Dinastia 1: O Sonho Real escrita por Isabelle Soares


Capítulo 1
Vida Nova




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Alguns dizem que nascemos com sorte, já outros dizem que a sorte deve ser conquistada. Eu acho que tudo está escrito em algum lugar e que um dia iremos passar por tudo que está predestinado. Como numa grande peça. Era tudo que eu poderia dizer agora e como eu poderia explicar a minha vida nesses últimos meses.

Olhei mais uma vez para a multidão. Tantas pessoas eufóricas nas ruas. Tantas delas esperavam tanto de mim e dariam qualquer coisa para estar no meu lugar agora, se casando com um futuro rei. Não que eu levasse isso muito em conta, afinal Edward era para mim muito mais do que um homem rico. Ele era meu tudo e era por isso que eu estava aqui. E nessa hora, só vinha a minha cabeça quando eu o conheci. Só faz um pouco mais de um ano, mas agora parecia uma eternidade.

Eu era uma simples garota de 19 anos quando tudo aconteceu. Tinha acabado de voltar dos Estados Unidos, onde morava com a minha mãe, e estava certa que precisava passar um tempo de verdade com o meu pai. Para quem passara praticamente morando debaixo do sol de Jacksonville, vivendo um dia diferente de cada vez com a minha mãe maluquinha, a vida fria e rotineira em Belgonia foi difícil de engolir. Porém isso parecia certo e ainda é, afinal, se eu tivesse permanecido no outro lado do oceano, eu nuca teria conhecido Edward.

Nos conhecemos no meu primeiro dia de aula no curso de Inglês, em fevereiro de 2010, na única universidade, e também a mais tradicional, de Belgonia. Estava encantada com tudo, principalmente com a arquitetura do lugar, parecia que eu tinha voltado no tempo ou estava pertencendo a outro mundo em que eu não conhecia. Lutava para ser um pouco mais sociável e menos reservada, afinal eu queria ser um pouco diferente daquela garota esquisita que eu costumava ser, essa eu queria deixar nos Estados Unidos.

Eu conversava com um grupo de calouros, como eu, mas bem mais animados, sobre todas as novidades de se estar numa universidade quando eu o vi pela primeira vez. Um homem lindo, reservado e com seguranças demais em sua volta para o meu próprio entendimento. Mas o que mais me chamou atenção naquele momento fora o seu jeito tão discreto e esforçado. Ele parecia ainda mais bonito enquanto se concentrava no que parecia ser um exercício. Suas feições mudavam do sereno para o grave em questão de segundos e eu imaginava que nunca vira alguém como ele antes.

— Não perca seu tempo. – disse Jéssica ao perceber que eu observava o rapaz demais. – Ele não namora... Bom, pelo menos não pessoas normais.

Que afirmação estranha, pensei.

— Por quê?

— Acho que não tem permissão para isso, sei lá...

— Como uma pessoa não pode escolher quem quer se relacionar.

— Que?! Você não sabe quem ele é?

— Não. – disse ao mesmo tempo em que pensava na possibilidade de existir alguém tão importante nesse país tão pequeno.

— Ele é o príncipe Edward. O futuro rei de Belgonia. Jura que não sabia?

— É claro que não. Eu morava nos EUA, lá não tinha esse negócio de monarquia.

Monarquia... Isso parecia tão bizarro para mim quando eu voltara para Belgonia. Nos Estados Unidos cada celebridade era um pouquinho de príncipe ou princesa, pelo menos recebia tanta atenção quanto. Só num país tão pequeno como Belgonia, um príncipe cursaria uma universidade com os seus súditos. Mas pensando bem, com o dinheiro que ele tinha, poderia muito bem estudar fora, mas por que então ele escolheu a Universidade de Belgonia? Interessante...

Mais tarde quando pensei que nunca mais iria vê-lo, ou pelo menos não por um bom tempo, porém lá estava ele, sentado sozinho aguardando a aula começar. Olhei para todos os lugares para ver se tinha algum vazio, mas não, só restava eu sentar ao lado dele. Gelei de repente. Como eu deveria agir? Eu não entendia nada desse negócio de como se deveria tratar alguém da realeza. Eu nunca convivera com essa cultura de monarquia. Resolvi sentar e agir normalmente, era o melhor que eu poderia fazer.

— Bom dia. – eu disse enquanto arrumava as minhas coisas para a aula.

Ele despertou do transe em que estava na hora em que falei com ele. Parecia que ele estava há milhas de distancia dali e não percebera minha aproximação.

— Bom dia. – ele respondeu, dessa vez me observando com muita curiosidade.

— Espero que não esteja lhe incomodando... Só havia esse lugar vago.

— De maneira nenhuma. Você não me incomoda. Eu é que devo lhe pedir desculpas pela minha falta de modos. Eu estava distraído... A propósito, meu nome é Edward. – falou estendendo a mão para mim.

— Bella, quer dizer, Isabella.

— Muito prazer Isabella ou prefere Bella?

— Bella é melhor.

— Como queira.

Formos interrompidos pelo início da aula. A disciplina era literatura regional. Eu sempre gostara de ler, na verdade, eu era maníaca por leitura e por isso resolvi cursar literatura Inglesa. Eu me lembro de estar muito ansiosa por essa disciplina. Eu já tinha lido muitos livros e me envergonhava o fato de conhecer muito pouco sobre a literatura do meu próprio país e hoje eu me arrependo por não ter prestado a devida atenção que essa matéria merecia.

Olhei para Edward ao meu lado como se não quisesse nada e para minha surpresa, a aula também não parecia interessante para ele também. De vez em quando ele dava uma olhada em mim também e aquilo me deixava ainda mais nervosa. Será que ele me achava estranha como todos os outros achavam? Ou ele estava irritado pelo modo como eu o tratei? Certamente ele deveria estar acostumado a ser tratado com toda formalidade que sua posição exigia e eu, é claro, não seguira o protocolo. Olhei para ele novamente e tive a sorte de pegá-lo fazendo algumas anotações, ele não parecia irritado... Então por que então ele olhava tanto para mim?

— Então queridos, encerramos por hoje, mas eu gostaria realmente que vocês fizessem um dupla com o parceiro ou parceira ao lado e me trouxessem uma análise de algum livro de um ator Belgonês. Devo lembrá-los que quero esse trabalho para a próxima aula.

Ok, eu estava interligada a um príncipe. Que bacana... Agora que eu viraria mesmo uma aberração.

— Acho que somos parceiros agora. – ele disse com um sorriso acalentador.

— Sim somos. – Falei enquanto me levantava.

Eu ia falar alguma coisa, mas de repente, tropecei na carteira, derrubando todos os meus livros no chão. Contei até três no pensamento, tentando me livrar da vergonha que eu estava passando. Como eu poderia ser tão desastrada?

— Deixe-me ajudá-la.

Edward abaixou- se e apanhou os meus livros junto comigo. Ele estava a centímetros de mim e quando levantei a cabeça acabei batendo no queixo dele. Sim, isso só acontecia comigo.

— Desculpa. Pelo amor de Deus, desculpa.

— O que isso? Não foi nada. Não se preocupe.

Levantamos e ele devolveu os meus livros. Tentei sair dali o mais rápido possível como uma idiota que era. Ele deveria estar pensando que eu era uma anormal. Olhei para trás e ele parecia ir ao mesmo caminho que eu. Será que me seguia?

— Isabella? Espere!

Parei abruptamente e esperei que ele me acompanhasse.

— Eu gostaria de saber se poderíamos... É de repente... Tomarmos um café ou qualquer coisa...

O que? Estava recebendo um convite para sair de um príncipe? Ou estava sonhando?

— É...

— Para conversarmos sobre a análise que temos que fazer. Mas se você não quiser... Tudo bem... Eu vou entender.

—Não. Quer dizer, eu aceito.

— Ótimo! Eu conheço uns autores incríveis! Tenho certeza que irá adorar!

E assim começaria o meu destino. Uma vida que eu jamais pensei que seria capaz de viver.


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