A guerra entre os reinos Angel e Hunter perdurou por duas gerações, nos últimos anos mesmo com todas as tentativas do Rei Angel Charles Novak de um acordo de paz, nada foi conquistado devido as recusas do Rei Hunter John Winchester, entretanto isso mudou depois do falecimento do último, já que seu herdeiro e filho mais velho Dean, havia de imediato após o período de luto enviado seu mais confiável amigo Robert Singer como emissário para organizar enfim algo que agradasse ambos os reinos. Nos primeiros dias de reunião todas as ideias dadas haviam sido rapidamente rejeitadas, vendo que a chance de paz estava por um fio e este já parecia muito frágil, o Angel ofereceu seu filho mais velho e herdeiro como consorte para o Hunter mas este assim que recebeu a mensagem negou veementemente, no entanto a ideia pareceu a mais certa. Tinha sido necessário dez dias com mensagens trocadas entre o Singer e seu rei para que o monarca ainda que contrariado e irritadiço aceitasse que o casamento realizado fosse entre Samuel, seu irmão mais novo e herdeiro com o filho mais jovem do outro, este sendo o doce e tímido Castiel. A base central do acordo fora o matrimonio foi a exigência do rei Charles para que os Hunter fornecessem ajuda na reconstrução do reino todavia a única exigência feito pelo outro foi que seu irmão não se afastasse de si, o que foi prontamente aceito, em consequência disso, o jovem príncipe Castiel acompanhado de seu irmão mais velho Gabriel e guerreiros fortemente armados estavam os levando ao reino vizinho para as eminentes bodas.

Era um caminho difícil e perigoso o que tornava tudo um tormento já que a ameaça dos que não aceitavam a paz pairava em cada curva das montanhas assim como os bandidos e homens quebrados que a guerra criou. Com apenas dois dias para a chegada as coisas começaram a piorar, primeiro com uma chuva torrencial, depois com a queda de uma arvore na estrada que os impediria de prosseguir com as carroças de presentes e suprimentos. Obrigados a montar acampamento mais cedo enquanto tentavam retirar o empecilho, não notaram a aproximação de bandidos sendo assim o que deveria ser algo fácil de contornar acabou mais complicado.

Castiel estava sentado na parte de trás de uma das carroças enquanto tentava ler na escuridão que pairava, seu irmão tirava um cochilo depois de ter tido a força de vontade de escutar as duas primeiras páginas mas sendo um homem inquieto e muito ativo pouco conseguia se concentrar em coisas relaxantes e cada vez que o moreno acaba lendo, o mais velho ou fugia para buscar atividades a seu agrado ou em ocasiões como essa que não tinha escapatória acabava dormindo embalado pela voz baixa e rouca do mais novo. Com a aproximação da noite ouviram sons difusos que com a chuva eram baixos demais para ser reconhecidos. O príncipe loiro acordou surpreso todavia manteve a si e seu irmão no maior silencio que poderiam afinal nem um deles era lutador e embora Castiel soubesse usar uma lamina não poderiam arriscar. Pensando rapidamente Gabriel fez sinal para seu irmão ir devagar para o outro lado da carroça para que pudessem aproveitando a escuridão escapar para a borda da floresta onde sabiam correr o rio, embora não fosse uma boa ideia, era melhor que ficar e arriscar ser capturados ou mortos se os que atacavam vencessem a luta, porém mal haviam descido pelo lado dos cavalos quando o mais velho foi flechado na perna.

— Continue Cassie! – Gabriel mandou ainda do chão enquanto tentava procurar de onde tinha vindo o ataque, levantou tremulo de dor mas se pôs na frente de seu relutante irmão.

— Não... – Castiel olhava para o homem que se aproximava por detrás das carroças, ele segurava uma besta, tinha um sorriso mau e dentes tão sujos que mesmo a escuridão não podia esconder.

— Saia. – O mais velho falou ainda tentando protege-lo com seu corpo.

— Eu não faria isso se fosse você pequeno príncipe, tenho ordens para levar ambos mas nada me impede de levar apenas um, falta eu decidir...  – O homem foi interrompido por um forte relâmpago seguido por trovão, aproveitando disso, Gabriel empurrou o mais novo em direção a floresta enquanto ele mesmo se jogava por baixo da carroça para proteção.

Muito assustado e sem conseguir enxergar nada em seu caminho, Castiel corria ofegante tanto do esforço quanto das lagrimas, os galhos úmidos machucavam sua pele delicada e as pedras feriam seus pés desacostumados, contudo pouco percebia além da voz de seu irmão o mandando ir, que ainda reverberava em seus ouvidos, no que para ele pareciam horas, sentiu tardiamente que o terreno mudava então pouco pôde fazer para se impedir de cair no rio, que com a chuva impetuosa, estava profundo e com fortes correntezas.