OMNITRANIL (Ben 10 - Força Alienígena) escrita por TarryLoesinne


Capítulo 16
Despertare




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Somnus vitae, rudis sik... sik...

Mas que difícil pronunciar essa palavra! ― pensou Gwen. Mesmo assim, continuou tentando:

Sikhtar... Sikhtiear... Ah, que droga! ― E saiu caminhando pelo quarto.

É preciso bastante cuidado e disciplina na execução do feitiço. Uma palavra errada e talvez a cabeça de Ben surgisse colada na coxa direita dele. Por isso, cada palavra precisava ser dita com perfeita dicção; cada movimento de mãos precisava ser realizado com a delicadeza de um relojoeiro; cada partícula de energia mágica precisava ser canalizada de maneira cirúrgica. Primum nocere, como diz a medicina.

Somnus vitae, rudis sikhetaerdür, expirs sar thurr... Não é thurr, é dhurr...

E voltou a caminhar pelo quarto.

A jovem estava apreensiva. Embora estudasse cada detalhe do livro, não sabia prever com exatidão o quanto o feitiço seria efetivo. E se ele piorasse! Não. Não era momento pra se pensar nisso...

Mas, e se?

Ela olhou para o primo inconsciente deitado na cama de hospital. Segundo o Dr. Lünderg, Ben poderia acordar depois de algumas horas. Não acordou. Poderia acordar depois de alguns dias. Já se passaram dois dias e nada até o momento. Meses? Anos? Não era possível prever...

Pensou no avô. A dor que ele deixava transparecer no olhar. A culpa. O Vô Max sempre cuidou de nós, imagine o sofrimento que ele deve estar nesse momento...

Pensou em Kevin. De casca dura por fora, mas de coração mole. Ele não sabia lidar com situações como essas. Já perdeu o pai, a mãe, agora o amigo...

Pensou em si. Ben era mais do que um primo chato e exibido. Era seu melhor amigo. Foi por ele ter encontrado essa porcaria de relógio que eles foram capazes de viverem as mais incríveis aventuras! Descobriu sobre sua natureza anodita. Conheceu pessoas impressionantes e mundos exóticos. E tudo isso estava prestes a acabar...

Não.

Não estava.

Gwen se posicionou junto ao pé da cama. Ajeitou sua postura. Ambas as mãos com as palmas para cima, uma sobre a outra, sem se tocarem. Fechou os olhos. Começou a levitar.

O brilho violeta de seus olhos inundou o quarto assim que os abriu.

Suas mãos fizeram um movimento circular, desenhando um círculo de magia.

Somnus vitae.

O círculo cresceu de tamanho, cobrindo Gwen e toda a cama de Ben.

As mãos de Gwen moveram-se num movimento simétrico, desenhando formas geométricas. Novas formas surgiam desenhadas no ar e delicadamente se posicionavam pelo ambiente.

Rudis sikhetaerdür.

Sobre sua testa, surgiram três pequenos círculos, um dentro do outro. Os círculos começaram a girar, cada um sobre um eixo que se alterava constantemente.

Expirs sar dhurr.

Ao redor da cabeça de Ben, três hexágonos foram desenhados no ar. Eles giravam cada um em um sentido, com a cabeça do jovem agindo como ponto central de rotação.

O quarto se revestia de uma luminosidade violeta, acompanhada de feixes brancos e rosas que passeavam pelo ambiente.

Lentamente, Gwen voltou as mãos para a posição inicial. Esticou o pescoço, movendo a cabeça para trás e concluiu:

Despertare!

Um som metálico como de um grande sino ecoou pelo quarto. Uma luminosidade branca começou a cobrir o corpo de Gwen, transformando-a numa enorme silhueta de luz. De repente, a forma luminosa começou a torcer e deformar, sendo sugada para dentro dos círculos em movimentos que antes ocupavam a testa de Gwen. Então se fez o silêncio.

No quarto, nenhum sinal de magia ou feitiços. Apenas Ben e os equipamentos médicos lhe fazendo companhia.

***

Quando Gwen entrou no interior da mente de Ben, a princípio, temeu encontrar vários lutadores sumôs batalhando entre si, personagens de videogame ou segredos que apenas o histórico da internet teve o desprazer de conhecer. Afinal de contas, estamos falando da mente de um jovem em pleno ápice hormonal.

Mas não foi o que encontrou.

Gwen se encontrava em Bellwod, sua cidade.

Claro, não era uma Bellwood como a da vida real, pois se prestasse bastante atenção no horizonte, veria que a imagem se distorcia ou até mesmo desaparecia. Mas tirando isso, era tudo igual.

Na verdade, algo muito importante também não era igual: não havia pessoas.

Gwen caminhava pela cidade, pela área comercial, caminhou pelas avenidas e até mesmo rodovias, andou por parques e passou em frente a sua escola. E em todos os locais não se via o menor sinal de gente.

Em vários momentos chamou pelo nome de Ben, mas não recebeu resposta.

Seguiu em direção ao bairro residencial, talvez encontrasse alguma pista na casa do primo.

Assim que virou a esquina e entrou na rua, percebeu a presença da lata-velha estacionada na frente da casa. Deja vú? Tirando o fato de estar de dia, a imagem do trailer parado lhe fez remeter à noite que Ben teve a primeira crise.

Sem pensar nisso agora...

Gwen se aproximou do trailer. Na ponta dos pés e com as mãos ajudando a filtrar a luz ao redor dos olhos, procurou por alguém dentro do veículo. Nada.

Enquanto seguia em direção à porta da casa, observou de longe as janelas, sem sinais da presença dos moradores. Mesmo assim, apertou a campainha como dita os bons modos.

Dois braços saíram de dentro da casa, assim que a porta se abriu, e a puxaram pelos ombros para o interior do imóvel. Fechando a porta logo em seguida.

Gwen preparou uma bola de mana em sua mão esquerda, pronta para disparar. O que te impediu foi reconhecer o dono dos braços.

― Ben! ― disse ela.

Shiiiu ― com o dedo por sobre os lábios ele pedia silêncio.

― O que foi?

Ben olhava por uma fresta na cortina da sala de estar. Com uma das mãos, ele acenava um “espere” para a prima. Ele precisava garantir que o ambiente estava seguro.

― Eu precisava garantir que o ambiente estava seguro ― disse ele, embora eu já tivesse dito.

― Seguro de quê? ― ela olhava para os arredores.

De cima ― destruindo telhado, móveis e talvez um pouco da integridade moral de ambos os primos que gritaram com o surgimento súbito ― uma criatura cai no centro da sala de estar. Sua aparência era de difícil compreensão, mas sua forma era grande, bípede, de tórax e braços largos. Sua cabeça e pernas eram minúsculas comparada com a proporção do tronco. De alguma maneira, olhar para a criatura causava desconforto.

― Disso! ― gritou Ben.


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