Todas as formas de amar escrita por Snowflake


Capítulo 3
Capítulo 3 - Revelações


Notas iniciais do capítulo

Parece que Hinata ainda tem muito o que contar...

Vamos descobrir?

Enjoy!



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Hinata: Ou você simplesmente não se importava.

Naruto olhou para mim assustado, seus olhos demonstravam algum tipo de dor que eu não conseguia, e também não queria decifrar. 

*********

Pov Hinata

 

Com 22 anos eu me considerava a pessoa mais feliz e sortuda do mundo. Estava formada, era bastante conhecida na minha área de estudo, casada com o grande amor da minha vida, tinha amigos incríveis com os quais eu acreditava que sempre poderia contar, a nossa empresa estava indo de vento em popa. Eu tinha conquistado tudo, uma vida completa! O que mais eu poderia pedir?

Mas é como sempre dizem... "Quanto mais, melhor". E quando eu menos pude imaginar, ali estava eu, ouvindo que logo, logo seria mãe. Imagine isso? Dentro de mim estava sendo gerado um novo serumaninho. E qual foi a primeira coisa que fiz depois desta grande descoberta? Isso mesmo! Saí do consultório diretamente para a empresa, Naruto deveria ser a primeira pessoa a saber da boa nova. 

Quando cheguei lá, estava no horário do almoço, mas Naruto sempre dizia, que aproveitava melhor as hora de trabalho quando não tinha ninguém por perto. Assim, peguei o elevador e subi para o último andar, em menos de 2 anos conseguimos nos mudar para um lugar melhor e nossa empresa já era bastante conhecida na cidade por desenvolvimento de tecnologia de ponta, hardware e software, e eu tinha muito orgulho disso.

Chegando ao andar desejado, me direcionei para o escritório do meu marido, Sakura minha melhor amiga, que era sua secretária não estava em sua mesa, talvez por ser o horário do almoço. Poxa, seria bom contar às duas pessoas que eu mais amava, que eles seriam "pai" e tia", respectivamente. Estava imaginando como seria a reação deles, quando escutei barulhos estranhos vindos da sala de Naruto.

Me aproximei da porta, pus a mão na maçaneta e pude constatar que ela esta aberta, era estranho como os barulhos aumentavam à medida que eu mais me aproximava. E empurrando a porta eu vi àquela cena, que muitas vezes tentei apagar da minha mente e coração... De repente descobri porque Naruto nunca ia almoçar em casa e porque Sakura não estava em sua mesa. 

Os barulhos que eu ouvia não eram simples barulhos, eram a coisa mais nojenta e que por muito tempo atormentaram meus ouvidos, como um som que ressoava sempre que eu me sentia infeliz e imcompleta.

E ali estavam, meu marido e minha melhor amiga, tão ocupados para notar a minha humilde e insignificante presença, afinal, eu não era ninguém mesmo. Pelo menos ali, eu me senti uma ninguém... É, ninguém merecia passar por essa situação.

Com os olhos cheios de lágrimas, me retirei dali e saí rua a fora. Eu havia sido duplamente traída, e sabe-se lá por quanto tempo... Eu sentia ódio, sentia medo, sentia dor... Era literalmente uma mistura de tudo e nada ao mesmo tempo.

Sem saber para onde ir, sentei na parada de ônibus e como naqueles filmes antigos de romance água e sal, eu me permiti chorar e ser deprimente comigo mesma, pensando a todo momento sobre como eu não era mulher o suficiente, já que ele procurava em outras, ou melhor, em outra, o que eu não era capaz de lhe dar.

Uau... Naquele momento eu me sentia a pior pessoa do mundo, àquela que tinha sido destruída, deixada em mímicos para ser pisada por quem passasse. E sem ter noção alguma do que estava fazendo, eu subi no primeiro ônibus que passou e deixei literalmente "a vida me levar". 

Era por volta de 16:00 horas quando o motorista avisou que seria sua última parada, e ali eu desci. Durante todas as horas em que fiquei rodando no ônibus eu pude pensar, pensar em toda a farsa que era a minha vida. Há quanto tempo eu estava sendo enganada? Como eu não percebi que aquilo estava acontecendo? Eu era tão burra assim, ao ponto de não perceber que meu marido e minha melhor amiga estavam tendo um caso bem de baixo do meu nariz?

E em meio aos meus devaneios eu parei a curta caminhada que estava fazendo, sem saber para onde ir, e levantando os olhos me deparei com o que menos poderia esperar ver naquele momento...

Uma pequena Igrejinha brilhava ao fim da rua. Foi a primeira vez que eu me permiti sorrir desde o que eu tinha presenciado. Ao entrar na pequena Igrejinha eu sentei em um dos últimos bancos e me permiti chorar, chorar todas as dores que estavam lutando para ter lugar dentro de mim. 

De repente senti alguém parar ao meu lado, era um jovem padre. Ele simplesmente ficou ali, sentado ao meu lado, me fazendo companhia, mas em silêncio, eu poderia sentir que ele estava preocupado comigo. Após um tempo eu levantei a cabeça, limpando às lágrimas que ainda teimavam irritantemente em cair. Foi quando ele me sorrio, e eu me permiti sorrir também. 

Naquele dia eu conheci o Padre Micael, um jovem recém formado e que segundo ele, estava sempre disposto a curar um coração ferido. Eu lhe contei tudo o que tinha acontecido e sobre como estava me sentido traída e ferida. Sorri ao lembrar de todos os conselhos que ele me deu. 

"Você não está mais sozinha, você tem um pequeno milagre dentro de você."

"Você é uma boa pessoa, Hinata, não se deixe abater pela dor. Não permita que o ódio tenha morada dentro de você. Só tem espaço para o seu bebêzinho agora."

"Você é responsável pela dor que você causa nos outros, e não pela dor que os outros causam em você."

Padre Micael me aconselhou a pensar no que eu deveria fazer dali em diante. Se eu estive sozinha, com toda certeza apenas sumiria e ninguém saberia mais de mim. Mas já não era mais só eu, agora eu tinha um serzinho crescendo dentro de mim. E eu precisava pensar no meu filho também. 

Eu saí da Igreja com o coração muito mais leve, porém ainda não sabia como agir a partir daquele momento. Não poderia simplesmente fingir que nada tinha acontecido, ou poderia? Eu estava sem saber o que fazer. Ao chegar em casa tomei um bom banho, na esperança que ele levasse toda a dor que eu tinha no coração. 

Naruto chegou sorrindo naquele dia. Ah, como ele deveria estar feliz. Só de imaginar já me embrulhava o estômago, foi dito e certo. Saí correndo para o banheiro e botei todos os "bofes para fora". 

Hinata: Você pareceu realmente preocupado comigo naquele dia. - Eu disse recordando os velhos tempos.

Naruto: Você sempre foi a pessoa mais saudável que eu conheci, é claro que eu me preocuparia com você vomitando em todos os cantos da casa, como naquele tempo. - Ele disse sério, parecia lembrar também.

Mesmo após estar com o Padre Micael e ouvir todos os seus conselhos, eu ainda não estava disposta a contar para Naruto sobre a gravidez. Eu sempre dizia que tinha comido algo estragado, ou que estava com uma simples virose. Meu coração doía ao perceber que eu estava mascarando meu filho em uma doença, mais para mim, fazer aquilo era extremamente necessário.

Ser a dona da empresa tinha as suas vantagens, ia ao trabalho somente pelas manhãs, produzia o que tinha que produzir, e caso não conseguisse finalizar minhas tarefas, às levava para casa. Mas eu não ficava naquela empresa na hora do almoço, mas não ficava mesmo.

Passei a me afastar de Naruto, e ele como um bom e atencioso marido, nada percebeu. E assim seguiam os meus dias, enquanto eu pensava sobre o que fazer, sem dúvidas, o tempo era o relógio mais doloroso.

Eu visitava a pequena Igreja de Santo Inácio sempre que possível, Padre Micael se tornou um grande conselheiro e amigo. Ele insistia que o perdão deveria ser o primeiro colocado em meu coração, pois este era cheio de amor. Enquanto eu insistia que não era capaz de tal ato porque amor era a última coisa que eu sentia no momento. Após muito persistir, ele entendeu que eu estava fechada para o perdão, então apenas me disse para esperar e buscar entender, pois Deus faria a escolha por mim. E para mim, era impossível contestar essa afirmação.

Eu jamais coloquei em Deus a culpa das escolhas que faziam as pessoas em minha volta. Eras elas inteiramente culpadas, e deveriam ser elas o alvo de todo o meu desprezo... E assim eu seguia meus dias, ouvindo conselhos e conversando sobre aleatoriedades com meu amigo Padre Micael. Um dia ele me levou para conhecer o pequeno orfanato do qual a Igreja cuidava.

Ali eu pude encontrar diversas crianças, de todos os tamanhos e idades, e que apesar dos pesares sorriam e eram agradecidas, pelo dom da vida. E em pouco tempo, aquele passou a ser o meu lugar favorito em Tóquio, ali eu poderia dar e receber amor, sem nenhum tipo de medo ou receio. As crianças sabiam de minha gravidez e perguntavam quando poderiam conhecer o "irmãozinho". Ah, como elas faziam e ainda fazem meus dias felizes.

Naruto: Como eu nunca soube nada sobre isso, Hinata? Boruto sabe sobre isso? - Ele perguntou questionador.

Hinata: Você não sabe, Naruto, pelo simples fato de serem meus segredos. Mas não se preocupe, eles não ferem ninguém.  - Sorri e lhe disse simplesmente. - A Igreja, Padre Micael e o Orfanato foram presentes que ganhei em meio a tempestade que enfrentava, graças à você. -  Complementei. - E sim, Boruto me acompanha à Igreja e ao Orfanato, ele também ama à Padre Micael, que é seu padrinho de batismo e às crianças, que lhe acolhem como irmão.

Naruto engoliu em seco, parecia um ser amargo. Ele jamais entenderia o amor que eu tinha por tudo aquilo que me salvou quando mais precisei, e que Graças a Deus, também motivava o meu filho. Naruto não merecia fazer parte daquela minha parcela de felicidade.

Hinata: Pouco tempo depois você acabou descobrindo sobre a gravidez, e mais uma vez minhas decisões tomaram novos rumos.

Encontrei pessoas maravilhosas onde eu menos esperava. Temari, era um bom exemplo delas, depois de Padre Micael e as crianças do orfanato. Ela era a minha médica pessoal, que tinha sido indicada por Sai, um amigo em comum dos tempos de faculdade, pois logo depois que descobri sobre a gravidez eu resolvi mudar de hospital, tendo em vista que o outro era dos pais do Naruto, Minato e Kushina, e eu não queria eles envolvidos nesta história. 

Temari se tornou minha amiga e confidente, e pelos três primeiros meses da gravidez, era ela quem escutava todas as lamúrias que eu não poderia despejar em cima do Padre Micael. Ela havia me avisado que em vista de todas as dificuldades que eu estava enfrentando sozinha, a minha gravidez tinha desenvolvido um nível de dificuldade, tornando-se de risco.

Desespero, com certeza era a palavra certa para definir tudo o que eu estava sentindo naquele momento. Surgiam novas batalhas para lutar. 

Hinata: Foi justamente no dia em que você me encontrou desmaiada em nosso quarto. - Eu falei simplesmente.

Naruto: Eu cheguei e você estava desmaiada, gelada e suava frio... Eu entrei em desespero. - Ele disse e passou a mão nos cabelos como se lembrasse de alguma coisa. - Eu tive muito medo, Hinata. - Ele disse e me olhou profundamente nos olhos, como se vasculhasse alguma coisa ali, coisa essa que eu não sabia o que era.

Eu não lembro exatamente o que aconteceu, recordo-me apenas de acordar na cama de um hospital com todos à minha volta, Naruto, Minato, Kushina, Sasuke, Sakura, meu pai, meu primo e Hanabi, minha irmã mais nova. Todos me olhavam preocupados e foi quando me dei conta. Eu estava em um hospital. Todos tinham descoberto sobre a sua gravidez... Mas o mais importante era... Como estava meu filho? 

Fui despertada do transe em que me encontrava por Naruto que me abraçou e chorando me disse que estava tudo bem, que nosso filho estava bem. O "nosso" proferido por ele me causou estranheza, como se eu tivesse perdido algo dentro de mim. Olhei para todos na sala e pude vislumbrar Sakura, que chorava e logo também me abraçou, dizendo o quanto estava feliz por mim, e que ela seria a madrinha.

Ahhhh... De repente me deparei com Sakura segurando minha mão esquerda e Naruto segurando minha mão direita. Aquilo me deixava tonta, eu me sentia suja, e puxando minhas mãos, passei a apertar o pano do hospital, na tentativa de me sentir um pouco menos impura.

Felizmente ninguém percebeu minha atitude e enquanto todos demonstravam felicidade pela minha gravidez, eu só conseguia olhar para Sasuke, meu grande amigo, alheio a toda àquela traição. Ele e Sakura ainda eram noivos, tinham decidido que casar ainda não era para eles, preferiam ser "eternos namorados". Revirei os olhos só de imaginar. Ele não merecia sofrer, apesar de ser homem e mais velho, Sasuke sempre foi mais frágil que eu, e eu prometi sempre cuidar dele.

E naquele momento eu finalmente entendi. A minha missão ali era proteger às pessoas que eu amava, acima da dor que eu sentia. Eu tinha que proteger Sasuke e o filho que estava sendo gerado em meu ventre. Eu não permitiria jamais que eles fossem magoados como eu fui. Eu precisava ser forte, forte por eles, e por mim também. Afinal de contas, "eu tinha muito amor dentro de mim".

Hinata: Foi quando eu escolhi ficar.


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Notas finais do capítulo

Eita, eita...

Como Naruto vai reagir a tudo isso? E Hinata o que fará daqui para frente?

Até o próximo capítulo!



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