Heroes will rise escrita por Liran Rabbit


Capítulo 2
Capítulo 2 — Adeus estranho nem tão estranho




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Esteja pronto para lutar

Heróis irão surgir




Ótimo, era o que faltava! E eu iria ficar cansada só de me atirar de lá para cá e procurar o mirim, ele que veio até onde estou, maravilha. Agora é saber se ele é inimigo ou pelo menos não tão inimigo... Se ele tem o quase título de garoto aranha, deveria ser um não tão inimigo, eu acho. 

Concentração Gwen!

— Sai de cima de mim! – Gritei ao mesmo tempo que o joguei para longe, levantando-me rapidamente e encarando o sujeito – Sabe cara? Acho que você tá na cidade errada – Argumentei e o mesmo levantou devagar, não devolvendo pelo menos a encarada – Que foi? A aranha picou sua língua?

Negando, pude observar com atenção seu uniforme. Se ele não era patriota, não queria saber a questão para aquele azul todo, e depois eu que exagero no visual... Andando cautelosa  sua volta, prestava a atenção no sentido aranha que poderia apitar mais rapidamente em relação a alguém se jogando em mim.

— Não é possível... – Falou, dando sinal de vida.

— O que? Aranhas morderem línguas? Elas não podem, ou talvez podem fazer... Mas essa não é a questão! – Concentrei-me novamente, vendo deixar a cabeça pendurada de lado – Olha, sei que é difícil ver um ídolo ou herói assim, mas sabe "garoto-aranha"? Você devia estar na escola.

Essa foi péssima, eu deveria esta fazendo lição de casa e trabalhos de escola, mas não, estava ali tentando dar um fim nesse garoto! Gwen, devemos ver os conceitos de como abordar um jovem menor de idade.

— Não é isso – Riu zombeteiro e estranhei a risada, era familiar... Mas de onde eu reconhecia?  – É que eu acabei parando numa situação familiar de uns meses atrás, só que agora é diferente.

Cruzei os braços e cerrei o olhar, na certeza ficaria evidente na mascara. Ele é louco.

— 'Tá! Agora chega, vai para casa e estuda. E não use esse uniforme novamente, as vezes é bom ter uma vidinha normal – Argumentei, preparando para deixa-lo ali.

— Você realmente não reconheceu minha voz, Gwen Stacy? – Congelei quando meu nome foi pronunciado e virei o rosto de relance para ele – É o seu nome, não é? Se essa dimensão for certa, você é a garota ou mulher aranha, e não eu.

— Como você...? 

— Como eu sei? Acabei de falar, dimensão, viagens desagradáveis, universos diferentes... – Tentei buscar humor em suas palavras, um tom sarcástico, mas não... A risada anterior dele realmente era familiar – Aqui você deveria me reconhecer como outra pessoa.

Virei-me novamente para ele e em primeiro momento olhei para sua mão, a mascara sendo segurada e levantei o olhar para o "garoto-aranha".

Usando metáforas no momento tão dramático, o chão tinha desabado e repensei o quão idiota eu fui nos últimos minutos, não era questão de ser familiar e sim de que era a qual tinha esquecido a um tempo, um longo e doloroso tempo.

— P-Peter? Peter Parker? – Murmurei, aproximando devagar. Sem sinal do alerta aranha, é seguro – Mas... Você tinha morrido...

— Para mim foi a mesma coisa... 

— Nos meus braços, você morreu nos meus braços e eu sou considerada uma assassina... – Balbuciava, escolhendo no momento tirar ou não a mascara.

— Como eu falei, dimensões e universos diferente... – Sussurrou e tirei lentamente minha mascara, pronto... Agora ele conhece uma Gwen chorona de meses atrás.

Terminei a proximidade e o abracei com força, enterrando minha cara em seu ombro e nem importando para os soluços que saiam. Isso só poderia ser uma brincadeira de mal gosto do universo que conspirava contra – ou como dessa vez, a favor – de mim. 

Sentia sua mão fazendo um leve carinho em minha cabeça, e as poucos me acalmei e afaste-me, respirando fundo e limpando meu rosto, notando que ele entregava minha mascara e que já se preparava para colocar a sua.

Quando encarnei a garota aranha, olhava pensativa para ele. Se ele estava vivo em outra dimensão, como eu morri? Seria indelicadeza perguntar? 

— Sabe, não precisa ter vergonha de perguntar algo que tem em relação a você – Ou ele lê cérebros ou isso é obra de alguma divindade.

— Não é nada – E eu tinha que mentir e deixar a verdade escapar, como sempre, né Gwen? 

— Você mente muito mal – Falou e eu iria responder quando meu celular tocou com a música de "eye of the tyger" e o Peter alternativo riu – Pode atender, afinal você é a mulher aranha.

— Garota aranha – Corrigi.

— Que seja – Rolei os olhos e me afastei.

— MJ? O que foi? – Quando eu sou a primeira a falar numa chamada dela, a coisa deve estar péssima.

O que foi? Sério que eu ouvi isso, Gwen? Seu pai veio bater na minha casa perguntando de você e sabe o que acontece?! – Gritava e eu afastei o aparelho do ouvido.

— O que aconteceu? – Suspirei cansada e ouvi ela grunhir de raiva.

Meu pai viu o seu pai – que no caso é um policial – e começou a resmungar e quando eu menos notei, ambos estavam brigando! — Desabafou tudo e eu ainda mantinha o celular afastado.

— Você é uma rainha do drama, MJ – Reclamei e o barulho irritante do fim da chamada deixou-me mais furiosa – Que droga...! 

— MJ? Mary Jane? – E eu tinha esquecido que o outro Petey estava ali, e só por causa disso eu dei um pulo assustada – Você é a heroína aranha mais bizarra que eu vi...

— Vou considerar um belo de um elogio – Ri e andei até o  beirada do prédio – Se você não é daqui, tem que voltar, eu não tenho nenhum inimigo mortal que nem os quadrinhos.

— Não tem? Nenhum? – Indagou curioso – Por que tenho a sensação que você teve? 

— É, você tem razão – Olhei de relance para ele – Eu tive um inimigo e ele foi o lagarto, mas o problema é que ele na verdade era o Peter... – Abracei a mim mesma.

"Eu queria apenas ser como você..."  Essas foram as últimas palavras, as que pesam mais e doem mais.

— Eu não...

— Fique quieto e só vamos achar o motivo de você estar aqui... Por favor – Supliquei e lancei a teia em um prédio menor do qual estava, segurando-me e jogando como se fosse uma corda.

...

— Como você consegue lidar com o seu pai e o fato de esconder sua identidade secreta – Indagou ao me levar num dos locais estranhos da qual ele falou que poderia ser a possibilidade de um covil inimigo conhecido.

Um decaído galpão abandonado em meio ao porto, um local bem longe do centro e a minha preocupação era apenas as mais de dez chamadas não atendidas no celular. Eu estou numa encrenca enorme...

— O que viemos fazer aqui? Esse local foi abandonado depois de uma explosão... – Falei, o vendo observar com atenção no sei lá o que de algo estar queimado ou não.

— Explosão? Do que? – Indagou com o tom de voz desinteressado, vasculhando e ignorando minha existência.

— Um maluco tentou um avanço tecnológico que seria revolucionário para qualquer pessoa deficiente, tipo as cadeiras do filme wall-e, eram o que mesmo... Tipo garras... Não, tentáculos. Tipo um polvo! – Estralei os dedos só por conseguir lembrar.

— Essa não... – Murmurou – De todos tinha que ser justamente ele? – Falou consigo, suspirando cansado e me fitando – Você sabe de mais alguma coisa?

— Bem... Ele tinha uma mulher... Acho que ela morreu no acidente e ele foi internado ou algo do tipo – Dei de ombros e o fitei, a coisa parecia bem séria para ele não me olhar ou comentar algo – Algum vilão amador que eu deva saber?

— Acho que você vai ter o seu segundo inimigo se não sairmos daqui... – Sussurrou e andou em direção a porta de entrada, me puxando pelo braço.

Seria assustador o fato das luzes que tínhamos acendido por ali começarem a falhar e a porta da frente se fechar? 

— Garoto-aranha? Poderia informar quem é o da vez? – Perguntei preocupada.

Um barulho como metal se mexendo e olhei receosa para os lados. Foi um boa ideia seguir um Peter alternativo? Não. Eu tive escolha? Talvez. Mas eloe ficaria vagando por ai e eu seria a culpada, ou não.

O sentido aranha apitou e olhando para cima, uma garra veio e acabamos desviando e levantando, voltando a atenção a pessoa que tinha feito o ataque. 

Tentáculos metálicos e óculos de garrafa, ficando levantado pelas mesmas. Se o local não fosse tão mal iluminado, eu diria que ele é meio gordinho para um vilão, ou será que o estereótipo dos quadrinhos subiu minhas cabeça? 

Seu olhar se desviava entre mim e o Peter alternativo, parecia confuso, mas logo voltou a atacar, só que não a mim e sim o outro aranha. 

— Quando eu abri o portal, não era para trazer outro desagradável herói mirim – Rosnou para o aranha e como ele não prestava atenção em mim, afastei-me e para cima, lançando a teia e observando a luta. 

Os ataques do polvo eram apenas o uso dos tentáculos, além de de sustentar com eles, consegue lutar... Que habilidade... 

— Não era para você ter aparecido! – Gritava.

— Eu sei que não sou bem vindo em vários lugares, mas me trazer a um universo paralelo também não é novidade – Zombou Peter, desviando de um ataque duplo das garras e caindo, mas desviando de outro ataque usando as teias para distrair o polvo.

Tenho que parar de chama-lo assim. Ou não.

— Minha mulher que deveria ter vindo daquele portal e não você! – Ralhou – Uma criatura miserável da qual meu outro alternativo não consegue matar!

— Acabou de se chamar de incompetente! – Deu uma risada, mas que foi estragado com um acerto em cheio na barriga, causando o impacto na parede.

— Mas eu vou traze-la... Depois de te jogar ao seu mundo, mas sem vida... – Bem.... Hora de agir!

Com cuidado, me movimentava depressa entre o sustento frágil do teto e pulei nas costas do inimigo, mas o sentido aranha meio que apitou tarde demais e fui acertada ainda no ar.

— Não me subestime criança! Eu sabia que você estava planejando isso, não foi uma das melhores ideias que você teve.

Pense em um plano, Gwen!

— Já pensou no desastre que vai ser em trazer sua "mulher" de outra dimensão? – Argumentei, levantando os braços para evitar o pior, mas não veio nada.

— O quê? 

Sério que ele não pensou nessa possibilidade e é por isso que ele não vai me atacar? Que tipo de vilão ele é?

— Ela pode ser diferente, vocês dois na outra realidade não devem se gostar ou não estão juntos por alguma coisa – Valia qualquer coisa para não virar brinquedo no meio das garras.

— Mas ainda será ela – Argumentou, com uma das garras me pegando e apertando-me. E eu tinha que ter comemorar cedo demais.

— Quem garante? – Indaguei. Péssima ideia... – Ela não deve gostar de você, vocês podem ter se separado por causa da sua vida de vilão e outras mil possibilidades – Dei de ombros. Por favor, não me jogue para longe, não me jogue...

— Mas ainda seria ela... – Ralhou e rolei os olhos, o ser que insiste!

— Se você insiste, as consequências serão suas e ela pode ser a vilã e você do outro universo o inocente – Se for isso, ele que brigue com a querida mulher dele, o marido chato que ele deve ter sido.

— Ei! Quatro olhos! Pega essa! – Um arremesso fez com que ele caísse no chão e acabasse me soltando, lancei uma teia para longe dele e vi Peter mancando – Não sabia que você era do tipo dama indefesa – Falou com humor e lhe o olhei com um pingo de indignação.

— Vou mata-los!

— A vontade, mas antes... Como você me trouxe para cá? É o mesmo método que vai usar para trazer a sortuda da sua mulher. Deve ser bastante interessante – Fingiu falso entusiasmo e senti o orgulho inflar do polvo. 

— Um portal dimensional portátil! Mas não pense que vai consegui-lo, esta ligado ao meu cinturão que é a base das garras – As mesmas o ajudaram a levantar e se preparar para o ataque.

Não sei porque, mas uma lâmpada pareceu se acender no topo da minha cabeça e e olhei para o outro Peter para ver se ele pensava o mesmo, e o vi concordar e indicar com a cabeça o local mais afastado dali, onde a fiação estava em um estado deplorável e mostrava que ocorreu algum experimento, provavelmente o do polvo que se aproximava e eu processava o plano dele.

Ele ia ser a isca...

Um ataque duplo das garras, me afastei em direção oposta de Peter e corri em direção a fiação, apresando-me, juntei os cabos que mostravam faíscas e os que não apresentavam perigo, qualquer um ajudaria.

O barulho da luta ao fundo não distraía muito, só fazia os meus nervos quase explodirem. Com cuidado, deixei os cabos presos num poste e virei em direção a luta.

— Hey! Senhor polvo! Ainda tem uma aranha sobrando aqui! – E dessa vez eu consegui chamar a atenção dele. 

Com uma fúria que tinha saído de lugar nenhum, esperei ele tempo suficiente para poder desviar do seu ataque direto, mas era provável que ele desconfiasse e não batesse no alvo. Como por sorte, o impulso que o Peter deu o empurrando fez com que o polvo acertasse o local onde os cabos estavam presos e eu desviasse sem preocupações.

Entrando em curto e caindo no chão, era a hora perfeita de começar a entrar em pânico por causa do portal dimensional portátil.

— Será que quebrou? – Olhei para o polvo desmaiado e um barulho de faísca e um tremor fizeram com que um portal ao lado do quatro olhos se abrisse – Retiro o que disse.

Então era isso? Eu daria adeus novamente ao Peter? Era demais... Perde-lo uma segunda vez era demais... Até para a garota-aranha, para mim...

— Acho que isso é a sua deixa, garoto-aranha – Tentar não ser uma pessoa sentimental é difícil com a voz estranha. 

— É homem-aranha. E sim, pelo visto é minha deixa...  – Falou ao meu lado – É estranho... Mesmo tendo perdido você, sinto que eu não vou perder novamente... É como se eu levasse uma parte nova agora. Uma nova Gwen...

— Você quer que eu te abrace e chore no seu ombro? – Reclamei e dei um soco no seu braço, nem conseguindo disfarçar o choro. Chorar com uma mascara é um saco!

— Não, mas um abraça é o suficiente – Declarou e eu não segurei mais a emoção, Peter ou não, eu o puxei e fiquei abraçada a ele e o sentindo retribuir.

Quando deu de baboseira, nos separamos e ele andou até o portal, acenando e entrando naquele buraco dimensional azul e estranho, que foi se fechando e levando a imagem dele aos poucos.

Segurei a emoção de não chorar com a perda, mesmo o meu Peter morrendo nos meus braços, eu não perdi totalmente o outro Peter.

Esse era um estranho adeus. Isso. Adeus estranho não tão estranho, garoto mirim. Homem-Aranha.

E o celular começou a tocar... Tinha que estragar o clima?

— Pai? – E depois dessa eu vou ficar de castigo o resto da vida. Mas eu tenho certeza que a garota-aranha não.


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