Leopoldina não conseguia ter outra opinião a seu próprio respeito que não fosse ser uma completa tola ingênua. Mas Pedro era muito bom, era ótimo em enganar, porque ela se convenceu facilmente. Achou que fosse possível eles terem uma boa vida juntos, felizes, porém ele era um fraco que cedeu às suas paixões momentâneas...

Apesar de estar muito triste e devastada, chorando por horas a fio, ela conseguiu recobrar os sentidos e se concentrar, decidindo o que faria a seguir.

Pensou que não tinha ido ao Brasil à toa, ou simplesmente para namorar, el continuaria firme em seus estudos, mas evitaria Pedro ao máximo. Não seeia capaz de olhar para ele outra vez sem se lembrar que ele havia lhe traído.

Ela se levantou então e, mesmo com o rosto inchado, tomou uma postura séria e foi falar com Pedro.

Ele a encarou com medo, confuso, sem saber que palavras usar para convencê-la a perdoá-lo e esquecer tudo aquilo.

—Leopoldina - ele balbuciou, mas ela apenas lhe ergueu uma mão, lhe pedindo silêncio secamente.

—Está na hora de você me escutar - ela disse mortalmente séria - não posso mais me casar com você, nem tente me convencer de mudar de ideia porque você me enganou, você não hesitou em me trair na primeira oportunidade que teve, e eu não confio mais em você, como poderia? Então eu estou desfazendo o nosso compromisso.

—Eu... Entendo - um milhão de palabras desordenadas se passaram pela cabeça de Pedro, mas só foi isso que ele conseguiu pronunciar, sabendo que era tolice insistir.

Sem mais palavras entre eles, Leopoldina retirou o anel de noivado e entregou a Pedro. Ele apenas aceitou e ela se retirou, não dizendo mais nada, afinal, tudo que tinha que fazer ali já estava resolvido.

Apesar do choque e tristeza, Leopoldina seguiu sua vida, seus familiares ficaram preocupados quando ela disse que tinha desfeito o noivado, mas não entrou em mais detalhes. No entanto, mesmo sem saber o que era, Maria Luisa desconfiava que se tratava de algo grave que a irmã não quis contar.

Os encontros de Pedro e Leopoldina na mansão na Quinta eram sempre constrangedores. Apesar de seu coração ainda bater forte por ele, a úmica reação que tinha para o rapaz era sua expressão séria e impassiva. Para esquecê-lo, ela mergulhou fundo nos estudos, cada vez mais empenhada, até mesmo passando mais tempo na faculdade do que em casa.

Para a sorte dela, Maria Graham se mostrou uma grande amiga, elas passavam bastante tempo juntas, com Leopoldina chegando a passar algumas noites no apartamento dela.

Era duro admitir, mas depois de alguns meses, evitando falar com Pedro, ela começou a sentir falta dele. De seu bom humor, de sua vontade de aprender, de seu amor por ela... Não podia se distrair, não podia esquecer o que ele fez. Dessa forma, o relacionamento dos dois nunca mais seria como antes.

Durante todo esse tempo, Pedro entendeu que provavelmente tinha perdido Leo para sempre. Uma garota inigualável por uma noite só com alguém não muito diferente de tantas outras que ele já tinha conhecido. Por que se deixou ser tão fraco? Era o que questionava todos os dias.

Com tristeza, ele respeitava a decisão de Leopoldina e não tentava falar com ela, apenas a admirava ao longe, com saudade da amizade e da conexão que tinham... Não sabia como mudar essa situação, mas sabia que tudo que queria era a namorada de volta.

Então algo meio que ao favor de Pedro aconteceu, sua irmã e seu pai estavam fora de casa e no momento, Leopoldina estava ocupada com seus estudos, em seu próprio quarto.

Pedro estava na cozinha, achando que se comesse alguma coisa, provavelmente distrairia a cabeça. Nesse ínterim, Leo sentiu sede e desceu até a cozinha para tomar água.

Se surpreendeu ao ver Pedro sentado ali, comendo solitariamente parecendo miserável. O coração mole dela se compadeceu por um milisegundo, mas depois tomou uma postura mais severa.

Reparando que tinha mais alguém ali com ele, Pedro ergueu os olhos, confirmando que era a ex noiva o encarando, levemente boquiaberta. Ele engoliu em seco, sem saber o que fazer.

—Eu... Vim buscar água - ela achou que era necessário avisar.

—Tá, eu... Se quiser, eu saio - ele respondeu, não querendo incomodá-la mais.

—Não, por favor, essa é sua casa, não se incomode - ela conseguiu responder.

Saindo do seu estado assustado, ela bebeu a água que tinha procurado, depois deu passos lentos para fora da cozinha, mas antes que saísse, se virou e viu Pedro sorrindo pra ela, no que ela respondeu automaticamente com outro sorriso. A esperança dentro de Pedro se iluminou por isso.