Meia Volta ao Mundo escrita por AndyWBlackstorn


Capítulo 11
Capítulo 11




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Minas Gerais com certeza tinha um ar diferente do Rio de Janeiro. Primeiro, um estado ficava mais ao interior do que o outro, ainda mais a cidade do Rio, que era litorânea. Enquanto o Rio era agitado, Minas Gerais era mais pacata, tranquila, um lugar excelente e inspirador para qualquer estudioso.

Foi assim que Leopoldina viu o sitio arqueológico, enquanto ela e os colegas adentravam a área. Uma nova professora, da faculdade local responsável pelos estudos ali, se apresentou diante deles, mostrando como tudo funcionaria.

—Eu sou a professora Rosa, é um prazer recebê-los aqui, e tenho certeza que vamos fazer um ótimo trabalho juntos - ela disse a todos em voz alta - peço que me sigam, vou mostrar o sítio a vocês e onde vamos trabalhar.

Os alunos a seguiram para uma relativa caminhada, andaram por dentro de uma mata, mais à frente, havia um campo aberto todo revirado, mas bem delimitado, era onde se encontrava os artefatos e provas vivas dos povos que viviam ali há milhões de anos atrás. Só isso já chamou a atenção de Leopoldina, mas não era o destino final deles. Entraram em uma gruta, equipados com lanternas e avisos para tomarem cuidado onde pisavam e não se desviarem do caminho principal.

Nas paredes, dava pra se ver as pinturas rupestres, era a primeira vez que Leopoldina via essas pinturas de tão perto. Ela conhecia todas as outras encontradas pelo mundo, vistas em livros e novos artigos que ela pesquisava, mas estar ali tão perto, vendo detalhe por detalhe, resistindo à vontade de tocá-los, era simplesmente indescritível. A professora Rosa detalhou mais um pouco, como uma verdadeira guia de museu, o que eram aqueles símbolos e o que os arqueólogos e historiadores tinham concluído a partir deles. Ela tinha sido tão compreensiva com a empolgação de alguns alunos que até permitiu que eles tirassem algumas fotos ali. Maria e Leopoldina se incluíam nesse animado grupo.

Depois do passeio, só então todos colocaram a mão na massa, sob orientação de outro professor. As escavações começaram, e apesar do trabalho árduo, de praticamente cavar e cavar sem encontrar nada tão facilmente, Leopoldina não poderia estar mais feliz.

Quando o cansaço bateu e até mesmo o professor pediu que os alunos parassem, ela foi recompensada com um pedaço bruto de quartzo. Não era uma joia preciosa ou uma grande nova descoberta, mas ainda assim, Leopoldina ficou feliz por ter alguma coisa que ela conquistou com os próprios esforços e poderia levar embora como recordação daquele dia. Em seguida, ela resolveu fazer um relatório completo sobre a pedra, como ela provavelmente tinha se desenvolvido naquele solo e todos os processos naturais que envolviam isso.

Tudo isso seria uma coisa extremamente chata para Pedro, que ainda encarava os estudos com tédio e cansaço, mas mesmo assim, o rapaz fez alguns progressos. A semana de Leopoldina continuou sendo agitada e cheia de novos conhecimentos, e então quando ela finalmente teve que voltar para casa, estava um pouco triste por deixar Minas tão cedo, mas fez a si mesma a promessa de voltar ali quando pudesse.

Quando ela retornou à Quinta, ficou surpresa de ver Pedro ali, concentrado e estudando. Ela já estava acostumada aos encontros inesperados deles serem bastante desastrosos.

—Olá - ela disse primeiro, com cuidado de não atrapalhar a leitura dele.

—Oi, oi, você já voltou - ele disse de um jeito meio surpreso, que poderia até soar meio ríspido, mas era seu cansaço, Pedro coçou os olhos para ficar mais desperto - quer dizer, não que eu ache ruim você voltar, não foi isso que eu quis dizer.

—Sim, sim, eu entendi - Leopoldina foi compreensiva, reparando no livro que ele estava lendo.

—Leopoldina, será que eu posso te perguntar uma coisa? - ele aproveitou o momento e teve toda a atenção dela voltada para ele.

—Claro, Pedro, se eu puder ajudar - ela deu um sorriso singelo e se sentou com ele à mesa.

—Eu percebi o tanto que você é estudiosa, sinceramente, eu não sei como você consegue - Pedro acabou rindo, mas por puro maravilhamento - sério, eu tenho lutado comigo mesmo pra conseguir estudar, eu queria saber o que é que você faz, quem sabe isso me ajuda.

—Ah bom, eu apenas gosto de ler e aprender coisas novas - ela deu de ombros, como se fosse a pergunta mais simples do mundo - é isso que me motiva, mas você tem dificuldade de aprender?

—Aprender? - Pedro ponderou o conceito, com uma mão no queixo - não, eu até que aprendo, o problema é... minha falta de motivação, eu acho. Eu sei que o que estou estudando é importante, mas tudo parece tão chato. Você, por exemplo, acha interessante pedras e plantas!

—Ei, mas elas são muito mais interessantes do que você pensa! - ela o corrigiu imediatamente.

—Desculpa, não quis te ofender - na realidade, Pedro se assustou com a reação dela, ela era sempre tão cuidadosa e discreta no jeito que falava, mas ele também se lembrou de como ela estava brava no dia que a conheceu.

—Tá bom... - ela fechou os olhos e balançou a cabeça, tendo uma ideia repentina - você está ocupado agora?

—Fora ler esse livro, não, por que? - ele ficou curioso.

—Vamos sair um pouco e eu posso te mostrar como plantas e pedras são bastante interessantes - Leopoldina exigiu - vou te mostrar coisas que você não conhece.

—O que? - Pedro não conseguiu segurar sua risada - acha que eu não conheço meu próprio país?

—Se não estou enganada, você é português - apontou Leopoldina, com ar superior.

—Estraga prazer - Pedro respondeu com orgulho ferido, mas um segundo depois, aceitou o convite repentino.

Leopoldina aceitou que ele dirigisse e juntos foram até o Jardim Botânico, onde ela prometia saber muito mais da flora do Brasil que seu motorista.


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