Dinastia 1: O Sonho Real escrita por Isabelle Soares


Capítulo 46
Uma tempestade a caminho


Notas iniciais do capítulo

Agora entramos de vez na segunda fase da história e já temos confusões a vista. Estamos quase chegando no clímax de todo o mistério e mal posso esperar para ler as teorias de vocês.

Meus agradecimentos a ADesconhecidaNut, Érica, lelinhacullen, Anna e Talita Martins pelos comentários!

Boa leitura!



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Seraf estava em festa. O ar da cidade estava renovado de novas esperanças. O sol estava brilhando e um amontoado de pessoas se reuniam em volta da grande praça central para assistir ao evento. Durante o fim de semana inteiro caiu uma verdadeira tempestade e já até havíamos perdido as esperanças de que na segunda-feira poderia haver um dia ensolarado. Porém, Deus resolveu colaborar lá em cima e nos deu um grande dia.

Edward e eu nos revezávamos apertando muitas mãos de todos aqueles que há mais de um ano tinham perdido suas casas e viram suas vidas mudarem na tragédia e hoje estávamos, finalmente, entregando a cidade deles de volta toda reformada e reconstruída.

Precisou esse tempo inteiro para que fizessem um novo projeto de reconstrução da cidade que resgatasse do que era tradicional e característico dela e também dá-la um aspecto novo e moderno. Também foi necessário refazer e reforçar as barragens para que acidentes como o do ano passado não se repetisse. Rosalie pediu também que cuidassem das reservas naturais em torno do rio e fizessem um projeto sustentável e com mais arborização para a nova Seraf. Achei que era algo realmente necessário.

Edward e eu tínhamos vindo aqui várias vezes em missões oficiais e extraoficiais com Jake e Leah para averiguar as obras. Então não poderíamos deixar de marcar presença no dia da reinauguração e entrega da cidade de Seraf para os seus habitantes. Eu, particularmente, gostei muito do resultado final. A cidade tinha ficado mais espaçosa e mais organizada. Tinha sido bem planejada dessa vez e eu esperava que os habitantes daqui também concordassem.

Segui alguns passos atrás de Edward e nos sentamos debaixo da tenda para assistir o início da cerimônia. Estávamos ao lado de pessoas importantes como o primeiro ministro e parlamentares, mas eu queria estar ao lado do meu pai e Sue que eu poderia ver daqui. Dei um sorriso para eles e desviei minha atenção para o prefeito que anunciava o início do evento com a execução do hino nacional.

Eu e Edward fizemos questão de representar a família real hoje em Seraf. Carlisle e Esme tinham feito uma viajem oficial para Mônaco e precisava que alguém viesse marcar presença. É claro que não poderíamos ficar de fora, as pessoas daqui tinham sido tão acolhedoras e carinhosas conosco e não podíamos deixar de dar esse apoio a elas também.

Já faziam quase três meses que tínhamos nos casado, o tempo passa realmente rápido quando estamos nos divertindo. Passamos quinze dias inteiros de lua de mel no Brasil. Quando Edward me perguntou para onde iríamos passar os nossos primeiros dias de casados, fiquei meio em dúvida. Haviam tantos lugares que eu queria conhecer no mundo ao lado dele que eu nem sabia dizer qual seria o primeiro e acabei deixando a cargo dele. Confesso que achei a escolha bastante acertada. O Rio de Janeiro era mesmo uma cidade maravilhosa! Tinha muitos cenários lindos, não eram tão pitorescos quanto às praias que visitamos no México, mas tinha o seu apreço. Adorei sair à noite, curtir os restaurantes sempre cheios de pessoas animadas e poder me soltar um pouco com as músicas deles num bairro fantástico do Rio chamado Lapa. Conhecemos também os museus, o Cristo Redentor e passeamos de bondinho pelo Pão de Açúcar como verdadeiros turistas ou como qualquer outra pessoa normal que estava de passagem por lá, sem títulos de nobrezas, coroas ou paparazzis.

 Passamos cinco dias por lá e os outros no interior litorâneo de Paraty. Por lá curtimos a praia, que não estava tão cheia ou tão ensolarada quanto às do Rio, e me surpreendi com a estrutura da cidade que trazia um lado histórico incrível! Era cheia de casarões enormes, chão de pedra e água que eram bem charmosos. Absolutamente, Paraty trazia tudo de bom que poderia haver numa cidade. Enquanto estivemos lá, visitamos tudo que podíamos visitar e nos curtimos muito, é claro, afinal, não sabíamos quando teríamos folga novamente para fazer uma viagem dessas juntos e aproveitar um momento desses a sós. Foi tão bom poder fazer coisas tão naturais, como andar de mãos dadas ou nos beijar em qualquer lugar, algo que era tão natural para qualquer casal, mas que para nós era uma experiência que pouco podíamos ter, porém era libertadora.

Edward adorava o Brasil! Ele já tinha visitado o país outras duas vezes antes de virmos. Ele tinha uns amigos brasileiros no Rio e até sabia o básico de português. Eu ficava encantada toda vez que eu o ouvia falar alguma coisa no idioma e até pedia para ele ficar repetindo para eu me deliciar um pouco mais. Além disso, essa energia acolhedora e super positiva que os brasileiros transmitiam fazia com que eu me sentisse muito bem. Simplesmente foi uma experiência incrível!

Quando voltamos para casa já era outubro e tinha uma agenda lotada nos esperando. Edward e eu encaramos numa boa já que estávamos super firme, sem problemas e bastante renovados. Eu sabia que os compromissos oficiais seriam parte da minha vida daqui para frente.

Encarei toda a minha rotina de cabeça erguida. Organizei os meus horários e selecionei algumas causas e eventos que eu gostaria de participar.

Contratei uma secretária para desafogar um pouco o Nick que estava se desdobrando para cuidar da minha agenda, da de Edward e de Emmett. Passei alguns dias pesquisando alguns nomes e entrevistando algumas pessoas, assim que cheguei, e acabei encontrando Ruth, que parecia ser bastante profissional e experiente, estava me agradando bastante até o momento. Foi ela que me aconselhou a ir com calma nesses primeiros compromissos e não escolher tanto, já que eu teria que ser acompanhada por outro membro da família real até que eu ganhasse confiança e permissão para ir sozinha. Então, eu acabava tendo que escolher algum evento que já fazia parte dos projetos que os outros já trabalhavam para eu ir pegando o jeito. Edward era quase sempre o meu companheiro e tínhamos muitas coisas mesmo em comum com relação a causas humanitárias e aos projetos de caridade.

Era um prazer enorme estar com ele no trabalho, nos dava ainda mais firmeza e aumentava a nossa ligação. Éramos uma boa equipe e as pessoas nos recebiam com cada vez mais euforia. Tanto que tive que aprender o básico de defesa pessoal e ficar sempre atenta depois de um episódio em um dos eventos que tive que ser protegida por George por que tinha um cara que queria me agarrar. Não sei bem qual era a intenção dele, pois o meu segurança foi rápido no ato, mas era algo que cada vez eu tinha que me preocupar. As pessoas tinham uma admiração impressionante por nós, e alguns quase que doentia.

Em casa, as coisas não poderiam estar melhor. Certo que no começo eu temia não saber conduzir um relacionamento nesse nível, com duas pessoas convivendo direto numa casa, já que eu sempre fui um pouco reservada e individualista, mas tudo se mostrava muito diferente do que eu tinha pensado. Estar ao lado dele todos os dias era reconfortante. Era muito bom poder chegar em casa e encontrá-lo me olhando com aqueles olhos sedutores e poder abraçá-lo e enchê-lo de beijos. Ou poder ter sempre alguém para lhe ouvir, para conversar amenidades e que te entendia completamente. Eu também gosto de escutá-lo, de aconselha-lo e poder dividir um pouco das obrigações com ele. Eu sabia o quanto Edward ficava mais confiante ao meu lado e eu adoro poder estar ali sempre presente para ele.

É claro que algumas vezes precisávamos de um espaço e de um momento a sós, e o mais interessante de tudo é que tínhamos essa capacidade de entender quando era a hora de se afastar, assim como também a de ficar juntos. As coisas estavam caminhando, por enquanto, como devia ser e isso me deixava mais tranquila.

Edward juntou sua perna a minha, numa nova comunicação que tínhamos criado para demonstrarmos apoio e segurança um ao outro, já que não podíamos demonstrar gestos de carinho em público. Sorri comigo mesma, sentindo o meu corpo esquentar.

Eu poderia dizer que estava mais confiante a cada dia. Dessa vez de verdade. Edward estava sempre me dando muito apoio, mas a cada evento oficial novo que eu ia nesses últimos dois meses, eu ganhava mais segurança e equilíbrio também. As pessoas que estavam lá, que gritavam pelo meu nome, que estendiam a mão para mim para que eu a tocasse me dava mais força e inspiração. Eu tentava seguir as regras tudo certinho e no início me fazia ficar muito rígida e pressa às convenções, mas agora eu estava percebendo que poderia dosar e relaxar em alguns momentos. E era essa sensação que eu sentia no momento, de paz.

O prefeito terminou o seu discurso e foi requisitada a presença de Edward para também dizer algumas palavras. O acompanhei com os olhos e o enviei os melhores desejos de apoio e sorte para ele.

— Bom dia a todos! Gostaria de dizer que para mim e também para Isabella, hoje é o dia da concretização de um sonho. Nós desde o começo nos sentimos tocados pelo que aconteceu e lutamos muito para que todo aquele dia cinza e triste se tornasse um dia em alegria. Foram meses de trabalho pesado, de luta, cansaço, e de esperanças renovadas. Mas agora eu tenho a honra de dizer que tudo foi recompensado. Espero que gostem da sua nova cidade que também é nossa. Por que todos os habitantes de Seraf foram tão bons e amáveis conosco que nos sentimos como os nossos irmãos e parte da nossa família também. Seja Bem-vindos a essa nova vida que a partir de hoje vira realidade! Obrigado!

Todos aplaudiram e gritaram o seu nome. Edward acenou com um leve rubor em seu rosto e em seguida deu lugar ao primeiro ministro que iria entregar a chave da cidade reestruturada para o prefeito fazer as honras. Edward veio ao meu lado e eu encostei o meu braço no dele e disse baixinho:

— Você foi incrível!

Ele sorriu e discretamente acariciou as minhas costas. O prefeito recebeu a chave da cidade e mostrou para a multidão alegre. Uma tesoura foi lhe dada e ele cortou o laço que segurava a placa de inauguração. As pessoas vibraram em animação e começaram a se dissipar para conhecer os outros lugares da nova cidade. Seguimos acompanhados das autoridades para conhecer algumas ruas e praças que tinha sido reestruturadas. Esperei pacientemente que todo o protocolo da inauguração terminasse e o fotógrafo oficial do palácio tirasse todas fotos para poder me encontrar com Jake, Leah e a minha família que deviam estar na nova casa de Sue. Para mim a reação deles era a mais importante.

Edward conversamos com arquitetos e engenheiros oficiais que iam nos dizendo tudo que foi feito e conhecemos o principal da cidade, como hospital, escola e praças. Quando tínhamos feito o nosso trabalho pedi a Edward uma pequena pausa e ele logo atendeu pedindo que o fotografo do palácio se afastasse e nos desse um pouco de privacidade. Tentamos nos misturar com a multidão e seguir para a rua onde se localizava a nova casa da família Clearwater e os encontramos todos lá sorridentes.

— Filha! Finalmente! – papai falou animado. – Venha conhecer a nova casa de Sue.

— É claro!

Acompanhei o papai pelo interior da casa e a achei bastante charmosa. Eu não me lembrava muito da casa anterior deles, mas podia sentir o estilo bem acolhedor dessa. Com certeza tinha muito de Sue e Leah nos detalhes. Não era uma casa grande, porém era bem dividida. Caberiam tranquilamente todos ali. Foi bom vê-los todos andando de um lado para o outro escolhendo os seus quartos e olhando cada lugar da casa. A sensação que eu sentia era de dever cumprido.

— Parabéns, Sue! Sua casa é encantadora!

— Obrigada, querida. – Ela sorriu timidamente e papai acariciou os ombros dela.

— Eu não sei por que, mas estou com a sensação que você não vai morar muito tempo por aqui... – afirmei.

— Isso não depende só de mim... – respondeu ela reticente olhando para o meu pai.

Eu sabia que o relacionamento dela com papai estava seguindo cada vez com mais força e tinha por mim que Sue estava pronta para dar um passo a frente e com aquela resposta tive certeza. Porém, papai parecia não querer que as coisas seguissem tão rapidamente, talvez com medo de repetir o mesmo erro do passado. Essa cautela e receio de avançar os passos eu tinha herdado dele com certeza.

Jake se aproximou de mim e Edward e ficou observando os dois também. Dei um beliscão de leve nele e vi que sua expressão era satisfeita.

— E aí? O que achou? – perguntei.

— Aprovado. Tenho certeza que muitos ficaram felizes.

Isso me deixava contente por que boa parte do meio empenho para fazer essa cidade renascer como está hoje era por causa dele. Jake também tinha se empenhado bastante. Ele ocupou o lugar do pai no conselho da cidade e agora também tomava as decisões por aqui. Eu tinha certeza que ele manteria viva às tradições daqui e também os desejos do pai dele em sempre fazer o melhor pelo seu lugar.

— E quando vamos poder passar um fim de semana no seu sítio, Jacob? – perguntou Edward.

— No dia em que ele tiver construído, você podem passar todos os fins de semana lá se quiserem.

— Olha que maravilha, Bella! – rimos. – Pode ter certeza Jacob que garantimos que todos os hectares que os fazendeiros tinham antes foram respeitados. Suas terras estão prontas para recebê-lo. Além do que as barragens foram reconstruídas e reforçadas.

— Eu sei e agradeço. Eu também estou me sentindo renovado hoje. É bom ter o meu lugar de pé novamente.

— Jake tem muitos planos para o sítio dele, Edward.

— Tenho mesmo, mas vou construí-lo aos poucos, como der. Não tenho pressa, por enquanto. Estou gostando do meu curso de agronomia, quero estudar bastante, juntar um dinheiro para enfim poder investir no meu sítio como nunca antes.

— Seu pai deve estar muito feliz, onde ele tiver.

Ele abaixou a cabeça e deu um leve sorriso. Billy fazia muita falta para Jake, mas eu tinha certeza que a esperança em reconstruir o sítio o motivava a seguir em frente de cabeça em pé. Leah se aproximou de nós e Edward resolver provocar Jake:

— Mas e aí Leah? Vai deixar o namorado em Belgravia?

— Deus me livre de Leah sozinha nessa cidade! – Jake falou com ciúmes.

— Você não decide isso, queridinho. – ela falou decidida.

— Eu sei, mas eu tenho a minha gostosura aqui a meu favor.

Leah abriu a boca espantada e rimos.

— Você é tão convencido! A sua gostosura não tem nada a ver com isso. Meu trabalho é que me segura em Belgravia. Mamãe morará aqui com Seth e Claire.

— Ih Bella, eu esperei sermos covidado para um casamento em breve, mas agora...

— Não somos você, Cullen, que arrastou a Bella para longe da gente o mais rápido que pode. – falou Jake.

— Explique-se agora Edward. – falei.

Antes que ele pudesse rebater Jake, Nick veio até nós com uma cara assustada. Parecia que o mundo estava caindo nas nossas costas.

— Com licença, alteza.

— O que foi Nick?

Nick fez uma cara como se não quisesse como se não confiasse em outra pessoa a não ser em nós dois para ter essa conversa. Nos afastamos de Leah e Jake para ouvi-lo.

— É melhor encerrarmos o evento por aqui e seguimos para Belgravia agora.

— Aconteceu alguma coisa? – perguntou Edward.

— Ainda não. Mas uma bomba está prestes a explodir e com certeza você terá que se encarregar disso já que as vossas majestades não estão aqui.

— É tão grave assim?

Nick pegou o celular no bolso e mostrou para Edward. Eu me juntei a eles curiosa para saber o que tão de importante atormentava o secretário de Edward. No celular havia uma manchete no principal jornal eletrônico de Belgonia:

INFORMANTE DA REALEZA AFIRMA: O rei Carlisle foi o responsável pela abdicação de seu filho, o príncipe Emmett, por medo que os republicanos assumissem o país, tenho fontes verdadeiras que confirmam isso.

O restante da matéria dizia que esse informante tem contato direto com uma fonte dentro do palácio, totalmente segura, e garantia que tinha todos os detalhes sórdidos sobre a abdicação de Emmett e que poderia comprometer completamente a família real. Segundo o que líamos, esse tal informante iria revelar todos os detalhes numa entrevista exclusiva hoje num programa famoso de TV. O jornalista especulava na matéria o quanto isso iria favorecer aos republicanos e como a monarquia iria se comportar diante das informações reveladas.

— Nick providencie o carro. – pediu Edward.

Ele estava sério e preocupado. Eu não sabia como uma matéria dessa poderia abalar tanto a monarquia tão forte e segura de Belgonia. Todos os dias saiam notícias sobre a realeza e a maioria delas nem passavam perto da verdade. Com certeza, na minha opinião, o povo de Belgonia não iria ficar contra a família real agora. Já haviam tido crises priores.

Leah e Jake ainda nos olhavam surpresos e Edward continuava pensativo. Resolvi agir e dar uma desculpa para nos despedirmos.

— Aconteceu alguma coisa? – perguntou Jake.

— Nada de importante. Mas é um chamado que temos que atender em Belgravia. Espero que entendam a nossa saída antecipada.

— Sim, é claro.

Abracei ele e Leah e segui para me despedir de Sue e de papai. Eles também receberam as minhas desculpas de uma maneira desconfiada, mas era tudo que eu poderia oferecer no momento. Nem eu entendia a magnitude da situação para explicar a eles. Edward veio até mim e seguimos para o carro.

— Edward, o quão isso é importante?

— No momento não dar para avaliar, mas é melhor nos precavermos.

— Mas, Edward, o que mais pode haver nessa história que pode prejudicar a monarquia?

Edward agora bastante ansioso deu umas palmadinhas na minha mão e disse:

— Nem eu sei, meu bem. – Virou-se para Nick e eu me calei. Ele estava nervoso e não queria ficar provocando- o. - Ligue para o Nilson e peça para que ele se informe de todos os detalhes com a emissora e os jornais.

— Sim, senhor.

— Peça discrição também. Não quero que fiquem pensando que não queremos que esse cara não dê a entrevista por que realmente temos algo a esconder.

— Perfeitamente, alteza.

— Depois localize Emmett e Alice onde eles tiverem e mande eles irem para o palácio.

— Farei isso.

Edward assentiu e o seu celular começou a tocar estridentemente no bolso. Ele pegou o aparelho com pressa e vimos que era Carlisle, no mínimo já informado de todos os acontecimentos em Belgonia. Edward colocou a ligação no viva voz para que eu pudesse ouvir também.

— Pai, está sabendo o que aconteceu.

— Estou Edward e não estou gostando nada disso.

— Você acredita que esse cara tem alguma coisa importante escondida de baixo da manga?

— Não sei Edward, provavelmente não. Mas quero que você comece a investigar enquanto não estou ai. Há muitas pessoas dentro do palácio que não podemos confiar e que poderia estar soprando informações para a imprensa que podem ou não ser verdadeiras. Cerque-se de quem possam ser essas pessoas.

— Certo, já comecei a investigar. Devo proibir que esse cara dê a entrevista?

— Não, afinal temos que saber o que ele tem a dizer para podermos montar a nossa defesa.

— Tudo bem, é o certo a fazer. Não se preocupe, eu vou tentar resolver as coisas. Já mandei Nilson cercar a imprensa e chamei Alice e Emmett para um conselho familiar.

— Ótimo! Eu e sua mãe já estamos terminando todos os compromissos por aqui e no mais tardar amanhã estaremos todos juntos aí.

— Tudo bem. Aguardaremos.

— Tchau, meu filho, boa sorte.

— Idem, pai.

E desligou. Edward continuou todo o percurso bastante pensativo e nervoso. De vez ou outra pegava nos cabelos ou batia os dedos no parapeito da janela e perguntava para Nick a todo instante se ele tinha algo novo. Eu também permaneci calada não querendo interferir. Eu sabia que ele queria ficar sozinho no universo mental dele. Apenas estendi a mão acariciei a sua coxa para acalmá-lo e ele me voltou com um sorriso leve.

Quando, finalmente, chegamos ao palácio. Descemos do carro em disparada e ele já foi logo consultando Carter sobre Nilson.

— Ele já está a sua espera, alteza.

— Ótimo! Obrigado Carter!

Edward seguiu em passos rápidos para o escritório de Nilson no palácio. Carter me recebeu com um sorriso simpático e eu toquei o ombro dele.

— Longo dia Carter! Longo dia!

Ele apenas concordou e eu segui Edward tentando alcançá-lo. Eu sentia que estava prestes a estourar uma grande bomba em cima de nós e que o grande clímax da história estava chegando. Eu não podia em nenhum momento deixar de saber todos os detalhes. Consegui acompanhar Edward até uma salinha perto da capela do palácio. Ele abriu espaço para que eu entrasse também e fechou a porta atrás de nós.

— Bom dia, altezas.

— Bom dia Nilson. – falamos.

Ele pediu para que sentássemos e assim fizemos. Edward olhava para ele curioso e parecia querer arrancar dele todas as informações de uma vez. Segurei o braço dele pedindo silenciosamente para que ele fosse com calma.

— E aí Nilson? Descobriu alguma coisa?

— Poucos detalhes. Entrei em contato com os jornais que publicaram a matéria e também com a emissora de TV.

— Você foi discreto, não foi? Detestaria que saísse por ai a qualquer momento que estamos puxando os cabelos por causa dessa história ridícula!

— Fui discreto alteza. Também sou jornalista também e tenho os meus métodos.

— Ok. E quem é o cara? Um jornalista também ou um sujeito qualquer que está soprando mentiras em busca de atenção?

— Na verdade, não acho que ele seja um sujeito qualquer. O nome dele é Oscar Scoby, ele é um blogueiro bastante famoso aqui em Belgonia. Ele se auto intitula: “O descobridor de segredos”. O blog dele ficou famoso por fazer exatamente isso, revelar todo o tipo de segredos, não importando de quem seja. Isso o deixou bastante conhecido e influente.

— Deve ser um sensacionalista de quinta!

— Ele foi inteligente. Está segurando as informações para mais tarde. Ele está ganhando rios de dinheiro por essa revelação bombástica. Essas notícias que foram vinculadas hoje no jornal são apenas uma espécie de propaganda do que virá a noite.

— Veremos se ele tem mesmo fogo na brasa.

— Com certeza, alteza. O que devo fazer agora?

— Por enquanto nada. Vamos aguardar a entrevista em silêncio. Não quero dar mais pano para a manga.

— Certamente, senhor. É o certo a se fazer. Afinal de contas temos muito pouco em mãos.

— Obrigado Nilson.

Edward e Nilson apertaram as mãos e saímos do escritório para o conselho familiar na nossa sala preferida do palácio, o lugar de todas as nossas reuniões. Eu também já estava ansiosa, louca para ver o que ia acontecer em seguida. Afinal, desde o início, eu era a curiosa número um a respeito dessa história e eu estava sentindo que agora tudo viria a tona. Estaria em êxtase, se não fosse tudo tão trágico!

Rosalie, Emmett e Alice já nos aguardavam. Os irmãos Cullen estavam tão apreensivos quanto Edward. Me sentei ao lado de Rosalie, a única que parecia mais pacifica no momento.

— O que diabos está acontecendo Edward? – perguntou Alice ansiosa.

— O que está acontecendo é que temos alguém aqui no palácio que não podemos confiar. Que está soprando informações privilegiadas sobre a abdicação de Emmett para um jornalista sensacionalista que está se aproveitando da situação.

— Meu Deus! – falou ela.

— Vocês devem estar se preocupando a toa. Esse cara deve estar blefando! Não há ninguém aqui no palácio que possa saber tanto. – afirmou Emmett.

— Você e sua mania de minimizar as coisas, Emmett! Pois eu já estou começando a desconfiar que essa pessoa pode ser alguém da nossa família.

— Será que pode chegar a tanto? – perguntou Alice já se levantando e dando várias voltas pela sala.

— Não duvide disso! Não podemos confiar em ninguém!

— Afinal, existe mesmo algum segredo nessa história que esse cara pode revelar? – perguntei, falando pela primeira vez em horas.

— Existe Emmett? – Edward voltou-se para o irmão.

Emmett ficou silencioso por um tempo e Rosalie o observava com um misto de curiosidade e raiva. Afinal essa história estava afetando a vida dos dois até hoje. Ele coçou a testa e franziu o rosto. Eu tinha por mim que Emmett tinha sido usado nessa história toda.

— Desembucha Emmett! – Edward falou alterado. – Vamos acabar logo com essa droga de uma vez!

— Para falar a verdade, eu não lembro de todos os detalhes do que aconteceu...

— Como assim? – Alice perguntou confusa.

— Eu tenho absolutamente certeza que foi eu quem pediu para largar tudo. Eu queria isso fazia anos e não tinha coragem, mas como aconteceu exatamente, eu não consigo me lembrar. É como se tudo fosse uma visão muito nebulosa na minha cabeça. Nem a conversa que tive com o papai naquela noite não está muito clara na minha mente. Passei anos revirando essas memórias, tentando me lembrar, mas você sabe como eu estava naquela época... Eu não posso confiar na minha memória.

— Droga maldita! – Edward gritou batendo com força na mesa de centro.

— Papai e mamãe devem saber mais detalhes do que aconteceu. – Alice falou baixinho.

— Está vendo Emmett o que as suas loucuras fazem? Sua família está ameaçada a perder o trono por causa disso! – Rosalie falou também nervosa.

— Gente, eu não sou totalmente culpado nessa história não! Eu juro e tenho absolutamente certeza que alguém se aproveitou do meu momento de descontrole para ganhar o que queria.

— Eu concordo com Emmett. – falei em voz baixa com medo de alguém me recriminar e sobrar para mim.

Edward olhou para o irmão com um olhar assassino de raiva. Eu sabia que ele estava para explodir. Foram anos de muito resentimento reprimido e que agora estava vindo a consequência disso. Ele respirou fundo e disse:

— Estou cansado dessa história que parece que nunca chega ao fim, mas ela vai acabar a qualquer momento, só não sei se será para o bem ou para o mal... Apenas tomem cuidado todos vocês. Não confiem em ninguém até descobrirmos quem está por trás disso. – ele falou pausadamente tentando se acalmar e reprimir a raiva latente.

A sala ficou em silêncio por alguns instantes e Edward resolveu deixar o recinto. Talvez para não provocar mais confusão ou para não ter que bater em Emmett como eu achava que ele pretendia. Me levantei também e o segui. Edward seguia para o nosso apartamento em passos rápidos e eu o deixei ir à frente para lhe dar espaço.

Ele seguiu direto para a janela principal que dava para o lado de fora e ficou observando os diversos turistas que passavam frequentemente pela frente do palácio. Fui até ele devagar e o abracei por trás. Senti ele suspirar enquanto eu o acariciava. Beijei o seu pescoço e descansei o meu queixo no seu obro direito, também observando as pessoas lá fora.

— Tudo vai ficar bem, meu amor. Vamos conseguir dar a volta por cima.

— Assim espero.

Ele me virou e tomou os meus lábios com voracidade. Como se quisesse desaparecer naquele beijo. Eu o acariciava as suas costas para acalmá-lo e aos poucos ele foi ficando mais doce e mais tranquilo.

Porém, o clima continuava azedo dentro da família real. Tentávamos nos comportar de uma maneira natural para que os empregados ao nosso redor não percebessem a nossa apreensão e nossa ansiedade para a entrevista que sairia logo mais.

Resolvemos assisti-la todos juntos no nosso apartamento, onde era mais distante de todos. É claro que a emissora fez muito alarde para a entrevista com várias chamadas apelativas. A audiência devia estar lá no alto e as pessoas deveriam estar com tanta expectativa quanto nós.

Quando Oscar finalmente foi chamado, já quase no fim do talk show, parecia que iríamos morrer de tanta ansiedade. Ele parecia terrivelmente confiante e até bobo ao meu olhar. Tinha um ego inabalável e talvez fosse isso que o fazia ir tão longe. O apresentador não fez rodeios, já foi logo na pergunta que todos queríamos saber:

— O que você tem a declarar sobre a abdicação do príncipe Emmett? Há algo realmente podre nisso?

— Claro que sim! Não estaria aqui se não houvesse.

— Foi algum jogo político entre a família real? Ou foi algo inevitável?

— Na verdade tudo foi um esquema armado pelo rei Carlisle para colocar o príncipe Edward no trono. Ele planejava isso fazia anos. O príncipe Emmett não era considerado adequado para o cargo de príncipe herdeiro por causa de sua rebeldia. O plano era afastá-lo o máximo possível.

— Isso por conta das drogas que ele consumia na época.

— Na verdade, ele ainda as consome e causa terror dentro da família. O casamento dele com Rosalie é apenas de fachada.

— Mas não acha que essa decisão pode mesmo ter partido dele...

— Ah não! Ele foi induzido a isso! Inclusive as drogas que ele usava na época eram encomendadas pelo próprio palácio para que ele ficasse malucão. Até os amigos dele eram pagos pelo palácio para incentivá-lo a se drogar.

—Isso é uma afirmação grave.

— Pode ter total certeza que é verdadeira. Foi alguém muito importante no ciclo real que me revelou essa história. Me contou também que Carlisle tinha tanto medo dos republicanos, que na época já estavam se organizando para dar um golpe na monarquia, de realmente conseguissem o que queriam, e ordenou que Emmett fosse eliminado completamente por que as pessoas amavam o príncipe Edward. Ele sabia que se sujasse o nome do filho dele mais velho, as pessoas iriam apoiar facilmente a mudança na linha sucessória.

— Como assim eliminar o príncipe Emmett?

— Do jeito que ele estava viciado... Uma overdose poderia acontecer facilmente.

— E você tem como provar o que está me dizendo?

— Tenho e afirmo: o rei Carlisle não é o que pensam.

Edward fechou a TV com raiva. Suas mãos tremiam descontroladamente. Ninguém conseguia falar nada, era muito para absorver. Olhei para Emmett e ele estava suando rios. Também parecia transtornado o suficiente. Não era possível que eles tivessem acreditando nessa história grotesca e absurda! Eu não acreditava em nenhuma vírgula do que esse Oscar tinha dito. Era muito irreal!

Edward pegou o celular e discou o número do pai e colocou no viva voz, não demorou muito para que ele atendesse.

— Não me diga que tudo isso tem um fundo de verdade... – Edward falou antes de mais nada.

— Amanhã a gente conversa, Edward.

— Pai...

— Amanhã colocaremos tudo em pratos limpos.

A chamada desligou e a tempestade começou a cair em nossas cabeças.


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Notas finais do capítulo

E aí? Quais as teorias? Comentem bastante por favor! Essa história depende de vocês!