O Véu Negro escrita por ZibettaLiv, KittyDr


Capítulo 8
Apenas Um Pesadelo




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P.O.V Noah Belmonte.

O sol luta contra as nuvens para derramar sua luz sobre o jardim. O natal está próximo e por mais que todos pareçam extremamente animados, não consigo compartilhar o sentimento. 

 Vejo Aron sentado sozinho na grama, alternando seu olhar entre a floresta e seu livro. Depois dos acontecimentos envolvendo Aron e a floresta proibida estou me mantendo um pouco mais próximo dele, preocupado, decidi fazer isso até o natal, acho que fora de Hogwarts ele não vai correr nenhum perigo.

— Noah, você não precisa ficar andando comigo como se fosse minha babá. 

— Só por precaução. Nunca sabemos quando você vai decidir visitar a floresta proibida novamente.

 Alguns alunos nos olham assustados. 

— Ou tentar… tentar,! Ninguém faz isso de verdade já que é proibido. O próprio nome diz. 

 Aron ri. 

 Desde que impedimos o Aron sonâmbulo de caminha até a floresta não o vi voltando, mas pelos boatos posso dizer que ele e a colega de Ravena não foram os únicos a sair de seus quartos a noite, e isso vem acontecendo bastante não só com a Sonserina e a Grifinória, mas com todas as casas e alunos de todas as idades. 

  Alguém toca meu ombro. Me viro assustado. Hitomi e Matt se juntaram a nós. 

— Animados para o natal, quais os planos de vocês?

 Hitomi está muito animada, seu sorriso não desaparece nem por um segundo.  Abro espaço no círculo para Matt sentar a meu lado.

— Bem, Ravena me chamou para ficar com ela e sua tia. Acho que vai ser legal. 

— E seus pais? - Matt pergunta. 

— Bem, eles decidiram viajar no natal. Se Ravena não tivesse me convidado para ficar com ela eu provavelmente ficaria aqui.

 Seus rostos expressão um pouco de preocupação. 

 Tento fingir calma.

— Mas isso é normal, quando meus pais não estão brigando, estão viajando e para eles Hogwarts virou minha babá, eu acho. 

 Hitomi ri.

— Quando na verdade a babá é a Ravena, certo?

— Exatamente! 

 Não sei se posso dizer isso, uma babá te leva para seguir sonâmbulos no meio da noite? Acho que não.

  Por falar em Ravena, onde ela está? 

 O olhar de Aron está preso no fundo da floresta e por mais que eu siga seu olhar e procure por algo não consigo encontrar. Hitomi percebe nossos olhares.

— Se você está procurando por Ravena, ela está vindo ali. 

 Hitomi aponta para a direção oposta. 

Os olhos de Ravena encontram o meu. Rapidamente ela chama a atenção de Alvo e Scorpius e os chama também. 

 Matteo revira os olhos.

— Céus, os gêmeos siameses não.

 Aron e Hitomi escondem um sorriso. 

 Scorpius não parece muito feliz. 

— Ei, pirralhos. 

 O encaramos com um olhar confuso.

— Nós temos sua idade. - Digo seriamente. 

 Ele revira os olhos e se senta, Ravena e Alvo fazem o mesmo. Sempre que os três se juntam a mim e meus amigos o clima fica um pouco pesado, e por mais que me esforce para quebrar o gelo segue sendo uma tarefa quase impossível. 

— Ei, que bom que estamos todos juntos aqui! 

 Ravena ri sem graça. 

— Você nos chamou aqui, Noah. 

 Chamei? 

 Aron me encara. 

— Sim, e você ainda chegou atrasado. Hitomi e Matteo estavam aqui junto comigo te esperando, você demorou tanto que eles saíram para caminhar. E bem, os sonserinos chegaram atrasados por que eles sempre fazem isso. 

 Alvo e Ravena assentem. 

 Hitomi sorri debochada. 

— É um pouco irritante. 

 Ravena parece se irritar e joga os cabelos de uma maneira dramática. 

— Você é irritante!

 Hitomi se prepara para revidar, mas não pretendo permitir isso. 

— Ei! Calados! Não chamei vocês aqui para discussões idiotas, ok? 

 Scorpius ri.

— Você nem se lembrava que tinha nos chamado. 

— Bem, isso não importa já que estou aqui na hora que marquei. Apenas alguns minutos atrasado.

— Então qual o motivo, vamos direto ao ponto, por favor. 

 Sonserinos, por que tão chatos? Sinto um calafrio percorrer meu corpo, o que eu vou fazer com certeza vai parecer brega, mas é importante para mim, assim como as pessoas nesse círculo. Tiro alguns diários de minha bolsa. Cada diário tinha em sua capa a letra inicial de seus nomes pintadas de diferentes cores. E pulseiras com pedras de diversas cores. 

 _ Quero presenteá-los com esses diários e essas pulseiras da amizade. Enquanto vocês estiverem fora anotem coisas BOAS que lembrem seus amigos que estão longe. A pulseira é para se lembrarem de mim, e o diário para lembrar de nossa amizade, porque bem, vocês todos são igualmente importantes para mim. 

 Por um minuto eles olham para os presentes e para mim em silêncio. Deixo um sorriso nervoso escancarado. 

 Scorpius solta um sorriso maldoso.

— O que é você? Nosso professor? - Ele olha em volta esperando que alguém divida o comentário inconveniente com ele. 

 Alvo da de ombros e coloca sua pulseira.

— Pelo menos algo para fazer enquanto não estou aqui.

 Hitomi sorri e me abraça.

— isso é tão fofo! 

— E extremamente brega, mas muito legal da sua parte. - Aron e Matteo dizem ao mesmo tempo. 

 Ravena me encara com um olhar de raiva. 

— Igualmente importantes? Sério?

— Bem… sim? 

— Eu devia ser mais importante, Noah! 

 Todos se perdem em risadas. 

 Assim que o sol se põe decidimos voltar aos nossos quartos e terminar de nos arrumar pois bem, é natal!

 Me sento ao lado de Aron na salão comunal. 

— Espero que você se divirta muito nesse natal. Você anda tão cansado, vai ser bom pra você. 

 Aron me lança um olhar desanimado.

— É, acho que sim. Pelo menos tenho seu diário para me manter atarefado.

 É ótimo ver que eles parecem realmente animados para escrever algo ali. 

 Ele se levanta.

— Tenho que ir. Minhas coisas ainda estão uma bagunça. Feliz natal! 

 O lanço um sorriso.

— Para você também. Até mais.

 Malas prontas! Primeira páginas de meu diário preenchidas. Lembrar desse dia vai ser divertido, como criar memória com Ravena também será, com certeza!

 Me jogo na cama. Passou tão pouco tempo desde o dia que pisei no Expresso Hogwarts e depois disso as coisas aconteceram tão naturalmente, nunca imaginaria criar amizades como as que criei. Quando fui escolhido para a Grifinória não achei que fosse me encontrar ao lado dos corajosos, mas acho que é sim meu lugar, pois depois de hoje descobri que demonstrar meus sentimentos é preciso de uma tremenda coragem. 

 Fecho meus olhos ignorando a conversa de meus colegas de quarto, não me preocupo com Aron hoje, dias se passaram e ele não saiu de sua cama em nenhuma noite. Posso finalmente ter uma boa noite de sono no meu último dia em Hogwarts. Sinto meu corpo adormecer com um sorriso no rosto. 

 Meu corpo esfria de repente. 

— Mas que… 

 Ao abrir meus olhos vejo que não estou mais em meu quarto. As folhas escuras tampam o céu e a pouca luminosidade vem da lua criando seu caminho por frestas das árvores. Onde eu estou? 

 Vejo crianças seguindo uma sombra. Crianças que nunca vi antes, ou não me lembro de ter visto, em seus rostos estão estampados um sorriso louco, mas olhares tristes, perdidos. Amedrontador. 

Os sigo pela floresta. A floresta está silenciosa, as folhas balançam com a força do vento, mas não fazem nenhum barulho. É como se algo pesado invadisse o espaço e silenciasse tudo que possui vida.  O que está acontecendo?

 Alguém me segura pelo braço. Cabelos loiros e olhos claros esbugalhados. Scorpius. 

 Ele segura meu braço com forte. 

— O que você está fazendo aqui?

O empurro, assustado, meu coração acelerado.

— Não sei. Não sei como vim parar aqui. Você…? 

Ele nega. 

— Vamos, temos que ver para onde esses garotos estão indo. 

 Ele me olha incrédulo. 

— Não! Temos que sair daqui! 

 Eu o puxo antes que ele corra. 

— Não podemos! Temos que descobrir o que está acontecendo aqui. 

— Eles não são meus amigos, Noah! 

— Mas eu sou, você está usando minha pulseira. 

 Ele revira os olhos. 

— Se formos morrer eu vou fugir mais rápido do que nunca e talvez te jogue como sacrifício.

 Sei que ele não faria isso… bem, não tenho tanta certeza, mas espero que não. 

O caminho se estreita a ponto de nos arrastarmos pelas paredes. No final do caminho vejo uma luz forte. Uma luz no fim do túnel, talvez seja minha morte. 

 Ao sair da fenda encontramos uma clareira que emana um brilho azulado e uma luz branca imensa no centro. A sombra aponta o caminho e as crianças se aproximam, logo desaparecendo. O que está acontecendo? Vejo a mão de Scorpius tremer, gotas de suor descendo pelo seu rosto.

— Ei, acalme-se. 

 Não sei como digo isso pois quero gritar. 

 Ele me encara assustado.

— Não! Não! NÃO! 

 Folhas velhas o engolem e ele desaparece da minha frente. A sombra ganha forma. Uma mulher, não, uma bruxa. Usando um vestido prata e segurando uma máscara com um sorriso assustador em seu rosto, ela me encara, os olhos frios da máscara encontram os meus. Tento correr, mas folhas velhas estão travando meus pés. A mulher se aproxima de mim e retira a máscara, um rosto em decomposição se mostra e se aproxima de mim.

— Não! 

 Folhas me engolem também.

 Abro meus olhos. De volta ao meu quarto. Minha respiração acelerada, lágrimas escorrem pelo meu rosto.

— Um pesadelo… um pesadelo. Apenas… um pesadelo. 

 Me levanto assustado e olho pela janela. Vejo Aron caminhando ao lado de uma mulher com vestido prata e uma máscara com um sorriso. 

— Não! 

 Me belisco. E respiro fundo. Olho novamente pela janela. A bruxa olha diretamente para mim, sua máscara em seu rosto. Dessa vez não é um sonho.

 Meu pergaminho está soterrado por roupas em minha mala, não vou ter tempo de falar com Ravena. Tenho que ir sozinho dessa vez. Agarro minha varinha e calço minhas pantufas de gatinho. 

Ravena tem formas de caminhar pelo castelo e não ser encontrada que eu não tenho, mas terei que me lembrar se quiser salvar meu amigo. 

 Corro o mais rápido que posso. Meu coração disparado, quase saindo pelo peito. Vejo de longe a floresta, as árvores pequenas que vão aumentando conforme eu me aproximo. O vento frio atingindo meu rosto. Ao chegar na entrada da floresta, encaro minha pantufa suja, sinto minha energia se esvair, as árvores parecem me encarar com a mesma pergunta que enche minha mente. 

— O que eu estou fazendo aqui?




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