Believe In Magic: Um novo começo. escrita por Gab Murphy


Capítulo 17
Capítulo 16




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Ao mesmo tempo que Amélia, Lisa, Caleb e Benjamin chegavam ao Salão Principal, o Profeta Diário de Oliver chegava pelo correio, ela o abriu, deu uma espiada na primeira página e soltou um gritinho que fez com que todos ao seu redor a olhassem.

— Quê? - Amélia perguntou, assustada.

Em resposta, ela abriu o jornal na mesa diante de todos e apontou para dez fotografias em preto e branco que ocupavam toda a primeira página, nove caras de bruxos e, a décima, de uma bruxa. Alguns deles zombavam em silêncio; outros tamborilavam os dedos nas molduras dos retratos, com insolência. Cada foto trazia uma legenda com um nome e o crime pelo qual a pessoa fora mandada para Azkaban.

Antônio Dolohov, informava a legenda sob o bruxo com o rosto pálido e torto que sorria para Amélia, condenado pelo brutal homicídio de Gideão e Fábio Prewett.

Augusto Rookwood, lia-se sob a foto do homem com o rosto marcado por bexigas e os cabelos oleosos, que se apoiava na borda da foto com ar de tédio, condenado por passar a Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado segredos do Ministério da Magia.

Mas o olhar de Amélia foi atraído para a foto da mulher. Seu rosto se destacara no momento em que vira na página. Tinha longos cabelos escuros que pareciam mal cuidados e desgrenhados. Ela a encarou sob as pesadas pálpebras, um sorriso arrogante e desdenhoso brincando em seus lábios. Como Sirius, ela tinha feições atraentes, mas alguma coisa - talvez Azkaban - levará a maior parte da sua beleza, então Amélia lembrou aonde já tinha a visto, num porta retrato na casa dos Black's.

Bellatrix Lestrange, condenada pela tortura e incapacitação permanente de Franco e Alice Longbottom.

Benjamin cutucou a amiga e apontou para a manchete no alto das fotos, que, concentrada em Belatriz, ainda não tinha lido.

FUGA EM MASSA DE AZKABAN

MINISTÉRIO TEME QUE BLACK SEJA O "PONTO DE REUNIÃO" PARA ANTIGOS COMENSAIS DA MORTE!

— O que vocês estão lendo? - perguntou Jorge, sentando ao lado de Amélia e lendo a manchete depois de cumprimentar a namorada com um beijo. - Black...?

— Psiu! - sussurrou desesperada. - Não fale tão alto... só leia

"O Ministério da Magia anunciou à noite passada que houve uma fuga em massa em Azkaban. Em entrevista aos repórteres em seu gabinete, Cornélio Fudge, ministro da Magia, confirmou que dez prisioneiros de segurança máxima escaparam no início da noite de ontem, e que ele já informou ao primeiro-ministro dos trouxas a natureza perigosa dos fugitivos."

"'Nós nos encontramos, infelizmente, na mesma posição de dois anos e meio atrás quando o assassino Sirius Black fugiu', comentou Fudge. 'E achamos que as duas fugas estão relacionadas. Uma fuga nessa escala aponta para ajuda externa, e devemos nos lembrar que Black, a primeira pessoa a escapar de Azkaban, estaria em posição ideal para ajudar outros a seguirem seus passos. Cremos que muito provavelmente esses indivíduos, entre os quais se inclui a prima de Black, Bellatrix Lestrange, se agruparam em torno de Black como seu líder. Estamos, no entanto, envidando todos os esforços para capturar os criminosos, e pedimos à comunidade bruxa que se mantenha alerta e cautelosa. Em nenhuma circunstância devem se aproximar desses indivíduos.'"

— Não acredito - vociferou Jorge, cochichando. - Fudge está culpando Sirius pela fuga?

— Que outra opção ele tem? - Amélia disse, amargurada. - Não vai poder dizer: "Desculpe, pessoal, Dumbledore me avisou que isto poderia acontecer, os guardas de Azkaban se uniram a Voldemort", pare de choramingar, Fred, "e agora seus piores seguidores também fugiram". Quero dizer, ele passou uns seis meses anunciando para todo o mundo que Harry e Dumbledore eram mentirosos, não?

Amélia viu pelo canto do olho Lisa abrir com violência o jornal e começar a ler a notícia nas páginas internas enquanto corria os olhos pelo Salão Principal. Não conseguia entender por que seus colegas não estavam apavorados nem sequer discutiam a terrível notícia na primeira página, mas poucos tinham assinatura diária do jornal como Lisa.

Estavam todos conversando sobre os deveres e o quadribol - e quem sabe que outras tolices -, quando fora dos muros da escola mais dez Comensais da Morte haviam engrossado as fileiras de Voldemort.

Em algum momento do seu pequeno passeio pelo Salão, seus olhos se encontraram com os de Harry e Amélia balançou a cabeça, o chamando para ir lá para fora, conversar.

Antes de lhe imitar e se levantar da mesa, ergueu os olhos para a mesa dos professores. Ali, a situação era diferente do resto do Salão: Dumbledore e a Profª McGonagall conversavam absortos, ambos parecendo extremamente sérios. A Profª Sprout apoiará o Profeta Diário em um vidro de ketchup e lia a primeira página com tal concentração que nem reparava nos pingos de gema de ovo que caíam em seu colo da colher que segurava no ar.

Entrementes, na extremidade da mesa, a Profª Umbridge comia com entusiasmo sua tigela de mingau de aveia. Uma vez na vida seus empapuçados olhos de sapo não estavam varrendo o Salão Principal à procura de alunos mal comportados. Engolia o mingau com ar aborrecido, e de vez em quando lançava um olhar malévolo para o lado da mesa em que Dumbledore e McGonagall conversavam tão concentrados.

— Você leu? - perguntaram ao mesmo tempo quando já estavam fora do Salão. - Sim!

Foram andando em direção ao Salão Comunal para pegar a mochila da garota, falando o quão injusto o mundo estava sendo com Sirius.

— Se eu pudesse ia até o Ministério do para dar umas tapas no nosso querido Ministro burro - Amélia resmungou e Harry riu. Dali em diante continuaram a fazer piadas e bolar planos para desmentir e se vingar daquele cara, mas sempre acabavam rindo de alguma ideia mirabolante.

Quando chegaram na sala de aula, Harry sentou ao lado de Rony, atrás de onde Amélia sentou, ao lado de Hermione, que entregou um pedaço do jornal.

MORTE TRÁGICA DE FUNCIONÁRIO DO MINISTÉRIO DA MAGIA

"O Hospital St. Mungus prometeu um inquérito rigoroso sobre a morte do funcionário do Ministério da Magia, Broderico Bode, 49 anos, encontrado em sua cama, estrangulado por uma planta envasada. Os Curandeiros chamados não conseguiram reanimar o Sr. Bode, que fora ferido em um acidente de trabalho algumas semanas antes."

"A Curandeira Miriam Strout, que se encontrava de serviço na enfermaria do Sr. Bode na hora do incidente, foi suspensa de suas funções, sem perda de remuneração, e não foi encontrada ontem para comentar a notícia, mas um porta-voz do hospital declarou: 'O Hospital St. Mungus lamenta profundamente a morte do Sr. Bode, que estava em plena recuperação antes deste trágico acidente. Temos diretrizes rigorosas para as decorações permitidas em nossas enfermarias, mas, aparentemente, a Curandeira Strout, muito atarefada durante o período natalino, não percebeu o perigo da planta à cabeceira do Sr. Bode. A medida que sua fala e mobilidade melhoravam, a Curandeira Strout encorajou o Sr. Bode a cuidar sozinho da planta, sem saber que não era uma inocente diafanina, mas uma muda de visgo-do-diabo que, ao ser tocada pelo convalescente Sr. Bode, estrangulou-o instantaneamente.'"

"O St. Mungus ainda não soube explicar a presença da planta, e pede a quem tiver alguma informação para se apresentar."

— Bode - repetiu Harry. - Bode. Me lembra alguma coisa…

— Nós o vimos - cochichou Hermione. - No St. Mungus, lembra? Estava na cama defronte a Lockhart, deitado, olhando para o teto. E vimos o visgo-do-diabo chegar. Ela, a Curandeira, disse que era presente de Natal!

Eles, aos sussurros, contaram a história para Amélia e a cada palavra uma sensação de horror começou a subir como bile à sua boca.

— Como foi que não reconhecemos o visgo? Nós já o vimos antes... poderíamos ter impedido isso de acontecer - cochichou Harry.

— Quem espera que um visgo-do-diabo apareça em um hospital disfarçado de plantinha ornamental? - perguntou Rony asperamente. - Não é nossa culpa, quem a mandou para o cara é que é culpado! Deve ter sido uma perfeita anta, por que não verificou o que estava comprando?

— Ah, Rony, nem vem! - disse Hermione trêmula. - Não acho que alguém enviasse o visgo sem saber que tentaria matar quem o tocasse! Isso foi homicídio... e um homicídio engenhoso... se a planta foi enviada anonimamente, como é que alguém vai descobrir quem a mandou?

— Eu conheci Bode - disse Harry, lentamente. - Eu o vi no Ministério quando fui com o seu pai.

O queixo de Rony caiu.

— Eu ouvi papai falar dele em casa! Era um Inominável: trabalhava no Departamento de Mistérios!

Os garotos se entreolharam por um momento, então Hermione tornou a puxar o jornal para ela, enquanto ela estudava as fotos dos dez Comensais da Morte fugitivos na primeira página, os garotos contavam a Amélia o que era o tal Departamento de Mistérios.

 


— Onde é que você vai? - perguntou Rony surpreso quando a aula acabou.

— Enviar uma carta - disse Hermione, atirando a mochila por cima do ombro. - Bom, não sei se... mas vale a pena tentar... eu sou a única que pode.

— Detesto quando ela faz isso - resmungou Rony ao se levantar. - Será que ia morrer se nos dissesse o que pretende fazer ao menos uma vez? Só levaria mais dez segundos... eh, Hagrid!

Hagrid estava parado em um dos inúmeros corredores esperando uma turma de alunos da Corvinal passar. Continuava tão machucado quanto no dia em que voltara de sua missão aos gigantes, e havia um novo corte na ponta do seu nariz.

— Tudo bem, vocês três? - disse, fazendo um esforço para sorrir, mas só conseguindo produzir uma careta de dor.

— Você está o.k., Hagrid? - perguntou Harry, acompanhando-o nas esteiras dos alunos da Corvinal.

— Ótimo, ótimo - respondeu Hagrid, assumindo sem sucesso um tom displicente; acenou e por pouco não bateu na assustada Profª Vector que ia passando. - Ocupado, você sabe, o de sempre, aulas para preparar, umas salamandras tiveram podridão nas escamas, e estou em observação - murmurou.

— Está em observação? - repetiu Rony em voz alta, de modo que vários alunos próximos olharam curiosos. - Desculpe... quero dizer... você está em observação? - sussurrou.

— Eu não esperava outra coisa, para falar a verdade. Vocês talvez não tenham percebido, mas a inspeção não correu muito bem, entendem... em todo o caso - ele deu um profundo suspiro. - Melhor eu ir esfregar mais um pouco de pimenta nas salamandras ou os rabos delas vão cair. Até mais, Harry... Rony... Amélia…

Ele saiu pesadamente pela porta da frente e desceu a escada em direção aos terrenos molhados. Os três ficaram observando-o se afastar, imaginando quantas más notícias o meio gigante poderia suportar.

O fato de Hagrid estar em observação tornou-se conhecido em toda a escola nos dias seguintes, mas, para a indignação de Amélia e de Harry, quase ninguém pareceu se incomodar; na verdade, algumas pessoas, entre as quais se destacava Draco Malfoy, pareciam decididamente felizes. Quanto à morte estranha de um obscuro funcionário do Ministério da Magia no St. Mungus, Amélia, Harry, Rony e Hermione pareciam ser as únicas pessoas que sabiam ou se importavam.

Havia apenas um tópico de conversa nos corredores agora: os dez Comensais da Morte fugitivos, cuja história finalmente se filtrara pela escola através dos poucos que liam jornais. Voavam boatos de que alguns dos condenados tinham sido vistos em Hogsmeade, que deviam estar escondidos na Casa dos Gritos e que iam invadir Hogwarts, tal como haviam dito sobre Sirius um dia.

Os que pertenciam a famílias bruxas tinham sido criados ouvindo os nomes dos Comensais da Morte com quase tanto medo quanto o de Voldemort; os crimes que haviam cometido durante o reinado de terror do Lorde das Trevas eram lendários. Havia parentes das vítimas entre os alunos de Hogwarts, que agora se viam transformados em involuntários objetos de uma fama indireta e sinistra quando passavam pelos corredores: Susana Bones, cujos tio, tia e primos tinham morrido pela mão de um dos dez, comentou, infeliz, durante uma aula de Herbologia que agora tinha uma boa ideia de como Harry se sentia.

— E não sei como você suporta: é horrível - disse ela sem rodeios, despejando estrume demais em sua bandeja de mudinhas de bocas-de-guincho, fazendo-as se torcerem e estrilar incomodadas.

É verdade que Harry ultimamente voltará a ser comentado aos sussurros e apontado nos corredores, contudo achava ter percebido uma ligeira diferença no tom dos colegas. Agora pareciam curiosos em vez de hostis, e uma ou duas vezes Amélia teve certeza que ouviu fragmentos de conversas que sugeriam que as pessoas não estavam satisfeitas com a versão do Profeta de como e por que dez Comensais da Morte tinham conseguido escapar da fortaleza de Azkaban. Em suas confusões e medos, os que duvidavam estavam se voltando para a única explicação que conheciam: a que Harry e Dumbledore vinham apresentando desde o ano anterior.

Não era apenas a atitude dos estudantes que havia mudado. Agora era bem comum deparar com dois ou três professores conversando em sussurros urgentes nos corredores, interrompendo a conversa no momento em que viam alunos se aproximarem.

— Obviamente eles não podem mais conversar na sala de professores - Amélia comentou em voz baixa, quando ela, Hermione, Harry e Rony passavam, um dia, por McGonagall, Flitwick e Sprout agrupados à porta da sala de Feitiços. - Não com a Umbridge por lá.

— Você acha que eles sabem de alguma novidade? - perguntou Rony, espiando por cima do ombro para os três professores.

— Se souberem, não vamos saber, não é? - falou Harry irritado. - Não depois do decreto... em que número estamos agora? 

Pois havia aparecido um novo aviso nos quadros das Casas na manhã seguinte à fuga de Azkaban:

POR ORDEM DA ALTA INQUISIDORA DE HOGWARTS

Doravante, os professores estão proibidos de passar informações aos estudantes que não estejam estritamente relacionadas com as disciplinas que são pagos para ensinar.

A ordem acima está de acordo com o Decreto Educacional Número Vinte e Seis

Assinado: Dolores Joana Umbridge, Alta Inquisidora.

Este último decreto fora tema de um grande número de piadas entre os alunos. Lino Jordan havia lembrado a Umbridge que, pelos termos da nova lei, ela não podia ralhar com Fred e Jorge por brincarem com Snap Explosivo no fundo da sala.

— Snap Explosivo não tem relação alguma com Defesa Contra as Artes das Trevas, professora! Não é uma informação pertinente à sua disciplina!

Da próxima vez que Amélia encontrou com Lino, as costas de uma das mãos do melhor amigo do namorado sangravam muito. Recomendou-lhe essência de murtisco.

Amélia havia achado que a fuga de Azkaban pudesse deixar Umbridge mais humilde, que ela fosse se envergonhar do desastre que ocorrera bem debaixo do nariz do seu querido Fudge. Parecia, porém, que a fuga apenas intensificara o seu desejo furioso de submeter cada aspecto da vida de Hogwarts ao seu controle pessoal. Parecia decidida a obter pelo menos uma demissão sem muita demora, a única dúvida era quem iria primeiro, se a Profª Trelawney ou Hagrid.

Cada aula de Adivinhação, segundo Harry e Rony, e Trato das Criaturas Mágicas era dada em presença de Umbridge e sua prancheta. Várias vezes Amélia passou pela professora de Adivinhação nos corredores - o que era em si uma ocorrência incomum, pois em geral ela permanecia na sala da torre - murmurando tresloucada, torcendo as mãos e lançando olhares aterrorizados por cima do ombro, exalando o tempo todo um forte cheiro de xerez ordinario. Se não estivesse tão preocupada com Hagrid, teria sentido pena dela, mas se alguém ia perder o emprego, só poderia haver uma opção para Amélia quanto a quem devia continuar.

Infelizmente, não conseguia imaginar Hagrid dando um espetáculo melhor do que Trelawney. E embora ele parecesse estar seguindo o conselho de Hermione e não tivesse mostrado aos alunos mais nada assustador do que um Crupe - um bicho que pouco diferia de um cão terrier exceto pela cauda bifurcada -, desde antes do Natal, Hagrid também parecia ter se acovardado.

Estava curiosamente distraído e nervoso durante as aulas, perdia o fio do que estava ensinando à turma, respondia errado às perguntas, e todo o tempo olhava ansioso para Umbridge. Também estava, segundo Hermione, mais distante dela, de Harry e de Rony do que jamais estivera, e os proibiu expressamente de visitá-lo depois do escurecer.

— Se ela pegar vocês, os nossos pescoços serão cortados - disse sem rodeios. E como os garotos não quisessem fazer nada que pudesse pôr em risco o emprego do amigo, os três se abstiveram de ir até sua cabana à noite, com o apoio de Amélia.

Num dos dias que Amélia foi abandonada por todos, encontrou Harry meio cabisbaixo no corredor e quando perguntou o que tinha, ele falou que parecia que Umbridge estava constantemente privando-o de tudo que fazia sua vida em Hogwarts valer a pena: as visitas à casa de Hagrid, as cartas de Sírius, sua Firebolt e o quadribol. Ele falou também que iria se vingar da única maneira que sabia - redobrando seus esforços na AD.

Harry parecia satisfeito de constatar que todos, até mesmo Zacarias, tinham se sentido incentivados a trabalhar com mais vigor que nunca ao saberem que mais dez Comensais da Morte estavam agora soltos. Mas em ninguém essa melhoria foi mais pronunciada do que em Neville. A notícia da fuga dos Comensais produzira nele uma alteração estranha e até ligeiramente assustadora. Neville quase não falava mais durante as reuniões da AD, trabalhava sem descanso em cada nova azaração e contra azaração que Harry ensinava, seu rosto gorducho contorcido de concentração, aparentemente insensível aos ferimentos ou acidentes, se esforçando mais do que qualquer outro na sala. Estava melhorando tão depressa que chegava a assustar, e quando Harry lhes ensinou o Feitiço Escudo - um meio de desviar pequenos feitiços e fazê-los ricochetear contra o atacante - somente Amélia e Hermione dominaram o feitiço mais depressa do que Neville.

Amélia teria dado o céu para fazer tanto progresso em Porções quanto Neville nas reuniões da AD. As aulas com Snape, que sempre foram bastante ruins, não melhoraram. Pelo contrário, parecia que depois que Harry começou a ter aulas de Oclu-alguma-coisa com ele, as aulas estavam piorando mais a cada dia. Agora tinham dias que a garota passava horas e mais horas na frente do livro e só saia de lá quando sua mão começava a ferver. Harry também não parecia muito feliz com suas aula extras com o Snape.

— Talvez seja como uma doença - disse Mione, parecendo preocupada, quando ele confidenciou seus pensamentos aos amigos. - Uma febre ou coisa assim. Tem de piorar antes de melhorar.

— As aulas com Snape estão fazendo piorar - afirmou Harry. - Estou cansado de sentir minha cicatriz doer e farto de andar pelo mesmo corredor toda noite. - ele esfregou a testa com raiva. - Gostaria que a porta se abrisse, estou cheio de ficar parado olhando para ela…

— Isso não tem graça - disse Hermione com aspereza. - Dumbledore não quer que você tenha sonhos com aquele corredor, ou não teria pedido ao Snape que lhe ensinasse Oclumência. Você vai ter é que se esforçar mais nas suas aulas.

— Estou trabalhando! - respondeu Harry exasperado. - Experimente você uma vez... Snape tentando entrar na sua cabeça... não dá para gargalhar, sabe!

— Talvez... - começou Rony lentamente.

— Talvez o quê? - perguntou Hermione cortando-o.

— Talvez não seja culpa de Harry que ele não consiga fechar a mente - arriscou Rony sombriamente.

— Que é que você está querendo dizer? - perguntou Hermione.

— Bom, talvez Snape não esteja realmente querendo ajudar Harry... - os três o encararam. Rony olhou de um para outro com uma expressão misteriosa e assustadora. - Talvez - repetiu baixando mais a voz - ele esteja, na verdade, tentando abrir mais a mente de Harry... facilitar a entrada de Você-Sabe…

— Cala a boca, Rony - disse Hermione zangada. - Quantas vezes você suspeitou de Snape, e quando foi que teve razão? Dumbledore confia nele, ele trabalha para a Ordem, isso deveria ser suficiente.

— Ele costumava ser um Comensal da Morte - Amélia teimou, ficando ao lado de Rony, que sorriu para a garota. - E nunca vimos prova de que tenha realmente trocado de lado.

— Dumbledore confia nele - repetiu Hermione. - E se não pudermos confiar em Dumbledore, então não poderemos confiar em mais ninguém.

A discussão acabou por ali, Hermione levantou e foi para o quarto, enquanto Amélia ia ficar com o namorado.

Com tanto com que se preocupar e tanto para fazer - uma assustadora quantidade de deveres que frequentemente mantinham os quintanistas trabalhando até depois da meia-noite, as reuniões secretas da AD, os treinos de Quadribol e as intermináveis hora de estudos para porções -, o mês de janeiro parecia estar passando com alarmante rapidez. Antes que Amélia desse por si, fevereiro chegará, trazendo um tempo mais úmido e mais quente e a perspectiva da segunda visita do ano a Hogsmeade. Quando Harry contou que tinha convidado Cho para ir ao passeio com ele, Amélia e Rony pularam em cima dele enquanto Hermione ria.

Na manhã do dia 14 de fevereiro Amélia se vestiu com especial cuidado, apesar de não ter comentado com ninguém além dos Oliver, seu nervosismo e ansiedade estava inundando o quarto, o que fez com que Hermione percebesse e fosse sutil o suficiente para a ajudar a achar uma roupa sem fazer nenhum comentário infame, afinal, aquele era seu primeiro Dia dos Namorados, namorando.

As duas, junto com Harry e Rony, chegaram no salão para tomar café na hora em que pousavam as corujas trazendo o correio. Gabe não apareceu - não que a dona a esperasse -, mas Hermione já ia puxando uma carta do bico de uma coruja castanha desconhecida, quando os quatro sentaram, já que não tinha encontrado Jorge, Amélia resolveu continuar por ali.

— E já não era sem tempo! Se não tivesse vindo hoje... - comentou ela ansiosa, abrindo o envelope de onde tirou um pequeno pergaminho. Seus olhos correram da esquerda para a direita quando leu a mensagem, e uma expressão de sinistra satisfação se espalhou pelo seu rosto. - Escute, Harry - disse ela erguendo os olhos -, isto é realmente importante. Você acha que pode se encontrar comigo no Três Vassouras por volta do meio-dia?

— Bom... não sei - disse Harry em dúvida. - Cho talvez esteja esperando que eu passe o dia com ela. Não combinamos o que íamos fazer.

— Bom, se precisar leve ela junto - disse Hermione com urgência. - Mas você vai?

— Bom... tudo bem, mas por quê?

— Agora não tenho tempo de lhe contar, tenho de responder logo essa mensagem.

E saiu correndo do Salão Principal, a carta apertada em uma das mãos e um pedaço de torrada na outra.

— Você vai? - Harry perguntou a Rony, que sacudiu a cabeça, com um ar deprimido.

— Nem posso ir a Hogsmeade; Angelina quer que a gente treine o dia todo, apesar de ter liberado a Mel - a garota arregalou os olhos, nem sabia que iriam ter treino. - Como se isso fosse ajudar; somos o pior time que já vi. Você devia ver o Kirke, é patético, pior que eu - ele deu um profundo suspiro. - Não sei por que a Angelina não me deixa pedir demissão de uma vez.

— Porque você é bom quando está em forma, só por isso - retrucou Harry irritado.

Amélia sabia que Harry tinha muita dificuldade em manifestar simpatia pela situação de Rony, quando ele próprio teria dado quase tudo para participar do próximo jogo contra a Lufa-Lufa. Rony pareceu perceber o tom do amigo, porque não tornou a mencionar a partida durante o café, e houve uma certa frieza na maneira como se despediram pouco depois. Rony saiu para o campo de Quadribol e Amélia e Harry, depois de tentar assentar os cabelos, enquanto a amiga ria, mirando-se no côncavo da colher, rumaram para o Saguão de Entrada para esperarem seus acompanhantes, Amélia sentia-se muito apreensiva, se perguntando o porquê de Jorge estar demorando tanto.

Mas ele a aguardava ao lado de Cho na porta de carvalho, muito bonito com seu ar brincalhão e o sorriso despreocupado que sumiu assim que viu a namorada e se transformou numa pequena abertura que a fez rir de leve, deixando uma pequena porcentagem do seu nervosismo ir embora.

— Oi - disse Cho ligeiramente sem ar.

— Oi - disse Harry.

Amélia não falou com a garota, sabia que deveria ser educada, mas não gostava dela, só cumprimentou o namorado, com um beijo calmo e demorado e quando se soltaram, os dois ao lado pareciam constrangidos, até Harry quebrar o silêncio que se instalou depois.

— Bom... ah... então vamos?

— Ah... claro…

Os quatro entraram na fila de alunos a serem liberados por Filch, o outro casal só ficava trocando olhares e, ocasionalmente, sorrisos, enquanto Amélia tentava tirar de Jorge o porquê dele não ter aparecido para o café da manhã, mas a única resposta que obteve foi que era uma surpresa. Já do lado de fora, caminharam em silêncio, já longe do outro casal. 

Era um dia fresco, do tipo em que sopra uma brisa, e, ao passar pelo estádio de Quadribol, Amélia viu de relance Rony e Gina sobrevoando as arquibancadas e se lembrou de algo que não poderia deixar de comentar.

— Estranho a Angelina não ter me comunicado do treino, não é? - perguntou, Jorge se mexeu um pouco e a garota entendeu o motivo, fora culpa dele. - Eu não acredito que você a pediu para me liberar!

— Desculpe?! - pediu, a abraçando de lado e ela, num ato totalmente infantil, apressou o passo para ficar longe dele. - Ah, qual é, Mel?!

Ele começou a andar mais rápido, logo estavam correndo, ele tentando pegar a namorada e ela tentando fugir, mas, veja bem, a garota era boa em uma vassoura, no ar, e não no chão, por isso ele acabou a alcançando e a derrubando no chão, ficando por cima.

— Você vai me desculpar?

— Não mesmo - disse depois de fingir pensar um pouco. - Não acho que você esteja merecendo.

— Ah, não, é? - disse Jorge, lançando um sorriso de quem está aprontando algo. - Então acho que vou ter que insistir um pouco mais.

Amélia fez cara de desconfiada e ele começou a fazer cócegas, enquanto a garota gritava e pedia para que parasse.

— Acha que eu esteja merecendo agora? - ele perguntou, quando parou de fazer cócegas e a beijou.

— Acho que preciso de mais um beijo para decidir - Amélia falou, mordendo o lábio inferior e ele riu, abaixando para beijá-la de novo, mas foram interrompidos por alguém limpando a garganta. - OLÍVIO! - a garota gritou quando viu um dos seus melhores amigos e foi correndo abraçá-lo. - Meu Merlin, que saudades eu estava de você!

Ele riu enquanto a levantava e girava, logo Amélia estava caída no chão de novo, rindo com Olívio e, de novo, alguém limpando a garganta que a  fez parar o que estava fazendo, só que dessa vez era Jorge.

— Olívio! - Jorge o cumprimentou, sorrindo.

— Jorge! - Olívio o cumprimentou da mesma forma, enquanto ajudava Amélia a levantar. - Como anda o time?

— Não sei - Jorge murmurou, e, apesar de ter um sorrisinho no rosto, ele estava triste -, não estou mais no time.

Olívio pareceu surpreso, então perguntou o por que, mas fomos interrompidos por uma garota que o chamava, ele virou, sorrindo e soltou mão da amiga para abraçá-la.

— Mel - ele a olhou, sorrindo, e Jorge fez uma careta -, essa é a Amber, minha namorada.

Amélia não sabia quem havia ficado mais surpreso, ela ou Jorge, que soltou uma exclamação de descrença fazendo todos rir. Amélia abraçou a menina falando coisas sem sentido até mesmo para ela.

— Como vocês se conheceram? - perguntou para a menina, agarrando seu braço e a puxando para andarem juntas. - Conta tudo!

Os garotos ficaram para trás, as olhando indignados enquanto caminhavam e conversavam em direção a Hogsmeade, mas pararam para esperá-los na Rua Principal que estava cheia de estudantes caminhando, olhando vitrines e tumultuando as calçadas.

— Para onde vamos? - perguntou Amber, entrelaçando a sua mão com a de Olívio. Jorge abraçou Amélia de lado.

— Ah... não faz diferença - Amélia disse encolhendo os ombros. - Hum... vamos dar uma olhada nas vitrines ou outra coisa qualquer?

Os quatro foram andando em direção à Dervixes & Banguês. Um grande cartaz foi afixado à vitrine, e alguns moradores de Hogsmeade o liam. Eles se afastaram para um lado quando se aproximaram, e Amélia se viu, mais uma vez, diante das fotos dos dez Comensais da Morte fugitivos. O cartaz, "Por Ordem do Ministério da Magia", oferecia uma recompensa de mil galeões a qualquer bruxo ou bruxa com informações que possibilitassem a recaptura dos condenados retratados.

— É engraçado, não é - comentou Olívio em voz baixa, olhando as fotos dos Comensais da Morte -, lembram quando Sirius Black fugiu e havia Dementadores por toda Hogsmeade à procura dele? E agora dez Comensais da Morte estão soltos e não há Dementadores em lugar nenhum…

— É - concordou Jorge, desviando os olhos do cartaz para os dois lados da rua Principal, enquanto apertava mais o abraço. - É, é bem esquisito.

Amélia sabia que ele não lamentava que não houvesse Dementadores por ali, mas agora, pensando bem, a ausência deles era extremamente significativa. Não somente haviam deixado os Comensais da Morte escapar, como nem estavam se dando o trabalho de procurá-los... parecia que agora haviam realmente escapado ao controle do Ministério.

Os dez fugitivos estavam em todas as vitrines pelas quais passaram. Na altura da Loja de Penas Escriba, começou a chover; pingos grossos e frios batiam em seus rostos e nucas.

— Ah... querem tomar um café? - perguntou Amber hesitante, quando a chuva começou a cair com mais intensidade.

— Ah, vamos - Amélia concordou, olhando ao redor. - Onde?

— Ah, tem um lugar realmente gostoso ali adiante; você nunca esteve no Madame Puddifoot? - perguntou ela, animada, os conduzindo, por uma rua lateral, a uma pequena casa de chá que Amélia já havia visto algumas vezes. Era um lugarzinho apertado e cheio de vapor, onde tudo parecia ter sido decorado com laços e babadinhos.

— Bonitinho, não é? - perguntou alegre. Jorge fez uma careta, Olívio fez uma cara de desagrado para a amiga antes de esconder o rosto na curva do pescoço da namorada e Amélia riu de leve.

— Ah... é - respondeu, mas pela garota iam até o Três Vassouras.

— Olhe, ela preparou uma decoração para o Dia dos Namorados! - disse Amber, apontando para os querubins dourados que pairavam sobre as mesinhas circulares, e que a intervalos deixavam cair confetes sobre os fregueses.

— Aaah…

Amélia olhou ao redor e viu Harry e Cho sentados na mesa ao lado da janela, ela parecia chateada com algo, por isso a garota achou melhor sugerir o Três Vassouras, no qual os meninos concordaram fortemente.

Correram pela chuva até o Três Vassouras, quando chegaram Amélia foi com Amber até uma das únicas mesas vazias e enquanto esperavam os garotos pegarem as bebidas, ficaram conversando besteira, e quando eles apareceram, com dois copos de Cerveja Amanteigada cada um, ficaram conversando os quatro até que cada casal já estava em suas respectivas conversas e mundo.

— O que achou da surpresa? - Jorge perguntou, virando a cadeira de Amélia para ele.

— Eu simplesmente amei! - falou, feliz, o abraçou e ele riu. - E eu aqui, me matando por não ter nada para você…

Ele arregalou os olhos de uma forma que a fez rir, acabando com a sua inocente brincadeirinha.

— Eu acreditei! - Amélia concordou com a cabeça, ainda rindo. - Com quem você anda aprendendo a ser tão marota assim, hum?

— Com meu namorado, sabe? - ele assentiu, abrindo um sorriso a cada palavra que saia da boca da namorada. - Ele é lindo, mas um pouquinho ciumento, se ele me ver aqui com você, pode se considerar morto.

— Ah, é? - assentiu. - E se ele me ver fazendo isso?

Ele beijou seu pescoço de leve.

— Ele vai ficar com muita raiva.

— E isso?

Ele beijou o canto da sua boca, sorrindo malicioso.

— Ah, ele vai matar nós dois!

— Verdade? - a garota assentiu. - Então eu acho melhor ele não ver o que vou fazer agora…

Ele se aproximou de Amélia lentamente e quando suas bocas estavam a alguns centímetros de distância, ele tocou seu nariz no dela e balançou a cabeça de um lado para o outro, em um beijinho de esquimó.

— Você é um idiota! - Amélia reclamou, rindo. Ele riu e, finalmente, juntou seus lábios num beijo calmo e carinhoso, que só foi interrompido por que o casal ao lado começou a fazer barulhos de vômito.

— Como se vocês não se beijassem! - resmungou Jorge, entrelaçando sua mão na da namorada. A partir de então Jorge e Olívio começaram a falar de Quadribol e a contar as novidades, enquanto Amélia  e Amber conversavam sobre a vida dela na França.

— Conheci a Fleur quando éramos pequenas e, apesar de ser dois anos mais velha, sempre fomos bastante amigas.

— Ela parecia bastante legal quando veio para Hogwarts, ela e a irmã, Gabriela, certo?

— Ah, estou com uma saudade delas! - ela suspirou e Amélia sorriu, não havia  conhecido Fleur muito bem, mas a garota não parecia ser uma má pessoa.. - Olívio, na sua próxima folga vamos visitar a Fleur, certo?

Olívio, ainda meio desnorteado, olhou para a amiga que riu, concordando com a cabeça, ele imitou seu gesto e Amber bateu palmas, feliz.


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