Variação Benigna escrita por Lady Lobit


Capítulo 5
Encontros não marcados


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, voltei com mais um capítulo. Espero que gostem. Nos vemos lá embaixo.



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O vento na torre de Astronomia era frio e cortante, mas parecia não incomodar aquela figura que se encostava na amurada e olhava fixamente para frente. Suas costas estavam rígidas de tensão, assim como suas feições, mas mesmo assim apresentava uma postura de firmeza e orgulho. Ele não mexeu nenhum músculo ao escutar os passos que subiam as escadas, cada vez mais perto do lugar em que ele se encontrava. Em algum lugar dentro de si esperava que ela viesse.

Não sabia o que pensar sobre a carga de emoções conflitantes que o atingiram. Ele não queria companhia de ninguém mas se sentia sozinho, machucado, e sabia que não precisaria de dar satisfação para Ela.

Viu pelo canto dos olhos ela se sentar na amurada ao lado de onde estava e olhar para o céu estrelado. O vento frio levantou seus cabelos ondulados, que tinham recuperado o brilho. Não conseguia entender como ela conseguia ficar tão à vontade perto dele, não depois de tudo que sofreu na sua casa. Não com o histórico de chacota nas vezes que cruzaram no castelo no passado.

Já era o quarto dia consecutivo que se encontravam ali na torre, desde que voltaram a Hogwarts, e mesmo que percebesse que ficar ali em silêncio em sua companhia o acalmava, queria pergunta-lá porque estava ali novamente com ele. Mas tinha algo que sempre o freava.

Conhecidos que ficavam em silêncio eram sua especialidade, já estava acostumado com isso na sonserina, e desde novo foi ensinado a guardar segredos e sempre ter uma máscara no rosto. Mal ele sabia que de nada adiantava máscaras para aquela mente extraordinária que se encontrava ali tão perto dele. Ela conseguia ver por detrás da sua fachada. E por ainda ver medo além dos receio que já esperava encontrar, mantinha silêncio. Sabia o que era não ser respeitada, ou ter seus sentimentos levados em conta. Não sabia bem o porquê, ou talvez soubesse, mas queria sua confiança.

Uma coruja piou ao planar perto da torre, e foi como se a bolha em que estivesse fosse rompida. Ele suspirou e virou as costas, deixando que novamente o medo vencesse sobre sua vontade e não arranha-se ainda mais seu orgulho. Medo de saber os motivo dela continuar a vir encontrá-lo. Medo de não ser compreendido. Medo de confirmar, assim como sua cabeça continuava a repetir, que ela apenas estava ali por sentir pena. Então por isso ele continuou seu caminho calado. E apesar de todos os sentimentos controversos dentro de si, se sentiu melhor por simplesmente a ter visto mais uma vez 

Pansy

Draco achava que me enganava, mas sabia que alguma coisa estava acontecendo com ele. Aqueles sumiços durante a noite, achando que ninguém notava, só confirmavam minhas suspeitas de que algo incomodava meu amigo. Apesar de querer respeitar seu espaço estava preocupada com o que ele poderia estar fazendo. E por isso continuava sentada no salão comunal, esperando, apesar de já ter passado do toque de recolher, e tentava não deixar minha mente divagar muito.

Ao voltarmos ao castelo imaginei que ele tentaria ser monitor novamente, manter seu status e seu nome, para começar a trilhar um caminho para reerguer o nome Malfoy. Ou pelo menos foi isso que imaginei ao termos aquela conversa sobre relacionamento na nossa primeira noite. Não realmente fingirmos um namoro, mas não desmentir as fofocas que se espalhavam pelo nosso salão comunal a medida que as pessoas perceberem que nos reaproximamos.

Elas não entendiam, a nenhum de nós dois, e essa imagem, apesar de falsa, nos protegia de investidas não desejadas, mesmo que os comentários que escutássemos fossem ridículos. “finalmente a Parkinson conseguiu o que queria, uma pena que precisou que os Malfoys estivessem na lama para isso” e “Agora que todos perceberam a verdade sobre os Malfoys apenas a Parkinson iria querer ele mesmo” eram os comentários que mais se repetiam, e percebi que as pessoas precisavam diminuir um de nós dois para expressar o descontentamento por acharem que realmente estávamos juntos.

Pois apesar dos Malfoys estarem mesmo na lama, ninguém da sonserina acreditava que isso realmente continuaria por muito tempo. Malfoys nasceram para estar no topo. Mas eu começava a temer que o resto do mundo mágico estivesse com a razão, que talvez os Malfoys estivessem mesmo quebrados, e talvez não fossem se reerguer.

Suspirei cansada, não era fácil ser amiga e pseudo-namorada de um Malfoy, ainda mais um que estava tão quebrado depois da guerra. Eu conseguia lidar com o Draco orgulhoso e egocêntrico de antes, mas esse Draco de silêncios gigantescos e sem foco era um desafio que não sabia como enfrentar.

Erguia meus olhos ao escutar a porta do salão se abrindo, e meus olhos se cruzaram com o dono dos meus pensamentos. Algo estava diferente, foi a primeira coisa que passou pela minha cabeça.

— Já está cumprindo seu horário de monitora Pansy? - se ele achava que ia ser tão fácil estava bem enganado. Continuei o analisando enquanto ele se sentava ao meu lado. Seu semblante estava fechado, mas havia algo em seu olhar diferente da apatia que sempre estava ali ultimamente.

—Quem parece que está fazendo rondas diárias pelo castelo a noite não sou eu - Percebi que ele não responderia a provocação, mas também não se levantou para ir embora. Algo definitivamente estava diferente. - Você sabe o que as pessoas diriam se o vissem andando sozinho à noite pelo castelo. 

—Preocupada que sua reputação como minha namorada acabe tão rapidamente? - Ergui minhas sobrancelhas para aquele absurdo, me fingindo de ofendida.

— Apenas se você tiver achado uma maneira de namorar fantasmas- foi minha vez de ver suas sobrancelhas se erguendo. - A murta me contou que você esteve no banheiro dela na segunda-feira. - Algo passou rápido pelo seu olhar, mas ele nada disse. Suspirei derrotada, ficando sentada em silêncio, não querendo pressioná-lo.

— Você acha que eu conseguiria? - Levantei meu olhar quando ele perguntou alguns minutos depois.

— Namorar um fantasma? - Não resisti ao deboche, e quase consegui um sorriso de volta.

— Me tornar monitor. - Parei para pensar, pois sabia que um simples com certeza não era a resposta certa. Não era uma questão fácil de se lidar, mas estava feliz por ele estar pelo menos pensado naquela possibilidade.

—Acho que poderia acontecer, se você se empenha-se um pouco. A sonserina está perdida agora, sem saber lidar com a imagem que temos. Precisamos de pessoas que consigam ter as características da nossa casa sem a tornarem ofensivas. - Percebi que ele estava mesmo levando minha opinião em conta, por isso continuei - Você representa tudo pelo qual o lado vencedor lutou contra Draco, foi o único de nós a realmente receber a marca-negra, é um puro-sangue que sente orgulho disso, é arrogante e não escondia seus preconceitos. Com a mudança de conduta da escola, e a tolerância zero para preconceitos, ter você em um cargo de confiança seria tanto um tiro no pé quanto uma nova esperança. - Esperei que ele processasse tudo que eu disse, e entendesse o que estava nas entrelinhas.

— E você acha que eu conseguiria? - ele repetiu a pergunta, e então finalmente percebi. Ele estava inseguro, e essa era sua maneira de lidar com isso. Quase sorri ao perceber que ele confiava o bastante em mim para se abrir assim, por isso esperei uns minutos, para torturá-lo um pouco.

— Acho que são poucas as coisas que você não conseguiria Draco - nos encaramos por algum tempo e finalmente vi a sombra de um dos seus sorrisos arrogantes surgir no canto da sua boca. Não queria estragar aquele momento, mas tinha que adverti-lo. - Mas pra isso você vai ter que estar disposto a tentar. - Ele me olhou de esguelha esperando que eu continua-se

—Apenas voltar a Hogwarts como se não se importasse com a opinião dos outros não é o bastante. O orgulho que a sonserina precisa mostrar não é representado no vazio, e no momento ser a casa que o mago Merlin faz parte não é um motivo tão forte para esquecer os outros que já passaram por nossa casa. - comecei meu discurso, e pela sua cara parecia que já era algo que já tivesse pensado. - Precisamos lembrar para as pessoas porque somos a casa das serpentes, que nos adaptamos a qualquer ambiente, que há sim motivos para se ter orgulho de sermos sonserinos. E acho que você seria ideal para isso.

— Porque? Por eu ser um Malfoy? - Apesar dele tentar colocar arrogância ao dizer seu sobrenome pude ver sua amargura. E ali estava a brecha que eu esperava, mas tinha medo da sua reação a minha resposta

— Acho que o mais lógico é dizer que acredito em você apesar de ser um Malfoy. - Vi que o tinha surpreendido e decidi lançar tudo de um vez.-  Não precisamos apenas de um puro-sangue que saiba jogar para mudarmos nossa maré, precisamos de alguém que lute por acreditar no nosso lado e que ele não tem a ver com ser o melhor para si, mas para todos. Alguém que saiba o valor das tradições mas também como adaptá-las para abranger todos. Que instigue as pessoas a ver além do que está na superfície. Que possa mostrar o que é ter sofrido na mão dos dois lados. - Esperei sua reação, percebendo sua expressão adotar certa incredulidade no final.

— Alguém está sendo afetada por conviver com a sabe-tudo de Hogwarts - bufei exasperada, ficando incomodada pela menção a Granger.

— Sou capaz de pensar sozinha, mas ela com certeza também está fazendo sua jogada, ou não teria escolhido se sentar comigo ou obrigar o Potter a dividir a mesa com você. - Ao ver sua cara se fechar tive vontade de bater sua cabeça na mesa. - Não ache que conseguirá alguma coisa se não conseguir superar seu passado com ele Draco.

—Você não entende Pansy.- Foi toda resposta que obtive e entendi que não sairia mais nada dali. Me levantei resignada.

—Talvez não entenda por você não se abrir, mas a decisão é sua. Qualquer que seja estarei aqui. - Comecei a caminhar em direção as escadas mas me detive, e virei, não resistindo a lhe provocar um pouco. - A Lovegood é uma pessoa bem-vinda na Sonserina.

Seus olhos se ergueram e sustentaram os meus, implacáveis, tentando tirar algo de mim. - Ela fez amizade com um sonserino improvável. - Vi seu semblante se fechar e tive a confirmação que eu precisava. Mantive apenas um sorriso zombeteiro no rosto, conseguindo ver seu cérebro trabalhando.

—Não consigo imaginar a Lunática na sonserina.- Então ele não ia morder a isca. Alarguei meu sorriso.

— Talvez devêssemos chamar ela e a murta para um chá. Fiquei sabendo que as duas são velhas conhecidas. - Virei as costas, mas não antes de ver um olhar assombrado em seu rosto. Quase gargalhei ao imaginar a cena em minha cabeça, mas deixar Draco com a pulga atrás da orelha era exatamente o que eu queria, pensei, sentindo um pouco de esperança depois daquele encontro não marcado.

 Autora

Nenhum dos dois envolvidos na conversa perceberam a presença de uma terceira pessoa sentada ao fundo do salão, que prestava atenção a tudo com admiração, mas que sentiu uma onda de raiva no fim da conversa. 

Draco

Acordei e me mantive deitado, surpreso por ter conseguido dormir a noite toda sem nenhum pesadelo. Era estranho não acordar sobressaltado e suado, esperando um ataque. Como que para brincar com meus pensamentos vi uma sombra se mover aos pés da minha cama e peguei a varinha, não sabendo como reagir. Suspirei tanto em alívio quanto em resignação. Era apenas Hécate, a gata de pansy.

Lhe lancei um olhar de censura e obtive como resposta um ronronar quando ela se aproximou da minha mão, obviamente pedindo por carinho. Como estava sozinho no quarto, e pretendendo dizer a pansy mais tarde para cuidar mais da sua companheira pois ele não era um amante de animais carentes, fiz um carinho atrás da sua orelha. Para ser honesto consigo mesmo gostava da gata, a achava linda e orgulhosa o bastante para conseguir sua vaga na sonserina por sim apenas. A maneira como parecia se achar dona de tudo e todos era uma qualidade quase Malfoy.

Franzi o cenho com o pensamento e lancei um olhar para a mesa da cabeceira, onde a carta que recebi da minha mãe ontem estava pousada. Não queria pensar sobre seu conteúdo. Não tão cedo. Senti Hécate pular no meu colo e se esfregar mais em mim, como se sentisse que eu precisava de conforto.

Lhe fiz um último carinho e rumei para meu banho imaginando que talvez eu pudesse comprar um gato, se fosse tão refinado quanto Hécate. Abandonei rapidamente aquele pensamento por saber que não condizia com a imagem de um Malfoy. 

Me arrumei rapidamente para encontrar com Pansy e Blas, não permitindo que minha imagem fosse menos que impecável, ainda mais depois da conversa de ontem. Cumprimentei os dois quando os encontrei, conseguindo ficar quase feliz por termos conseguido sair mais cedo para o café da manhã hoje, evitava que tivéssemos que passar pela porta do salão principal quando já estivesse cheio. Apesar de já saber que não seria recebido como um herói de guerra quando voltasse, e de estar acostumado a receber olhares atravessados a muito tempo, aquele começo de ano letivo estava particularmente espinhoso.

— Pansy, Hécate estava no meu quarto hoje pela manhã, não sabia que agora eu virei dono de um hotel – recebi um levantar de sobrancelha da dona da gata.

— Pelo visto ela se apaixonou por você Draco, pelo menos uma das fêmeas de Hogwarts ainda te quer – Blas disse ao invés de pansy, que pela cara se segurou para não rir da piada do amigo. Mal ele sabia que atrás da minha cara fechada eu também estava segurando uma risada. Mas o motivo não gostaria que ninguém soubesse.

— Estou mais que feliz em passar a coroa de pegador para você zabine. Apesar de que tenha reconhecido os dois gemidos diferentes que escutei do seu quarto essa semana.  – era um blefe, não tinha escutado nada, mas sabia quais sonserina tinham ido parar no quarto dele na comemoração que tinha feito na segunda-feira.

— Alguém tinha que se divertir naquela festa, já que você e pansy decidiram adotar um relacionamento que só permite conversas. Tomara que tenha sido educativo as dicas que escutou – respondeu sem um pingo de vergonha, como se eu precisasse aprender algo nesse quesito.

— Draco consegue oferecer tanto prazer fora da cama quanto nela Blas, mas isso, é claro, você ainda tem que aprender com ele. – dei um sorrisinho de lado para Pansy, e um olhar vitorioso para Blas, que revirou os olhos para a resposta.

— Não esperem que eu compre esse namoro de fachada que os dois estão exibindo por aí, seria mais fácil me convencer a namorar as duas garotas da segunda. – ergui uma sobrancelha para ele e estava pronto pra retrucar quando os vi. Eles desciam as escadas do lado oposto seguindo para o mesmo rumos que nós.

Claro que eles também queriam chegar antes do salão estar cheio, evitar chamar atenção. Como se fosse possível. Lancei um olhar para Pansy mas fui totalmente ignorado. Me perguntava como ela conseguia ser minha amiga e minha inimiga ao mesmo tempo.

— Olá Granger, vamos nos encontrar na biblioteca mais tarde para acabar o trabalho de feitiços? – nem um primeiranista da lufa-lufa acreditaria na necessidade daquela conversa, mas parecia que a grifinória estava mesmo empenhada em fazer a política da boa vizinhança com as cobras, pois começou uma discussão de horários com a minha ex-amiga que poderia ser feita em qualquer uma das aulas que elas compartilhavam a mesa.

Segurei um suspiro assim como tentei engolir o gosto amargo que sempre tomava minha boca quando me via perto do Potter. Ainda o amaldiçoava todos os dias por ter se sentado ao meu lado e estar fazendo da minha vida um inferno maior que o necessário aquele ano. Não que achasse que ele estivesse aproveitando mais que eu aquela convivência forçada. Acreditava que já tivesse escutado da sua amiguinha a mesma ladainha que Pansy vinha repetindo todos os dias pra mim, sobre como deveríamos seguir em frente e blá blá blá.

Como se elas entendessem alguma coisa. Minha raiva dele nada tinha a ver com a guerra, ao mesmo tempo que tinha tudo a ver. Não queria deixar minha mente vagar naquela direção, era uma caixa de pandora que não queria visitar logo cedo. Olhei para os lados procurando uma distração, foi quando a vi, descendo as escadas, e encontrei seu olhar enquanto caminhava.

Calmaria. Essa foi a sensação que me envolveu, e por isso consegui reestruturar minha máscara e pensar novamente. Vi que ela estava com dois primeiranistas da minha casa e percebi porque Pansy tinha jogado aquilo no fim da nossa conversa ontem. Quase suspirei de alívio. Então ela não tinha descoberto.

Vi ela dizer algo para os dois que a acompanhavam, e os dois olharam em minha direção. Um deles lhe respondeu alguma coisa e puxou o colega em direção ao salão principal. Senti uma pontada de inveja, queria estar caminhando com os dois para dentro e sair daquela situação não planejada.

—Então já estamos nos encontrando fora da sala? - Claro que a Lovegood não controlaria o que falava. Vi Pansy erguer uma sobrancelha para ela.

—Não Lovegood, somos apenas projeções astrais, na verdade já estamos sentados nas nossas mesas tomando café. - Vi Granger lançando um olhar de aviso para Pansy, e Potter parece ter saído do seu mundinho também, pronto para defender a amiga, mas ela apenas sorriu.

—Então você sabe me dizer se tem Pudim na sua mesa? - Pansy revirou os olhos para a resposta, provavelmente se perguntando se a outra batia bem da cabeça. Potter olhou com um sorriso para a Lovegood. E ali eu vi uma oportunidade para atazanar minha amiga, tirar aquele sorriso da cara do testa-raxada, e para começar a mudar a maré. 

—Talvez você queira descobrir por si mesma. - Vi cinco pares de olhos me encararem surpresos - Pansy me disse que ia a convidar para um chá, mas talvez aceite tomar o café em nossa companhia hoje. - Soltei antes que pensasse muito. Os grifinórios me olharam desconfiados, Blas dividia sua cara entre surpresa e riso, mas segurei um arrepio ao ver o olhar da Pansy, pois percebi que teria volta. 

—Se vocês não se importarem. - Ela disse sorrindo, quase como se conhecesse a etiqueta, e eu ergui minha sobrancelha para Pancy, esperando que ela respondesse.

—Será um prazer Lovegood. - Pansy disse, e se despediu dos outros dois que ainda estavam tentando processar tudo. Seguimos os quatro para nossa mesa no salão, e como esperado atraímos muita atenção, mas imagino que seja por causa da corvinal que seguia caminhando no meio de nós três. Não foi difícil encontrar um lugar na mesa, e lá percebi que os outros alunos da sonserina nos avaliavam, não sabendo corretamente como se comportar, mas a Lovegood parecia não se importar com isso.

— É engenhoso como a comida é diferente em cada mesa da escola não? - ela disse de forma sonhadora, olhando para os lados e se servindo de um pudim que eu nunca tinha reparado em nossa mesa.

— Não tinha conhecimento disso - Pansy disse, parecendo estar resignada com a nossa companhia para o café.

— Como não Pansy? Você costuma se sentar tanto na mesa das outras casas, com seus muitos amigos, que achei que tinha reparado em algo assim - Blás disse com deboche, e eu quase me engasguei com meu suco de abóbora. Pansy lhe lançou um olhar mortal, mas a Lovegood apenas riu.

— Cada mesa se adapta aos ocupantes dela. - Prosseguiu a corvina, que parecia mais devagar do que realmente prestar atenção ao que dizia. O que não condizia com as pessoas ao nosso redor, que pareciam prestar atenção ao que conversávamos, apesar da Lovegood estar mantendo o tom de voz razoavelmente baixo, quase no nível dos sonserinos. - Como na sonserina os alunos são em sua maioria puros-sangue os elfos enviam comidas da cultura mágica. Já mesa da lufa-lufa, por exemplo, onde se tem mais nascidos trouxas, a comida é mais eclética. - Ergui as sobrancelhas um pouco impressionado pela informação. - E sempre podemos pedir aos elfos algo que queremos. - Ela continuou comendo seu pudim, e talvez fosse por isso que nunca tinha visto um ali antes.

— Qual a comida mais diferente que já comeu nas outras mesas? - Blaise perguntou, algo que também estava curioso pra saber, mas me deixando intrigado por conversar tão facilmente com a corvina, entretanto me lembrei que os dois dividiam a mesa de estudos, então não me foquei nisso.

— Goiabada com queijo - foi a resposta da outra. - é uma combinação de doce e salgado também chamada de romeu e julieta - ela continuou como se fizesse algum sentido o que dizia e continuou a comer. Pansy me olhava como se me exigisse algo, e quase bufei antes de perguntar. 

— É agradável? - tentei continuar a conversa, pois o silêncio estava quase se tornando constrangedor, e como fui quem convidou a garota seria de mal tom não conversar com ela.

— É de matar - ela disse olhando em meus olhos e dando um sorriso. Abri um sorriso de lado em resposta, tendo certeza que jamais conseguiria acompanhar seu raciocínio, mas achando quase agradável tê-la ali. - Se quiser posso pedir quando formos tomar aquele chá Pansy. 

Vi minha amiga travar o maxilar, mas dar um aceno positivo com a cabeça. Lovegood sorriu e se levantou, se despedindo e acenando para o mesmo primeiranista que a vi mais cedo. Comecei a pegar meus materiais, não precisando olhar minha amiga para saber que me lançava um olhar mortal, e que com certeza me atazanaria por causa dessa “confraternização”. Mas  percebi que não me importava, era quase como se eu esperasse pelo jogo de farpas que eu sabia que trocaríamos nas próximas horas.


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Notas finais do capítulo

E então gente, o que estão achando? Algum palpite sobre quem são as pessoas da torre de astronomia? Acho que não é tão dificil de se acertar.
Já quero deixar avisado que nessa história não teremos Luna e Draco, se forem isso que estão pensando.
E quem será que estava escutando a conversa na sala comunal?
Gostaria mesmo de saber a opinião de vocês, estou começando a entrar em um campo minado na história.
Me desculpem também por qualquer erro, estou digitando pelo celular, e sou um pouco desengonçada com as letrinhas pequenas.
No mais, muito obrigada se leu até aqui, e deixe um comentário. kkkkk.



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