Odion Shafiq sempre fora um homem de poucas palavras. Pelo menos era isso que todos diziam a respeito dele.

E o ele nunca se preocupou em mudar, pelo menos até conhecê-la. Marcella Flint. Sua nova auxiliar na cozinha do restaurante, e também colega de fraternidade na Universidade.

Bonita demais para sua sanidade, também. E tagarela. Lembrava-se da primeira vez em que apareceu na cozinha, sentando no banquinho alto enquanto observava os cozinheiros fazerem seu trabalho. Lá, na cozinha, ele se sentia calmo, quase em casa. E era lá que ele passou a ir de forma mais frequente, quando Marcella fora contratada — por ele.

Aquela era uma noite agitada no restaurante da família, e seu pai estaria ocupado em reuniões que ele conseguiu escapar. Encontrou com a irmã mais nova antes de ir até a cozinha, recebendo um sorriso divertido da garota antes de ir embora. Ela compreendia seu interesse repentino e o apoiava em tentar.

Odion apareceu quando tudo parecia um caos e antes que Chloe, uma das chefes pudesse pensar, ele já estava com as mangas da camisa dobradas sobre os cotovelos. Com a ajuda dele, as coisas foram mais fáceis e seria tolice dizer que os sorrisos que recebeu da garota Flint não o motivaram ainda mais.

[...]

Já era o fim do expediente, e todos já haviam partido. Exceto por ela, que continuava arrumando as louças sobre a pia abarrotada. Shafiq fez um pequeno som com a garganta, chamando-lhe a atenção. Sorriu, recebendo um olhar incrédulo e enfao pairou ao lado dela, ajudando com as louças sujas.

Quando terminaram, Marcella parecia inquieta. E Odion parecia querer arranjar mais alguma coisa para fazer, apenas para se manter perto dela mais alguns minutos.

— Obrigada, Odion. Pela ajuda — disse sincera, retirando o dólmã — Não precisava, você sabe.

Ele apenas balançou a cabeça, indo até a grande geladeira. Retirou um vinho e pegou duas taças, servindo-as.

— Quer sair comigo amanhã? Um almoço ou jantar — disparou enquanto entregava a taça nas mãos de Marcella, que arregalou os olhos — Se não quiser, estará tudo bem.

Ela revirou os olhos, deixando um riso escapar.

— Na verdade estava esperando para ver quanto tempo demoraria sabe, você me chamar pra sair — disse divertida — Um jantar soa bom pra mim. As sete?

— As sete.

E então Marcella sentou ao lado dele, nos bancos. E ficaram conversando sobre a vida, se conhecendo. Odion sabia que podia confiar na garota, e Marcella sabia que ele era um baú cheio de mistérios.

Mas ela não se importaria em desvendar cada um deles. Afinal, Marcus a chamava de pirata quando criança. Talvez fosse o destino.