de ouvir sobre as experiências sexuais do mais velho. Fala sério. – Boa sorte, maninho.




Convidar Hinata para um encontro foi surpreendentemente fácil. Eles já estavam tão amigos que, apesar de enrubescido e de desviar os olhos umas duas vezes só, Sasuke conseguiu falar sem ficar muito nervoso – um pouco suado nem conta, né?

O problema real era que ele nunca tinha ido num encontro – já tinha beijado uma ou outra menina atrás do colégio, por pura pressão dos colegas, mas encontro…? Não que a oportunidade nunca tivesse surgido, na verdade; havia umas garotas bem bonitas na sala dele, na escola na verdade, e Sasuke não era nenhum idiota para não notar os olhares. Havia Sakura, a mais próxima dele, porque eram do mesmo grupo de amigos, e ele não tinha nada contra ela… Sakura era esforçada, bonita, engraçada… Mas ele nunca tinha desejado beijá-la, por exemplo, muito menos sair com ela totalmente sozinho. 

O Uchiha até pensou em passar por cima do seu orgulho e pedir umas dicas para os amigos, mas para quem…?

Naruto adorava falar, mas fazer que é bom… O Uzumaki nunca tinha saído com ninguém, também. Nenhum dos outros meninos parecia maduro o suficiente para isso – fala sério, eles iriam zoar Sasuke na primeira oportunidade! Pedir ajuda para Sakura, que ele sabia que já tinha ido num encontro com Kiba, parecia cruel e meio desrespeitoso; ela não tinha confessado nenhum dos sentimentos, mas Sasuke não era burro e não queria machucar a amiga fazendo algo assim. Ino era uma alternativa, talvez, mas a loira era desbocada demais e melhor amiga de Sakura: vai que ela dissesse para ele fazer umas coisas bem bizarras, só para espantar a "concorrência" da Haruno?

Fato era que, para não ouvir mais piadinhas de Itachi, Sasuke deu um Google e acabou parando em um monte de sites adolescentes claramente femininos – ei, isso não tem nada a ver com todo o cor de rosa, ok? É que ele tinha certeza que o post sobre o que raios era um OB, ou a matéria sobre a primeira menstruação, não eram pra ELE –, que falavam sobre "o que o crush deve fazer num date perfeito?!" .           

A pior parte desse tipo de publicação era quando chegava sobre o tal primeiro beijo do casal. 

"Você não é obrigada a beijar se não se sentir à vontade, demonstre que quer!" Sasuke achou a mensagem muito legal e importante, mas o que, exatamente, era "demonstrar que quer"? Será que Hinata fecharia os olhos do nada, então era melhor ele prestar atenção? Ou ela faria um beicinho, de olhos abertos mesmo, e era bom ele estar pronto? Será que ela pediria?

Aí vinha o fato de que tinha decidido levá-la ao cinema.

Será que deveria pedir pipoca? Se eles se beijassem, e se beijassem de língua – ! – , não seria constrangedor uma casquinha de milho no dente? Talvez ele simplesmente não devesse comprar pipoca. Mas e se ela pedisse? Será que isso era um sinal de que NÃO queria ser beijada? Sasuke refletiu, por muitos segundos, sobre levar uma escova de dentes, mas não achava que cabia no bolso da calça e sua camisa de flanelas não era grossa o suficiente para esconder o volume que o objeto faria. 

Sasuke resolveu parar de pensar na língua de Hinata – um pouquinho só –, ou sobre casquinhas de pipoca, quando a viu chegando do outro lado do shopping, segurando a bolsinha de lado com muita força. De vestido lilás, muito leve e de alcinhas, o cabelo trançado, ele pensou que nunca tinha a visto tão linda…

E, Deus, voltou a pensar na língua dela – mas não só isso, não só assim! Era um claro reflexo de que achava ela bonita, de que achava Hinata interessante, que gostava de ouvir a voz dela, a risada dela, as coisas legais que tinha para dizer sobre ele, as coisas feias que tinha para dizer sobre os desenhos dele, a forma como ela desenhava tudo o que pensava, todas as coisas inteligentes que já tinha saído dos lábios com gloss de morango, dos comentários sobre músicas legais, do último audiobook que ela tinha escutado, acompanhando com o livro físico, dos filmes de comédia ruim que ela gostava, das séries que ainda não tinha terminado, de…

— S-Sasuke? – Hinata chamou, o rosto todo vermelho, mal conseguindo o encarar por três segundos de uma vez. Sasuke se sentiu bem, porque dava para ver que ela também estava nervosa. Que pensar nele também a deixava ansiosa, talvez cheia de tremeliques… Será que ela tinha buscado por uma reportagem, também? 

Será que ela faria beicinho?

Será que ela fecharia os olhos, do nada?

Será que ele já podia beijá-la agora mesmo…?

— Você está linda – ele murmurou, juntando os lábios, sem piscar nenhuma vez quando Hinata arregalou os olhos e o rubor se intensificou tanto, tanto, que ondas de calor já emanavam do corpo dela. 

— O-O-Obri-ga-d-da – Ela gaguejou, debilmente, e aí engoliu em seco, tomando muita coragem. Hinata começou a brincar com os próprios dedos, mexendo-os nervosamente na altura do estômago. – V-Você também… você é sempre bonito, n-na verdade – e a última parte ela murmurou tão, tão baixinho, que Sasuke quase precisou de inclinar. 

Ao em vez de fazer isso, ele viu, ou achou que viu, fazia diferença agora?, um sinal, e colocou a própria mão sobre a dela, puxando-a delicadamente para segurarem as mãos juntas. Hinata estava gelada. Ela quase ficou pálida e, para desviar a atenção disso, para desviar os próprios pensamentos idiotas, também, Sasuke olhou para o cartaz do primeiro filme que viu.

— Eu aposto que Aventuras na Ilha dos Gansos Assassinos vai ser um filme super… – E aí ele parou, fazendo uma careta para o título mais idiota que já tinha visto. – Eu li isso certo…?

Hinata, que desviou os olhos do rosto dele com muita dificuldade, e agora apertava levemente, os dedos entre os seus, encarou o cartaz também, toda vermelha.

— Se você não sabe, i-imagina eu… 

E aí eles se olharam outra vez e trocaram uma risada gostosa, de quando a gente confia o suficiente em alguém para rir junto de qualquer coisa. 




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