A Rosa indomável escrita por WinnieCooper, Anny Andrade


Capítulo 10
Confissões




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Os dias foram passando. Rose mantinha-se uma líder orgulhosa, seu grupo estava crescendo e estavam ganhando mais adeptos.

― Fiquei sabendo que o grupo de Nancy não conseguiu autorização para os elfos folgarem de sábado, parece que a McGonagall desistiu de ajudar.

Rose sorriu com a informação dada a ela na terceira reunião. Começaram a conversar pensando em algo que poderiam fazer pelos elfos para ajuda-los que não fosse tão brusca como folgas nos finais de semana e que a diretora não pudesse dizer não. O melhor é que ela tinha apoio de um dos elfos, ele começou a ajudá-los quando viu que eles estavam preocupados com a vida deles.

Um dia sua mãe havia lhe contado a história de Dobby um elfo diferente de todos que ajudou ela, seu pai e seu tio a não morreram na mão de Voldemort e comensais da morte uma vez. Coincidentemente ou não Dobby tinha como dono os Malfoys, até seu tio Harry dar um jeito de libertá-lo. Decidiram que iam propor a McGonagall que eles teriam folgas dois dias da semana, mas não todos juntos para que a escola não ficasse sem ajudas por dois dias inteiros e exigiram no papel o pagamento de férias, como qualquer trabalhador normal uma vez ao ano.

― Afinal minha mãe já conseguiu que eles recebam um salário, um salário pouco, sabemos disso, diante de tudo que fazem e precisam de férias como qualquer trabalhador normal.

Estava orgulhosa de todos. Seu grupo era falado em todos os lugares do castelo, sentia-se importante. Estava orgulhosa de tudo o que estavam fazendo.

Scorpius a observava em todos os seus jeitos e maneiras de lidar com as situações, ela era caridosa com cada um que a procurava, escutava a todos e absorvia o que achava interessante para acrescentar em seu grupo. Ela parecia brilhar, estava conseguindo realizar aquilo que sempre almejou e não se aguentava de felicidade. Mas mesmo assim, mesmo com todo carinho e atenção dada às outras pessoas quando o assunto era ele, Rose era sempre fria e soltava seus espinhos.

― Não é assim que faz, use seu cérebro pelo amor de Merlim! – brigou uma vez que viu ele escrever um memorando errado para entregar a McGonagall.

― Não posso pedir nada para você fazer – resmungou outra vez quando ele falou que não tinha conseguido assinatura de elfos o suficiente para levar a diretora.

Scorpius levava todos os espinhos em cima dele e estava cada dia mais cansado do jeito dela. Desta forma parou de pegar na mão da garota, parou de provoca-la com apelidos que ela odiava como pétala delicada, parou de tentar abraçá-la sempre que surgia a oportunidade.

― Você está estranho – ela confessou uma vez no final de uma reunião, quando só tinha ficado os dois na sala – Parece que não fala mais comigo como antes.

Ele negou com a cabeça evitando encará-la.

― Estou farto – foi a única coisa que falou antes de sair da sala a deixando sozinha.

Rose mais do que nunca não estava entendendo o comportamento dele. Scorpius havia mudado muito, era por causa dele que ela tinha ganhado tanta notoriedade, mas parecia que ele tinha cansado dela.

Já estava perto de dezembro e o garoto não se importava mais em ganhar aposta nenhuma, sabia que teria que cumprir o castigo. Rose jamais o olharia diferente a ponto de lhe beijar porque queria. Seus amigos, se assim poderia dizer, riam toda vez que ele dizia que era impossível cumprir a aposta. Na verdade ele não se importava mais em cumprir o castigo ele queria era entendê-la, queria que ela o olhasse diferente. Não queria admitir que estivesse olhando para ela de uma forma diferente, olhando de um jeito que não tinha olhado garota nenhuma.

― Rose podemos conversar? – era Ellie e Chloe na aula de poções em que Grifinória dividia com Sonserina. Scorpius estava sentado do seu lado emburrado. Não tinha lhe dirigido a palavra à manhã toda.

― O que querem? – ela perguntou com cara de poucos amigos.

― Vimos que está menos... – começou Chloe, queria dizer rabugenta, mas – intensa, e que o namoro está lhe fazendo bem.

― O namoro está me deixando ótima – ela falou se agarrando ao braço do garoto ao seu lado.

Scorpius a olhou chateado, mas resolveu não retirar os braços dela de si.

― E a Nancy está surtando – sussurrou Ellie – Digamos que não está mais como era antes. Ela teve um acesso de fúria quando descobriu que você tinha conseguido a aprovação da diretora para deixar os elfos folgarem duas vezes por semana.

― Ela surtou é? – Rose não pode deixar de sorrir.

― É – foi à vez de Chloe continuar – E percebemos que não nos encaixamos no grupo dela mais.

― Queremos fazer parte do seu grupo.

Rose começou a rir e balançar a cabeça não acreditando no que estava ouvindo.

― Típico de vocês não é? Interesseiras em fazer parte do grupo que está tendo voz nesse castelo.

Ellie e Chloe fecharam a cara para a ruiva.

― Não somos interesseiras. Queremos fazer a diferença e no grupo que estamos à líder não está mais raciocinando como antes – disse Ellie com os braços cruzados na frente de seu corpo.

― Nos dê uma chance. Somos ótimas com papéis. – terminou Chloe.

E elas realmente eram ótimas com papéis. Coisa que Scorpius não conseguia fazer sem a supervisão dela. Resolveu dar uma chance.

― Apareçam na reunião hoje à noite e verei se lhes darei outra chance.

Elas agradeceram Rose e saíram de perto deixando os dois sozinhos.

― Em que ponto chegamos, ver elas se humilharem para fazer parte do meu grupo – disse orgulhosa ao garoto.

Ele se limitou a tirar gentilmente a mão da garota que permanecia pousada em seu braço, mesmo com as garotas à distância. Deitou sua cabeça na carteira. Não queria encará-la.

Rose abriu a boca nervosa pronta para lhe dar uma bronca pelo seu comportamento de criança, mas não conseguia. Ficou reparando no garoto. Seus cabelos loiros com gel, suas mãos fortes cheias de calos por causa do quadribol, seus ombros tensos que não relaxavam. Começou a descer sua mão a fim de fazer um carinho nele, como agradecimento. Mas parou a mão no ar se dando conta do que estava pretendendo no último instante.

Na reunião daquela noite as amigas de Rose se mostraram dispostas a fazer tudo o que ela pedisse e se mostraram interessadas em tudo que ouviram. Estavam discutindo maneiras de implantarem uma eleição de monitores não tão abrupta em que McGonagall não poderia dizer não.

― Seu grupo é sensacional – confessou Ellie no final da reunião.

― Queremos lhe ajudar – implorou Chloe a ela.

Rose concordou com a cabeça e aceitou as amigas de volta. Queria ver a cara de Nancy quando descobrisse tudo e precisava delas para fazer os papéis com maestria que ela sabia que as amigas conseguiriam.

― Obrigada Rose – as duas disseram em uníssimo e não se aguentaram a abraçando.

― Estou livre! – gritou Anne no fundo da sala.

Dave que até então estava do seu lado saiu da sala cabisbaixo.

― Estou tentando terminar com ele há semanas e ele simplesmente não me largava. Parecia um carrapato.

― Sei bem o que é isso – comentou Rose.

Scorpius a olhou chateado e começou a sacudir a varinha organizando a sala.

― Vamos começar a fazer já na sala comunal – disse Ellie a Rose.

― Quando terminar de arrumar aqui já teremos alguma coisa – terminou empolgada Chloe.

― Confio em vocês – Rose limitou-se dizer.

As duas se despediram e saíram da sala.

― Anne é sério que terminou com ele? – era Lily perguntando a amiga em um canto. Rose notou que Hugo olhava a prima chateado.

― Aí Lily, eu estou cansada de garotos fúteis, que só pensam em beijos. Sinceramente quero alguém que me complete por inteira e não estou falando de conexão carnal e sim espiritual.

Rose olhou surpreendida a amiga de Lily.

― Anne você está se entendendo como os relacionamentos devem ser.

― E eu agradeço você por isso – ela confessou a prima de Lily.

― Mas... – começou a Potter.

― Vou para minha sala comunal – anunciou Anne saindo da sala.

― Espere – disse Lily a seguindo.

Hugo suspirou cansado e sacudiu a cabeça.

― Vejo que ainda não conversou com ela – Rose repreendeu o irmão, não queria que ele voltasse a ficar doente se Lily corresse atrás de Dave.

― Nem começa Rose – se defendeu o irmão – Quem tem algo inacabado aqui é você – ele apontou a Scorpius que continuava a arrumar a sala.

Ele virou e começou a andar para fora da sala.

Rose olhou Scorpius de costas e suspirou. O enorme elefante na sala entre eles havia voltado e ela simplesmente não sabia o que fazer. Na verdade ela não queria admitir, mas sentia falta de todas as vezes que ele segurava sua mão nos corredores, e das tentativas frustradas de abraçá-la sempre que possível. De quando o afastava assustada o pegando cheirando seu cabelo, quando ele a defendia com palavras a qualquer um que tentasse lhe destratar. Estava sentindo falta até dos apelidos românticos ridículos que ele falava a ela.

― Você nunca mais me chamou de pétala delicada – disse baixo ainda com o garoto de costas para ela

Ele parou de mexer a varinha, mas permaneceu de costas.

― Nunca mais pegou na minha mão e nem tentou me abraçar – disse mais baixo ainda com medo da reação dele.

Ele sacudiu a cabeça ainda de costas.

― Você sempre tentava cheirar meu cabelo e... – ela engoliu em seco – fazer certo carinho – terminou tensa sentindo seu rosto quente.

― Se você me quer na sua vida, coloque-me nela. Eu não deveria estar lutando por uma posição.

Scorpius virou a encarando.

Rose não acreditava que ele estava citando uma frase de Frida Kahlo justamente para ela. E como ele estava certo. E ela não conseguia entender tudo que aquilo significava. Ela. Ele. Os dois. Claro que o queria em sua vida, mas como aceitaria isso quando não entendia o que era.

A garota não disse nada. Então Scorpius terminou a conversa.

― E você nunca quis nada disso – deu de ombros – Estou farto Rose.

Terminou saindo da sala deixando a garota sozinha com seus pensamentos.

E apesar de ser apenas um namoro falso, ela não queria que acabasse. Estava na verdade longe de querer isso.

xx

Lily correu atrás de Anne o mais rápido que pode, precisava entender o que tinha acontecido, como a garota tinha mudado tanto em algumas semanas.

― Uffa... – A ruiva pegou a amiga pelo ombro. – O que está acontecendo com você?

― Nossa... Lily você me assustou.

― Anne, você acaba de terminar com Dave? Foi isso mesmo? – a Potter mais nova não conseguia entender porque agora talvez tivesse a chance dela.

― Sim. Eu sei que deveria ter conversado com você antes. Você me ajudou tanto com aquelas cartas e eu sempre ficava contando o quão ele era isso ou aquilo. – Anne suspirou cansada. – Por falar nisso provavelmente era um assunto terrível, sinto muito.

― Não me importava. - Lily deu de ombros. – Você estava tão feliz.

― Lily, talvez eu estava achando que estava feliz. Mas na verdade eu não estava. Tudo foi uma ilusão. Nem mesmo as cartas eram reais, afinal você as escrevia para mim.

― Você dizia que não era boa com as palavras. – a ruiva disse sem saber muito o porquê.

― Se fosse algo real eu não iria me importar com isso. O garoto tem que gostar de quem sou escrevendo bem ou não. E eu de verdade fiz o Dave se apaixonar por uma Anne que não existe.

― Você é romântica. – Lily não sabia se estava defendendo a amiga, ela mesmo ou Dave.

― Eu sou Lily – a garota segurou as mãos da amiga.- Sou o tipo de romântica que gosta de passar uma tarde estirada em uma grama conversando sobre como o clima anda esquisito. Sou a romântica que quer planejar viagens ao redor do mundo. Não uma romântica que escreve poesias e brinca com as palavras.

― Mas...

― Mas aquela romântica das cartas não era eu. Era você.

― Eu?

Lily tentou segurar as lágrimas. A verdade era que ela se colocava por completo nas cartas. E a amiga estava enxergando isso talvez significasse que estava enxergando muito mais.

― Sim Lily. Você.

― Anne não quero te ver triste.

― E eu não ficarei triste. – Anne determinou sem mencionar diretamente o que significava. – Jamais ficaria triste com você.

As duas se abraçaram no corredor.

Hugo observava a cena de longe, mas não precisava de muito para saber quais seriam os próximos acontecimentos. Ele estava oficialmente fora da jogada. E talvez fosse o momento de começar a contar algumas das verdades que tanto escondia tentando proteger todos e se machucando gradualmente.

xx

Rose entrou na sala comunal da Grifinória e Ellie e Chloe  chegaram perto dela querendo já conversar sobre suas ideias que estavam colocando no papel.

― Eu não estou com cabeça agora, desculpa – disse Rose calmamente. Tinha os olhos apertados o coração doendo.

― O que há com você Rose? – disse Ellie preocupada com ela. A garota nunca pedia desculpas e isso já era motivo de estranhamento.

Rose olhou para as duas amigas, não estava aguentando, achava que poderia se sufocar.

― Eu não sei o que há comigo – ela confessou deixando que uma lágrima caísse de seus olhos.

— Rose conte pra gente o que está acontecendo, somos suas amigas apesar dos maus entendidos – Chloe falou segurando a mão da garota.

A ruiva encarou elas e decidiu que ia expor o que estava sentindo nesses últimos dias.

― É sobre o Scorpius – ela confessou.

As duas se entreolharam curiosas.

― Vocês brigaram? – perguntou Ellie.

― Mais ou menos – Rose balançou a cabeça.

― Não está dando certo o namoro? – Chloe perguntou desta vez.

― Aí é que está. Nós não namoramos, pelo menos não de verdade.

― Mas...

― Vou explicar – Rose interrompeu os pensamentos de Ellie e começou a explicar a ideia de seu namoro falso e o acordo que tinha feito com ele, o contrato o castigo dos furúnculos.

― Rose você é genial – exclamou Chloe surpreendida com a ideia da amiga assim que ela terminou de explicar tudo.

― Então era uma ideia genial mas...

― Mas... – encorajaram as duas ao mesmo tempo para que ele fizesse.

Rose mordia seus lábios agoniada. Uma vez que tinha iniciado o assunto com elas iria até o fim.

― Eu vou desabafar com vocês, são minhas amigas não é? – elas sacudiram a cabeça afirmativamente curiosas – Eu preciso desabafar com alguém senão eu vou explodir. Aconteceu uma coisa horrível.

― Horrível? – questionou Chloe.

Rose olhou prós lados verificando se não tinha ninguém ouvindo a conversa delas. Só então voltou a atenção para as amigas confessando de uma vez só.

― Eu acho que estou gostando do Scorpius – sussurrou como se fosse algo errado.

― Você? Gostando dele! – Ellie exclamou chocada.

― Fala baixo – Rose pediu aos sussurros – Eu sei é improvável mas...

― Mas... – Ellie encorajou-a continuar quase sorrindo.

― Mas no começo ele era carinhoso comigo, pegava na minha mão, me defendia na frente de todos, arranjava desculpas para me abraçar e me chamava por aquele apelido horroroso.

Ela revirou os olhos pra cima suspirando não acreditando que estava admitindo tudo aquilo em voz alta.

― Ele parou de fazer tudo isso e eu comecei a sentir falta, falta de seus carinhos de sua irritação.

― Rose – Ellie segurou nas mãos dela feliz – Você está gostando dele sim.

― Eu sei – ela sentiu seus olhos se encherem de lágrimas – Às vezes tenho vontade de bater minha cabeça na parede. Não sei o que faço – olhou para as duas desesperada por uma resposta.

― Mas isso está fácil de resolver – desta vez Chloe resolveu falar – Vocês já namoram no papel, é só tornar esse namoro real.

― Como? – ela precisava de respostas diretas.

― Rasgue esse acordo que tem com ele, diga que quer ficar com ele de verdade. Beije ele – terminou Ellie.

― Eu? Eu beijar ele? – perguntou para as duas ainda se sentindo perdida.

― Sim Rose! Você tomar a iniciativa.

― Tente ser sincera com seus sentimentos – continuou Chloe – Mostre que se importa com ele de verdade.

― Eu tomar a iniciativa? – se questionou se perdendo em seus pensamentos.

― Claro Rose, afinal não é isso que tentamos mostrar para todos? Que mulheres tem o direito de escolher, de decidir. – Ellie sorriu. – Você pode e deve tomar a iniciativa.

Rose ficou com o discurso em sua cabeça o resto da noite e provavelmente por todos os dias que seguiriam.

xx

Scorpius estava mesmo pensando em desistir do namoro falso. A aposta já nem fazia sentido, pagaria e seguiria em frente. Do jeito que Rose o humilhava e desprezava nunca iria beija-lo por vontade própria e ele nunca conquistaria sua admiração, respeito ou amor.

E que tolo estava sendo em procurar amor em espinhos tão afiados e venenosos quanto os de Rose Weasley. Ela podia querer mudar o mundo, mas quando o assunto era ele, sua opinião jamais mudaria.

― Mais que mandrágora! – Scorpius resmungou o mais alto que conseguiu.

― Vejo que está com tempo de sobra não é mesmo senhor Malfoy. – A diretora estava parada perto do novo quadro de avisos que Rose pediu para ser colocado em cada corredor importante do castelo para a oportunidade de todos deixarem recados importantes, competições de clubes, entre outros.

― Nem tanto.

― Com tempo o bastante para me ajudar com isso.- Ela apontou para o quadro.

Era um cartaz avisando de um baile.

― Um baile diretora?

― Pensamos eu e os professores que apesar de tudo estamos tendo um ano bom com alunos interessados em melhorar nosso castelo, nosso lar. E dessa vez da maneira correta. Estamos orgulhosos de vocês e acreditamos que um baile antes do Natal seria o ideal.

― Uau...

― Agradeceria se evitasse repetir minhas palavras para a senhorita Weasley. Vamos deixar isso entre nós. – Mcgonagall afirmou severamente.

― Claro. – Scorpius concordou e ainda acrescentou.- Como se ela precisasse se gabar ainda mais.

― Conhecemos bem a senhorita Weasley. – A diretora disso dando três tapinhas leves no ombro do garoto.

Scorpius terminou de colocar os cartazes do baile de máscaras em comemoração as festas de fim de ano. Seria um dia antes de voltarem para casa para o Natal.

Quando terminou percebeu que estava atrasado para o jantar. Seu dias estavam tão esquisitos que ele estava perdendo a noção de praticamente tudo.

Por sorte hoje não teria reunião. Da última vez ficara esperando Rose falar com ele, mas quando acabou de arrumar a sala a menina apenas saiu em silêncio sem questionar nada ou agradecer. Parecia chateada, mas ele não estava dando motivos já que tinha parado de fazer tudo que a irritava.

Estava pronto para voltar para o salão comunal da Sonserina quando sentiu alguém segurando sua mão.

― Podemos conversar?

Era Rose. Olhando para baixo segurando um dos cartazes que ele havia acabado de colocar nos quadros.

Scorpius desviou seu olhar do dela e pousou em suas mãos que estavam entrelaçadas.

― Eu quero ir nesse baile com você – ela começou decidida.

― Para manter o disfarce? É claro que vou com você – ele soltou da mão dela e virou suas costas.

― Scorpius, por favor – ela pediu olhando as costas do garoto – Não quero brigar com você.

― Eu não estou brigando com você – ele disse calmamente – Preciso te tratar com admiração, ser cavaleiro, senão nasce furúnculos pelo meu rosto, esqueceu?

Rose suspirou nervosa. Não aguentava mais a frieza das palavras dele para ela. Abriu sua mochila e tirou um pedaço de pergaminho de dentro dela. Ela caminhou para frente do rapaz e mostrou o papel a ele.

― Está vendo isso daqui? – Scorpius reparou no papel pela primeira vez e era aquele do acordo que tinha com Rose. O que ela fez ele assinar concordando com as condições para terem um namoro falso.

― O que tem esse papel? – perguntou ainda rancoroso.

Com um floreio de varinha ela colocou fogo no pedaço de pergaminho transformando ele em cinzas em poucos segundos.

― Nosso acordo está desfeito. E consequentemente nosso namoro falso.

Scorpius olhou a garota nos olhos, seus lindos olhos azuis que agora se mostravam tão decididos.

― Está terminando comigo? – perguntou sem entender onde ela queria chegar.

― Sim – ela afirmou com a cabeça não deixando de olha-lo nos olhos – Estou terminando com você.

O garoto sacudiu a cabeça chateado. Não queria admitir, nunca admitiria, mas não queria terminar esse namoro falso, era a única forma de ter Rose próxima de si. Mesmo recebendo todos os espinhos só nele.

― Ótimo estou livre – ele virou as costas para ela novamente e começou a andar em direção as masmorras.

― Vai desistir assim? – ela perguntou com os olhos apertados, sentia um nó em sua garganta vendo o garoto chateado com ela.

― Você desistiu – ele não podia deixar de falar. Sentia seu peito doendo.

― É aí que você se engana, como sempre.

― Óbvio porque eu sempre fui burro, nunca faço as coisas direito – ele não conseguia ignora-la.

― Eu quero ir com você! – ela andou até ele se postando em sua frente – Eu quero ir com você nesse baile, sem contrato, sem namoro falso, sem consequências de furúnculos nascendo pelo seu rosto.

― Sem consequências? – ele perguntou mais para si mesmo que para ela.

― Quero ir com você, sendo nós dois, sem empecilhos no caminho, sem mal entendidos, sem espinhos sendo lançados.

Uma vez que ela tinha começado ia até o fim, esperava que Scorpius entendesse onde queria chegar.

― Vai comigo ou não?

xx

Hugo tinha evitado o máximo que podia, mas quando encontrou Anne animada no corredor com duas garotas que faziam parte do Kahlo tomou coragem e iria confessar a ela todo o esquema das cartas, afinal ela já havia terminado o namoro antes mesmo de saber.

― Oi Anne... – Ele respirou fundo. – Será que podemos conversar um pouco?

― Claro. – Ela continuou sorrindo. – Meninas depois continuamos conversando sobre os vestidos. Vai ser ótimo irmos todas juntas.

― Vamos arrasar! – as meninas se despediram.

― Então Hugo...

― Podemos sentar ali? – Ele apontou para uma escada. – É uma longa conversa.

― Está começando a me assustar. – A garota não estava acostumada a tanta seriedade em conversas com amigos.

― Estavam combinando de ir ao baile juntas? – Hugo perguntou apenas para ter um tempo antes de revelar a verdade.

― Oh... Sim! – Anne estava tão animada. – Não acha uma ótima ideia? Muitos casais vão juntos e normalmente tem todo o drama e a pressão de conseguir um par, de ser convidada. Quando simplesmente podemos ir com amigas ou sozinhas.

― Uau, Rose ficaria orgulhosa de você. – Ele sorriu.

― Sério? Nossa, o grupo me fez muito bem. Estou aprendendo a me conhecer melhor e a entender o que preciso, o que quero, o que mereço. Obrigada por indiretamente me proporcionar isso.

― Não sei se vai ficar tão grata ao final da conversa. – Hugo agora se sentia péssimo.

― Hugo, seu rosto está péssimo. Anda me conta o que de tão grave aconteceu.

― Não sei como começar... – O ruivo respirou fundo umas três vezes antes de voltar a falar. – Eu sei que é a Lily que escrevia as cartas que você entregava ao Dave.

― Bom... Vocês são muito próximos e...

― Calma. Não acabei. – Hugo continuou. – Porém, a verdade é que quem escrevia as cartas para Dave te entregar era eu.

― O que? – Anne estava perplexa. Nunca imaginaria Hugo. O ruivo era discreto e na dele, só que nas cartas era tão sincero.

― Estou arrependido por isso. Enganar vocês. – Ele estava falando sem parar. – Você. Lily. Achavam que era o Dave. Eu fui me envolvendo nessa mentira. Meu corpo não aguentou, por isso tive a febre e fiquei na enfermaria. Me desculpe Anne. Juro que não foi por mal. Não queria enganar ninguém.  Talvez enganasse apenas eu mesmo.

Ele estava falando tanto e tão rápido que Anne tinha que se esforçar para acompanhar. Talvez nunca tivesse escutado tantas palavras saindo da boca do amigo ao mesmo tempo.

― Hugo... – Anne o interrompeu tocando nas mãos do garoto.- Hugo...

― Eu sinto muito Anne. Eu sinto muito.

― Eu sei. – Anne sorriu.- Bem que eu achava estranho todas aquelas palavras bonitas, todo aquele jeito de expor sentimentos se transformarem em apenas beijos e agarramentos.

― Desculpa.

― Hugo, eu já tinha terminado com Dave porque percebi que não era a pessoa das cartas bonitas e na verdade eu também não era né? – Ela riu. – Estou aliviada de ter saído desse relacionamento falso antes de descobrir tudo isso.

― Sério?- O ruivo parecia aliviado.

― Claro. Eu não estava mais aguentando a falta de palavras mesmo que as sem emoções como as minhas. – Anne estava sendo muito madura. – E agora descubro que nunca existiram palavras.

Hugo ficou em silêncio esperando que a amiga absorver tudo. Entender tudo.

― Suas palavras eram lindas. – Ela disse piscando.- Mas não eram para mim, eram para a garota que escrevia as cartas.

Hugo ficou quase vermelho no mesmo instante.

― Não contarei nada, mas você deveria conversar com ela.

― Eu vou contar a verdade, mas não agora. – Hugo confessou. – É o momento dela.

― Eu sei. – Anne dava tapinhas nas mãos do garoto. – Mas ela vai perceber o quanto esse momento será extremamente chato.

Ambos estavam rindo.

― Tive uma ideia. Estará sem par para o baile também. Pode vir com a gente.- Anne decidiu. – Terá vários pares para todos os tipos de dança.

― Eu não danço.

― Sempre tem uma primeira vez. – Anne levantou e ajudou o menino levantar. – Combinado?

― Combinado.

Os dois se abraçaram.

Observando-os de longe Lily não estava entendendo o que estava acontecendo. E porque Hugo e Anne estavam se abraçando. Sentiu algo se remexendo dentro dela, não sabia porque ou o que significava, mas não estava gostando nada.

xx

Scorpius olhava a garota sem saber como responder a pergunta dela. Será que ele estava entendendo direito? Será que...

― Rose Weasley – disse ele sacudindo a cabeça – Não me de falsas esperanças.

― Eu posso ser tudo Scorpius, espinhenta, sem coração, orgulhosa, raivosa, mas mentirosa eu não sou – ela criou uma coragem que nunca achou que tinha dentro de si e segurou a mão dele – Vai comigo Scorpius, por favor.

— É claro que vou com você – ele suspirou lhe entregando um sorriso depois de semanas.

― Certo – ela sorriu aliviada e soltou sua mão da dele – Posso te fazer outra pergunta?

― Você me pedindo autorização para alguma coisa? Isso é novidade.

Rose sacudiu a cabeça e apenas ignorou o comentário dele.

― Como sabia aquela frase de Frida Kahlo?

― Rose, Rose – ele sacudiu a cabeça negativamente – Achei que fosse mais esperta – Ele se aproximou da garota e sussurrou à informação no ouvido dela – Eu roubei seu livro e apenas li.

Rose sentiu seus cabelos da nuca se arrepiarem pela proximidade do rapaz.

― Você roubou meu livro?! – disse um pouco menos domada e muito mais raivosa. – Vai se arrepender disso! – abriu a mochila que levava nas costas a fim de arranjar algo bem pesado para jogar na cabeça dele.

Antes que ela pudesse fazer qualquer coisa Scorpius, que dava algumas risadas, já tinha corrido para longe dela.

A garota apenas balançou a cabeça e sorriu imaginando o que aconteceria naquele baile.

O baile. Se algo podia bagunçar a cabeça de adolescentes era essa pequena palavra, ainda mais adolescentes que vivem na escola longe de toda a agitação normal de Londres. Rose escreveu pedindo um vestido para sua mãe, assim como a maioria das meninas. Lily ficou esperando ansiosamente por um convite, queria o de Dave, mas não teve nenhum, nem mesmo Hugo falou com ela para irem como primos e amigos, mas nada. Scorpius tentava a todo custo fazer Markus desistir da maldita aposta. Hugo estava tomando coragem para dizer a verdade sobre as cartas.

A noite do baile talvez marcasse uma reviravolta no castelo inteiro.


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Notas finais do capítulo

Gente, capítulo do baile está tão legal, mais de seis mil palavras esperam por vocês. Precisamos saber se querem lê-lo. Adoramos ler as palavras de vocês, não sejam tímidas. Precisamos dizer que em breve teremos outra fic Scorose minha e de Anny aqui, envolve viagem no tempo e já está toda escrita. Permaneçam com a gente.



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