O Véu Negro escrita por ZibettaLiv, KittyDr


Capítulo 7
Jogo de Pesadelos




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P.O.V Ravena Castellyn.

Sábado, dia de jogo de Quadribol. Era a primeira partida do ano, Grifinória contra Corvinal, estava super animada para assistir. Acordei cedo e já fui para o café onde encontrei todos da Grifinória e Corvinal (pelo menos aqueles que se importavam com esportes ou apenas tinham fome). Lufa-Lufa também tinha uma quantidade razoável de estudantes, já Sonserina estava quase vazia. Olhando para a mesma, encontrei um certo palmito sozinho. Scorpius nunca estava longe de Alvo, o que me deixou curiosa. 

Me dirigi para lá antes de ver Noah. Sentei ao seu lado, chamando um pouco a sua atenção.

— Cadê o Alvo? - Sem nenhum oi ou bom dia, direto ao ponto.

— Ele não gosta de Quadribol - deu de ombros. - Eu quero assistir, ver como são os times para quando eu jogar.

Sorri, animada.

— Também quer entrar no time? Que posição joga?

— Sou apanhador - informou.

— Menos mal, sou artilheira - ri. - Podemos nos sentar juntos no jogo.

Ele deu de ombros. Não tinha mais nenhum assunto me segurando naquela mesa e eu nem estava com muito sono, havia tido um pesadelo com panquecas a noite (o que era estranho e, provavelmente, culpa do Noah). Desde o começo dos pesadelos estava me sentindo estranha, meu humor oscilava mais do que de costume e, semana passada, dei a louca com Noah, descontando todo meu mau-humor no mesmo. Não só nele, claro, Alvo e Scorpius quase me expulsaram umas três vezes, mas sempre fazíamos as pazes falando de algum aluno ridículo (isso é ruim?)

 Logo avistei Noah em sua mesa cercado dos seus amiguinhos. Eu só queria compreender como ele conseguia conversar com todas aquelas pessoas e, no fim, só de pensar de ir até lá arrepiava minha espinha. Não, nenhum humor para conversar com aquele povo. Noah, por outro lado, parecia bem feliz e contente, talvez cansado e a olheira poderia dizer que sim.

Novamente me peguei pensando nos pesadelos. Todos do primeiro ano concordavam que tinham pesadelos recorrentes, alguns uma vez por semana, outros com mais frequência (como eu, no máximo três por semana), alguns tinham pesadelos todos os dias, esses últimos eram que estavam piores e, pelas minhas pesquisas - é mais correto dizer que estava ouvindo conversas pelos corredores, porém parece antiquado - alguns alunos do segundo ano também estavam começando a ter pesadelos horrendos

Minhas colegas de quarto no começo tinham apenas uma vez por semana, agora tinham mais que eu, era comum elas acordarem gritando e encharcadas do próprio suor. Uma delas chegou a urinar na cama, mesmo que depois tenha tentado esconder, descobri com muita facilidade quando vi ela tentando secar a cama com um feitiço. Disse que não contaria para ninguém e falei quase a verdade; Noah sabia, claro.

Aron tinha pesadelo todas as noites. Até de longe eu percebia o quanto estava desgastado, como se sua energia vital fosse sugada um pouco mais a cada noite; Noah disse que ele não saia mais da Sala Comunal de noite, era uma certeza pois Noah havia (segundo ele) praticamente se mudado para a Sala Comunal e dormia lá todas as noites desta semana, era bem dedicado, não sabia se eu faria o mesmo. 

Como daqui alguns dias completaria duas semanas sem sonambulismo da parte de Aron, estava pronta para insistir que Noah voltasse a dormir em seu próprio quarto; ele não sabia, mas muitos de seus colegas estavam chamando-o de louco (principalmente os tais “Novos Marotos”, comandados por Tiago Potter), mas conversaria com ele depois.

Quando todos começaram a sair da Sala Comunal, puxei Scorpius comigo e fomos um pouco atrás de Noah e seus amigos. Quando os mesmos deram uma brecha, logo o puxei com força e o encarei com minha melhor face de “ta pensando em me deixar, bonito?”.

— Podem ir, assistirei o jogo com a Ravena - informou ele para seus amigos, os fazendo ficarem tristes e darem tchaus sussurrados enquanto saiam. Eu, como uma boa amiga, apenas os encarei com ódio, apenas um incentivo para andarem mais rápido.

E, como uma maldição, Aron ficou ali.

— Podíamos ver juntos, nós três! - Ele deu a ideia.

— Mas seremos três a verem juntos mesmo - afirmei, sorrindo ironicamente, mas ele não pareceu entender de começo. - Scorpius, Noah e eu.

Noah me deu um soco no ombro, fazendo Scorpius rir, o que levou ele a receber um soco no ombro.

— Se Scorpius vai, posso levar Aron - insistiu Noah, tentando ao máximo ter o controle da situação.

— Ah, é? E onde está escrito essa lei aí?

— Códigos dos Melhores Amigos - ele falou sem pensar. Eu ri. - Eu mesmo escrevi, quando decidiu virar minha amiga concordou inconscientemente em me ajudar todos os momentos, ouvir todas as minhas reclamações e muitas outras coisas.

Dei de ombros. Aron estava tão cansado que não me surpreenderia se ele dormisse enquanto via o jogo. Então fomos nós quatro se dirigindo ao Campo de Quadribol; logo conseguimos um assunto que todos gostavam: como Corvinal perderia hoje. Por mais que Sonserinos e Grifinórios tenham seus desentendimentos e suas rixas naturais, Scorpius e eu odiávamos o jeito ainda mais convencido dos Corvinos que reforçaram todos os segundos que estavam na frente da Taça das Casas.

Então a Taça de Quadribol nunca que poderia ser deles.

E, como eu sempre estava certa, Aron deu cochiladas durante o jogo e Grifinória venceu, tudo bem que foi Tiago Potter que arrasou no jogo, ficando na frente da Corvinal por duzentos pontos, os coitados nem conseguiam fazer ponto no Frank Longbottom, era até triste de assistir. Tudo bem que o novato do time, o apanhador, não conseguiu pegar o pomo e ele foi pego pelo aluno do sétimo ano que era apanhador da Corvinal, mas nem com o pomo os corvinos conseguiram vencer.

Um belo jogo (para mim). Demorou tanto que quando a partida terminou fomos diretamente para a janta, depois iriamos dormir. Scorpius e eu não tínhamos o mínimo de sono, Noah também não parecia cansado, mas insistia em ir para a Sala Comunal e forçar Aron a dormir - iriam até pegar uma poção do sono para o mesmo. 

Scorpius e eu nos sentamos no sofá em frente da lareira. Antes mesmo de começarmos a conversar, uma voz conhecida chamou a atenção da escada:

— Finalmente! Pensei que esse jogo nunca iria acabar - Alvo descia as escadas pacientemente e se dirigia até nós, usando uma calça jeans e uma moletom com um “A” bordado. Eu tive que rir.

— Que coisa é essa que está vestindo? - Assim que perguntei, Scorpius também riu.

— É o moletom que a avó dele fez - disse. - Horrível, não é?

Tive que soltar um som fofo.

— Que lindo, você usa o moletom que sua vó te deu. Minha avó nunca me deu nada.

Scorpius me encarou um pouco desorientado.

— Nada? Minha avó Narcisa sempre me dá alguma coisa quando vai nos visitar - comentou.

— Acho que seria difícil minha avó me dar algo - comentei, sorrindo. - Ela morreu antes de eu a conhecer. A materna, a paterna finge que eu não existo.

Parecebi que eles não sabiam o que dizer pois os próximos cinco minutos foram de completo silêncio, apenas encarando a lareira. Como não sabia que assunto falar e me sentia culpada por acabar com o antigo, apenas comentei:

— Um mês e meio para o Natal, em - foi a única coisa que me veio a mente. - O que pretendem fazer?

— Vou para casa. Passamos o Natal na Mansão Malfoy com toda a família, vovô Lucius e vovó Narcisa sempre vem.

— Quase a mesma coisa - comentou Alvo, agora sem interesse, mexendo em alguma coisa que tinha encontrado. - Porém é a Toca e com muito mais pessoas, nem dá para contar facilmente. A família inteira e minha vó teve sete filhos.

— Deve ter muita comida - sorri.

Ele assentiu.

— E você?

Eu sabia que a ideia tinha vindo de mim, mas na realidade…

— Não faço ideia. Minha tia só vai querer passar o Natal comigo se as lojas estiverem muito bem e poderem fechar nessa data, meu tio a mesma coisa, se estiver tudo beleza, ele vem da Itália. Então tudo depende do sucesso da loja… mais provavelmente ficarei em Hogwarts ou passarei o Natal trabalhando na loja.

Ambos pareceram se entristecer.

— Que vida, em - Scorpius comentou enquanto colocava os pés em cima da mesinha em nossa frente.

Dei de ombros, seguindo o exemplo de Scorpius de apoio de pé.

— Já tive muitos Natais com os dois. São ótimos, mas esse ano minha tia abriu a filial no Beco Diagonal e, bem, os primeiros anos de loja nova sempre é difícil e ela queria que eu estudasse em Hogwarts, é meio que o sonho dela.

— E seus pais? - Perguntou Alvo, ainda mexendo em sei lá do que.

Dei de ombros novamente.

— Não os vejo desde os cinco anos, então não faço ideia do que vão fazer - e, antes de acabar com mais um assunto, continuei: - Deveria ter visto o jogo. Foi incrível, o Enrico, aquele do terceiro ano da Corvinal que veio nos dizer que “não pode zoar os coleguinhas” quando chamamos Diego de sabichão, caiu da cadeira em cinco horas de jogo. Não aguentou a pressão, ficaram sem goleiro e perderam de lavada.

— Seu irmão é um artilheiro incrível - continuou Scorpius, Alvo fez careta.

— Não me fala dele - parecia irritado. - Eu sei que ele é “incrível” - continuou, fazendo as aspas com os dedos. - Não preciso que me digam.

— Eita, sinto uma rixa no ar - comentei, rindo. - Isso é inveja?

— Não é inveja! - Ele gritou, me encolhi enquanto todos da Sala Comunal nos encarava. 

Ri novamente, porém mais baixo e mais respeitável (se é possível). 

— Fala sério, você é bem mais legal que o Tiago - comentei, sem nenhuma mentira. - Ele só sabe se achar, explodir as coisas e sair impune e, por fim e o mais importante, se acha demais.

— Disse isso duas vezes - Alvo revirou os olhos.

— Errada não está - Scorpius concordou. - Essa lista podia ser cem vezes escrita “se acha demais” que ainda estaria completamente certa e verdadeira.

Eles riram. Pensei em ir dormir depois que sobrou apenas nós três na sala, agora jogando xadrez de bruxo e comendo feijões de todos os sabores. Parecendo ler meus pensamentos, os dois logo se levantaram e informaram que iriam para a cama. Alvo levou o seu xadrez de bruxo, presente do tio Rony, e Scorpius levou os feijões de todos os sabores, me deixando de mãos abanando e me forçando a ir dormir também.

Porém, assim que cheguei no meu quarto, me assustei com Loren (a colega de quarto mijona) levantada em frente a cama das outras duas, as observando dormir de um jeito macabro; seus olhos, mesmo abertos, não pareciam estar vivos ou acordados.

— Loren? Está bem? - Perguntei, chegando perto.

Não sei se foi minha voz ou apenas havia terminado o que estava fazendo ali, mas ela passou diretamente por mim e saiu andando do quarto. Lembrei de Noah e o modo que ele comentou sobre Aron e tive uma ideia brilhante: eu iria seguir Loren. E, claro, não sozinha.

Para nos comunicarmos, roubei um pergaminho da mesa do Prof. Flitwick que dava para se comunicar com outro pergaminho igual, que também roubei de sua mesa. Em minha defesa, foi necessário, não havia outro modo de nos comunicar longe um do outro, pelo menos não um no nosso nível de magia (nem o pergaminho era nosso nível, por isso tive que roubar). 

Sempre andava com ele, como Noah sugeriu. O peguei em meu bolso e uma caneta trouxa que sempre carregava por precaução - nunca se sabe quando precisa rabiscar alguma coisa - e logo comecei a escrever. Não demorou nem um minuto, o que me assustou.

“Acordei com Aron descendo as escadas. Você segue a Loren e eu o Aron? Ou nos encontramos?”.

Algo em mim dizia que os dois iriam para o mesmo local, então não fazia diferença.

“Sigo Loren. Siga o Aron”.

“Ok”.

E, como sempre, eu estava certa. Ao chegar em frente da porta de saída do colégio, encontrei Aron e Noah. Ele estava exatamente como Loren; parecia dois zumbis sendo atraídos por cérebros que não eram os nossos. Trocamos olhares, pareceu que tanto ele como eu estávamos com medo de falar e os acordar, mesmo que antes isso não havia tido efeito. Eles abriram a porta de um jeito esquisito, como algo fácil e cotidiano. Saímos, nós quatro, e tive certeza que estávamos em apuros quando Loren e Aron foram para o pior lugar possível: diretamente para a Floresta Negra.

— E agora, Noah? - murmurei. - Nós o seguimos?

— Não - ele parecia decidido. - Nós os paramos. No três.

E então, começou a contar. Andamos próximos deles, acabamos por entrar na floresta, mas antes de avançar mais, ambos jogamos o Petrificus Totalus e, no segundo depois, Loren e Aron estavam jogados na Floresta Negra.

Ficamos um minutos parados, com varinhas em punho e encarando os dois corpos imóveis. Após isso, encaramos a floresta, fria, escura e silenciosa.

— Para onde eles estavam indo? - Perguntou Noah.

— Olha, seria bom descobrir, mas acho que não hoje - afirmei, encarando a floresta misteriosa. - É Lua Cheia. A Floresta Proibida já é macabra em outras noites, hoje deve ter mais lobisomens ai do que podemos contar.

Como uma confirmação, um uivo foi escutado.

— Melhor sairmos então - concordou Noah, encarando todos os lados e apontando a varinha para os mesmos, como se esperasse que algo aparecesse de repente. 

Cheguei perto dele e abaixei sua mão, o olhando com um sorriso quase doce - era o melhor que conseguia.

— Relaxa, Noah. Não entramos nem três metros na floresta - apontei para trás, o fazendo ver a saída. - Nenhum animal perigoso vem até aqui. Só precisamos sair.

— E como levamos eles? - Perguntou, apontando para os dois.

Tive que pensar por alguns segundos.

— Não faço ideia. Acho que vamos fazer o finite e torcer para terem acordado na queda…

— Melhor que a minha ideia.

— Qual era a sua? - Perguntei, curiosa.

— Carregarmos ele com o Wingardium Leviosa até os dormitórios.

Assoviei.

— Uma ótima ideia se tivéssemos condições físicas e mágicas para carregá-los por tudo isso…

— Física? - Me encarou confuso.

— É - afirmei. - Acha que não vai ser pesado levantar um humano? Por que acha que começamos por penas?

— Sei lá - ele deu de ombros.

Suspirei.

— Vamos? No três?

E, por fim, fizemos a contagem.

— Finite Incantatem!

Por sorte, quando os dois levantaram já estavam acordados. Eles olhavam para todos os lados, com medo, parecendo não saber onde estavam.

— Floresta Proibida? - Tremeu Loren. Ela estava mais assustada do que jamais havia visto alguém. - Como? Por quê? Por que eu teria pesadelo com isso?

— Ela acha que é um pesadelo - sussurrei para o Noah.

— Eu vi.

Aron, assustado porém desorientado demais, pareceu ir na onda de Loren.

— Monstros - ele passou a olhar para a floresta por todos os lados, procurando algo que fosse atacá-lo. Tentou pegar a varinha, porém não estava ali. - Estou sem defesa!

Loren, como se acordasse para a vida, tentou também procurar a varinha.

— Também estou! - Agora ela estava oficialmente desesperada. Encarou Noah e eu. - Vocês? Estão aqui para nos matar?

Sorri. Ah, não me julguem!

— Sim. Mataremos os dois se não forem para cama agora mesmo! - E apontei minha varinha para os dois, os fazendo correr como loucos.

— Não! Não posso morrer de novo para essa ridícula! - Gritava Loren.

Aron apenas gritava.

— Vão acordar o castelo inteiro - comentou Noah.

Concordei, então apenas gritei:

— Sem barulho, meus amadinhos!

E, instantaneamente, pararam de gritar e correram mais rápido.

Noah e eu nos encaramos e acabamos por cair na risada.

— Você é má, Ravena Castellyn.

— É o Jogo dos Pesadelos, não posso me controlar! - Ri ainda mais enquanto voltávamos para nossos quartos.

Só esperava que ninguém nos pegasse no corredor.


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