Amor Perfeito XIV - Versão Arthur escrita por Lola


Capítulo 54
Movendo as peças do xadrez


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥



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Kevin Narrando

Tentava me livrar de todo aquela melancolia que ficou em mim após aquela tarde. Só que eu não sabia como fazer isso. Lutava tanto para não ir para esse lugar de desesperança de novo e agora tudo o que eu via era desespero e escuridão.

— Sabia que estaria aqui. – ouvi a voz do meu irmão que se sentou ao meu lado. – Ela tá preocupada com você, pediu que te encontrasse. – continuei olhando pra frente. – Mas não vim por ela. E não se preocupe, eu a deixei na casa da Sophia, as meninas iriam se reunir hoje a noite.

— A decisão do prefeito de manter esse lugar foi assertiva. Podemos ser invadidos por um novo vírus, não é? Só assim para todos sofrerem e não ser tudo tão injusto.

— Ela vai superar isso. E talvez volte até a ter emoções... – fiquei em silêncio.

— E depois? – o olhei. – Ela regride de novo? Desse jeito ela nunca vai poder ser independente. Nunca vai ter uma vida normal.

— Eu sei disso. E é por isso que eu sempre vou estar lá por ela.

— Acho difícil. – continuei olhando pra frente. – Ela é sua ex namorada e é linda, quem aceitaria? Nenhuma namorada vai estar bem com isso. E você tem o direito de seguir a sua vida.

— Se a pessoa que estiver comigo não entender que preciso cuidar de Alice, eu não vou ficar com ela. – pensei um pouco naquilo.

— Letícia entende? – nos olhamos.

— Não começamos a namorar. Não queria entrar em um relacionamento por diversão, Letícia é ótima, não posso iludi-la apenas por não poder ir atrás de quem eu realmente quero.

— Como consegue? – ele ficou me olhando. – Eu jamais conseguiria cuidar do Murilo.

— Sabendo que é disso que ela precisa. Alice não precisa de um namorado agora. Eu custei a entender e aceitar isso.

— Ela é a garota mais forte que eu conheci em minha vida.

— Por isso vocês se dão tão bem. Você é o cara mais forte que eu conheço... E te ver despedaçado por causa dela... – o cortei.

— Você já me viu despedaçado outras vezes.

— Mas agora que você tá tão feliz e bem com Rafael... E por falar nele... – nos olhamos. – Você vai ter um trabalhinho para contornar o fato de ter saído sem dar nenhuma explicação a ele. Sabe que o deixou preocupado né?

— Que merda. – passei as mãos no rosto.

— É que a forma como você estava e como saiu... É normal que ele fique assim.

— Não precisa defendê-lo. Sei que estou errado. – falei baixo.

— Só não quero que se desentendam. Já brigaram nos últimos dias né?

— Estou com medo que chegue ao ponto em que eu só espere a próxima briga.  – o olhei. – Ele é tão inseguro, não sei o que fazer pra mudar isso.

— Não mude. Entenda, eu já te disse isso. Rafael nunca foi o mundo de alguém. Ele não consegue se colocar nesse nível de importância, na cabeça dele você pode troca-lo a qualquer momento.

— Vou me esforçar. – suspirei. – Vamos. Quero conversar com ele antes de irmos para a faculdade.

— Ah é, agora você também estuda. – ele sorriu. – Vou custar a me acostumar com isso. – me levantei e ele também. – No fim do ano Caleb vai mesmo se candidatar? Se for ele vai destruir esse abrigo. Sabe disso né? – nos olhamos. – Ele odeia esse lugar e tudo o que ele lembra.

— Acho que ele já desistiu disso. – olhei pra frente encarando aquele ambiente que me trazia tantas lembranças que eu nunca esqueceria.

— Oi. – cheguei ao quarto de Rafael após passar no hotel e me arrumar para ir a aula.

— Não quero conversar agora. – ele continuou o que estava fazendo.

— Não precisa conversar só escuta. – suspirei. – Tem muita coisa que eu guardo pra mim e prefiro não demonstrar, uma delas é o quanto a doença da Alice me deixa mal. Infelizmente deixei isso claro a ela hoje. E é por isso que a gente estava daquele jeito. Perdão por não ter dito na hora, eu sei que era isso que eu devia ter feito. – o olhei. – Quando quiser a gente conversa. – ele me puxou antes que eu saísse e me abraçou.

— Não faz mais isso.  É horrível saber que alguma coisa te deixa tão mal e eu nem sei o que é e não posso ajudar. – o olhei e sorri.

— Não me faz chorar mais hoje. Já foi o bastante e anormal pra mim.

Arthur fingiu um drama quando Rafael preferiu ir para a faculdade comigo, mas no fundo ele estava aliviado por estarmos bem. Aquelas malditas horas estudando eram um saco. Mesmo que a ideia de Alice fosse boa, ela estava errada. Ao contrário do que pensamos, o cara a mando de Diana não me abordou como um entregador e sim como um cara qualquer enquanto saímos da aula. O que mais me irritava nessa garota era ela sempre saber de tudo e estar um passo à frente na maioria das vezes.

— Olá Kevin. – já travei meu maxilar e fiquei nervoso no mesmo instante. Arthur olhou pra mim e depois Rafael, sabendo que a reação dele ao ver um cara perto de mim não seria nada legal.

— Não te conheço, não sei quem você é e não estou com a mínima vontade de descobrir. – tentei ir em frente, mas ele continuou falando.

— Se eu estivesse com o Luiz você se lembraria de mim né? – maldita hora que a Alice não estava comigo. – Claro, ele sempre foi mais importante.

— Vai para o inferno. – falei entre os dentes. – E manda aquela psicopata procurar outra pessoa para atazanar. – entrei no carro e Rafael veio comigo. Tentei me acalmar antes de partir e vi o sorriso maldoso do individuo que me fez chegar ao limite.

— Não faz isso. – Rafael me segurou antes que eu saísse. – Vamos embora.

Passei o caminho todo em total silêncio e mesmo os vinte minutos entre Alela e Torres, que fiz nesse tempo por estar quase correndo, não foram o suficiente para que eu me acalmasse.

— Você não vai atrás dela né? – ele perguntou assim que cheguei.

— É isso que ela quer. Danilo já havia me avisado.

— Isso não é estranho? – fiquei esperando o resto de sua fala. – Ele dizer o que ia acontecer. E não sei... Parece que isso só te faz ficar preparado para se estressar mais. Se tivesse sido pego de surpresa talvez sua reação fosse melhor.

— É? – o encarei nervoso. – E a gente teria brigado feio. Você iria aceitar aquilo? Alguém chegando até a mim como se tivesse intimidade e ainda falando no nome do Luiz?

— Vai começar a me tratar mal de novo? – parei e respirei fundo.

— É melhor você ir, amanhã a gente se fala. – falei com mais calma.

— Não. Se eu te deixar sozinho agora você vai remoer isso até procurar Diana.

— Por favor, Rafael. – ele não me atendeu e continuou no carro.

— Sabe qual é o seu problema? – perguntou depois de um bom tempo. – Às vezes você simplesmente some. Entra pra dentro de você e me deixa do lado de fora. Odeio muito isso.

— É o meu jeito. – quase perdi a voz ao final da frase. Porque não, isso não era totalmente verdade. Eu era desse jeito com todo mundo, menos com uma única pessoa. Murilo. Parecia que com nós dois tudo era transparente demais e muita coisa não precisava nem de ser dita e quando precisava... Eu dizia. Não queria me recolher assim como fazia com Rafael. E parece que cada coisinha que era diferente entre ele e Murilo o afetava bruscamente.

— Eu já fiz de tudo. Já até liguei para o seu ex namorado pra me ajudar a te entender e a te ajudar. Não sei mais o que fazer Kevin.

— Talvez você não consiga ficar com alguém como eu. Não sou perfeito Rafael. Sou introspectivo, agressivo e altamente manipulador. Já melhorei muito com você. Desde meu último erro eu nunca mais fiz joguinhos contigo ou algo do tipo. Mas não posso ser outra pessoa.

— Isso é uma sugestão de término? – o olhei.

— Jamais. É uma dica para uma autoanálise. Não vai adiantar ficarmos batendo cabeça juntos. Se você concluir que não dá pra ficar comigo eu vou entender.

— Depois de tudo que já passamos... Da facada que eu levei por causa do seu pai, do meu problema em me aceitar, do Murilo Kevin... Você acha mesmo que eu não tenho uma conclusão?

— Talvez então essa conclusão vá contra ao fato de sempre estarmos em conflito por causa do meu jeito. – ficamos nos olhando.

— Vou ir dormir, eu estou com sono. – sorri levemente concordando. – Boa noite Kevin.

— Boa noite Rafael. – respondi no mesmo tom de voz triste e cansado.

Quinta feira. Era um dia bom porque aproximava da sexta. Mas ainda era quinta feira. No horário de almoço subi até a cobertura como eu geralmente estava fazendo. Não gostava de almoçar no restaurante. Arthur estava comigo. E ele ficou tão surpreso quanto eu com a cena que vimos pouco tempo depois de chegarmos. Rafael e minha mãe entraram com algumas sacolas.

— Ei meu amor. – ela veio me beijar. – Chamei o meu genro para fazermos compras. Dei uma camisa linda a ele. – o olhou. – Não mostre a ele. Quero ver se ele vai saber quando usar.

— Ah eu vou saber. Com certeza vou saber. – falei com convicção. Rafa chegou até a mim e selou nossos lábios.

— Tenho que voltar. O meu horário de almoço acaba agora. – avisou apressado.

— Você comeu? Ou ficou por conta dela? – perguntei baixo, mas ela ouviu.

— Claro que ele comeu. E ele não estava por minha conta! Foi só um passeio entre sogra e genro. – aproveitei que ela havia ido pra dentro.

— Qual foi o favor que ela te pediu? – questionei de forma séria.

— Nenhum Kevin. Ela só queria conhecer o namorado do filho melhor. – ele não ficou contente com a minha pergunta, mas relevou. – Ela está feliz por você ter parado de brigar com o seu pai o tempo todo e por estar trabalhando e estudando. Ela acha que eu tenho influência nisso tudo.

— E você ficou se achando? – fez uma expressão de inconformado e pegou o celular.

— Tenho que ir, Ravi vai me matar. – me despedi dele e assim que ele saiu Arthur ficou me olhando.

— O que foi? – perguntei sabendo que havia algo errado.

— Ele me contou da discussão de ontem. – suspirei pesadamente. – Desculpa me intrometer, mas eu acho que vocês dois estão tendo problemas que todo casal tem no início e não é porque você é traumatizado com um pai horrível que isso tá acontecendo. Quando namoramos é normal demorarmos a nos encaixarmos um no jeito do outro. Não se sinta culpado e nem o culpe.

— E o Arthur perfeito reina outra vez. – debochei e sorri. – Obrigado. Por isso ele estava tão bem. Você o tranquilizou.

— É pra isso que eu sirvo afinal, acalmar tudo e todos. – senti uma dor no peito. Não sei se foi sua fala ou se por saber que ele sempre ajudava todo mundo e mesmo que fosse quem mais merecia ser feliz entre a gente, não era o que acontecia. E isso me deixava muito mal.

Arthur Narrando

A minha sorte era que nessa sexta feira Kevin estava animado com o voo que faria com Rafael no fim semana, caso contrário ele com certeza perceberia que havia algo errado. E havia. Algo muito errado.

O meu pai me contou que precisaria de mim no hotel da capital. Lógico que eu disse que não, a minha vida era em Torres e Alice precisava de mim ali. Só que eu descobri que eu não tinha escolha.

Olhei meu irmão entrar com a mãe em minha sala. Ela enchia o saco dele sobre algo e ele ignorava como de costume.

— Sempre sei quando você está escondendo alguma coisa. – ele se sentou na cadeira e a rodou. Depois olhou para a sala do pai onde a mãe estava. – Sei que nada acontece nesse hotel sem que ele fique sabendo, se quiser podemos conversar longe daqui. Mas eu quero que me fale. – seu olhar era sério.

— Não está acontecendo nada. – menti. Parte do acordo era ir sem deixar rastros e ele entenderia tudo isso depois.

— Roubou alguma coisa com ele? – sua voz ia ficando cada vez mais dura e contundente. – Está sabendo de algo que eu ainda não sei? Os dois estão planejando uma nova jogada e estão me deixando de fora?

— Ele tá preocupado. O cerco tá se fechando. Estão investigando algumas negociações dele, de todas as filiais que ele tem controle. Ele precisa da minha atenção total. E eu não sei se sou capaz. É muita responsabilidade e... Eu não consigo parar de pensar em Alice. – o olhei. – Agora com nós dois trabalhando, sem o Murilo aqui...

— Ela tá com Yuri. Relaxa Arthur. Eu estou em contato com ela o tempo todo. Eu quero saber é sobre você e aquele coisa ruim. Algo não está me cheirando nada bem.

— Um contrabando pode coloca-lo na cadeia e arruinar o nome do hotel. – ele me cortou rapidamente.

— Que contrabando?

— Não. – entendi seu olhar. - Não são drogas nem armas. É algum produto para alguma empresa do pai de Diana.

— Por que ele faz tanta coisa pra esse cara? – ele chegou mais perto.

— Por que seria? Dinheiro. Você acha nossa família rica? Se ele fosse descoberto, certamente seria o mais procurado do País, o cara é bilionário na base da ilegalidade.

— Então por que ele trata o filho daquele jeito?

— Agressão física a uma garota é algo tão grave a ponto de fazê-lo mudar até de cidade. Acha que ele não levou um prejuízo enorme com isso? – ficamos nos olhando e eu ri. – É interessante eu saber mais coisas que você. E bem inusitado.

— Vai se gabar agora? – ele ergueu as sobrancelhas. Sua mãe saiu da sala e veio direto até ele.

— Você tem a esperteza da sua mãe e a maldade do seu pai. – passou a mão em seu cabelo. – Não deixe sentimentos te controlar. – ele franziu a testa a analisando. – Estou indo, te vejo lá em cima. – assim que ela saiu ele ficou me olhando.  Não demorou muito e ele foi até a sala do pai. Fui atrás dele. Caleb estava no telefone.

— Eu não vendo imóveis, eu compro. – dizia nervoso. – Não quero saber. Se vira. – ele desligou e nos olhou. – O que vocês querem?

— O que você tá obrigando Arthur a fazer? – ele me olhou mais nervoso ainda. – Vocês dois não me enganam.

— Com irregularidades financeiras, dinheiro misterioso entrando e saindo do grupo Montez, você acha que eu iria perder tempo mandando o meu filho que é útil arrumando essa bagunça, fazer alguma coisa errada?

— Não vou perder meu tempo com vocês. – Kevin saiu com raiva.

— Ele não vai nos atrapalhar né? – meu pai questionou me encarando.

— Sem chance. Escolhi um dia que ele estará distraído. Sabe quanto tempo vai demorar até que resolva tudo?

— Não tem como saber. Sei que tá preocupado, mas quando ele entender que foi por ele que fez isso ele vai te admirar mais ainda.

Tudo o que eu faria, a forma como eu iria ir pra capital passar um tempo lá e fingir que não estava nem aí pra nada e ninguém, fazia com que eu sentisse necessidade de procurar Alice antes de tudo aquilo acontecer.

— Só queria te dizer que mesmo que você se decepcione comigo eu sempre vou te pedir perdão e mesmo que fuja de mim, como você vem fazendo há um tempo, eu vou atrás de você. Nunca duvide disso. – ela ficou me olhando sem entender.

— Por que está dizendo isso?

— O seu problema... A gravidade dele... Sei que precisa de tempo. E eu também preciso. Parei de ficar te cercando porque eu não podia ficar tentando preservar algo que já nem existia mais, só que eu sei que a ideia de te perseguir pra sempre ronda a minha mente e eu não consigo me livrar disso. Então mesmo que duvide, ainda que minhas atitudes pareçam o contrário, é assim que eu me sinto...  Precisava que soubesse. – ela ficou sem palavras, como eu imaginava que ficaria. – Eu te amo Alice. – beijei sua testa. – Se cuida e cuida do Kevin. – falei antes de ir embora para o aeroporto. Ela ficou paralisada demais ao perceber que era uma despedida e isso me deu tempo até que ela conseguisse ligar para o meu irmão e contasse tudo a ele.

Otávia Narrando

Não acreditava que estava fazendo aquilo, agindo feito uma boba que acreditava no sentimento de um cara que já havia me enganado. Eu não era assim. Mas estava sendo.

— Eu não devia estar te encontrando e você sabe disso. – disse ao ver Danilo se aproximando. Era noite de sexta e marcamos em um canto da cidade que ninguém nos veria.

— Da última vez você disse a mesma coisa. – se aproximou e me beijou, sem pedir licença e nem se preocupar com a minha reação. Ele seria bem recebido, sabia disso. Eu era tão previsível. Acho que puxei minha mãe.

— A gente podia ir a Alela. Fazer alguma coisa normal que um quase casal normal faz. – o olhei quando nos distanciamos.

— Os seus irmãos podem aparecer por lá a qualquer momento. Ou alguém pode ver.

— Você tem medo deles, não tem? – nos olhamos. – Pra alguém que é parecido com Kevin e se diz tão esperto você tá se mostrando muito covarde.

— O meu sentimento é maior que a vontade de arriscar. – sua mão veio até o meu rosto onde ele fez carinho. – Não quero te perder Otávia.

— Tá bom. – resmunguei deixando aquilo pra lá.

— Como foi hoje? Kevin disse alguma coisa sobre Diana? Ele não me mantem informado e eu já disse a ele que isso é um erro.

— Kevin está ocupado com assuntos do pai. Faz tempo que ele não reúne todos. Não vamos entrar nisso, não quero falar mais do que devo.

— Ainda não confia em mim né? – ele sorriu. – No fundo você confia, só não quer admitir pra si mesma por medo da opinião dos seus amigos, primos e irmãos. – ele pegou em minha mão. – O rei confia em mim. Seja uma súdita fiel. – rimos juntos.

— Ele está amando... Talvez tenha ficado mais benevolente e menos perspicaz.

— Acho que eu o entendo bem. Agora me dá um beijo. – ele me puxou com sutilidade. Era um erro e eu sabia disso. Mas errar nos braços de Danilo valia a pena.

Rafael Narrando

Aquele sábado seria inesquecível. Sim, seria. No fim dele descobri que não seria apenas por acontecimentos bons e também por um terrível. Só que no início ainda não sabíamos de nada.

— Meu pai está ligando. – falei quando entramos no carro para irmos para o passeio de salto duplo de paraquedas. Depois que atendi e conversamos, Kevin me olhou e sorriu.

— Vocês dois estão cada vez mais próximos né? – concordei.

— Acho que isso se deve ao nosso namoro. Fez com que ele amolecesse bastante.

— Então pelo menos uma coisa boa eu trouxe pra sua vida. – pegou minha mão e beijou enquanto dirigia.

— Tá fazendo charme né? – ele me olhou e sorriu. Idiota.

— Minha mãe não para de falar em você. Ela te amou mesmo.

— Ah... Por falar nisso... – nos olhamos.

— Sabia. O que ela quer? – ele riu invés de demonstrar impaciência.

— É que tem um trabalho que ela queria muito fazer, mas pediram que você fizesse algumas fotos também... – esperei que ele viesse com gritos e berros.

— Tá bom. Eu faço. – o olhei assustado. – Não sei por que ela tá tão apreensiva, ela cansou de me colocar para fazer esse tipo de foto quando criança.

— E você odiava. Ela me disse. Por que aceitou assim tão fácil?

— Estou preocupado com outra coisa. Não quero perder tempo brigando com a minha mãe.

— E agora eu estou preocupado com você. O que é hein? – ele pegou o celular e começou a mexer lendo uma mensagem e ficando pensativo.

— Meu pai Rafael. Perdão. Não dá pra apaga-lo simplesmente.

— Você me prometeu que hoje seríamos apenas nós dois. – o olhei.

— E vou cumprir. Você não sabe o esforço que estou fazendo pra me concentrar em estar aqui e não em investigar o que está acontecendo.

— Ouvir isso é péssimo sabia? – esperava que o tom de mágoa em minha voz o fizesse entender como eu estava me sentindo.

— É que estou com medo de Arthur estar se metendo em uma enrascada por causa dele.

— E você tem que deixar. Ele tá indo atrás da vingança dele. Passo a passo, um caminho lento e difícil. Tira a sua cabeça disso Kevin, por favor. – peguei seu aparelho. – Desliga o seu telefone. – ele se rendeu e deixou que a nossa manhã e tarde fosse do jeito que eu queria.

Voamos, tiramos fotos panorâmicas e nos divertimos. Estava sendo perfeito. Por algum tempo eu senti que ele realmente relaxou e deixou de lado toda essa coisa chata e complicada que era a vida dele.

— O que foi? – perguntei vendo que ele me olhava querendo sorrir, mas continuava sério.

— Aquela garota ali atrás... Ela não para de olhar pra você. – ele fixou os seus olhos nos meus. Dei um sorriso.

— Ah! Te incomoda? Achei que o ciumento aqui fosse eu. – ele ficou ainda mais sério.

— Eu sou possessivo com você. – baixei o rosto. – Só fui sincero.

— Algumas coisas que me diz ainda me deixam um pouco contido.

— Não tem motivo pra isso. – ele olhou para outro lugar que devia ser a garota. – Vou fazer com que ela pare. – sua ameaça me fez ficar receoso.

— Para com isso. – pedi de forma apressada.

— Você me assumiu até para os seus amigos da faculdade, por que isso?

— Qual é Kevin? Vamos terminar esse dia brigando por causa de uma garota idiota?

— Se fosse você que tivesse com ciúme já estaria em cima de mim. Vamos embora logo. – ele se levantou. – E só pra você saber, eu só ia pegar em sua mão.

— Por quê? – me levantei também.

— Sempre fui discreto. Não gosto muito de demonstrações públicas de afeto. As pessoas... Elas não são muito receptivas. E até as que são não conseguem parar de olhar. Não gosto de me sentir como um animal no zoológico.

— Mas eu gosto. – o beijei e vi que ele não gostou.

— Não faz mais isso. – ele me olhou sério. – Não devo nada a ninguém e não quero passar a dever ás autoridades. Sabe que eu não tenho o mínimo de calma.

— Sim. Eu sei. Principalmente quando algo está te deixando preocupado. – peguei seu celular em meu bolso. – Toma.

— Obrigado. – segui em frente após o seu agradecimento.

Alice havia mandado mensagens ao Kevin, pois estava preocupada com Arthur. Mas ele já havia deixado alguém na cola dele e o viu indo até o aeroporto. Ao chegarmos em casa descobrimos pela mãe dele que ele decidiu passar um tempo na capital.

— Como assim? – ele tentou manter a serenidade.

— Ele vai fazer vinte anos. Não mando na vida dele mais. Desde que ele decidiu sair do emprego eu não estou mais entendendo Arthur. Ele tá perdido.

— E onde ele vai ficar? No hotel?

— Não. Ele alugou um apartamento no nome do pai. Caleb foi quem me acalmou bastante a respeito desse assunto.

— Onde é esse apartamento? – ele tentava ligar para o irmão, mas parecia estar desligado.

— Você não vai atrás dele. Ele quer ficar sozinho. Respeita a decisão dele.

— Você é louca ou se faz? – o olhei com raiva. – Não foi decisão dele!

— É melhor você sair da minha casa se for para me desrespeitar.

— Não entendo como ele ainda te manipula mesmo vocês dois separados há anos e você não o amando mais.

— Já disse... – ele a cortou.

— Não vou sair daqui. E eu não me importo com o que você diz.

— Sua mãe te deu tudo, menos educação né? – parei em sua frente antes que ele voasse no pescoço dela.

— Liga para o Murilo. Talvez ele saiba de alguma coisa. Arthur sempre desabafou muito com ele. – sugeri e ele aceitou. Mas ele não sabia de nada.

— Já se acalmou? – Luna perguntou o olhando. Ele estava visivelmente mais calmo. – Arthur vai voltar Kevin. E vai ser rápido, ele me prometeu. – agora ele pareceu sentir pena da ingenuidade dela.

— Vou ir tomar um banho. Controle-se. – pedi e fui subir só que parei ao ouvir a voz dele.

— Sei que você e meu pai não tem um caso. Então por que isso? Por que acredita tanto nele? – me preparei para voltar. Luna riu.

— Não acredito. Eu o respeito. É o pai dos meus filhos. – ela respirou tão fundo que pude escutar. – Vamos falar de você. Tá tudo bem amar duas pessoas. Eu mesmo amei. Não se atormente tanto por isso.

— Amou meu pai e Ravi ao mesmo tempo? – ela concordou. Continuei na metade da escada escutando. – Por um curto período, mas sim. Só que o amor exato sempre prevalece.

— Exato?

— É. Exato. Perfeito. Primoroso. Adequado. Correto. Aquele em que os anos não conseguem enfraquecer.

— Por que caralho nós estamos falando de amor quando o seu filho pode estar correndo risco de vida?

— Arthur está ótimo. Ele já me ligou de lá e se ele não está falando com vocês é porque ele não quer, respeite isso. – a vi passando a mão no ombro dele e vindo em direção a escada, então subi rapidamente. E eu sabia que não, ele não iria respeitar.


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Notas finais do capítulo

Até amanhã ♥



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