Amor Perfeito XIV - Versão Arthur escrita por Lola
Notas iniciais do capítulo
Boa Leitura ♥
Kevin Narrando
Deixei Alice cuidando da psicopata da Diana e fui me encontrar com Kemeron. Estava mantendo contato com ele há algum tempo e desde que Rafael foi gravemente machucado eu o pedi para tentar descobrir o máximo de coisas que conseguisse, já que o pai dele também fazia parte de toda essa coisa suja com o meu pai e ele era alguém alheio a isso tudo ou pelo menos um pouco mais distante.
— Não descobri nada. – ele respirou fundo. – Não acho legal nos encontrarmos aqui em Alela Kevin. Eles vão ficar sabendo.
— Tá com medo né? – o olhei nos olhos.
— Não é isso. É que quanto mais você mexe nisso fica pior. Eles vão saber que você está tentando fazer algo.
— Eles já sabem. – ele deu uma risadinha como se já imaginasse e sorriu.
— Por que não foge?
— Até parece que não me conhece.
— Acho que só não faz isso porque estaria colocando a vida do seu irmão em risco. Agora se importa com ele né?
— Se não tem nada acho que já vou indo. – ele riu.
— O velho Kevin que corre quando fala de sentimentos.
— Sério? Eu me apaixonei por você Kemy.
— E o seu primo, como está? – engoli seco.
— Quer me torturar? – o encarei. Ele riu mais ainda.
— Nossa relação é tão boa que eu fico pensando que era mesmo necessário você não ser correspondido e eu te amar e surtar depois.
— Você não surtou. – respirei fundo. – Foi manipulado pelo meu pai. E eu me desculpo por isso.
— Não. Te obrigar a namorar comigo foi culpa minha e nada que eu faça vai ser suficiente para me redimir.
— Você quer que eu te dê um soco? – desviei o olhar.
— É... Alguém aqui realmente se sente muito confortável quando entra sentimento na conversa.
— O que eu faço? Só espero eles agirem?
— Confie no seu pai. Ele não disse que vai tentar fazer alguma coisa?
— Ah, você só pode estar brincando. Isso eu jamais faria. Estou pensando em algo. – olhei pra mesa.
— Atacar primeiro? E ser preso? E ser morto depois, por que é uma união grande que você nem sabe quais são os participantes e... – o interrompi.
— Só vou me proteger. Quando chegar a hora eu vou me defender.
— Seu irmão está de acordo com isso?
— Ele ainda não sabe. Iria falar com ele hoje, mas estava com esperanças de você me trazer algo novo e... – respirei fundo. – Acredita que uma garota que tem problemas sérios mentais está obcecada por mim?
— Sim. – ele riu. – Você é fofo. Digo... Fisicamente. E quando você vem com esse jeito grosso fica parecendo que tá fazendo charme. – ergui a sobrancelha e fiquei olhando pra ele.
— É isso que pensa de mim? Se rir mais uma vez eu vou te agredir.
— Posso sorrir? – ele segurou o riso e ficou olhando em meus olhos. – Você já sabe tudo o que eu penso sobre você. – sua mão veio até a minha, puxei rapidamente. – Tá com medo de mim? – ele ainda não sabia que eu estava namorando e com tudo isso eu não estava com tempo de bater papo.
— Vou ir. – me levantei. – Se souber de algo, por favor, me liga.
— Tá bom. – nos despedimos e ao chegar a Torres Arthur me mandou ir até a casa dele. Ao entrar em seu quarto encontrei Alice chorando.
— O que aconteceu? – perguntei olhando os dois.
— Bom... – ele respirou fundo. Seja o que for era mesmo sério. – Alice estava muito ansiosa para ver o irmão então ela não quis esperar sua resposta. – continuei olhando pra ele. –Então ela questionou ao pai sobre a viagem.
— Ele não deixou e eu suponho que vocês não gostaram muito né? – perguntei concluindo.
— Não é só isso. – ele suspirou enquanto ela continuava chorando.
— Murilo pode fazer ligações para a família por cinco minutos após as dezessete horas... Ele não quer ligar. E ele não quer receber visitas. O médico foi bem claro quando entrou em contato. Vinicius e Raíssa não haviam dito nada a Alice porque sabiam que ela ficaria desse jeito. – comecei a andar pelo quarto tentando me acalmar.
— Aquele filho da puta tá fazendo a mesma coisa que fez quando foi pra lá. O que ele acha que vai conseguir com isso? Magoar a irmã dele? Machucar os pais? Ele é tão egoísta que eu tenho vontade de ir lá e quebrar a cara dele!
— Kevin se acalma. – olhei Arthur sem acreditar no que ele me pedia.
— Todo mundo se preocupou com ele. – falei vagarosamente.
— Ele tá mais preocupado que com raiva. – Alice falou para o namorado enquanto enxugava suas lágrimas.
— Eu? Estou é feliz que ele tá bem longe.
— Sabe que eu não acredito em você.
— Você devia era esquecê-lo um pouco, ir pra casa, descansar e fazer o que ele tanto deseja.
— Kevin... Vocês são muito amigos e eu te chamei aqui pra me ajudar a consola-la, mas se ficar nervoso desse jeito não vai servir de nada.
— Quer que eu diga o que? Nossa que peninha, o bebezinho decidiu se manter recluso mais uma vez!
— Você não vê que ele tá péssimo e que tudo que ele vem fazendo desde que saiu do abrigo é um pedido de ajuda? – olhei pra ela.
— A única coisa que posso pedir é perdão Alice, prometer que vou manter meu pai longe dele e dizer que amanhã é um novo dia. Ele vai superar.
— Não estou querendo te dizer que a culpa é sua. Kevin eu sou sua amiga.
— Eu sei bem disso. – respirei fundo e voltei a andar pelo quarto.
— Uma amiga costuma saber quando o amigo não está bem, você pode dizer o que for, sei que ficou tão mal quanto eu com essa atitude dele.
— O que você quer ouvir? Que eu gosto dele e estou chateado? Não vou dizer isso.
— É o que você faz né? Fingir que não liga, fingir que não se importa, que não sente nada. Você está tão perto de deixar de ser essa pessoa, mas insiste nisso.
— Eu sinto Alice. E detesto sentir. Ainda é perturbador pra mim.
— Sei que se sente culpado. Só não quero que se sinta assim.
— Seria inteligente da minha parte considerando que se não tivéssemos nos envolvido ele ainda seria o mesmo Murilo de antes. Você tá falando de algo que não viveu! Você que tá falando de sentimentos e tudo o que fez foi julgar o sentimento que você não sentiu. – quase gritei e Arthur me olhou mais sério. – Vou embora. Já teve muita tristeza e lembranças por hoje.
Alice não esperou nem que eu me movesse e se levantou e me abraçou colocando seu braço em meu ombro e encostando sua cabeça em meu peito. Deixei meu rosto se afundar em seu cabelo e sem que eu percebesse meus olhos estavam marejados. Lembrei o dia que ele foi embora, do tanto que eu chorei e de como ela não saiu do meu lado e que foi ali que nossa amizade começou e foi Murilo que nos juntou. Quase perdi o ar e precisei de forças para respirar. Eu não iria chorar. Não de novo. Não pela centésima vez. Ela se afastou e me olhou.
— Eu te entendo. – e então ela olhou para o Arthur. Se ela quis dizer que o que eu sinto pelo irmão dela era o que ela sentia pelo meu irmão ela estava muito enganada, porque agora eu tinha alguém e eu não iria nem discutir isso. Sai sem falar nada.
No outro dia lá estávamos todos na habitual biblioteca. Mas dessa vez alguém que muitas vezes era o assunto principal estava presente.
— Tem coisas sobre minha família que vocês ainda não sabem. Coisas sobre as quais eu não me orgulho nem um pouco. – fiquei olhando para Danilo.
— Meu pai enganou meu avô para roubar seu dinheiro e usufruir da empresa da família dele. Seja o que for não me deixaria chocado. – respondi com um sorriso amistoso.
— Kevin! Está se abrindo pra ele?
— Ele jogou água fervendo na minha inimiga, se eu não tivesse namorado eu o beijava na boca.
— O fato dele não ser gay não conta né? – Alice reclamou.
- Não existem caras que não são gays, só não passaram pelo meu caminho. – pisquei.
— O que ele tem? – olhei e fiz cara de paisagem.
— Nada. Tá sendo ele mesmo. Ignore. É mais fácil. Já disse isso antes.
- Seja apenas por curiosidade e mesmo que não repitam, eles sempre acabam se rendendo. Se eu quiser consigo. Fica tranquila Otávia, já sou de alguém e sou a favor da monogamia.
— Alguém cala a boca do Kevin? – Ryan perguntou e Arthur me puxou me arrastando para um canto.
— Vai conta logo o que tá acontecendo.
— Por que estaria acontecendo alguma coisa?
— Eu te conheço muito bem. Você só fica assim irritante quando está com alguma coisa te incomodando.
— O fato de um de nós dois poder morrer a qualquer momento conta?
— Não é isso. E nem o lance do Murilo. Você não iria remoer essas coisas dessa forma. – ele pensou um pouco. – Rafael. – desviei o olhar. – O que foi?
— Contei a ele que me encontrei com Kemeron e ele não gostou. Agora tá estranho comigo.
— Por que você se encontrou com o seu ex namorado?
— Pra que esse tom? Não fiz nada de errado! Só queria achar um jeito de nos ajudar. Inclusive eu tive uma ideia e temos que colocar em pratica hoje. Não sei nem porque estamos perdendo tempo aqui com esse garoto.
— Kevin?! – ele me olhou assustado. – Tudo o que você tem feito foi se empenhar em descobrir se ele é confiável ou não. Você tem tanto medo da irmã dele quanto da vingança contra Caleb.
— O que você disse não sai mais da minha cabeça. – olhei para o lado. – E se aquele idiota mandar te escolher? Que se dane o que a Diana pode fazer comigo, o que me preocupa agora é não deixar você se machucar.
— Seu irmão mais velho não é sua prioridade agora. – nos olhamos. – Você precisa conversar sobre ontem. Você pode ter todas as atitudes do mundo pra provar que o esqueceu, mas nunca vai conseguir provar isso a Alice.
— Ela não quer ver, não posso fazer nada.
— Ela te vê por dentro Kevin. Até eu acreditei. Acho que até você. Por isso eu não estou bravo. Sei que não enganou o meu amigo. Sei que não fez do jeito Kevin antigo de ser. Talvez tenha sido um ato desesperado e sua mente te enganou. Mas quero saber se agora você se deu conta disso que você ama duas pessoas.
— É possível amar duas pessoas?
— Sim. Mas você deve saber que são amores diferentes e de níveis diferentes. E você já escolheu com quem você quer ficar. Então não tem nada de errado amar Murilo, se isso não prejudica seu relacionamento e se Rafael não souber disso. Isso não parece mexer tanto com você há não ser quando...
— Acontece algo com ele e Alice está por perto.
— Se você fosse um super herói ela seria sua Kryptonita.
— A gente vai precisar marcar outro horário por causa dos irmãozinhos aí? – olhamos o pessoal que já estava indignado com a gente. Voltamos para perto deles.
— Acho melhor eu voltar amanhã. – Danilo parecia abalado. – Juro que vou contar tudo e o motivo da briga com Diana, é só que eu não dormi essa noite e eu estou cansado. Minha cabeça dói e é muita coisa. – ele saiu rapidamente.
— Estranho. Bem estranho. – Ryan comentou desconfiado.
— Que seja. Vou pra casa. – sai quase tão rápido quanto o Danilo. Estava entardecendo, decidi ir ao bar de Alela ver Luiz, sair um pouco de Torres mesmo que esteja por perto.
— Você não acha que está bebendo demais? – ele perguntou após me servir uns drinks.
— Devia estar contente, você trabalha aqui.
— Eu me preocupo com você Kevin. O que está acontecendo? Outra desilusão amorosa?
— Serve mais uma dose e fica calado. Não sou um corno chorando por mulher.
— Grosso como sempre. – ele riu. Começou uma música com um toque de bateria e a voz do cara era tão suave. – Diz aí, qual foi o problema que você se meteu.
— Deixa eu curtir a música. – franzi a testa o olhando. Ele ficou algum tempo calado e depois foi servir algumas mesas, quando voltou ao balcão me olhou assustado.
— Kevin você bebeu quase a garrafa inteira. Você não vai voltar dirigindo. Vai ficar lá em casa hoje. Dá sua chave.
— Você não é meu pai. – falei e quase ri. – Mas poderia ser, porque nem pai eu tenho.
— Você tá muito mal. Não quer mesmo me contar o que tá acontecendo. Sou a bicha mais espirituosa e animada que você conhece, mas eu também sei conversar sobre assuntos sérios.
— Descobri que eu tenho um segredo. – o olhei. – Esse é bem escondido. – olhei meu copo. – Amo alguém que não é meu namorado. Mas aparentemente também amo meu namorado. E sinto que isso é errado porque parece que estou o traindo de alguma forma. – olhei de novo pra ele. – E não é só isso. O meu pai... – balancei o copo. – Ele é uma espécie de fora da lei, tudo de errado ele faz. Desde sonegação de imposto a tráfico de drogas. Se bobear trafica humano. Sem falar na prostituição. – suspirei. – E ele é errado com o que é errado. – ele me olhou. – E os inimigos criminosos dele querem matar eu e meu irmão.
— Kevin! – ele colocou a mão na boca assustado.
— Ainda não é só isso. A vizinha do meu irmão tem histórico de ser doente obsessiva e adivinha com quem ela cismou? – bati o copo na mesa.
— Meu Deus. – agora sua mão foi no peito.
— Por que isso tudo? Será que é tudo castigo por eu ter sido uma má pessoa durante os meus dezesseis anos? – o olhei. – Não vai adiantar nada beber. – engoli o resto da dose.
— Dá o seu celular, vou ligar pra alguém vim te buscar. Você não vai sair daqui assim.
— Depois de tudo o que eu te contei eu tenho que matar você Luiz. – o olhei de forma séria. Ele pareceu ficar com medo. – Relaxa agora eu sou o que as pessoas querem que eu seja... O que ele quer que eu seja. Isso começou por causa dele. Sempre vai ser por causa dele. Tudo é por ele. Sinto mais falta dele do que qualquer outra coisa nesse mundo.
— Por que começou a namorar então?
— Tem um limite de dor que o homem pode aguentar. – o olhei. Servi mais uma dose. – E é assim que novos sentimentos são construídos.
— Você está em um conflito existencial Kevin. Amanhã isso vai passar.
— Por que está tentando me confortar?
— Sou perito nisso. É o que o barman faz além de servir bebidas.
— Não estou perdido metaforicamente. Isso não é uma luta filosófica. Estou realmente fodido. – ele deu uma risadinha. – O que foi o meu sofrimento é engraçado?
— Não. Você é. Liguei para o seu irmão. – ele colocou meu celular no balcão. – Ele já está vindo.
— Ah não, ele vai me encher o saco. – resmunguei.
— Não queria que eu ligasse para o seu pai gangster né?
— Ele não é desse tipo. É pior, que finge muito bem que não é nada do que realmente é.
— Eu sei. Conheço sua família Kevin. Quem não conhece um Montez entre Torres e Alela e até fora daqui?
— Por que somos tão famosos?
— Gerações de cantores. Seu tio foi um dos maiores lutadores do País. E vocês são donos de uma rede de hotel antiga, tradicional e renomada. Quer mais? Ah sim. Foi uma das primeiras famílias a morarem aqui. Existe até uma praça em homenagem aos seus tataravôs com a estátua deles. Se quiser eu procuro mais motivos. Você especificamente tem uma mãe que é modelo e ainda é famosa.
— Cala a porra da boca. - mandei ficando nervoso.
— Nossa ele já chegou! - ele comentou olhando pra fora.
— Ele só sabe correr. E ainda diz que é responsável. Um dia eu pedi a um amigo para segui-lo, você acredita que o cara quase se acidentou por que... – Arthur chegou e se posicionou ao meu lado.
— Ele falou muita merda? – ele questionou ao Luiz.
— Um pouco. Você veio com alguém pra levar o seu carro né?
— Sim, um amigo veio comigo e já foi. – ele pegou minha chave. Ele falou mais algumas coisas ao meu amigo e a gente se foi.
— Não imaginei que a descoberta iria mexer tanto assim com você. – não respondi nada. – Rafael me mandou mensagem perguntando se eu sabia porque você não estava respondendo.
— O que você disse?
— Mandei um áudio dizendo que é você e a gente nunca sabe onde você está se metendo, mas que ele podia ficar tranquilo que com toda certeza não estaria com ninguém.
— Ele não me conhece, não sabe que eu sou assim. Isso me magoa. Talvez por isso eu esteja tão incomodado ao saber o que eu sinto, parece que de alguma forma sim, eu estou sendo desonesto com ele e essa é uma forma de traição. E eu não admito ser desse jeito.
— Vai dizer a ele que percebeu que ainda ama Murilo? – ele me olhou preocupado.
— Vou. E certamente vou perdê-lo.
— Kevin... Não faz isso.
— Não consigo Arthur. Se eu não for absolutamente sincero com a pessoa que está ao meu lado eu me sinto muito mal. Foi assim que eu trouxe o problema de Murilo de volta... Contei a ele sobre Caleb... Tem uma coisa que você ainda não sabe.
— Já percebi. Ele é traficante. – o olhei assustado. – Você passou no hotel antes de sair com Rafael pela primeira vez. Devia ter tomado mais cuidado se queria proteger o segredo dele.
— Não queria. É só que... De todas as coisas que ele faz essa é a pior.
— E você ajudava.
— Eu fazia infinitas coisas pra ele, com ele, por mim mesmo... Existe um eu antes do Murilo e um depois. Você consegue perceber o quão forte é isso? Quanto grandioso é uma pessoa mudar você por inteiro?
— Sim, eu consigo. – ele disse com a voz mansa.
— Penso que ninguém conseguiria isso, apenas ele.
— Kevin. – o olhei. – Sempre vou estar do seu lado.
— Por que tá me dizendo isso?
— Não sei. Só quero que saiba. – dei de ombros e me encostei ao vidro tentando dormir até chegar em casa.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Até amanhã ♥
ps: não esqueci que a Sophia tá grávida, kkkk! (;