Amor Perfeito XIV - Versão Arthur escrita por Lola


Capítulo 46
Volta triunfal


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥



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Kevin Narrando

Achei que já tinha vivido de tudo naquela noite, mas vi que estava enganado quando Rafael sentou ao meu lado. Fiquei olhando pra ele esperando o que ele diria.

— Você tá puto comigo, não tá? – concordei. – Mas você tem que me entender, eu não vou deixar um cara vim do nada e ficar de papinho pro seu lado.

— A questão não é essa... – eu iria falar sobre Murilo, mas notei que ele estava olhando pra gente junto do amigo. Preferi não trazê-lo para a conversa. Rafael aproximou seu rosto lentamente.

— Achei que eu não faria isso, mas eu vou fazer. – ele selou nossos lábios.

— É uma recaída? – sorri.

— Não porque não estamos separados. É uma vontade incontrolável que antes eu conseguia controlar com os meus problemas. – o puxei e o beijei. Não estava nem aí para quem estava olhando ou se meu pai podia chegar a qualquer momento e enlouquecer. Não me importava.

— Arthur foi pra casa e não voltou. – ele falou depois de um tempo e me olhou preocupado. – Ele não estava muito bem hoje.

— Parece que renunciou ao amor de Alice de uma vez por todas. Ele não comentou nada comigo. – suspirei. – Sinto que ele tá se afastando de mim e se não fosse esse nosso grande problema eu e ele nem conversaríamos direito.

— Mérito todo do seu pai. – ele deu um suspiro triste.

— Exatamente. – concordei e abaixei o rosto.

— Nem posso imaginar o que vocês dois passaram quando pegaram vocês. – ele me olhou com tristeza. – Você devia mesmo matar o seu pai. – seu humor mudou para raiva.

— Não estrague o trabalho da Alice. Ela está insistentemente tentando salvar minha alma.

— Rafael você não vai acreditar! – Lari disse ao chegar. E com ela veio quase todo mundo. – Uma amiga minha quer te conhecer. – apenas Kevin e Murilo haviam visto nosso beijo, ninguém sabia de nada ainda, então pra eles estávamos daquela forma estranha. – Não sei como vocês dois estão, mas ela me encheu tanto o saco pra vim falar com você...

— Posso conhecer a amiga dela? – ele me perguntou e sorriu. Fiquei sério. Eu não precisava responder essa pergunta. Ele pegou meu rosto pelo queixo o apertando. – Ele é muito fofo!

— Pelo visto a resposta é não. – ela disse rindo e saiu.

— Aquele cara tá vindo. Vou insulta-lo, estou avisando. – olhei e vi o tal do Kevin.

— Não precisa ficar me encarando, eu não me apaixono por homens que amam outro homem, tenho amor próprio. – ele já chegou afrontando o Rafael. - Você ainda não conseguiu controla-lo né? – ele me perguntou e eu vi que eu iria perder a paciência.

— Ele não é um animal para que eu o controle. – respondi tentando não me exaltar. – Fica na sua se quiser ficar aqui.

— Pra mim ele é pior que um animal.

— Devo ser um animal bem melhor que você que é um veadinho ridículo.

— Tá aí. Usou a palavra que você estava doido para usar.

— Não precisava falar assim Rafael. – uma das meninas disse e foi apoiada pelos olhares da maioria. Rafael percebeu e saiu de lá.

— Vai conseguir defende-lo? – olhei nos olhos daquele imbecil.

— Você é um veado escroto do caralho. – sai de lá antes que as coisas ficassem ainda piores.

— Você está bem? – perguntei ao achar Rafael afastado de todos.

— Não vai agir como todos e me condenar, me achar um intolerante ou sei lá o que? – ele perguntou sem me olhar.

— Eu me importo mais com você e ele te tirou do sério. Você tem problemas maiores que ele agora, tenta focar nisso e... – ele não me deixou continuar falando e me beijou.

— Você sempre se preocupa comigo. E mesmo com isso entre a gente você não muda o seu jeito. Como consegue ser assim?

— Você é um homem, deveria saber que quando um homem ama alguém ele não consegue desistir tão fácil assim. E como você me disse no dia que conversamos... Ainda namoramos. E eu cuido do meu namorado.

— E se eu não baixar a guarda?

— Pelo que estou vendo já tá baixando.

— Mas... Não é tão simples Kevin.

— Bom... Então nesse caso iremos terminar. Eu nunca vou forçar a barra com você ou com qualquer pessoa.

— Sabe que eu não te mereço né? – sorri. – Me leva pra casa. Essa festa já me encheu o saco. E estou mesmo preocupado com o Arthur. – sorri mais ainda.

— É muito bom ele ter você. Vamos.

Murilo passou como um furacão por Torres, mas felizmente já havia ido embora. E eu esperava que a próxima vez que ele viesse ele deixasse por lá aquele cara que tinha o mesmo nome que eu, mas que era mais idiota do que eu podia ser em toda a minha vida.

— Bom dia. – falei ao entrar no quarto de Arthur depois de ver que o quarto de Rafael estava vazio. – É um alívio te encontrar dormindo aqui depois de ver sua cama arrumada. – falei olhando pra ele.

— Agora que ele aceitou o fim do namoro está passando pelas fases do término então eu fiquei aqui pra ele se sentir melhor.  – ele respondeu enquanto Arthur nos ignorava.

— Ah é? E que fases são essas? – quase sorri.

— Pesquise. Uns dizem que são cinco e uns chegam até oito ou dez. Eu uso sete, que pra mim são as mais importantes. A primeira é choque. Foi como ele ficou um pouco antes de conversar com Alice. Ontem a noite ele estava em negação, se é que ele pode se permitir sentir isso, porque acho que ele já sentiu demais. – ele deu uma pequena risada. - Agora ele está com raiva.

— Ela não tinha o direito de fazer isso comigo e eu já devo ter dito isso alguma vez, mas... – olhei Arthur. – Agora é mesmo real e é tão desumano.

— Antes também era real, você só não queria aceitar. – opinei.

— Ah! A aceitação é a última fase. Sabemos que ele vai demorar a chegar lá.

— O que ele vai fazer nas próximas horas ou dias? – perguntei com medo.

— O que chamamos de negociação... Vai pedir para voltarem. Não pra ela, talvez pra entidade a qual ele acredite. Ou talvez pra ela, dizendo que pode fazer isso ou aquilo em troca. Mas acho difícil.

— Isso quer dizer que ele vai restaurar as esperanças?

— PAREM COM ESSA MERDA. – ele gritou e se levantou.

— Você tá atrapalhando a forma das fases dele fluírem bem. – ele me olhou e riu.

— O que você tá fazendo aqui? – Arthur perguntou de forma séria.

— Acabei de saber que Diana voltou. E sabe como? Com ela me ligando ameaçando o Yuri. Ou a gente acha o irmão dela ou ela vai machucar nosso irmão.

— Posso lidar com isso. – olhei para Yuri entrando e quase dei uma risada.

— Não deboche dele. – Arthur ordenou com a voz grave.

— Tudo bem. – peguei meu celular. – Só veja qual foi a mensagem clara do que ela fará com você. – ele arregalou os olhos e deu um passo pra trás. - Queria fazer parte disso? Aí está, é matar ou ser morto, ela te mataria na primeira chance. Então aguenta ou vai embora agora.

— Ela tá blefando. Ela não vai me torturar.

— Ela quer o irmão de volta. Ela torturaria até eu que ela diz amar e é louca obcecada.

— Mas por que ela quer o irmão de volta se ele tá contra ela?

— Preciso mesmo lembrar que ela não é uma pessoa normal?

— Já que o Yuri quer participar eu tenho uma ideia. – depois de eu dizer o que estava pensando Arthur ficou me olhando.

— Essa ideia é ruim.

— Isso de ideia ruim não existe. Só ideias incríveis mal executadas.

— Não gosto da ideia do Yuri estar na mesma casa que a Diana.

— O Yuri está seguro. Além do mais, é uma missão conjunta, totalmente sem riscos.

— Escuta. – ele chegou bem perto de mim. – Sem ataques escondidos, sem surpresas, sem nada que possa coloca-lo em perigo. Tá ouvindo Kevin?

— Perfeitamente chefe. – ele saiu irritado.

— Não fica assim, ela acha que está fazendo a coisa certa, pra você e para vocês dois. – Yuri disse chegando perto dele.

— Ele assim como você ganha na hora de consola-lo. – falei para Rafael e dei de ombros. – Não posso ser perfeito. – Estou indo e depois do almoço eu volto.

A gente se reuniu de tarde e todos ficaram sabendo que Yuri iria até Diana e então tudo foi decidido em recorde de tempo. Yuri saiu com Rafael para resolver algumas coisas e Arthur ficou para acertarmos detalhes finais, para que nada saísse errado.

— Luiz? – perguntei estranhando ele estar ali.

— Preciso muito falar com você. Fui até sua casa, não tinha ninguém, mas quando eu estava indo embora seu pai estava chegando e ele disse como eu chegava aqui... – ele estava nervoso e falava sem parar. Aquilo não era legal.

— O que aconteceu? – fiquei olhando esperando uma resposta. Ele olhou pra todo mundo.

— Por que você é tão discreto nas redes sociais hein? Por que eu não sabia que era o loirinho que era o seu namorado? – franzi a testa. – Aquele dia que você foi ao bar e disse aquilo tudo... – o interrompi.

— Tá Luiz. Diz logo o que quer dizer.

— Lembra a festa que você deu em sua casa? Ele ficou com um cara e... Eles se encontraram algumas vezes... Como amigos parece, é o que eu sei. O fato é que o Maicon tá louco por ele.

— E o que eu tenho a ver com isso? – ele deu uma risadinha irritante.

— Você não conhece o Maicon.

— E ele com toda certeza não quer me conhecer.

— Kevin... Quando ele souber que você é o namorado do cara que ele quer, eu não sei o que ele vai fazer, então achei melhor vim te avisar.

— Não vai ser um problema, porque eu não o namoro mais. – ele me olhou surpreso. – Eu disse aquele dia... Não estávamos bem.

— Menos mal. Digo... Que pena, mas que bom. – ele riu. – Você é esquentado demais e brigas podem acabar muito mal né?

— Você se preocupa mesmo comigo não é?

— Sempre. Queria que reconhecesse isso um dia. – o acompanhei até a porta e quando voltei meu irmão ficou me olhando.

— Ele te ama. – Arthur disse sério. Fiquei olhando pra ele. – E por que mentiu pra ele? Você ainda namora Rafael. É um namoro diferente talvez, mas é um namoro.

— Conheço Luiz. Tinha alguma coisa errada.

— Talvez esse Maicon o esteja pressionando. Ou talvez ele só esteja morrendo de ciúme de você. Eu te disse, ele te ama.

— Sabe o que eu mais gosto em você? – ele me olhou. – Da sua boca fechada. Vem agora. – seguimos Luiz até o bar e antes que ele o abrisse encontramos um cara diferente se exaltando com ele. Pude ouvi-lo dizer o nome dele.

— Eu o amo. – o cara disse assim que me viu.

— Eu sei, já estive em seu lugar. – cheguei bem perto dele. - Mas Rafael só vai te machucar, deixa que eu faça isso por ele. - o pressionei contra a parede. – Quem tá por trás disso? – perguntei baixo.

— É verdade que ele é homofóbico? – o apertei ainda mais. - Como vocês ficam juntos?

— Kevin você está machucando ele. – Arthur avisou bastante preocupado.

— Anda, responde. – mandei perdendo a paciência.

— Você é louco? Por que teria alguém por trás? – ele não diria nada. Soltei aquele com raiva. Não era possível.

— Você se encontrou com o tal de Maicon que você ficou aqui em casa? – perguntei assim que Rafael chegou.

— Casualmente. Ele estuda em Alela. Por quê?

— Nada. Só isso que eu precisava saber. Pode ir. Hoje a noite temos que fazer o negócio do Yuri e eu não quero distrações.

— Você vai me responder por que tá perguntando isso. – eu me levantei e fiquei de costas pra ele tentando pensar o que responder. – Tá achando que te trai com ele? Isso é impossível porque você me pediu em namoro um pouco antes do natal esqueceu?

— Você ficou com ele outra vez? – o olhei.

— Não. E não entendo você me questionar isso. Devia ser eu a fazer perguntas.

— Que? – fiz uma expressão como ele fosse ridículo e ele era.

— Essas fotos que eu recebi de você saindo na companhia de um cara me deixou com muitas dúvidas. – ele disse e pegou seu celular. Era o dia do bar. Agora a coisa toda se complicou ainda mais. Quem estava por trás do Maicon também estava por trás dessas fotos e essa pessoa não surgiu agora. – É... Você não vai mesmo me dizer nada. Tá aí o cara que preza pela fidelidade. Se alguém me contasse eu juro que não acreditaria, mas eu estou vendo e tem até vídeo. Vocês dois entrando em seu carro e depois a pessoa filmou... – ele ficou me olhando. - Você já sabe. Sabe muito bem onde entraram.

— Eu ia te contar sobre isso depois que você resolvesse o seu problema. Vai ser inútil eu tentar dizer que eu não fiz nada? É até porque eu fiz né. Só de ter ido já foi errado.

— Por isso estava agindo de uma forma tão perfeita comigo, por se sentir culpado?

— Não. Eu sou assim Rafael. Não estou me sentindo culpado, eu não fiz nada. Foi um erro, mas não tão grave pra eu me sentir culpado.

— Você tinha todo direito de fazer alguma coisa. – ele disse e abaixou o rosto. – Eu no seu lugar faria. Naquele momento eu estava estranho, te evitando e você achava que eu estava te traindo devido a uma fofoca da garota que eu amava antes. É a receita perfeita pra uma traição. – nos olhamos.

— Tem alguém tentando nos separar. – conclui após me sentir aliviado em saber que ele não terminaria comigo. – Mas por que essa pessoa esperou uma semana pra enviar esse vídeo e essas fotos?

— Uma semana depois que cheguei né? Ela podia ter enviado quando eu estava lá em casa.

— São muitas dúvidas. – fiquei pensando e tentando achar uma ligação naquilo tudo.

— E esse Maicon? – o olhei. Seu celular vibrou. – Seu irmão.

— Vai. Não o deixe mais nervoso do que ele já está.

— Ah, não. Agora ele tá deprimido. Já é a penúltima fase.  – ele sorriu. E então chegou perto de mim. – Ainda não estou bem com o que eu vi. Vocês trocaram telefones?

— Sim, mas eu apaguei assim que cheguei em casa.

— Bom garoto. – ele deu um sorriso grande. – Deve ter sido frustrante pra ele ir a um motel com um cara tão gato e não fazer nada.

— Na verdade foi proveitoso, batemos muito papo. – ele me olhou irritado.

— Tchau Kevin. – dirigiu-se até a saída.

— Isso foi por me fazer achar que você me traiu. – falei e mordi meu lábio inferior tentando não rir. Ele se virou e me olhou.

— Que pena que não era verdade. – respondeu nervoso e saiu com raiva. Não acreditava que ele havia dito aquilo. Rafael era ciumento em um nível absurdo, isso quase o controlava, mas pelo menos dessa vez ele foi prudente o bastante para saber que eu não fiz nada. Não posso nem pensar o que eu faria se essa armação tivesse dado certo.


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Notas finais do capítulo

Até amanhã ♥



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