Meia Volta ao Mundo escrita por AndyWBlackstorn


Capítulo 45
Capítulo 44




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João Carlos era muito pequeno pra compreender por completo o que tinha acontecido com ele. Tudo o que podia perceber da sua atual condição era que estava melhor, não sentia mais dor nem dificuldade de andar e se locomover. De repente, estava em casa novamente, sendo recebido pelo grande amor e preocupação de seu avô.

—Deixe eu ver como está o miúdo - ele estendeu os braços para pegar o menino - oh meu pequeno João, como você nos assustou...

—Ele está bem mesmo? Precisam de alguma coisa? - Teresa acrescentou logo depois.

—Foi um grande susto, mas ele vai ficar bem, vai tomar um remédio por alguns meses, mas vai se recuperar - Pedro explicou.

—Então foi algo grave mesmo - disse a tia do menino - mas como você disse, Pedro, já passou.

—Nosso Joãozinho é um menino forte e muito valente - a mãe dele disse com orgulho - enfrentou uma semana no hospital, mesmo dormindo mal e tudo mais, mas aqui está ele, são e salvo.

Realmente João estava bem melhor agora, seus pulmões se recuperaram no devido tempo, o que permitiu que ele crescesse como um menino forte e saudável, pronto para viver grandes aventuras, aventuras essas que incluíam ser o segundo irmão mais velho da família, exatamente como seu pai. Conforme os anos se passaram, Pedro e Leopoldina tiveram mais três filhos, Januária, Francisca e Pedro.

Maria se sentia sempre responsável por todos os irmãos, de um jeito que poderia pender entre líder e mandona, dependendo do humor dela. João costumava chamá-la de mandona para a irritar, mas admitia que era um gesto nobre da irmã cuidar de todos eles. Falando em irmã, João definitivamente tinha como sua irmã mais próxima Januária, tendo apenas um ano de diferença um do outro. 

Jana, Jan, ou Janu, como ela podia ser chamada, dependendo do membro da família, era considerada um anjo, uma menina mais delicada e calma que Maria com certeza, embora as duas tivessem herdado o cabelo claro e os olhos azuis da mãe. Fran já era mais aventureira, dando um trabalho danado para Maria mantê-la sob controle, mas tendo o apoio e a companhia de João e Janu nas suas brincadeiras.

Já Pedrinho, definitivamente era o protegido e queridinho de todos. Agora ele já tinha 3 anos, mas nunca tinha deixado de ser o bebê da família. Pedro, o pai, sabendo que teria mais um menino, lembrou Leopoldina de que eles poderiam chamá-lo de Pedro Jr., como eles tinham combinado quando João nasceu. E por mais que definitivamente o pequeno menino parecesse mais com sua mãe, recebeu mesmo o nome do pai, sendo chamado constantemente de Pedrinho para evitar as confusões com Pedro o pai, e também para denotar ainda mais o quanto ele era fofo.

Ele era um menino mais observador que os irmãos, ávido para aprender, estudioso como a mãe. Ele podia ser visto frequentemente com um livro na mão, reconhecendo ao menos as vogais com tão pouca idade, um verdadeiro prodígio, o que deixava a família toda orgulhosa.

Àquela altura do ano, tinha chegado a época que os Bragança tinham conseguido se organizar e planejar para uma viagem a Viena para visitar os Habsburgo. Maria estava animada, tinha muitas novidades a contar para os tios e os primos, agora que estava terminando seu primeiro ano no ensino médio. A expectativa de João e Janu era ver a neve na propriedade da família da sua mãe e brincar bastante nela. Fran sentia saudade dos parentes, mas adoraria provar deliciosas iguarias austríacas que só se encontravam lá. E Pedrinho, tentava entender onde se encaixava em toda aquela correria dos pais e dos irmãos.

—Não esquenta, Pedroca, vai dar tudo certo - João o assegurou, bagunçando o cabelo loiro do mais novo.

—Eu não sou Pedroca, meu nome é Pedro - observou o mais novo, mas não estava bravo nem coisa parecida, só estava tentando entender de onde vinha um segundo apelido - e eu nunca fui pra Viena, é muito legal ou muito ruim lá?

—Não, Pedrinho, não é ruim - João logo tratou de esclarecer - é ótimo! A casa do vovô Fran é grande, linda e ele sempre dá um presente pra gente quando vamos lá.

—Presente? Presente é bom, então deve ser bom lá em Viena - considerou o mais novo.

—Não seja interesseiro, Pedro, também tem muitas outras coisas legais - Maria, que acabou passando por ali e ouvindo a conversa dos dois, fez questão de enfatizar.

—O que é in... in... inte... - o menor tentou repetir a palavra curiosa.

—Interesseiro? É quando você vai em algum lugar ou faz alguma coisa só porque vai ser bom pra você - João tentou explicar.

—A gente faz coisas que faz bem pra gente o tempo todo, isso é ser interesseiro? - Pedro interpretou assim.

João apenas bateu a mão na testa, frustrado com a resposta. Apenas olhou para seu irmãozinho, que continuava confuso.

—Quem sabe na viagem ele entende - Maria comentou, esperando que fosse isso que acontecesse.

—Tomara - João acrescentou, sem muita paciência.

A família então se ocupou nos dias seguintes a fazer as malas e se preparar para a viagem. Dava para vr a empolgação da mãe das crianças, Leopoldina, por mais que amasse o Brasil, estava ansiosa por rever sua terra natal.

Antes que preparasse sua mala, ela inspecionou as das crianças, deixou que Maria a ajudasse na tarefa, sendo prestativa como sempre, e sendo bastante prevenida, enfiou casacos e mais casacos na mala dos filhos.

—Mãe, tem certeza que precisamos mesmo dessa quantidade enorme de casacos? - Fran argumentou.

—Vocês podem não se lembrar, mas lá é muito frio - o pai deles fez questão de dizer - só de pensar começo a tremer, então casacos nunca são demais quando se trata da Europa.

Resolvendo dar ouvidos a Pedro, a família embarcou com seus agasalhos no avião que os levaria na primeira etapa da viagem, do Rio a São Paulo, de São Paulo a Londres, de Londres a Lisboa. Era uma viagem longa, cansativa, porém as crianças Bragança e seus pais acreditavam que valeria muito a pena.

 


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