A Armada de Dumbledore escrita por AnnaGê


Capítulo 3
Capítulo 3 - Poções e Dolores Umbridge


Notas iniciais do capítulo

Espero que estejam gostando. Em breve, mais capítulos.



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     Morgan sentia-se exausta. Após chegar à Sala Comunal da Sonserina, não ficou esperando seu irmão ou Draco como sempre fazia nos anos anteriores. Sabia que os dois provavelmente iriam ficar até tarde conversando com seus amigos sobre as férias e exibiriam suas novas aquisições, como a Firebolt que Bash ganhara no verão. A garota não estava nem um pouco animada para isso, já que na maioria das vezes sempre ficava quieta, só observando, enquanto todos falavam animadamente. Procurou, então, se deitar antes que Pansy chegasse e tentasse afaga-la de perguntas sobre as férias e sobre seu breve namoro com Blásio, de sua maneira falsa, apenas para ter sobre o que fofocar com suas amigas depois.

      Ao chegar ao dormitório, notou que Emília Bulstrode, Tracey Davis e Daphne, as garotas com quem compartilhava seu dormitório (além de Pansy), já estavam tirando os itens indispensáveis de seus malões, como os livros que usariam aquele ano, escovas de cabelo e outros acessórios. Morgan apenas murmurou um “boa noite”, colocou o pijama cinza que estava ao topo do malão e fechou suas cortinas da cama de dossel, antes que qualquer uma de suas “amigas” puxasse assunto, adormecendo rapidamente.

     Na manhã seguinte, se levantou mais cedo. A ansiedade era tanta para falar com Luna, que levantara duas horas mais cedo, o que justificava ressonar alto de Emília e o ronco engraçado de Pansy, que logo teria que acordar para ajudar os alunos do primeiro ano. A garota vestiu o uniforme, escovou os dentes e os cabelos e logo subiu para a Sala Comunal, que estava vazia e escura.  Porém, ao aproximar-se da passagem, percebeu que não estava sozinha, ao se deparar com os cabelos loiros de Draco, que apareciam conforme o primo subia as escadas dos dormitórios.

     - Já acordada? – perguntou ele, visivelmente mais manso do que na noite anterior.

    - Perdi o sono. – disse Morgan, esperando que ele não fizesse mais perguntas e a deixasse ir.

    - Aonde vai? – perguntou ele, desconfiado, enquanto arrumava a gravata verde e prata.

    - Vou à biblioteca, passar o tempo. – mentiu Morgan. Ela cogitou responder um “não é da sua conta” secamente, mas já estava cheia de ser rude com Draco e de ficar com raiva à toa. Draco fez cara de nojo, por algum motivo.

    - Quer que eu vá com você? – disse ele, fazendo-a se desesperar.

    - Não! Quer dizer, melhor você estar aqui para ajudar Pansy daqui a pouco. Eu não vou demorar muito, a gente se encontra no café. – ela disse, tentando não parecer ansiosa. O loiro fez cara de desconfiado, mas por fim apenas franziu a testa e suspirou, jogando-se na poltrona de chintz preta.

     Morgan apressou o passo logo depois de se certificar que Draco não a seguia. Caminhou pelos corredores desertos da escola até encontrar Luna em seu lugar preferido do jardim, recostada à parede, por debaixo de um arco, admirando as plantas e os primeiros raios de sol, com o mesmo olhar sonhador de sempre.

     - Bom dia, Morgan. – disse a loira com um grande sorriso.

     - Bom dia, Luna. – disse Morgan, também sorrindo.

     - Está tudo bem? Você me parecia um pouco abatida ontem. – mesmo com o teor da pergunta, Luna sequer deixava de sorrir ou expressava preocupação em sua voz. Pelo contrário, parecia calma e feliz, o que acabava acalmando Morgan também.

    - Meus colegas e meu irmão estão insuportáveis. Eles não entendem porque ando com você. – respondeu a garota, suspirando, olhando para as nuvens que Luna mirava.

    - Eles não aprovam a nossa amizade. – concluiu Luna, crispando os lábios.

    - Não...- assentiu a garota, dando mais um longo suspiro.

    - Você não devia ligar para os comentários deles. Sabe, eu ouço muitas coisas desagradáveis, mas não vou mudar o meu jeito de ser simplesmente porque os outros querem. Mesmo que fossem pessoas importantes pra mim, eu não poderia negar o que sou para me encaixar em um padrão aceitável. Isso não é vida, Morgan. – ela pausou, olhando diretamente para a amiga, em seus olhos. – Você sabe disso, precisa ter mais coragem pra ser você, ou vai ser engolida por um monte de mentiras que te fazem acreditar.

    - Como Dumbledore e Potter estarem mentindo? – perguntou Morgan.

    - Isso mesmo! – disse ela, voltando a sorrir.

    - Você acredita mesmo que estejam dizendo a verdade sobre a volta de “Você-Sabe-Quem”?

    - É claro! Dumbledore é o maior bruxo de todos os tempos, meu pai confia nele! Ele não mentiria sobre algo tão terrível e se ele acredita no Harry, eu também acredito. Ora, nenhuma história que tentam espalhar sobre a morte do Cedrico faz muito sentido, faz? Só não vê quem não quer mesmo enxergar! – terminou Luna, com seu olhar costumeiramente arregalado.

   - Você tem razão. Nenhuma delas faz mesmo sentido. – assentiu Morgan, pensativa. Mesmo que algumas mortes tenham ocorrido nos Torneios Tribruxo do passado, ela tinha certeza que todos os riscos tinham sido pensados, revisados e impedidos por parte dos organizadores para que não houvesse chance alguma de um acidente acontecer e Morgan não acreditava na possibilidade de Potter ter causado a morte do Diggory, não acreditava que o garoto era um maníaco psicopata, simplesmente por pura intuição.

     No café, Morgan ainda estava pensativa sobre a conversa com Luna. Mal tocara nos ovos, mas sabia que ficaria fraca até o almoço, então decidiu se esforçar para ingerir alguma coisa. Pansy tagarelava alto com suas amigas, algo que deixava a garota ainda mais desconfortável.

     - Morgan! Como foram as suas férias? – Pansy a notara depois de vários minutos que tinham se sentado à mesa.

    - Normais... – deu de ombros a garota, deixando Pansy decepcionada. Morgan sentia como se a namorada não-oficial de Malfoy tivesse a obsessão de se tornar sua amiga desde o primeiro dia em Hogwarts, quatro anos atrás. Muito provavelmente se devia ao fato de Morgan ser uma Yaxley, membra das Sagrado Vinte e Oito e também por ser muito próxima de Draco. Contudo, a filha única dos Parkinson jamais tivera a sorte de ter uma conversa “recheada” de segredos para fofocar com ela, tampouco a chance de ser amiga da irmã gêmea de Sebastian. Vendo que não conseguiria prosseguir com o papo, a garota apenas deu um sorriso falso e voltou a conversar sobre qualquer coisa que tenha lido no Semanário das Bruxas com suas amigas, assunto que realmente não despertava qualquer interesse em Morgan.

     - Já sabe a programação de hoje? – sentou-se ao seu lado Sebastian, que abocanhara uma enorme fatia de bolo de chocolate. Morgan apenas fez que “não” com a cabeça, esperando por uma resposta.

    - Adivinhação, dois tempos de Poções, dois tempos de Transfiguração e História da Magia. – gemeu ele ao dizer a última matéria. – Uma ótima maneira de terminar o dia, não é? – História da Magia com o professor Binns era, sem dúvidas, a experiência mais sonolenta que os alunos de Hogwarts tinham que aguentar. A voz monótona e, literalmente, sem vida do professor deixava qualquer um com o maior desejo de adiantar o horário de dormir.

      A aula de Adivinhação era sempre da mesma maneira. A professora Trelawney, com seu ar biruta e voz etérea, murmurava a tarefa e passava o resto do dia prevendo várias catástrofes a alguns sortudos. Em seu terceiro ano, Morgan foi abordada pelo menos cinco vezes pela professora, que previra uma morte dolorosa ou uma traição terrível a cada aula. Isso foi o suficiente para a garota, que tinha certa aptidão para matéria, descartar a mesma de sua lista de matérias preferidas. Naquela manhã, Trelawney havia dito que começariam a estudar sonhos para os N.O.M.s e infernizou a vida de Sebastian, dizendo que sonhar com uma floresta escura significava uma morte próxima. Felizmente não dera tempo para interpretar o sonho de Morgan, que tivera pesadelos com a risada de escárnio que se seguia com o feixe de luz esverdeada que a matava, o que com certeza renderia uma terrível “previsão” pela professora, e Morgan estava dispensando mais “boas notícias”.

      Já a aula de Poções era algo que quase sempre levantava o humor da garota. A Sonserina sempre tivera a aula junto com a Grifinória e, tirando o fato de sempre implicar com Harry Potter, o professor Severo Snape era simplesmente brilhante. Não houve uma aula sequer em que Morgan, Sebastian e Draco não conseguiram realizar uma tarefa que Snape dava sem fazê-la perfeitamente e se tinha algo que deixava Sebastian empolgado, sem ser o quadribol, era poções.

    - Quietos. – disse o professor ao entrar na sala, fechando a porta atrás de si e fazendo todos se calarem. – Antes de começarmos a aula de hoje, acho oportuno lembrar a todos que em junho próximo prestarão um importante exame, no qual provarão o quanto aprenderam sobre a composição e o uso das poções mágicas. Por mais debilóides que sejam alguns alunos desta turma  - ele olhou brevemente para Goyle e Neville Longbottom, um garoto assustado e dentuço da Grifinória. - , eu espero que obtenham no mínimo um “Aceitável” no seu N.O.M., ou terão de enfrentar o meu...desagrado.

     E com essa introdução inspiradora que Snape iniciou mais um ano com a turma de Morgan. O professor começou a falar sobre a Poção da Paz, poção essa que cairia nos N.O.M.s e que, se preparada incorretamente, poderia fazer com que a pessoa que a bebesse caísse em um sono profundo e, por vezes, irreversível. O objetivo dela era, na verdade, acalmar a ansiedade e abrandar a agitação e em um ano de N.O.M.s era realmente necessária. Porém, também era uma tarefa difícil, pois havia diversos detalhes minuciosos que não poderiam ser ignorados, como as medidas exatas de ingredientes e o número de vezes de mexer a mistura no sentido horário e anti-horário, e os alunos só teriam uma hora e meia para preparar.

    Passado alguns minutos, enquanto Morgan concentrava-se em não errar a temperatura para aquela fase de sua poção, Snape, como de costume, desaprovara a poção de Harry Potter, fazendo sua poção sumir e mandando-o a começar do zero, o que arrancara gargalhadas de seus colegas sonserinos. O professor ainda rejeitou a poção de Neville Longbottom e Ronald Weasley, que era o melhor amigo inseparável de Potter. Passando o olhar sobre os alunos da Sonserina, Snape pousou em Morgan, analisando sua poção. A garota sabia que nada de errado havia com sua mistura, que beirava à perfeição, fazendo o professor assentir e murmurar um “ótimo”, saindo de seu lado, em direção ao Weasley.

     - Venha, Weasley. Vamos ver se aprende o que é uma Poção da Paz de verdade. – disse o professor, com desprezo, puxando o garoto ruivo e sardento com uma das mãos, sentando-o do lado de Morgan e levitando o caldeirão do mesmo com a outra. O caldeirão do Weasley cheirava a ovo podre. Morgan não conseguia imaginar o que o garoto tivera feito para deixar que alcançasse aquele aspecto repulsivo, mas vendo-o tentar continuar de onde parara percebeu o problema.

    - Ei, tente apenas salpicar o pó da Pedra da Lua. – disse Morgan, olhando para a cara de espantado dele quando se virou para ela e em seguida demonstrando a forma correta de se adicionar o ingrediente à mistura, sorrindo cordialmente ao garoto, que apenas a ignorou e tornou à maneira que preparava antes sua poção, fazendo-a bufar. Alguns minutos depois, um vapor claro e prateado começou a se desprender da poção de Morgan, exatamente como o professor disse que aconteceria dez minutos antes da poção ficar pronta. Já a de Ronald estava parecendo uma mistura pouco convidativa de sangue de unicórnio coagulado, em um tom prateado escuro e viscoso. Ao olhar para a poção da garota, sua reação de surpresa e desacreditada a ofendeu.

    - Acho que se você tivesse me escutado, talvez sua poção ficasse menos pior. Mas porque eu ajudaria alguém da Grifinória, não é? Todos os sonserinos não são igualmente maus e dispostos a passar por cima de qualquer um? – disse ela, virando os olhos e colocando um pouco de poção em um frasco e adicionando uma etiqueta com seu nome, em seguida entregando o frasco ao professor, que assentiu, deixando o ruivo boquiaberto quando se dirigiu para fora da sala. – Grifinórios... – bufou ela, antes de entrar no corredor que levava ao Salão Principal.

     Após o almoço, nos dois tempos de Transfiguração os alunos aprenderam com a professora McGonagall os Feitiços de Desaparição, que eram tão difíceis quanto preparar uma Poção da Paz e que com certeza cairiam nos N.O.M.s. Felizmente, Morgan e Draco não tiveram grandes dificuldades em fazer desaparecer sua lesma, é claro que na terceira e quarta tentativa, respectivamente, o que lhes rendeu menos um dever de casa, para grande alívio dos dois, que já tinham de fazer um diário de sonhos para Trelawney e um pergaminho de trinta centímetros com as propriedades e o uso da Pedra da Lua para Snape. O mesmo não pôde se dizer da aula de História da Magia, que fez com que Morgan, após exaustivas tentativas de se manter prestando atenção e acordada (não necessariamente nessa ordem), se rendeu a uma viagem em sua cabeça sobre todos os assuntos possíveis que não a aula até a sineta tocar, indicando que era o fim do primeiro dia de aulas e o início do jantar.

     - Pensei que fosse morrer de tédio. – disse Sebastian, acompanhando a irmã na descida para o Grande Salão.

    - Eu não sei como ele consegue manter o mesmo tom de voz em todas as aulas, em todos esses anos! – reclamou Morgan, que estava ainda mais cansada que no dia anterior.

     Ao sentarem-se à mesa, Morgan percebeu que estava sendo observada e virou-se para a mesa da Grifinória, onde o Weasley cochichava algo para Potter; Hermione Granger, a garota filha de pais trouxas amiga dos dois; os irmãos gêmeos dele e Lino Jordan, olhando para ela, o que os fez olhar também em sua direção. A essa altura Morgan já tinha certeza de que o ruivo contara aos irmãos e aos amigos sobre sua tentativa falha de ajuda-lo com sua poção na aula de Snape e as reações espantadas dos cinco a fizeram fechar a cara. Não, ela não devia ter deixado que sua natureza diferenciada de seus colegas de casa a fizesse ter pena de um grifinório. Isso com certeza viraria fofoca e a última coisa de que ela precisava era mais um motivo para Sebastian e Draco a repreenderem, tendo em vista que a relação entre eles já não estava das melhores, principalmente nos últimos tempos.

     No dia seguinte, não se falava em outra coisa que não fosse a discussão calorosa entre Potter e a nova professora de Defesa Contra as Artes das Trevas, Dolores Umbridge. Pelo que Morgan ouvira pelos corredores e na mesa do café da manhã, os dois haviam começado uma competição de gritos no dia anterior, em que Potter defendia sua versão sobre a morte de Cedrico Diggory e sobre a volta de Lord Voldemort e Umbridge, por sua vez, defendia a versão do Ministério, que dizia que tudo que Harry defendia era mentira. A garota também ficou sabendo de seus métodos estranhos de ensinar a matéria mais adorada por Draco e pela maioria dos sonserinos, que também jamais tivera, pelo menos no ano em que ela estudara em Hogwarts, um ano em que o professor não fosse diferente do anterior. Era incrível, ninguém conseguia segurar o cargo por mais do que um ano.

     Mas foi naquele dia em que Morgan entendeu o porquê das picuinhas sobre Umbridge e seu modo de ensinar. O fato era que a professora com cara de sapo não ensinaria a Defesa Contra as Artes das Trevas com prática e sim somente com a teoria, o que fez Morgan ficar completamente indignada.


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