Depois de passarem mais algum tempo namorando e aproveitando a brisa do mar, saboreando o noivado, Castle e Beckett decidiram retornar à mansão.

Sorridentes, eles chegaram à mansão e a primeira coisa que eles fizeram foi anunciar a novidade para Martha e Alexis, com todos os detalhes das conchinhas e das surpresas feitas pelo Castle.

Cheia de felicidade, Kate exibiu o anel de noivado.

Logo depois mostrou as orelhas onde pendiam os brincos de pérolas.

A alegria de Martha e Alexis ao saberem do noivado era idêntica a alegria dos próprios noivos.

— Quero saber de todos os detalhes, crianças! – muito feliz e empolgada com a novidade, Martha pediu para os noivos contarem tudo.

Beijos, abraços e congratulações eram a ordem do dia e, para a comemoração em família, Castle estourou um champanhe para o brinde.

— E para quando é esse casamento, meus queridos?

Kate anunciou a data do casamento.

— Podia ser ontem... – Castle brincou e todos riram.

— Eu falei com o Rick que eu nunca me imaginei num casamento grande, então decidimos fazer aqui nos Hamptons.

Kate conversava com a sogra e com a enteada tudo sobre os preparativos para o casamento e cada detalhe narrado era motivo para aplausos, tanta era alegria que Martha e Alexis sentiam.

— Amei! – Martha comentou após ouvir todos os planos do casal.

— Eu mal tive tempo de aproveitar o namoro e agora estou noiva e já tenho até data de casamento agendado... Tudo muito rápido...

— Está se queixando, detetive Beckett? – Alexis perguntou, em tom de zoação, pois a garotinha estava que não se aguentava de tanta felicidade.

Com uma expressão de extrema alegria, Kate contestou – Eu, me queixar? Jamais! Aliás, acho que não existe no mundo uma noiva mais alegre e mais apaixonada do que eu. – ela se aproximou ainda mais do noivo e deu vários selinhos nele.

— Martha e Alexis... – Kate olhou para as duas – , já quero avisar que preciso que vocês duas, minha mãe e a Lanie me ajudem a escolher o meu vestido de noiva.

— Katherine, eu vivi para ver este dia! – Martha vibrou com o convite – Querida, que tal você contar logo para sua mãe. Tenho certeza que Johanna vai vibrar, como eu vibrei.

— Farei isso, Martha. Vou fazer uma videoconferência.

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Kate estava no quarto com o noivo, quando decidiram fazer a videoconferência para comunicar aos pais dela sobre o noivado, contando, inclusive, sobre a data escolhida para o casamento.

Beckett e Castle contaram a novidade.

Johanna e Jim amaram a notícia e ao saberem dos detalhes já acertados, não cabiam em si de tanta felicidade.

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Em clima de total alegria, a viagem de retorno à Nova York aconteceu sem nenhum contratempo.

À contragosto, Castle deixou Beckett no seu apartamento e seguiu para o loft com Martha e Alexis.

A moça explicou que precisava organizar suas coisas para o retorno ao trabalho em dois dias.

Castle usou este tempo para se reunir com Gina a fim de tratarem dos assuntos relativos ao novo lançamento do seu último livro, já que ele estivera ausente por conta do acidente com o barco.

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Como uma boa Editora, a loira se encarregara de anunciar ao mundo acerca do milagroso reaparecimento do Richard Castle.

Gina exibiu ao Castle as diversas revistas onde foram publicadas as reportagens.

Ao ver as revistas abertas nas páginas onde estavam as notícias que Gina mandara publicar, Castle começou a observar as fotos e os títulos das reportagens.

 Ele passou os olhos por todas elas, não se detendo, exatamente, no inteiro teor das reportagens, mas viu as fotos, as legendas e algumas chamadas e ficou irritado com o pouco que leu na última revista.

— Gina, eu odiei o que esta revista aqui publicou. – Castle pegou a revista e entregou para Gina – Parece que eu sou o milagre ambulante! Isto é ridículo! Daqui a pouco os fãs fanáticos vão distribuir santinhos do Richard Castle... Odiei isto! Que jornalista ridículo!

— Rick, não leve isso tão à sério. – Gina tentava acalmá-lo – Esta revista é sensacionalista!

— Tudo bem! As outras revistas foram mais leves e abordaram o assunto com mais respeito. – ele ficou mais calmo.

— Claro, né, meu querido. São revistas de primeira qualidade para pessoas de classe, que, aliás, são seus melhores leitores.

Como Gina queria holofotes sobre sua Editora e sobre seu escritor que mais faturava, lógico que ela usou e abusou de fotos do Castle em todos os momentos de sua vida, falando, inclusive sobre o naufrágio, sobre sua perda de memória e, por fim, do surpreendente restabelecimento da saúde dele. Havia depoimento do Delegado que chefiou a investigação, do médico que o examinou, de policiais diversos, das pessoas da praia onde ele foi encontrado, havia fotos da praia e do restaurante, além, obviamente, fotos dele sozinho e fotos dele com Kate. Havia ainda a narrativa acerca do namoro deles.

— Amei as fotos, viu, Gina! Eu e a Kate ficamos muito bem. Ela, aliás, como sempre, está belíssima.

Castle observou que ao falar do nome da Kate, Gina fez cara feia, mas ele preferiu não render o assunto. No entanto, caso Gina fizesse qualquer desfeita sobre Kate, ele não deixaria barato.

Gina entregou alguns exemplares daquela revista para o Castle – Leve algumas e mostre a Beckett e a Martha.

— Obrigada!

— Rick, você não tem noção dos e-mails que a Editora recebe para você. E as redes sociais do Richard Castle estão bombando! Sua página no Instagram já está com quase quinze milhões de seguidores e cada postagem recebe, em média, duzentos e cinquenta mil curtidas e uns mil e quinhentos e a dois mil comentários. Uma maravilha!

— Que ótimo! – ele estava entusiasmado, apesar de não acompanhar pessoalmente aquilo – Ainda bem que é o seu pessoal que administra, porque senão eu não teria tempo de viver, só lendo os comentários, curtindo e respondendo. Mas estou muito feliz! Acho que é o fruto do nosso trabalho, né, Gina... Eu escrevendo e você fazendo o seu papel de forma perfeita. Obrigada!

Entusiasmada com o elogio do escritor, Gina, atrevida, se achegou ao Castle e o abraçou pelo pescoço, sem qualquer vestígio de vergonha na cara.

Com muito cuidado e sem agredir a moça, Castle se afastou – Hey, Gina, estamos nessa relação de escritor e editora há muitos anos. Respeito muito o seu trabalho e acho que devemos continuar assim. – ele avisou, sem se exaltar.

— Só um abraço inocente, Rick. – ela disfarçou.

— Não sei se você escutou direito, Gina, mas não me incomodo em repetir. Você sabe que gosto de você e que seu trabalho é impecável, mas não devemos misturar as coisas, senão o clima fica complicado entre a gente e isso não seria bom, pois somos uma boa equipe. O divórcio foi o ponto final do nosso vinculo matrimonial e não do profissional, mas para que continue existindo esse vínculo profissional, você tem que respeitar os limites.

— Limites... Limites... – Gina zombou – Ih, Rick... Você está muito ranzinza, viu, sempre dando limites. – Gina desdenhou da reprimenda dele.

— Respeitar limite é importante.

— Huuum!!! Logo você falando em limites?

— Pois é. Veja como são as coisas. Ainda bem que eu aprendi. Antes tarde do que nunca, até porque teremos uma maratona de lançamento. Viajaremos para muitas cidades, muitos estados. Além do mais, você devia respeitar o seu marido, pois até onde eu sei, você está casada com o Morales.

— Namorado, Rick. – ela o corrigiu – O Morales não é meu marido. Ele é meu namorado.

— Fico muito feliz por vocês. E você sabe muito bem que eu estou com a Beckett e sou completamente apaixonado por ela.

— Para deixar bem claro, o Morales nem mora aqui, viu... Ele fica mais tempo fora do país.

— Juro que não me interessa saber onde seu namorado mora, Gina. Eu estou preocupado mesmo é com o lançamento do meu livro e acho que você também deveria focar nisso: no lançamento do meu livro.

— Foi bom você tocar novamente no lançamento do seu livro.

— Claro, estou aqui para isso.

— As redes sociais estão bombando e todos querem que você compareça ao novo lançamento do seu último livro, querido.

— Para ser bem franco com você, eu não gostaria de deixar Nova York neste momento, mas sei que isso não importa muito para a Editora, né.

— Com certeza, Rick. – Gina deu de ombros, concordando com o escritor – você vai ter que viajar para fazer o lançamento, quer queira, quer não queira. Você tem um contrato a cumprir, meu querido.

— Então, pode arrumar a agenda, Gina, que eu vou analisar. Depois vamos montar uma turnê de lançamento do meu livro.

— Já montei, meu querido. Enquanto você e a Beckett estavam de amores nos Hamptons, eu montei a agenda de lançamento e não temos tempo para você analisar! – ela avisou, com uma expressão maquiavélica – A turnê já está fechada. Os espaços de livraria alugados, passagens áreas compradas e hospedagem reservadas.  – Gina anunciou.

— Como assim!? Você não poderia fazer isso sem me consultar, Gina.

— Meu querido, você agora vai querer me ensinar a dirigir uma Editora, é? Sério? Quando você foi considerado morto, eu tive que respeitar as cláusulas do contrato e fiz quatro meses de lançamento do seu último livro. No primeiro momento eu e sua mãe convencemos a Beckett a ir também, porque o público a ama, pois sabe que ela é a sua musa inspiradora para escrever sobre a Nikky Heat. Seu livro vendeu como se fosse água. Um sucesso de vendas.

— Ela me disse que foi nos primeiros lançamentos aqui em Nova York... Eu fico imaginando o sofrimento dela, porque ela odeia ser o centro das atenções e principalmente porque ela estava sofrendo com a minha morte.

— Mas depois a Beckett não conseguiu mais comparecer. Ela estava muito abalada. - Gina menosprezou os sentimentos de Kate - Óbvio que eu reconheço que ela é linda, mas a cara de choro dela estava me dando náuseas, então eu não insisti para ela continuar na turnê, apesar de saber que a cara de sofrimento dela era um tempero ideal para ajudar nas vendas.

— Isto é algo asqueroso para se dizer, Gina! – Castle se levantou, chateado – Eu já vou. – ele pegou as revistas que queria mostrar para sua mãe e para Kate – Encaminhe para o meu e-mail essa tal agenda da turnê que você montou.

Antes de se retirar, ele ouviu a última colocação de Gina – Lembre-se que o mundo quer ver Richard Castle.

— Eu sei que você não é jornalista, mas vou te dar um furo de reportagem: Eu e a Beckett ficamos noivos e nosso casamento será em seis meses.

Castle saiu sem falar mais nada e não viu a cara de raiva da Gina.

Ele chegou irritado ao loft, o que chamou a atenção de Martha que também ficou enfurecida assim que soube sobre as colocações de Gina.

— Que criatura desprezível, Richard! Ela nunca me enganou... Sempre foi assim, mas disfarçava para agradar você. Dissimulada!... Isso que ela é.

Castle deu um abraço e um beijo em Martha – Mamãe, vou tomar um banho relaxante. Preciso esfriar a cabeça, mas sei que não tem jeito, pois preciso da Gina, já que ela é uma excelente editora.

— Acho que antes desse banho, meu querido, você deveria primeiro consultar seu e-mail para examinar essa tal agenda de lançamento do seu livro, querido. Estou prevendo que a Gina preparou uma surpresa desagradável para você.

— Agora não... Mais tarde eu faço isso. A reunião me deu dor de cabeça e eu preciso estar bem à noite porque vou levar Kate para jantar.

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O jantar em comemoração ao noivado foi perfeito.

O casal estava belíssimo e na saída do restaurante dezenas de flashs foram disparados na direção deles, já que Castle era uma celebridade.

Isso deixou Kate bastante assustada, pois, por mais que já tivesse acontecido tal tipo de abordagem, ela agora não era apenas a musa inspiradora do famoso escritor; ela agora era a noiva dele.

— Desculpa, amor. – ele sussurrou discretamente para Kate quando ainda estavam dentro do restaurante – Sei que você não gosta disso, mas peço paciência e peço também que você dê o seu mais lindo sorriso. Prometo que vai ser rápido.

Depois de um selinho, Castle saiu do restaurante de mãos dadas com sua noiva.

Junto com os flashes, sem qualquer constrangimento, os jornalistas lançavam perguntas indiscretas a respeito do noivado.

Cauteloso, Castle se manteve o tempo todo de mãos dadas com Kate ao se dirigir aos jornalistas – Boa noite a todos. Obrigada pelo carinho de vocês. – ele foi cortês, quando, na verdade, estava querendo ir embora sem falar nada – Já está muito tarde. Estamos cansados, então serei breve e responderei a pergunta que todos me fizeram. Sim, eu sou completamente apaixonado pela Detetive Beckett há mais de quatro anos e ela também sente o mesmo por mim. Vocês já sabem que foi ela que, incansável, me localizou, desmemoriado, em uma das praias nos Hamptons e também foi graças a ela que eu recuperei a memória. Nós nos amamos! Eu a pedi em casamento e ela aceitou. Finalmente estamos noivos e ainda não marcamos a data do casamento. – ele preferiu omitir aquela informação – Passamos os últimos vinte e cinco dias juntos e, caso vocês estejam interessados em fotografias nossas deste período, entrem em contato com Gina Griffin, minha Editora. Peço também que se limitem a publicar apenas o que eu falei. E qualquer coisa a mais, seria especulação, ok? Obrigada pelo carinho de vocês!

Enquanto o Castle falava os flashes pipocavam e aumentou muito quando pediram para Kate exibir a mão onde estava o anel.

A pedido, Castle fez algumas poses para fotos e em todas elas, ele estava abraçado com Kate, que, belíssima, relaxou e exibiu um lindo sorriso, mantendo o anel de noivado sempre à vista.

Em meio aos flashes, eles partiram.

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 — Bom dia, amor! – Castle deu um selinho em Kate quando viu que ela despertou.

— Bom dia, amor! Ah, como esta cama é maravilhosa com você, Rick.

— Acho que esta fala é minha... – ele brincou.

— Engraçadinho! – ela riu – Eu já te contei que passei a morar aqui depois que você desapareceu... Você pediu para eu cuidar da Alexis, lembra? Eu passava mais tempo aqui do que no meu apartamento.

— Claro que eu lembro. Lembro também que você brigou comigo por conta deste meu pedido, mas que bom que você me atendeu.

— Óbvio que eu ia te atender, amor. Até porque você deixou estipulado no testamento. Mas isso eu também já te contei, inclusive sobre a visita inesperada da Meredith.

— Eu já sei de tudo, então, que tal mudarmos de assunto, eihm? – ele pediu.

— Ótimo!

— A empresa de logística que eu contratei para trazer o resto das suas coisas para cá ficou de chegar que horas lá no seu apartamento, amor?

— Dez horas da manhã, então, vamos nos apressar, senão chegaremos atrasados.

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A mudança de Kate foi rápida e o pessoal deixou tudo arrumado, do jeito que Kate e Castle queriam.

— Rick, eu li na internet que seu último livro continua no primeiro lugar em vendas e isso vem acontecendo desde o lançamento. – Kate comentou no final da tarde, logo após a saída do pessoal da empresa de logística.

Kate e Castle estavam no quarto do casal.

— A Gina me falou e isso é ótimo! Todos amam a Nikky Heat.

— Mas quem é mesmo quem escreve sobre a Nikky Heat, eihm? – ela fez uma pergunta retórica. – Ah, amor, todos amam você. Você é um escritor maravilhoso!

— Você é uma fofa!!!

— Rick, por falar em livro e na Gina, você ainda não me falou sobre a turnê do novo lançamento do seu último livro.

— Vou acessar meu e-mail agora.

— Você ainda não viu? Não acredito! – ela ficou pasma – Logo você, tão curioso?

— Pois é... – ele acessou seu e-mail e clicou na mensagem da editora e abriu um arquivo, em PDF, onde continha a planilha com os nomes das cidades, dos hotéis, das livrarias, com as respectivas datas dos lançamentos do seu livro – EU MATO A GINA! – ele gritou.

Kate se assustou com a reação do noivo.

— Hey, o que foi?

— Eu mato a Gina! – ele repetiu, desta vez sem gritar.

— Sim, eu já ouvi que você quer matar a Gina. Mas o que foi o que aquela vaca fez para você reagir assim, Rick? – Kate estava curiosa para saber o que a loira azeda fez.

— Três meses! Você acredita que a Gina agendou três meses para fazermos as viagens de lançamentos do meu livro?

Ao ouvir o que o noivo dissera, Kate não entendeu o porquê da reação enraivada do seu noivo e deu de ombros, achando aquilo muito natural – Três meses? Normal! Sim, que ótimo! Não compreendi o motivo da sua raiva, amor.

— Seria bom e normal se fosse uma agenda mais elástica, onde eu pudesse vim te ver entre um lançamento e outro, ou até mesmo se fossem dois ou três lançamentos seguidos.

Kate ainda não entendia o motivo da ira do seu noivo.

— Tudo bem... Ainda não entendi o motivo de sua raiva.

— Mas saiba que a Gina colocou intervalo apenas de um dia entre as cidades... Entre um lançamento e outro.

— Eu também quero matar a Gina! – Beckett confessou.

— Então vamos bolar um plano. – ele falou sério.

— Palhaço! – Kate pilheriou e deu um selinho nele – Mas eu também quero matar a Gina.

Ele retribuiu o carinho da noiva, mas estava tenso. Encheu o peito e o soltou de vez pela boca.

Castle até tentou brincar, mas estava chateado e começou a coçar a cabeça e a nuca.

 – Tente ficar calmo, amor. – ela foi até ele e o abraçou. Beckett não gostava de vê-lo chateado – Logo depois que você desapareceu a Gina também usou e abusou de mim. Por quase duas semanas eu passei por algo similar e o pior é que ela sabia que eu não tinha prática disso e ainda estava com o coração despedaçado, morrendo de saudades de você. A minha vontade era de dar um tiro no meio da testa daquela mulher. Eu já te falei sobre isso...

O Castle fez um gesto afirmativo com a cabeça diante daquele comentário da sua noiva – Eu te conheço, amor... Não sei como você conseguiu.

— Também não sei, Rick. Eu estava acabada de tristeza por conta da sua morte, e não tinha graça de fazer nada. Eu queria sumir! Mas eu tinha que fazer o maior esforço do mundo para comparecer aos lançamentos. E o pior é que ainda tinha gente que queria que eu tirasse selfie com eles e ainda autografasse seus livros. Até que eu não aguentei mais e joguei tudo para o alto e disse que não tinha condições nenhuma de continuar enfrentando aquela maratona, já que eu estava com o coração em pedaços.

— Imagino a cara da Gina quando você falou que não ia mais. – Castle comentou.

— Claro que ela me ameaçou com uma multa alta, disse que eu era uma irresponsável, disse mais um monte de baboseiras, etc, etc, etc, mas eu fui firme. Falei com o Dr. Radesh Fayad e ele resolveu todo.

— Ainda bem que você falou com o Fayad.

— Odeio a Gina! Sempre odiei! Você não quis casar novamente com ela porque me amava e para piorar, estamos noivos. Eu tenho quase certeza que foi por minha causa que ela montou essa agenda desumana para você, amor. Odeio a Gina! Odeio! Odeio! Odeio! – ela enfatizou.

Ver Kate falando mal da Gina fez o Castle rir.

— Muito bem! Gosto de ver você assim, chateada e querendo brigar, toda firme e poderosa.

Kate dirigiu a ele um olhar aterrorizante.

— Só não gosto quando você se chateia e briga comigo... – ele zoou.

— Você é muito traquinas, viu... E quanto a esta planilha louca da Gina, eihm, amor? Sério que vamos ficar três meses separados? – Odiei esta notícia. Odiei mesmo!

— Sei a melhor maneira de resolver isso, Beckett. Você vai comigo. – ele avisou, como se fosse a coisa mais fácil e mais natural a se fazer.

Só que, obviamente, Kate não pensou assim.

— Então, a regra para eu usar este anel de noivado é assim: O “meu senhor” ordena e a “serva” obedece. Você, obviamente, é o grande senhor e eu, a serva. - não havia tom de zoação na voz de Kate.

Castle não esperava aquela reação da Kate e ela continuou.

— Então, para você, a solução seria essa. Simples assim! – Kate falou e não estava brincando – Se eu bem entendi, eu teria que abandonar meu emprego para ir atrás de você.

— Não é bem assim, Kate.

— Lógico que eu sei que você não quer ficar sem me ver por três meses. E óbvio que eu gostaria de estar ao seu lado, principalmente quando existe uma naja loira e venenosa bem pertinho de você, louca para dar um bote. Socorro! – ela desabafou.

— Então, Kate...

— Castle, você está completamente equivocado ao pensar que eu posso largar meu emprego! Por mais que eu te ame, as coisas não podem ser resolvidas assim, como se você tivesse o poder de ordenar que eu largue tudo para te acompanhar.

Apesar de ambos estarem nervosos por conta da turnê montada por Gina, Castle procurou acalmar a situação, pois não queria que a Kate ficasse mais nervosa.

— Eu não diria assim, amor. Que tal você olhar por outro ângulo, eihm... Visualize... – ele parecia que iria elaborar um enredo de um livro – Um homem bonito... Aliás, muito bonito e completamente apaixonado por sua belíssima noiva, precisa cumprir um rigoroso contrato que durará três longos meses. Sem condições emocionais nenhuma de ficar separado de mulher que é o amor da sua vida, por conta da imensa saudade que sentirá dela, ele implora a presença dela para que os dois fiquem juntos no cumprimento do contrato inadiável. Assim, suas mentes e seus coração poderão ficar mais tranquilos. Eles precisam ficar um do lado do outro para não morrerem de saudades.

Ao terminar de simular a cena como se fosse a sinopse de um livro, Castle franziu a testa ao olhar para Kate, na expectativa da opinião dela.

— Não é à toa que você é o meu escritor favorito, amor.

— Então você vai. – ele indagou, igual criança pedindo algo impossível.

— Ah, Rick. Você sabe que eu não sou dona do meu tempo. Eu tenho um trabalho e tenho atribuições. Não posso chegar para o Capitão e comunicar que vou ficar três meses sem trabalhar porque vou acompanhar meu noivo nos lançamentos do livro dele. Se eu fizer isso, claro que ele vai dizer que o melhor a fazer seria eu sair da polícia.

— E você não quer sair da polícia.

— Claro que não! – ela confirmou.

— Que tal se eu falasse com o...

— Nem venha me dizer que você vai falar com o Prefeito, com o Comissário ou com qualquer outro dos seus amigos influentes. – Kate o ameaçou – Não quero ser favorecida por suas amizades.

— Mas foi por causa dessas amizades que nos apaixonamos e vamos nos casar, Kate.

— Negativo! E tem mais, Rick... Vamos deixar bem claro uma coisa: Nós nos aproximamos por causa deles, mas nos apaixonamos por sermos quem somos. 

— Ok! – ele aquiesceu, mas deixou escapar um sorrisinho de quem quer fazer uma traquinagem.

— Richard Castle, eu te conheço! Prometa para mim que você não vai pedir por mim.

— Você não confia em mim, Kate? Será que precisa mesmo que eu faça esta promessa?

— Eu confio em você, Rick, claro que eu confio. – Kate o olhou firme – Não precisa prometer! Mas, Senhor Richard Castle, se eu descobrir... Melhor dizendo, se eu desconfiar que você fez algum tipo de pedido neste sentido, ou mesmo falou algum tipo de indireta para o Prefeito, eu te devolvo o anel. – ela o ameaçou.

— E ficar sem mim? – ele riu – Duvido que você suporte ficar sem mim.

— Castle, eu estou falando sério! – ela falou irada – Minha vida profissional não pode ficar atrelada a favores da alta cúpula. Eu levo meu trabalho à sério. Sou extremamente profissional, tenho meu valor e princípios e foi por mérito próprio que eu consegui promoções e permanecer por tanto tempo no distrito policial, inclusive recebendo condecorações por serviços prestados com excelência. Acho até que se eu não mostrasse meu valor no desempenho de minhas atividades você não se interessaria por mim.

Ele ficou realmente amedrontado – Pensando bem, acho que vou apagar da minha agenda o número dos telefones desta galera, viu, começando pelo Prefeito, para evitar que eu caia na tentação e telefone para eles.

Muito rapidamente o Castle pegou seu celular e acessou a agenda como se fosse, realmente, apagar os números dos telefones dos amigos.

Kate riu com aquele comentário chistoso e tirou-lhe o celular das mãos dele.

— Menos, Castle... Menos. Não precisa tanto. – Kate avisou.

— Então... Como vamos resolver isso, Kate. Detesto a ideia de ficar três meses sem te ver, amor.

— Eu também, Rick. – Kate foi para a cama e, abraçando as próprias pernas, se encostou nos imensos travesseiros. Ela estava triste – Três meses é muito tempo.

— Acho que nem telefone nem vídeo chamada ajudariam.

— Claro que não, Rick. Nós esperamos mais de quatro anos para, finalmente, ficarmos juntos e agora aquela naja loira, venenosa, faz essa planilha com o único objetivo de nos separar.

— Então você não vai permitir isso, né, Kate. – Castle comentou.

— Não tenho como impedir. Você sabe que eu não posso. Eu tenho que trabalhar. Acho que estamos discutindo em círculo... Falamos e falamos e voltamos para o mesmo lugar.

Ele assentiu, mas não falou nada e continuou sentado na poltrona junto à cama.

— Rick, você disse que o marido da Gina também é Editor, né? Eles trabalham juntos? Como é mesmo o nome dele?

— Morales! Pois é, o Morales tem sua própria Editora de Livros.

— Pensei que trabalhassem juntos... Então... Ele não vai com a Gina nesta turnê.

— Não, o Morales não vai. Por falar no Morales, a Gina me disse hoje uma coisa que eu não sabia.

— O que foi que ela disse?

— A Gina me disse que eles não são casados... São namorados e que ele nem mora aqui no país, já que a Editora dele é no México.

Kate espumou de raiva ao ouvir todas aquelas informações – Como não sou boba, percebo que a naja loira venenosa tem outros planos para você além de fazer o lançamento do seu livro.

O telefone celular do Castle tocou e ao consultar o identificador de chamada viu que era Gina e antes de atender sussurrou para sua noiva – Falando no Diabo...

— Richard Castle! – ele se identificou ao atender a ligação.

Kate não ouvia o que Gina falava, pois o Castle não colocou no modo viva-voz. Ela só ouvia o que seu noivo falava.

— Jantar com você, Gina?... Hoje?... Vou falar com a Kat...

Castle olhava tenso para Kate e ela percebeu que seu noivo fora interrompido pela víbora e logo depois ele voltou a falar – Sozinho? Porque eu não deveria levar a Kate?

Depois de uma longa explicação da Gina, o Castle voltou a falar – Acho que poderíamos resolver isso no seu escritório, Gina. Que tal amanhã às dez horas da manhã? – um novo tempo porque a Gina estava falando – Não, Gina, não quero jantar com você... Não, não é isso. Não sou manobrado pela Kate... Claro que ela confia e mim... Nosso relacionamento é na base da confiança... Não insista, Gina. Será que você quer estragar o nosso relacionamento profissional, assim como você estragou o nosso casamento?

Pelo silêncio que se seguiu e pelo modo como o Castle segurava o celular longe do ouvido, pareceu que a loira azeda gritava.

Depois de um momento, o Castle voltou a falar – Combinado! Estarei no seu escritório pontualmente às nove horas da manhã!

A ligação foi desfeita e, com cara enraivada, parecia que iria jogar o celular na parede, mas não o fez.

— Minha vontade de matar aquela mulher aumentou.

— A minha vontade, então... – Kate confessou – Oooohhh!!! Nem se fala...

— A sorte da Gina é que ela é a dona da melhor Editora do país e sabe, como ninguém, vender meus livros, o que inclui lançamentos e distribuição nas melhores e maiores redes de livrarias do mundo.

Ainda sentada na cama deles, recostada sobre um monte de travesseiros escorados na bela cabeceira, Kate continuava abraçando seus próprios joelhos dobrados, enquanto mantinha seus olhos e sua mente em Castle.

Calada, Kate refletia sobre aquela turnê que fazia parte do trabalho do Castle e refletia também sobre seu próprio trabalho e a importância dele na sua vida.

— Amor, você está muito calada. Quer dividir alguma preocupação comigo? – Castle indagou ao se aproximar dela e, neste momento, tocou levemente a coxa direita dela.

Agora ereta, Kate encheu o peito de ar, apertou os lábios, pensativa e direcionou o olhar para seu noivo, mas não falou nada.

Ela mirou o colchão e depois o teto, não com o objetivo de procurar nada em especial. Ela estava, sim, arrumando suas ideias.

Tirou as mãos dos joelhos, voltou a se recostar nos travesseiros, levou as mãos à nuca, trançando os dedos entre si e voltou a olhar o teto, pensativa, como se estivesse se espreguiçando. Sua respiração era profunda e sua mente funcionava a mil quilômetros por hora.

— Castle, eu quero deixar bem claro que confio em você. Confio no seu amor por mim e na importância que você dá ao nosso relacionamento. Também quero deixar claro que meu trabalho é muito importante para mim.

— Eu nunca disse o contrário, amor. Eu apen... – Castle saiu na defensiva, pois detestava ficar brigado com a Kate. Sempre detestou, mas Kate o interrompeu e, olhando para ele com sorriso leve no rosto, Beckett fez um sinal, pedindo que ele a deixasse continuar.

— Por dois meses, eu fiz parte do grupo de policiais que investigaram o seu desaparecimento nas praias dos Hamptons. E no mês passado eu decidi usar os meus trinta dias de férias para fazer a mesma coisa por conta própria, desobedecendo ordens expressas do Capitão e do Comissário de Polícia. Somente Martha, Alexis, a Lanie e meus pais sabiam disso. Foram nem sei mais quantos meses de saudade e muito sofrimento, pois meu coração me dizia que você estava vivo. Eu precisava confessar meu amor a você e esperava que você também me amasse. Nem vou falar do tempo que vivemos lado a lado, como parceiros nos casos de homicídios, onde nossos olhares e nossos toques queimava meu corpo. O medo de assumir o meu amor por você se equiparava ao medo de acreditar que você pudesse gostar de mim. Mas o pior mesmo, Castle é ter a impressão de que caso eu não vá com você a esta turnê, a Gina vai atormentar a sua vida e, consequentemente, atormentará a minha também. O objetivo desta turnê não é somente divulgar seu livro. Claro que ela quer vender seu livro, pois ela é uma empresária e você é a galinha dos ovos de ouro da Editora dela. No entanto, a prioridade dela é ter você de volta e já que você não dá a mínima para ela, então ela quer perturbar sua relação comigo. Não sou profetisa, mas imagino que a Gina deve estar arquitetando alguma armadilha para você, envolvendo alguma mulher ou até ela própria, não faço a mínima ideia do que se passa naquela mente maligna, mas presumo que ela vai ter fotógrafos preparados para postar fotos em todas as redes sociais e revistas de fofoca e, obviamente, as notícias chegariam ao meu conhecimento, mesmo que eu não comprasse a revista. Lógico que minha mente fértil, a minha raiva e o meu ciúme podem estar contribuindo muito para eu estar assim, imaginando estas cenas fantásticas. Mas, pelo sim, pelo não, não vou arriscar um futuro com você, Castle. Você é o grande amor da minha vida e não consigo imaginar minha vida sem você. Chega de medos! Chega de sofrer.

Neste momento, o coração dela já batia descompassado e ela tentava a todo custo segurar as lágrimas – Mesmo que você não seja o “meu senhor” e eu não seja a sua “serva”, eu te amo, Rick, e vou, sim, aceitar seu convite para ir com você nesta turnê.

Castle a trouxe para um abraço apertado – Esta foi a melhor notícia que você poderia me dar, Kate.

— Não que eu esteja disputando você com a Gina... Jamais! Também não tenho medo de você voltar para ela. Eu acredito no nosso amor.

— Não precisa se justificar! Eu te amo tanto, Kate!

— Vou te contar um segredinho... Eu daria tudo para ver a cara daquela naja quando você contar que eu vou com você na turnê.

Castle não queria sorrir do comentário dela, pois sabia que ela ficaria chateada, mas não suportou ver a expressão de birra que ele tanto conhecia e amava.

Castle prendia o riso e Beckett percebeu.

— Hey, você está prendendo riso. – Ela o acusou.

— Não tenho culpa, Kate... – ele ria muito – Sua expressão de raiva misturada com birra está muito engraçada.

Beckett riu também diante da explicação dele. A risada de ambos era contagiante.

— Pois fique a senhora sabendo que você vai, sim, poder ver ao vivo e em cores a cara de aflição da Gina quando eu contar que você vai estar ao meu lado todos os dias da turnê. Você vai comigo à reunião.

— Sério! Mas... – ela ficou pensativa – Amor, você acha mesmo que seria conveniente eu ir? – ela ficou em dúvida – Huuummm!! Acho que não devo ir, viu. Não gosto da ideia de ir em uma reunião de trabalho sua.

— Deixa de bobagem! Você vai, sim. Nove horas da manhã, ok? E claro que eu sei que você vai desfilar na cara dela toda a nossa felicidade, toda linda, sorridente, maravilhosa, esbanjando felicidade e segurança da nossa relação e também do meu amor por você e, obviamente, sem descer do seu salto agulha. Plena!

Ela se ajoelhou na cama e se jogou nos braços dele – Te amo! Te amo! Te amo! Te amo! Então, depois da reunião com a Gina eu vou ao Distrito para ter uma conversa séria com o Capitão. Vou pedir uma licença sem vencimentos de três meses.

— Será que o Montgomery vai autorizar?

— Acho que sim. Quer ir comigo? Vamos! O pessoal tá louco para te ver. Só quem te viu depois que você “ressuscitou” – ela fez as aspas com os dedos e sorriu – foi o Capitão, a Lanie e os meninos.

— Vou, sim. E depois você vai comigo ao escritório do Radesh Fayad.

— Combinado!

... Continua...