Férias na Praia escrita por amethyst


Capítulo 2
Na Primeira Manhã


Notas iniciais do capítulo

Aqui estou eu novamente! Comentários são muito bem vindos, espero que gostem ❤



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Aninha saiu do banheiro já agradecendo ao fato de Titi não ter acordado ainda. Tudo que ela não precisava era que ele ficasse em cima dela, cuidando de sua vida, implicando com todos os seus interesses mais uma vez. Ela sabia que ele tinha o hábito de malhar de manhã mas talvez a rotina de férias fosse diferente.

Já ela, sempre acordara cedo, era costume. Gostava de dizer que seu relógio biológico era mais eficiente que um normal. Assim, logo imaginou que tomaria café sozinha e não conseguiu conter a surpresa ao ver Carmem sentada sozinha, mordendo o lábio parecendo inquieta.

— Bom dia, tá tudo bem?

— Ah, bom dia. Tá sim. – Carmem respondeu apressadamente, parecendo igualmente surpresa ao ver a ruiva acordada – Sabe se a Maria Mello já acordou?

Alguma coisa nos olhos de Carmem, como um brilho a mais, ou então a forma como ela enrolava e desenrolava um dos cachos loiros em seu dedo indicou à Aninha do que aquilo se tratava. Lançando um sorriso travesso à amiga, caminhou até ela devagar.

— Não, ainda não. Por quê?

— É que... Eu... Ontem... – Aninha segurou o riso ao ver a loira embaralhar as palavras – Ontem ela não jantou e eu e a Isa conversamos. A gente quer ajudar ela de alguma forma e eu pensei que... Talvez ela preferisse tomar café sozinha, sem se preocupar com todo mundo a olhando. Só isso.

Dizer que ela estava surpresa era pouco para expressar o que se passou pela cabeça da ruiva. Aquilo não era “só isso” se era vindo de Carmem. Era raro que a loira realmente quisesse ajudar alguém assim, por pior que isso soasse, mas Aninha já havia se acostumado com o seu jeito.

— Para de me olhar assim! – Carmem esbravejou – A gente acha que nem ela sabe como isso é sério.

— Eu entendo. – não era segredo pra ninguém que Maria Mello enfrentava a anorexia fazia um tempo. Não sabia exatamente como ajudá-la, por isso ficou feliz em saber que Carmem e Isa estavam pensando em uma forma leve de começar. – Eu também quero ajudar, sempre quis, mas não sei como.

— Eu também não sei... – ouviu a loira murmurar e suspirar – Eu só quero que ela se sinta bem...

Notando o tom rosado nas bochechas dela, Aninha pegou uma maçã e se dirigiu até a porta, piscando para a amiga, como se dissesse que sabia o que estava se passando por sua cabeça.

— Vou dar uma caminhada. Não fala pro Titi, por favor.

— Claro que não. – Carmem revirou os olhos.

— Ela deve levantar daqui a pouco.

— Ok.

Sorriu uma última vez e saiu. Agora era só encontrar Bia.

X

Magali acordou sentindo o celular vibrando logo abaixo de seu braço. Coçou os olhos ainda sonolenta antes de atender e ouvir a voz de sua mãe.

— Oi, mãe. Desculpa não ter ligado ontem, acabou que a gente ficou no mar e quando voltamos eu tava exausta. Não, não se preocupa, tá tudo bem. – riu levemente – Acabei de acordar. Fala pro papai que tá tudo certo e dá um beijo no Mingau. Certo, eu mando mensagem, beijo. Também te amo.

Desligou e suspirou levemente irritada. Seu celular mostrava inúmeras notificações de mensagens e ligações de seus pais e até de sua Tia Nena, mas nenhum sinal de Quim. É claro que ela não gostava de reclamar, mas não sentia mais que seu namorado estava tão envolvido no relacionamento quanto ela, de certa forma, sentia um certo descaso da parte dele. Não sabia ao certo quando aquilo começou à acontecer, mas aquilo a deixava insegura e desconfortável. Tentou ignorar, lógico. Não queria passar as férias de mau humor.

Ouviu Mônica bocejar na cama de baixo e desceu a cabeça da beliche de cima para olhá-la melhor.

— Bom dia, minha flor. Tudo bem? – a amiga a encarou emburrada, espreguiçando-se em seguida.

— Tô é quebrada.

— Ah, vai. É um novo dia e nós estamos de férias, trate de levantar pra gente tomar café, eu tô faminta! Além disso, você acorda a Denise.

— Quê? Por que eu?!

— Ora, porque eu acordei primeiro e tô indo tomar banho. – Mônica revirou os olhos mas levantou da cama, olhando para a amiga que ainda dormia. Magali riu e saiu do quarto, carregando sua toalha e a nécessaire com suas coisas, além das roupas que usaria durante o dia.

Mônica suspirou olhando para Denise. A mesma parecia murmurar algo em seu sono enquanto esboçava um sorriso e se agarrava ao travesseiro. Levantou do beliche e sentou-se na cama da amiga e inclinando-se até ficar perto do ouvido dela.

— Para de pensar em Xavecão e bora levantar daí! – gritou, caindo em uma gargalhada quando a outra se sentou assustada e ofegante.

— Ah, que palhaçada é essa a essa hora da madrugada?! Caiu da cama, minha filha?!

— Nem caí, mas nem de longe eu tive um sonho tão bom quanto o seu... – sorriu maliciosa.

— E que Xavecão, o quê? Me respeita! Denise não é bagunça não. – apertou suas marias-chiquinhas, tentando ignorar o sonho que tivera em que Jeremias tocava e cantava só para ela. – Agora dá licença que eu tenho que tomar banho.

— Ah, não vai não, eu primeiro!

— Sonha, fofa.

 Ao ouvir pessoas correndo Maria Mello deu uma leve risada antes mesmo de abrir os olhos. Mesmo com toda a confusão, poder ter esse tempo longe de sua casa, de sua mãe, e ainda estar com seus amigos era maravilhoso.

Levantou-se e olhou ao redor. As camas de Carmem e Aninha estavam vazias e arrumadas, ela havia sido a última a acordar, mas isso era comum, dificilmente se sentia disposta de manhã. Sentiu seu estômago roncar e suspirou pesadamente. Sabia que precisava comer alguma coisa, o restante não a deixaria em paz se pulasse mais uma refeição. Fez um coque no cabelo e desceu, ainda de pijama, confirmando suas suspeitas: a cozinha e a sala estavam vazias, o que significava que todos os banheiros estavam ocupados e uma grande parte da turma ainda dormia.

— Dormiu bem, Má? – Maria virou-se assustada, nem havia notado Carmem apoiada no balcão da cozinha – Desculpa, não quis te assustar.

— Tá tudo bem, eu tava meio distraída. Tá fazendo o que aqui sozinha?

— Eu tava te esperando pra tomar café. – o sorriso da morena logo desapareceu e isso não passou despercebido pela loira – Quer dizer, eu sei que você ia se sentir incomodada com todo mundo te pressionando então achei que você fosse preferir comer sozinha. – apontou para o pequeno pote de uvas, sentindo o rubor tomando conta de suas bochechas – Eu posso sair se quiser...

Maria Mello encarou Carmem surpresa. Não sabia que a amiga se importava a esse ponto, isso era extremamente atencioso vindo dela. O pote de uvas não estava cheio, havendo no máximo dez ali. Ela amava uvas.

Ponderou sobre a situação. Grande parte do tempo Maria sentia que os amigos não confiavam nela quando se tratava de comida. Isa estava sempre preocupada, e mesmo que tentasse disfarçar, ela sentia os olhares que eram lançados em sua direção quando ela brincava com o lanche ao invés de comer. Mas agora, Carmem parecia confiar nela o bastante para deixá-la sozinha, e aquela confiança era uma sensação muito boa.

— Não precisa ir. Só... Vamos na rede lá fora, adoro ficar ao ar livre.

— Claro. – Carmem abriu um sorriso estonteante enquanto a guiava para fora.

— Então seus pais estão em Portugal agora? E não levaram você? – Maria Mello perguntou enquanto comia outra uva.

— Eu não quis ir. – a loira deu de ombros – Eles nunca viajam de férias, só a trabalho. Quando eu vou junto, bem... Digamos que eu sou uma ótima pessoa pra indicar hotéis, passo bastante tempo neles.

— Que merda... De que adianta poder viajar tanto e não curtir nem ou pouco? Eles viajam quando você tá na escola?

— É claro. Às vezes pelo Brasil, as vezes fora, eu já tô acostumada. Eu sei que vocês não acham isso, mas eu sei me virar. – riu enquanto passava a mão pelo cabelo.

A morena a fitou por alguns segundos. O cabelo loiro cacheado caía perfeitamente sobre o colo da outra e os olhos azuis combinavam com o oceano, ambos possuíam o mesmo tom. Há quem a chamasse de padrãozinho, mas Carmem era sim uma das meninas mais lindas da escola. Maria Mello balançou a cabeça devagar, numa tentativa de tirar o pensamento da cabeça.

— Sei como é, minha mãe também viaja as vezes. Ela vai nessas reuniões em outras cidades ou então para alguma entrevista. Pra ser sincera, eu curto fica sozinha.

— É muito melhor, né? – Carmem exclamou com um sorriso – É muita pressão quando eles estão perto, sempre falando de futuro, trabalho, dinheiro...

— Né?  Minha mãe só sabe falar de desfiles quando tá comigo, parece disco quebrado. Tem vezes que ela nem fala com o meu irmão.

— Ai, como tá o seu irmão? Quantos anos ele tem mesmo?

— Ele tem 6. – Maria sorriu instantaneamente – Tá na casa dos nossos avós, minha mãe não tá de férias, então eles cuidam dele. O Davi é um amor, mas desde ontem já me mandou umas 100 mensagens do celular da minha avó, vê se eu aguento?

— Eu acho fofo. – ao notar o olhar da amiga ela revirou os olhos – Ser filha única faz você dizer essas coisas, ué. Às vezes a gente se sente solitário.

Ao longe ouviram Mônica gritar “Sai logo desse banheiro, Denise!”, e caíram na gargalhada.

— Duvido você se sentir solitária aqui. – Maria Mello comentou enquanto ofegava, ainda rindo.

X

Depois de aguentar o sermão de Mônica sobre como ela demorava pra se arrumar, Denise sentou no sofá da sala sozinha e atendeu à chamada de vídeo no seu celular. Olhos azuis animados a olharam de volta e ela riu com a animação da irmã.

— E aí, pirralha?

— Ah, como tá aí?! Você entrou no mar? Se divertiu? Já arranjou um namorado? Ou uma namorada? Mamãe mandou lembrar que não quer que você beba. Você não bebeu, né?

— Aquieta, Soninha! Que interrogatório é esse, me deixa. – a irmã revirou os olhos e mostrou a língua pra ela – A gente passou o dia no mar ontem, por isso eu não te respondi, peste. Não precisava daquele drama sobre eu ignorar você.

— Você já não me levou junto, quer que eu pense o quê? E aí, tá namorando?

— Que namorando o que, fofa, eu me preservo. Além do mais, cheguei aqui não tem nem 24 horas. E pode falar pra Dona Danuza que eu tô obedecendo ela, tá? Se mamis não me quer bebendo longe de casa, quem sou eu pra contrariar?

Soninha riu e Denise assistiu enquanto a mais nova fazia um rabo de cavalo.

— Vai sair hoje?

— Mamis tá de férias, né. A gente tem que aproveitar, então vamos dar uma volta por aí e ir no cinema mais tarde. E você, vai fazer o que hoje?

— Não tenho nem ideia. O povo aqui é louco né, então é imprevisível. Mas eu tava querendo ligar pra Mona também, tô com saudade dela.

— Ai, a Ramona é perfeita! – a irmã exclamou animada – Ela passou aqui depois que você já tinha ido e a gente ficou assistindo série e comendo brigadeiro!

— Olha só, a melhor amiga é minha, hein? Arranja a sua.

— Tá, tá. Por que ela não viajou com vocês?

— Ela não tava muito a fim de praia, é meio fora da zona de conforto dela, mas tudo bem. Nós vamos passar as últimas duas semanas de férias maratonando filme e comendo sorvete.

— Posso ver também?!

— Ai, tá, pode. Saco, não desgruda de mim. – Denise reclamou, mas mantinha um sorriso no rosto.

— Tô indo, mãe! – Soninha gritou olhando para o lado – Eu ligo amanhã de novo, pode ser? – Denise assentiu – E vê se responde minhas mensagens! Te amo, Dê.

— Beijo, meu anjo, também te amo. Manda um beijo pra mamãe.

Desligou a chamada e riu consigo mesma. Ela amava a irmã mais nova, e sendo sincera, estava morrendo de saudade desta. Assim como de Ramona.

Quando estava prestes a ligar para a melhor amiga, sentiu alguém sentar-se ao seu lado. Jeremias.

— Tá ocupada?

— Eu tava falando com a minha irmã e ia ligar pra Mona, por quê?

— É que o Xaveco é um preguiçoso que não quer sair da cama e tá obrigando a gente a fazer compras sem ele. Aí eu tô indo com o Franja, mas a gente não conhece nada dessa cidade, e como você já veio pra cá pensei que pudesse ir com a gente.

— Mercado a essa hora da matina?

— Vai, Dê... – ele deitou a cabeça no sofá e fez bico – Por favor...

— Quem faz bico pede beijo... – ela provocou, aproximando-se minimamente dele.

— E se eu quiser? – ele sorriu de lado.

Meu Deus do céu, se preserva Denise! Por que esse menino tem que ser tão perfeito, que inferno.

— Daí tem que ter atitude, porque Denise não é pra qualquer um. – se afastou sorrindo e piscando para ele – Bora lá, eu vou com vocês.

— Isso! – ele levantou em um pulo e a agarrou pela mão, ambos correndo até onde Franja havia parado a van e já esperava por eles. – Partiu, Franja.

Sentaram-se lado a lado e ela passou a ditar as direções para o loiro.


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Notas finais do capítulo

Eu confesso que eu amo escrever sobre a Maria e a Carmem, quando pensei nessa história, não imaginei que fosse gostar tanto.

Espero que tenham gostado ❤



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