Believe In Magic: Um novo começo. escrita por Gab Murphy


Capítulo 18
Capítulo 17




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Amélia e Olívio estavam sentados na calçada, Jorge e Amber havia decidido dar um momento para os amigos conversarem.

— Como você está? - Olívio perguntou depois de um tempo calado.

— Bem, eu acho. Não é como se eu não estivesse realmente feliz, sabe? Mas, as vezes, eu ainda choro quando não tem ninguém olhando. - confidenciou ao amigo. Entre todos, ele era o único que sempre contava até seus piores pensamentos.

— Eu lembro de quando fui visitar sua casa pela primeira vez - Olívio riu com a lembrança e Amélia o acompanhou. - Seu pai achou que estávamos namorando e quase me matou.

— E quando você falou que era meu melhor amigo, ele não ficou muito mais feliz - a garota gargalhou. - E quando você perguntou se eu podia ir passar a última semana das férias na sua casa, depois de negar por uns cinco minutos, ele fechou a cara e te jogou na rua.

Continuaram relembrando o passado e rindo das aventuras que haviam se metido até Jorge voltar da Zonko's, cheio de sacolas, com o Fred logo atrás.

— Oi, Olívio! Oi, Melzinha! - Fred deu um beijo na bochecha da garota e Jorge sentou do lado da namorada. - Como você está se sentindo nesse belo dia?

— Muito bem - Amélia respondeu e Jorge apoiou sua cabeça no ombro da namorada alisando as costas da mão da garota com o polegar. - O que vocês estão aprontando?

Eles se olharam, Fred estava com uma expressão confusa e Jorge como quem diz para ele ficar calado.

— É melhor você não saber - Jorge falou, parando de alisar sua mão, mas ainda a segurando -, assim não vão poder ir atrás de você quando acontecer.

— Vocês podem, pelo menos, falar se eu devo ficar preocupada?

Olívio riu de responder no lugar deles: - Você está namorando com um dos gêmeos Weasley, deve estar sempre preocupada e pronta para o pior.

Continuaram a conversar até um certo momento, quando Amber voltou e pediu para ir embora, pois estava cansada, e então Amélia e os gêmeos resolveram voltar para o castelo também.

 

Antes de ir dormir, Harry contou para a amiga sobre a tarde dele, o quanto confuso estava em relação a Cho e, a contra gosto, Amélia deu alguns conselhos. A garota acabou indo para cama com a barriga embrulhada, como sempre acabava ficando quando o assunto era Cho. O seu último pensamento antes de fechar os olhos foi de que aquela sensação só existia por não gostar da menina.

Luna, na manhã seguinte, disse vagamente que não sabia quando a entrevista de Harry com Rita apareceria no Pasquim, pois seu pai estava esperando um longo e interessante artigo sobre as recentes aparições de Bufadores de Chifre Enrugado, e, naturalmente, seria uma história muito importante, então a entrevista de Harry talvez tivesse de aguardar o próximo número.

Amélia estava se perguntando como as pessoas reagiriam. Imaginou que a história confirmaria para muita gente a visão de que ele era completamente doido, especialmente porque apareceria ao lado de uma absoluta tolice sobre Bufadores de Chifre Enrugado. Mas a fuga de Bellatrix Lestrange e seus companheiros Comensais da Morte havia dado a Harry um desejo ardente de fazer alguma coisa, produzisse ou não resultados.

O treino de Quadribol estava a cada dia mais puxado, Angelina estava a cada dia exigindo mais de todos, principalmente de Rony, que parecia desanimado toda vez que a capitã marcava mais um treino.

Essa noite, Jorge e Fred decidiram ir assistir ao treino, e quando acabou foram - Amélia toda melada de lama - juntos para o Salão Principal. Ficaram conversando e comentando sobre o fiasco que estava o time, até que a garota desistiu e resolveu ir tomar banho enquanto Jorge e Fred iam lhe esperar no Salão Comunal.

Quando está voltando para o movimentado Salão Comunal da Grifinória e a montanha habitual de deveres de casa, encontrou com Rony e Gina, que só acenaram para a garota. Assim que chegou encontrou com os gêmeos indo até Harry e Hermione, então foi com eles.

— Rony e Gina não estão aqui? - perguntou Fred, correndo os olhos pela sala ao mesmo tempo que puxava uma cadeira, e quando Amélia e Harry sacudiram negativamente a cabeça, falou: - Que bom. Estivemos assistindo ao treino do time. Vão ser massacrados. A equipe ficou um lixo sem a gente.

— Ah, pera aí, a Mel é ótima - disse Jorge e como agradecimento Amélia lhe deu um selinho rápido e os outros fizeram o já conhecido som de vômito

— E a Gina não é ruim - Amélia disse querendo ser justa, sentando-se no braço da poltrona do namorado.

— Aliás, nem sei como conseguiu ser tão boa, já que a gente nunca a deixou jogar conosco - Fred comunicou.

— Ela arrombava o barraco em que vocês guardam vassouras no jardim desde os seis anos de idade e tirava ora uma vassoura ora outra quando vocês não estavam por perto - disse Hermione de trás de sua pilha instável de livros de Runas Antigas.

— Ah - exclamou Jorge levemente impressionado. - Bom: isso explica.

— Rony já defendeu algum gol? - perguntou Hermione, espiando por cima de Hieróglifos e logogramas mágicos.

— Bom, ele é capaz de defender quando acha que não tem ninguém observando - disse Fred olhando para o teto. - Então no sábado só o que a gente precisa fazer é pedir aos espectadores para virarem as costas e baterem um papo todas as vezes que a goles for arremessada para o lado dele.

Ele tornou a se levantar inquieto e foi até a janela espiar os terrenos escuros da escola. 

— Sabe, o Quadribol era quase a única coisa que fazia este lugar valer a pena.

Hermione lançou-lhe um olhar sério.

— Seus exames estão chegando.

— Já lhe disse antes, não estamos preocupados com os N.I.E.M.s - retorquiu Fred. - Os kits Mata-Aula estão prontos para o lançamento, descobrimos como nos livrar daqueles furúnculos, basta umas gotas de essência de murtisco para resolver o problema. Foi Lino quem nos sugeriu.

Jorge deu um grande bocejo e olhou desconsolado para o céu nublado da noite, apertando a mão de Amélia com mais força.

— Nem sei se quero assistir a esse jogo. Se Zacarias Smith nos derrotar, terei de me matar.

— Ou, mais provavelmente, matar ele - disse Fred com firmeza.

— Esse é o problema do Quadribol - disse Hermione distraidamente, mais uma vez debruçada sobre sua tradução das Runas - cria essa animosidade e tensão entre as Casas.

Ela ergueu a cabeça para procurar algo e pareceu surpreender-se com Amélia, Fred, Jorge e Harry, olhando-a com expressões nos rostos em que se mesclavam a aversão e a incredulidade.

— E é mesmo! - exclamou ela com impaciência. - É só um jogo ou não é?

— Hermione - disse Harry, sacudindo a cabeça - você é boa em sentimentos e outras coisas, mas simplesmente não entende de Quadribol.

— Talvez não - disse ela ameaçadora, voltando à tradução - mas pelo menos a minha felicidade não depende da habilidade de Rony defender gols.

E, embora Amélia preferisse ter de se atirar da Torre de Astronomia a admitir isso para a amiga, depois de participar do jogo no sábado seguinte, teria dado os galeões que lhe pedissem para não gostar de Quadribol.

A melhor coisa que se poderia dizer sobre a partida é que foi curta; os espectadores da Grifinória só precisaram suportar vinte e dois minutos de agonia. Era difícil dizer o que foi pior: Amélia achou o páreo duro entre o décimo quarto frango de Rony, Kirke acertar a boca de Angelina em vez do balaço, e o mesmo gritar e cair para trás, quando Zacarias Smith passou veloz por ele carregando a goles. O milagre foi que só perderam por dez pontos: Gina conseguiu capturar o pomo bem embaixo do nariz do apanhador da Lufa-Lufa, Summerby, de modo que o placar final foi duzentos e quarenta a duzentos e trinta.

Já no Salão Comunal, Amélia, Jorge e Fred se aproximaram de Harry e Gina que pareciam conversar sobre Rony.

— Não tenho nem coragem de curtir com a cara dele - disse Fred, olhando para o irmão encolhido. - Veja bem... quando ele perdeu o décimo quarto…

E fez gestos desencontrados como se fosse um cachorrinho nadando.

—... bom, vou guardar para as festinhas, eh?

Rony arrastou-se para a cama depois disso. Por respeito aos seus sentimentos, Harry aguardou um pouco antes de subir para o dormitório, para que o amigo pudesse fingir que estava dormindo, se quisesse.

Amélia foi se deitar pensando no jogo. Fora imensamente frustrante perder. Estava muito impressionada com o desempenho de Gina, mas sabia que se Harry estivesse jogando teria capturado o pomo antes.

Sabia também que Umbridge assistirá o jogo sentada alguns níveis abaixo de Harry e Hermione. Todas as vezes em que Amélia havia a olhado, ela estava virada para espiar o garoto, sua boca larga de sapo distendida no que imaginara ser um sorriso de triunfo. Só de lembrar, sentia-se quente de raiva deitada ali no escuro. Depois de alguns minutos, porém, lembrou de que devia realmente dormir se quisesse acordar cedo no dia seguinte para deixar os deveres em dia.

Aos poucos, as respirações das suas companheiras foram se perdendo na distância e sendo substituídos pela completa escuridão.

E então luzes azuis tomaram conta da sua visão. Ou seriam bolas?

Elas iam do chão ao teto, preenchendo prateleiras empoeiradas por toda a sala. Amélia podia ouvir gritos, correria, portas batendo e então uma risada.

 


Amélia já estava no Salão Principal tomando o café da manhã quando as corujas chegaram com o correio na segunda-feira. Ela e Hermione não eram as únicas pessoas que esperavam ansiosas pelo Profeta Diário: quase todos ansiavam por ler mais notícias sobre os Comensais da Morte fugitivos, que, apesar de avistados várias vezes, ainda não tinham sido recapturados. Mione pagou à coruja o nuque da entrega e desdobrou o jornal depressa enquanto os garotos se serviam e Amélia a olhava ansiosa até uma coruja pousar com um baque em frente ao Harry.

— Quem é que você está procurando? - perguntou ele, puxando languidamente o seu suco debaixo do bico da ave e se curvando para verificar o nome e o endereço do destinatário.

Enrugando a testa, ele fez menção de tirar a carta da coruja, mas, antes que o fizesse, mais três, quatro, cinco corujas pousaram ao lado da primeira e procuraram uma posição, pisando na manteiga, derrubando o saleiro, tentando entregar a carta antes das outras.

— Que é que está acontecendo? - indagou Rony espantado, quando a mesa da Grifinória inteira se inclinou para olhar, e outras sete corujas pousaram entre as primeiras, berrando, piando e batendo as asas.

— Harry! - disse Hermione sem fôlego, enfiando as mãos naquele ajuntamento de penas e retirando uma coruja-das-torres que trazia um embrulho comprido e cilíndrico. - Acho que sei o que significa isso: abra este aqui primeiro!

Harry abriu o embrulho pardo. Ele rolou um exemplar compactamente dobrado da edição de março do Pasquim. Ele o desenrolou e Amélia viu o rosto do garoto sorrindo acanhado para ela na capa da revista. Enormes letras vermelhas atravessadas na foto anunciavam:

HARRY POTTER ENFIM REVELA: A VERDADE SOBRE AQUELE-QUE-NÃO-DEVE-SER-NOMEADO E A NOITE EM QUE VIU O SEU RETORNO

— Parece bom, não? - comentou Luna, que vagara até a mesa da Grifinória e agora se apertava no banco entre Fred e Rony. - Saiu ontem, pedi ao papai para lhe mandar um exemplar de cortesia. Imagino que tudo isso - ela acenou abarcando as corujas que se empurravam sobre a mesa diante de Harry - sejam cartas dos leitores.

— Foi o que pensei - Amélia disse, mais ansiosa que antes. - Harry, você se importa se a gente...?

— Sirvam-se - respondeu ele, parecendo um pouco confuso.

Começaram a abrir os envelopes.

— Esta é de um cara que acha que você pirou - disse Rony correndo os olhos pela carta. - Ah, bom…

— Esta mulher aqui recomenda que você experimente uma série de Feitiços de Choque no St. Mungus - disse Hermione, parecendo desapontada e amassando uma segunda.

— Mas esta aqui parece o.k. - Amélia disse lentamente, lendo uma longa carta de uma bruxa em Paisley - Ei, ela diz que acredita em você!

— Este aqui está dividido - disse Fred, que se juntara com entusiasmo à tarefa de abrir as cartas. - Diz que você não passa a impressão de ser maluco, mas que ele realmente não acredita que Você-Sabe-Quem tenha retornado, então, agora não sabe o que pensar. Caracas, que desperdício de pergaminho.

— Tem um aqui que eu convenci! - disse Harry excitado. - "Tendo lido a sua versão da história, sou forçado a concluir que o Profeta Diário tem sido injusto com você... por menos que eu queira pensar que Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado retornou, sou forçado a aceitar que você está falando a verdade..." Ah, é maravilhoso!

— Outra acha que você está só ladrando - disse Rony atirando a carta que amassara por cima do ombro - ... mas esta outra diz que você a converteu e ela agora acha que você é um verdadeiro herói: e manda junto uma foto, uau!

— Que é que está acontecendo aqui? - perguntou uma voz falsamente meiga e infantil.

Amélia ergueu a cabeça com as mãos cheias de envelopes. A Profª Umbridge estava em pé atrás de Fred e Luna, seus olhos de sapo esbugalhados esquadrinhando a confusão de corujas e cartas em cima da mesa diante de Harry. As suas costas, viu muitos alunos observando-os com avidez.

— Por que recebeu todas essas cartas, Sr. Potter? - perguntou ela lentamente.

— Isso agora é crime? - Amélia exclamou em voz alta. - Receber cartas?

— Cuidado, Srta. Belmont, ou será que terei de lhe dar uma detenção? - disse Umbridge. - Então, Sr. Potter?

Harry hesitou, mas Amélia não via como poderia abafar o que fizera; agora era apenas uma questão de tempo até um exemplar do Pasquim chegar à atenção de Umbridge.

— As pessoas estão me escrevendo porque dei uma entrevista. Sobre o que me aconteceu em junho passado.

— Uma entrevista? - repetiu Umbridge, sua voz mais fina e aguda que nunca. - Como assim?

— Uma repórter me fez perguntas e eu respondi - disse Harry. - Aqui…

E atirou à professora o exemplar do Pasquim. Ela o apanhou e arregalou os olhos para a capa. Seu rosto, cor de massa de pão, ficou malhado de violeta.

— Quando foi que você fez isso? - perguntou ela, sua voz ligeiramente trêmula.

— No último fim de semana em Hogsmeade.

Ela o encarou, incandescente de fúria, a revista tremendo em seus dedos curtos e grossos.

— Não haverá mais passeios a Hogsmeade para o senhor, Sr. Potter - sussurrou ela. - Como se atreveu... como pôde... - Ela tomou fôlego. - Tenho tentado repetidamente ensinar você a não contar mentiras. A mensagem, pelo visto, ainda não entrou em sua cabeça. Cinquenta pontos a menos para a Grifinória e mais uma semana de detenções.

Ela se afastou, apertando o exemplar do Pasquim contra o peito, seguida pelos olhares de muitos alunos.

No meio da manhã, enormes avisos haviam sido afixados por toda a escola, não apenas nos quadros das Casas, mas nos corredores e salas de aula também.

POR ORDEM DA ALTA INQUISIDORA DE HOGWARTS

O estudante que for encontrado de posse da revista O Pasquim será expulso.

A ordem acima está de acordo com o Decreto Educacional Número Vinte e Sete.

Assinado: Dolores Joana Umbridge, Alta Inquisidora

Por alguma razão, toda as vezes que Hermione avistava um desses avisos, seu rosto se iluminava de prazer.

— Com que é, exatamente, que você está tão satisfeita? - perguntou-lhe Harry.

— Ah, Harry, você não está vendo? - sussurrou Hermione. - Se ela quisesse fazer uma única coisa para garantir que todo aluno da escola lesse a sua entrevista, era exatamente proibir sua leitura!

E parecia que Hermione tinha toda a razão. Até o fim do dia, embora Amélia não tivesse visto nem um pedacinho do Pasquim em lugar algum da escola, todos pareciam estar citando a entrevista uns para os outros. Os ouviu cochichando nas filas às portas das salas de aulas, discutindo-a no almoço e no fundo das salas, e Hermione chegou a contar que as meninas que estavam usando os boxes nos banheiros falavam nisso quando ela passou por lá antes da aula de Runas Antigas.

— Então elas me viram, e obviamente sabem que sei, então me bombardearam com perguntas - contou Hermione à Amélia, Harry e Rony, com os olhos brilhando - e Harry, acho que elas acreditam em você, realmente, acho que enfim você as convenceu!

Entrementes, a Profª Umbridge rondava a escola, parando alunos a esmo e mandando-os mostrar os livros e os bolsos. Amélia sabia que a professora procurava exemplares do Pasquim, mas os estudantes estavam muito à frente dela. As páginas que continham a entrevista de Harry tinham sido reformatadas por meio de feitiços para parecer cópias de livros-texto se mais alguém as lesse, ou apagadas por magia até que seus donos quisessem tornar a lê-las. Logo pareceu que todo o mundo na escola vira a entrevista.

Os professores obviamente tinham sido proibidos de mencionar a entrevista pelo Decreto Educacional Número Vinte e Seis, mas assim mesmo encontraram maneiras de expressar suas opiniões. A Profª Sprout concedeu à Grifinória vinte pontos quando Harry lhe passou o regador de água; um sorridente Prof. Flitwick deu a Harry uma caixa de ratinhos de açúcar que guinchavam, ao fim da aula de Feitiços, fazendo: "Psiu!", e se afastando depressa.

Amélia havia ido com Jorge para sua aula de Transfiguração e, quando o namorado foi embora, ficou conversando com Dino e Simas, apesar do segundo só ouvir. Mas ficou realmente surpresa quando Simas foi até Harry, que havia chegado atrasado.

— Eu só queria dizer - murmurou, fixando com os olhos apertados no joelho esquerdo de Harry - que acredito em você. E mandei um exemplar da revista para minha mãe.

E se ainda fosse preciso mais alguma coisa para completar a felicidade de todos, vieram as reações de Malfoy, Crabbe e Goyle. Amélia os viu de cabeças juntas na biblioteca mais para o fim da tarde; estavam em companhia de um garoto franzino que Hermione murmurou se chamar Teodoro Nott. Os quatro se viraram para olhar Harry, que procurava nas prateleiras um livro sobre Sumiço Parcial; Goyle estralou as juntas dos dedos ameaçadoramente e Malfoy cochichou alguma coisa sem dúvida ruim para Crabbe. Harry sabia muito bem porque estavam agindo assim: ele citara os pais deles como Comensais da Morte.

— E o melhor - Amélia sussurrou alegremente quando saiam da biblioteca - é que eles não podem contradizer você, porque não podem admitir que leram o artigo!

E, para coroar, Luna disse ao jantar que nunca uma tiragem do Pasquim se esgotara tão rápido.

— Papai vai fazer uma segunda tiragem! - contou ela a Harry, com os olhos arregalados de excitação. - Ele nem consegue acreditar, diz que as pessoas parecem ainda mais interessadas na entrevista do que nos Bufadores de Chifre Enrugado!

Harry foi herói no Salão Comunal da Grifinória àquela noite.

Atrevidos e contra os apelos de Amélia para não fazerem, Fred e Jorge tinham lançado um Feitiço Ampliador na capa do Pasquim e penduraram na parede, para que a cabeça gigantesca de Harry contemplasse os colegas do alto e ocasionalmente dissesse frases do tipo: O MINISTÉRIO É RETARDADO e COMA BOSTA, UMBRIDGE em voz ressonante. Hermione não achou isso muito divertido; disse que interferia com sua concentração e acabou indo se deitar cedo, irritada. Amélia também não gostou nem um pouco, então foi dormir junto com Hermione sem nem ao menos se despedir de Jorge que pareceu perceber a burrada que fez, mas também não falou nada.

Amélia se trocou e deitou, desejando que a dor de cabeça passasse. Virou de lado depois de desejar que a amiga tivesse uma boa noite, fechou os olhos e adormeceu quase instantaneamente.

 


Parados no canto habitual do pátio frio e ventoso, Harry contou a Amélia e a Hermione cada detalhe do sonho de que pôde se lembrar. Quando terminou, continuaram caladas por um momento, Amélia fixou com uma intensidade penosa Fred e Jorge, que estavam sem cabeça vendendo seus chapéus mágicos por baixo das capas, do outro lado do pátio.

— Então foi por isso que o mataram - Amélia concluiu em voz baixa, desviando finalmente o olhar de Fred e Jorge. - Quando Bode tentou roubar a arma, lhe aconteceu alguma coisa estranha. Acho que deve haver feitiços defensivos na arma, ou em volta dela, para impedir que as pessoas a peguem.

— Era por isso que ele estava no St. Mungus, com o cérebro destrambelhado, sem conseguir falar - Hermione completou o raciocínio. - Mas lembram do que a Curandeira nos disse? Bode estava se recuperando. E não podiam arriscar que ele melhorasse, não é? Quero dizer, o choque do que aconteceu quando ele tocou naquela arma provavelmente desfez a Maldição Imperius. Quando recuperasse a voz, ele explicaria o que estivera fazendo, não é? Então saberiam que ele fora enviado para roubar a arma. Naturalmente, teria sido fácil para Lúcio Malfoy lançar a maldição sobre Bode. Nunca saí do Ministério, não é.

— E ele andava por lá no dia da minha audiência - disse Harry. - No... calma aí... - disse lentamente. - Estava no corredor do Departamento de Mistérios naquele dia! Seu pai comentou que ele provavelmente estava querendo bisbilhotar e descobrir o que tinha acontecido na minha audiência, mas e se…

— Estúrgio! - exclamou Hermione, estupefata.

— Como disse? - perguntou Rony, parecendo confuso.

— Estúrgio Podmore - Amélia disse, sem fôlego, agora completando o raciocínio da amiga. - Preso por tentar passar por uma porta! Lúcio Malfoy deve ter pego ele também! Aposto que fez isso no dia em que você o viu lá, Harry. Estúrgio estava usando a Capa da Invisibilidade de Moody, certo? Então, e se ele estivesse guardando a porta, invisível, e Malfoy o ouvisse mexer, ou adivinhasse que tinha alguém ali, ou simplesmente tivesse lançado a Maldição Imperius contando que houvesse alguém guardando a sala? Portanto, quando Estúrgio teve oportunidade, quando foi novamente sua vez de tirar serviço, ele tentou entrar no Departamento de Mistérios para roubar a arma para Voldemort - Rony, fique quieto - mas foi apanhado e mandado para Azkaban…

As duas garotas olharam para Harry.

— E agora Rookwood disse a Voldemort como conseguir a arma? - perguntou ela.

— Eu não ouvi a conversa toda, mas foi o que me pareceu - disse Harry. - Rookwood costumava trabalhar lá... quem sabe Voldemort vai mandar o Rookwood fazer o serviço?

Hermione acenou a cabeça, aparentemente com os pensamentos ainda longe, como Amélia. Então, de repente, falou.

— Mas você não devia ter visto isso, Harry, de jeito nenhum.

— Quê? - exclamou ele, surpreso.

— Você devia estar aprendendo a fechar a mente a esse tipo de coisa - disse Hermione, com inesperada severidade.

— Sei que devia - disse Harry. - Mas…

— Bom, acho que você devia tentar esquecer o que viu - falou com firmeza. - E de agora em diante se esforçar mais para aprender sua Oclumência.

Até Amélia a olhou surpresa depois daquilo.

 


A semana não melhorou com o passar dos dias. Continuaram aflitos com a perspectiva de Hagrid ser demitido; Amélia não conseguia parar de pensar nos deveres, que estavam cada vez mais numerosos; e ainda teve que ouvir Harry falar do sonho em que fora Voldemort. 

Belmont desejou muito poder ter seus pais naquele momento, só para conversar, mas isso estava completamente fora de questão, então tentou afastar o assunto para o fundo da cabeça, para onde tudo que a deixasse triste ia.

Estava sentada ao lado de Jorge numa das sombras dos jardins quando ouviram um grito de uma mulher em algum lugar dentro do castelo. Se viraram para onde veio o barulho e ficaram olhando.

— Que d...? - Amélia resmungou.

Podiam ouvir uma agitação abafada no Saguão de Entrada. Jorge olhou para os lados, franzindo a testa.

— Você viu alguma coisa anormal quando veio?

Amélia sacudiu a cabeça negativamente. Em algum lugar a mulher tornou a gritar. Como se tivessem combinado, levantaram juntos e caminharam em direção ao castelo, a varinha em riste.

Os gritos vinham de fato do Saguão de Entrada; tornaram-se mais fortes à medida que corriam em direção aos degraus da entrada. Quando chegaram ao local, encontraram o saguão cheio; os alunos tinham corrido em massa do Salão Principal, onde o jantar ainda estava sendo servido, para ver o que estava acontecendo; outros lotavam a escadaria de mármore. Jorge foi abrindo caminho por um grupo de alunos da Cornival, e, enquanto o acompanhava, Amélia viu que os espectadores haviam formado um grande círculo, uns pareciam chocados, outros até temerosos. A Profª McGonagall do outro lado do saguão; dava a impressão de estar se sentindo ligeiramente nauseada com o que via.

A Profª Trelawney encontrava-se no meio do Saguão de Entrada com a varinha em uma das mãos e uma garrafa vazia de xerez na outra, parecendo completamente tresloucada. Seus cabelos estavam em pé, os óculos de tal maneira tortos que um olho estava mais aumentado do que o outro; seus inúmeros xales e cachecóis caíam desalinhados dos ombros, dando a impressão de que ela própria estava se rompendo. Havia dois malões no chão aos seus pés, um deles de tampa para baixo; dava a impressão de que fora atirado atrás dela. A Profª Trelawney olhava fixamente, cheia de terror, para a Umbridge parada ao pé da escadaria.

— Não! - gritava ela. - NÃO! Isto não pode estar acontecendo... não posso... me recuso a aceitar!

— Você não viu que isso ia acontecer? - perguntou a Profa. Umbridge com uma voz infantil e aguda, parecendo insensivelmente risonha. - Incapaz como você é de prever até o tempo que vai fazer amanhã, certamente deve ter percebido que o seu lamentável desempenho durante as minhas inspeções, e a ausência de melhoria, tornaria inevitável a sua demissão?

— Você não p-pode! - berrou a Profª Trelawney, as lágrimas escorrendo pelo rosto por baixo das lentes enormes e, por mais que não fosse com a cara daquela professora, Amélia sentiu vontade de correr até ela, mas Jorge pareceu ler seus pensamentos e a segurou. - Você não pode me demitir! Est-tou aqui há dezesseis anos! H-Hogwarts é a minha c...c-casa!

— Era sua casa... - disse a Profª Umbridge, e Amélia sentiu ainda mais revolta de ver o prazer que distendia a cara de sapo da Umbridge enquanto apreciava Trelawney afundar, soluçando descontrolada, sobre um dos malões - ... até uma hora atrás, quando o ministro da Magia contra-assinou a ordem para sua demissão. Agora, tenha a bondade de se retirar do saguão. Você está nos constrangendo.

Mas ela continuou contemplando, com uma expressão de prazer triunfante, a Profª Trelawney tremer e gemer, balançando-se para a frente e para trás em seu malão, tomada de paroxismos de pesar. Ouviu-se então passos. A Profª McGonagall se destacava dos espectadores, marchará direto para Trelawney e estava lhe dando palmadinhas firmes nas costas, ao mesmo tempo que puxava um enorme lenço de dentro das vestes.

— Pronto, pronto, Sibila... se acalme... assoe o nariz no lenço... não é tão ruim quanto você está pensando, agora... você não vai precisar sair de Hogwarts…

— Ah, sério, Profª McGonagall? - exclamou Umbridge em tom letal, dando alguns passos à frente. - E a sua autoridade para afirmar isso é...?

— A minha - disse uma voz grave.

As portas de carvalho da entrada tinham se aberto. Os estudantes de ambos os lados se afastaram depressa, e Dumbledore apareceu na entrada. O que ele andara fazendo lá fora Amélia nem podia imaginar, mas havia algo impressionante naquela visão recortada contra a noite estranhamente brumosa. Deixando as portas escancaradas, ele atravessou o círculo de espectadores em direção à trêmula Profª Trelawney, sentada no malão com o rosto manchado de lágrimas, e à Profª McGonagall ao seu lado.

— Sua, Prof. Dumbledore? - disse Umbridge com uma risadinha particularmente desagradável. - Receio que o senhor não esteja entendendo a situação. Tenho aqui... - ela puxou um pergaminho de dentro das vestes - uma ordem de demissão assinada por mim e pelo ministro da Magia. De acordo com o Decreto Educacional Número Vinte e Três, a Alta Inquisidora de Hogwarts tem o poder de inspecionar, colocar sob observação e demitir qualquer professor que ela, isto é, eu, ache que não está desempenhando suas funções conforme exige o Ministério da Magia. Eu decidi que a Profª Trelawney está abaixo do padrão esperado. Eu a demiti.

Para grande surpresa de todos, Dumbledore continuou a sorrir. Ele baixou os olhos para a Profª Trelawney, que continuava a soluçar e a engasgar em cima do malão, e disse:

— A senhora está certa, é claro, Profª Umbridge. Como Alta Inquisidora, a senhora tem todo o direito de despedir meus professores. No entanto, não tem autoridade para expulsá-los do castelo. Receio - continuou ele com uma leve reverência - que o poder de fazer isto ainda pertença ao diretor, e é meu desejo que a Profª Trelawney continue a residir em Hogwarts.

Ao ouvir isso, Trelawney deu uma risadinha tresloucada que mal escondia um soluço.

— Não... não, eu v-vou, Dumbledore! V-vou embora de Hogwarts p-procurar minha fortuna algures…

— Não - afirmou Dumbledore com severidade. - É meu desejo que você permaneça, Sibila - ele se virou então para a Profª McGonagall. - Será que posso lhe pedir para acompanhar Sibila de volta aos aposentos dela?

— É claro - disse McGonagall. - Vamos, levante-se, Sibila…

A Profª Sprout saiu correndo da aglomeração e segurou o outro braço de Trelawney. Juntas, elas passaram por Umbridge e subiram escadaria de mármore.

O Prof. Flitwick se apressou em segui-las, empunhando a varinha à frente; disse com a vozinha esganiçada "Locomotor malas!", e a bagagem da Profª Trelawney se ergueu no ar subiu as escadas atrás dela, o Prof. Flitwick fechou o cortejo.

A Profª Umbridge estava paralisada, encarando Dumbledore, que continuava a sorrir bondosamente.

— E o que - perguntou ela com um sussurro que ecoou pelo saguão - você vai fazer com Sibila quando eu nomear uma nova professora de Adivinhação e precisar dos aposentos dela?

— Ah, isso não será problema - disse Dumbledore em tom agradável. - Sabe, já encontrei um novo professor de Adivinhação, e prefere ficar no andar térreo.

— Você encontrou...? - exclamou Umbridge estridentemente. - Você encontrou? Permita-me lembrar-lhe, Dumbledore, que, de com o Decreto Educacional Número Vinte e Dois

— O ministro tem o direito de indicar um candidato adequado se, e apenas se, o diretor não puder encontrar um - citou Dumbledore - Tenho o prazer de lhe informar que desta vez o encontrei. Posso apresentá-lo a você?

E se virou para as portas abertas, pelas quais agora entrava a névoa noturna. Ouviu-se o ruído de cascos. Correu um murmúrio de espanto pelo saguão e os que estavam mais próximos das portas rapidamente recuaram mais, alguns tropeçando na pressa de abrir caminho para o recém-chegado.

Em meio à névoa, surgiu um rosto, cabelos louro-prateados e surpreendentes olhos azuis; a cabeça e o tronco de um homem se completavam com o corpo de um cavalo baio.

— Este é Firenze - disse Dumbledore feliz a uma assombrada Umbridge. - Creio que você o aprovará.


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