OMNITRANIL (Ben 10 - Força Alienígena) escrita por TarryLoesinne


Capítulo 15
Fora do planejado




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― Magistrado Tennyson, estamos nos aproximando da órbita de Galvan Prime ― disse o computador da nave.

― Maravilha ― Max muda de posição e, sentado com as pernas pendentes no lado da cama hospitalar, começa a remover os eletrodos de seu tórax.

― Senhor, o tratamento está apenas 14% completo. Recomendo que me permita conclui-lo antes de liberá-lo para sua missão.

― Agradeço a preocupação, computador, mas vai ter que ser o suficiente por agora. ― Com uma leve expressão de dor, Max remove os acessos venosos de seus braços ― Solicite permissão de pouso à Galvan Prime, por favor.

― Sim, Magistrado.

Max vestiu seu uniforme de Encanador e seguiu em direção à cabine principal. Assim que a porta de acesso se abriu, o computador começou a anunciar as novidades:

― Senhor, nossa permissão foi negada.

― Como assim? ― Ele acelerou o passo e se aproximou do painel de comando ― Estabeleça um contato com Galvan Prime, preciso entender o que está acontecendo.

― Sim, senhor.

Max conferia os dados e gráficos nas telas da nave enquanto aguardava a resposta do computador. Tempo era algo que ele não podia desperdiçar. Após alguns segundos, a resposta chegou:

― Conexão estabelecida com Galvan Prime, Magistrado.

― Coloque na tela.

A tela principal foi então ocupada pela imagem de um galvaniano trajado de um uniforme verde, com um dispositivo auditivo grudado no que seria a entrada de seu canal auditivo.

― Meu nome é Milzher, do Controle de Entrada de Galvan Prime, em que posso ajudá-lo? ― disse o galvaniano.

― Olá, Milzher, sou o Magistrado Tennyson dos Encanadores, gostaria de solicitar pouso em Galvan Prime.

― Código da espaçonave, por favor.

― Computador, repasse a informação.

Como a imagem da tela focava-se apenas no rosto do galvaniano, por alguns minutos, Max apenas ouvia os sons de teclas sendo pressionadas a uma velocidade admirável.

― Certo, senhor Magistrado. No entanto, não constam em nossos registros nenhum informe de viagem da Terra à Galvan Prime.

― Tem uma explicação: Estou em missão pelos Encanadores e as condições da missão me obrigaram a solicitar esse pouso sem aviso prévio.

― Entendo ― o tom de voz apático do alienígena não demonstrava sinais de compreensão.

― Estou autorizado a pousar?

― Infelizmente, senhor Magistrado, não podemos liberar a entrada por questões de segurança interna e, como não houve um aviso prévio da chegada do senhor, ficamo-

― Como assim? ― Max interrompeu. Ele sabia que a burocracia dos galvanianos beirava ao absurdo muitas vezes, mas até absurdo tem limite!

― Como eu disse, senhor Magistrado, por questões de segurança interna nós-

― Isso eu entendi, meu jovem, e a princípio não questionei o impedimento, é protocolo de vocês. Mas entenda, não estou aqui como civil, estou como Magistrado em missão e Galvan Prime está sob a proteção dos Encanadores, por essa razão, peço que reavaliem o pedido de pouso, é de extrema importância!

Max, nos últimos dias, já havia quebrado algumas dezenas de regras, quebrar mais uma, mentindo e abusando de seu poder para garantir acesso ― afinal de contas era uma missão muito mais pessoal do que oficial ― não iria piorar ainda mais a sua situação.

O galvaniano manteve-se em silêncio por alguns segundos, então, virou a cabeça para o lado e começou a falar com alguém que estava fora do enquadramento da câmera. O que ele dizia também não era possível de se ouvir, pois o microfone foi desligado.

Quanto mais a conversa paralela ocorria, mais Max ficava incomodado.

Estou perdendo tempo... – pensou.

A conversa durou cerca de cinco minutos. Por fim, o galvaniano retomou a atenção à Max e disse:

― Pouso autorizado. As coordenadas estão sendo enviadas à sua nave nesse exato momento.

― Obrigado. ― Max tentava esconder a inquietação em sua fala.

― Disponha. E seja bem-vindo à Galvan Prime. ― disse com a mesma apatia de outrora. ― O Primeiro-gerente, líder do Conselho Galvânico, o estará aguardando na área de pouso.

― Perdão, como!?

***

As turbinas de pouso faziam a nave se aproximar do solo como uma folha de árvore que cai lentamente vencendo a resistência do ar. Dois pontos de apoio desceram das laterais da nave e tocaram o chão permitindo a nave descansar. A rampa de embarque começava a deslizar e Max já se encontrava na saída da nave pronto para desembarcar.

Enquanto descia pela rampa, o Magistrado observou um galvaniano, de pé sobre uma pequena plataforma circular flutuante, aproximar-se da nave acompanhado de seis soldados galvânicos, com equipamentos semelhantes a mochilas-à-jato, voando ao redor do líder galvânico.

― Magistrado Tennyson ― o galvaniano da plataforma estendeu os braços em direção a Max como se fosse dar um abraço que não aconteceu ― Que honra poder finalmente te conhecer!

― Perdoe-me, senhor Primeiro-gerente, mas não-

― Fahtzi. Me chame de Fahtzi, por favor. ― A plataforma flutuava numa altura suficiente para o primeiro-gerente olhar Max nos olhos.

― Certo, Fahtzi.

― Posso chama-lo de Max?

― Pode...

― Me diga, por qual razão o herói dos Encanadores resolveu visitar nossa humilde Galvan Prime? ― Com a mão ele apontava para os prédios imponentes de avançada tecnologia que se espalhavam pela paisagem.

― Lamento, Primeiro-gerente-

― Fahtzi, por favor.

― Lamento, Fahtzi... Mas não posso revelar as razões que me trouxeram aqui hoje.

― Compreendo, compreendo, deve estar em uma missão dos Encanadores, sem problema. ― Fahtzi apontou para a entrada do prédio do Conselho Galvânico e moveu sua plataforma como quem oferece passagem a um convidado. ― Mas isso não significa que eu não possa recebê-lo adequadamente. Por gentileza, entre.

― Primeiro-gerente, não é preci-

― Fahtzi.

― Sr. Fahtzi, não é preci-

― Apenas Fahtzi, não há a necessidade de formalidade entre nós, Max.

― Certo... Como eu dizia, não há necessidade disso. Fico muito honrado que veio me recepcionar, mas... ― Max observou o primeiro-gerente flutuar em sua plataforma em direção ao prédio do Conselho. ― ... e você não está nem me ouvindo...

― Vamos, Max, ― Da entrada do prédio, o galvaniano acenava. ― Pedi para prepararem uma refeição especialmente para você. Não é necessariamente um banquete, pois sua chegada pegou todos nós de surpresa, mas tenho certeza que estará de seu agrado.

Max começou a caminhar seguindo o líder galvânico e seu comboio dentro do Conselho. Assim que atravessou a abertura das portas, elas foram fechadas por dois guardas. O magistrado e os galvanianos continuaram caminhando por um corredor largo. Fahtzi continuava falando, na verdade, não sei se chegou a parar em algum momento:

― Fiquei sabendo pelas histórias que você é um grande apreciador da gastronomia além dos limites da galáxia de Yersen, então com certeza irá apreciar o que o nosso chef preparou.

― Senhor Fahtzi-

― Apenas Fahtzi.

― Fahtzi ― Max parou no corredor. ― Eu não posso ficar.

O líder e seus soldados também interromperam seus caminhos e voltaram a atenção para o magistrado.

― Como assim, Max!? ― Fahtzi voltava flutuando ― Você deixou de apreciar a culinária Yersínia? Não seja por isso, prepararemos algo diferente! Você gosta de tentáculos flambados ao molho esiadiano? Acredito que ainda temos no-

― Senhor, realmente me desculpe, mas não posso ficar. ― Max atravessou a fala do primeiro-gerente. Embora não fosse educado, ele não via outra forma de lidar com galvaniano ― É verdade que estou em missão, senhor; e, nesse momento, o fator tempo é algo de crucial importância.

― Que isso, que isso, não se preocupe! Eu que peço desculpas, acho que acabei me animando demais também...

― Se fosse em outras circunstâncias, senhor, eu teria o maior prazer de acompanhá-lo em um banquete, mas infelizmente dessa vez não será possível.

― Não se preocupe, Max, compreendo plenamente. E mais, se tiver alguma forma que eu possa ajudá-lo para compensar o tempo perdido, por favor, diga.

O magistrado sabia das dificuldades que eram estabelecer contato com o grande pensador Azmuth. Fazia dias que ele tentava através do comunicador e não obtinha respostas. E pela sua experiência prévia, até mesmo se estivesse de pé, a cerca de um metro de distância do cientista, com ele caminhando ao seu redor, algumas vezes até mesmo tropeçando em seu sapato, mesmo assim, a chance de não se conseguir uma resposta dele era muito alta.

Resolveu aceitar a ajuda do líder galvânico:

― Preciso encontrar Azmuth.

― Eu lamento, Max, mas isso está na lista de coisas que não consigo ajudar ― disse Fahtzi.

― Por quê!? Aconteceu algo com Azmuth!?

― Não, não! Acalme-se, não aconteceu nada com o grande pensador Azmuth!

― O que houve então?

― Há cerca de duas semanas, ele saiu pela galáxia em uma de suas pesquisas. E quando isso acontece, ele se torna incomunicável por dias.

― E por que?

― É o jeito dele, não sabemos bem o porquê. Sabemos que ele detesta ser atrapalhado e, por isso, deve levar isso ao extremo.

Max desviou o olhar e encarou o chão. Encontrar Azmuth era seu plano A e único plano pra dizer a verdade.

― E quanto tempo ele costuma ficar assim, incomunicável?

― Da última vez, ele ficou fora quase quatro meses galvânicos, isso seria algo... Fazendo os cálculos... Algo como dezessete anos terrestres...

Acabou... ― pensou Max.

― Eu... ― Max tentava formular alguma frase, mas não sabia bem o que falar.

― Lamento, Max. Espero que isso não interfira no resultado da missão. E se houver alguma outra coisa que eu possa fazer. Qualquer coisa, é só dizer!

― Não se preocupe, Fahtzi. Infelizmente era algo que apenas Azmuth conseguiria resolver.

― Eu entendo... Manteremos contato, caso tenhamos qualquer novidade sobre ele, nós te informamos.

― Obrigado. Com sua licença...

O Magistrado tentava disfarçar, mas a frustração se encontrava em níveis elevados o suficiente para começar a vazar pelas expressões, fala e até mesmo na respiração. Voltou pelo corredor em direção à sua espaçonave. Atravessou as portas mantidas em segurança pelos guardas e subiu a rampa de acesso de sua nave.

Max entrou na cabine principal, sendo recebido pela voz automatizada do computador.

― Seja bem vindo de volta, Magistrado. Quais as suas ordens?

― T-traçar viagem de retorno à Terra.

― Afirmativo.

Vô Max caminhou lentamente e sentou-se na cadeira do capitão, observando a paisagem que começava a se mover pelo vidro principal. Os topos dos prédios de Galvan Prime, começavam a serem vistos através do vidro frontal à medida que a nave ganhava altura.

Max apoiou o cotovelo direito na braçadeira da cadeira. Com a mão cobriu seus olhos. Sua frustração começava agora a transbordar pelos olhos...

Me desculpe, Ben...

A espaçonave alcançou altura suficiente para sair da atmosfera de Galvan Prime. No extremo horizonte, se observava a Lua escura do planeta, orbitando. A voz do computador ressoou novamente pela cabine:

― Rota estabelecida, Magistrado, ativar hiperespaço?

Max descobriu os olhos, levantou a cabeça e disse:

― Daqui a pouco, computador, aguarde um momento. Antes, quem é você e como conseguiu entrar?

De pé, com as costas viradas para Max, uma jovem loira observava a paisagem pelo vidro da espaçonave. Ao entender que a pergunta tinha sido direcionada a ela, a jovem olhou para ele e disse:

― Olá, Magistrado, meu nome é Eunice. Preciso de sua ajuda para salvar Azmuth.


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