Amor Perfeito XIV - Versão Arthur escrita por Lola


Capítulo 3
A retomada do monstro


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥



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“Tenho certeza que de uma forma ou de outra o tempo vai nos juntar de novo”

Kevin Narrando

Mal podia acreditar que eu estava feliz pelo simples fato de estarmos perto de sairmos do abrigo e com isso Murilo voltaria. Como se a gente ainda tivesse alguma coisa, ele não estivesse me ignorando e tudo mais.

Pelo menos eu o veria de longe. Ou de perto, porque tínhamos os mesmos amigos. Éramos da mesma família. E eu não desistiria dele. Não o deixaria escapar assim tão fácil.

Admito que cada vez que ele me ignorava doía... Tudo que ele estava fazendo repercutia de forma intensa dentro de mim. Só que agora essa esperança boba acesa me dava ânimo para seguir em frente.

— O Arthur ligou para o Murilo ontem. – Alexandre contou se sentando ao meu lado enquanto tomava seu café da manhã. – A gente insistiu. – ele ficou me olhando. – O que pegou entre vocês?

— Por quê?

— Foi só falar de você que ele quis desligar.

— Eu ainda o afeto, se não ele não se importaria. Então está tudo bem. – voltei a comer. Ele ficou um tempo em calado, mas voltou a falar.

— Por que ele terminou com você?

— Viramos amigos? – o olhei sem entender.

— Não precisa responder. É bem óbvio o motivo. Você é um idiota.

— Não tanto quanto a Larissa que teve a coragem de se envolver contigo.

— Você realmente não consegue ser legal?

— Gastei toda a minha cota com Murilo.

— Mas o estoque de veneno está cheio né?

— Esse nunca enche, sempre cabe mais e mais... – pisquei e dei um sorriso.

— Você não estava sofrendo? Qual a parte que você supera que eu perdi completamente? Ele ainda não te quer.

— Querer é bem relativo.

— Então ele te quer? Indo pra outro País e te bloqueando? Nem conseguindo ouvir falar sobre você ele está.

— Porque ele me ama e queria estar comigo. É tão simples.

— Ele te ama fugindo de você?

— Sabia que eu não sou tudo na vida dele? Ele decidiu estar longe e pra conseguir estar lá tinha que terminar.

— Eu acho que ele foi pra longe porque terminou.

— Ninguém se importa com o que você acha. – o olhei e sorri ironicamente.

— Vou ter indigestão depois de falar com você.

— Não mandei você tomar café ao meu lado. – me levantei. – E muito menos falar comigo. Bom dia.

Dei poucos passos e trombei com Arthur, ele me olhou de um jeito estranho e deu um sorriso irônico.

— Um metro e noventa e um. Por que queria saber? – dei uma pequena risada.

— Por que é irritante você ser mais alto e ter essa postura de estar acima de todos e sempre saber mais... Queria saber o quanto preciso crescer para chegar lá.

— Não é questão de tamanho e você sabe disso. – encarei seus braços cruzados.

— Sai fora tentativa de Vinicius. – passei por ele. – Você o quer como sogro, mas só consegue ser sósia. – ele ficou irritadíssimo e eu comecei a rir. Ainda era bom irritar as pessoas.

Mas a única coisa que me dava ânimo mesmo era a esperança de sair do abrigo e Murilo voltar e quando ele voltasse, foda-se o que acontecesse, eu iria fazê-lo ficar comigo. Porque eu sabia que era o que ele queria. E eu mais ainda. E por isso, agora minha motivação maior para seguir bem os meus dias era ser como ele me fez ser e fazer o que ele gostava que eu fizesse. Coisas boas. Chamei Yuri que ficou me olhando sem entender.

— Você vai me ajudar em um plano para reconciliar Arthur e Alice. – ele sorriu e se sentou ao meu lado no banco. Fiquei olhando para ele.

— Fala. – meus olhos se encheram de água.

— Você é um garoto muito bom sabia?

— Minha mãe sempre diz isso. Ela não conta porque é minha ma... – o abracei e ele parou de falar certamente ficando assustado.

— Sabe que não tem mais só o Arthur de irmão né? – perguntei com carinho. Talvez eu estivesse mais sensível por toda a situação com Murilo.

— Nunca tive nada contra você Kevin. Você é a maior vitima de tudo que aconteceu com nossos pais. – respirei fundo. Não gostava do papel de vitima, odiava. Mas eu era uma. Não pedi para nascer e fui ser logo filho de um psicopata egoísta frio do caralho. – O que você está pensando em fazer?

— Então... Eles não estão juntos por alguns motivos, mas acho que o principal é a falta de confiança de Arthur em Alice quanto a mim. Isso magoou muito os dois. Eu não sou mais um perigo e eles sabem disso. Mas comigo as coisas podem ser imprevisíveis... Vou dar em cima dela. Ela vai rejeitar e ele vai ver. Ele precisa ver ela se negando a mim.

— Será que isso vai dar certo?

— Não vai ser simples assim. Vou mudar de atitude falsamente antes. Só assim ele vai acreditar.

— Isso vai comprometer a amizade de vocês dois.

— Mas vai fazê-lo confiar de novo nela. Isso é tudo que importa.

— Kevin, isso pode acabar te destruindo mais ainda. Você está passando por um momento difícil.

— Não preocupa comigo Yuri. Só me ajuda. Preciso fazer isso para me sentir melhor.

— Tá bom. O que eu preciso fazer?

— Leva-lo até a cena no momento certo. Eu vou te avisar quando for a hora. Diz que acha que Alice está em perigo ou algo do tipo. Ele irá correndo contigo. Depois diz que eu era o perigo. E nunca conte a ele que isso foi armado.

— Por quê?

— Não quero ser visto como herói ou algo do tipo... Quero ser visto como o Kevin de antes. Não devia ter mudado tanto. Fiquei vulnerável e agora estou sofrendo como nunca sofri na vida.

— Mas você não vai voltar a ser aquilo né?

— Não tem como. Ele fez com que essa minha bagunça parecesse bem menos trágica e solitária. Mas só você vai saber disso.

— Sempre agir certo às sombras? – ele franziu a testa.

— Mais ou menos isso. – suspirei. – Preciso ir. Começar a agir. Enquanto estiver focado nisso não vou ficar deitado chorando.

— Vai ser gratificante ver os dois juntos. Alice e Arthur sempre foram de certa forma ícones para gente... Nosso irmão é um eterno apaixonado. – ele deu uma risada. – Caralho, “nosso irmão”. Nunca pensei em usar essa terminologia contigo.

— Tchau pirralho. – fui até o meu pai que estava na sala dele. Dando uma com a tal Lis. Puta que pariu. O universo estava me testando. Ele demorou um ano para abrir a porta e quando abriu ela saiu rapidamente.

— Por que será que eu tinha certeza que era isso que estava acontecendo aqui?

— Porque você me deu paz e eu posso relaxar um pouco e sabe disso.

— Quero tudo de volta. – ele deu uma risada.

— Tudo o que Kevin?

— A gente. – engoli seco com nojo.

— Já tivemos essa conversa antes. – ele ficou me olhando. – E você fez o que?

— Não vai acontecer dessa vez!

— Lógico que não. Ele não está aqui.

— Não devia ter feito aquilo.

— Quem me garante que não está mentindo de novo? Me enganando de novo? Você é o melhor nisso. – não respondi nada. – Quem dera fosse fácil assim. Eu não confio mais em você.

— Mandou Murilo pra longe pra que então? Só para me ver sofrendo?

— Não o mandei para canto nenhum. O garoto surtou e foi embora. Só queria que terminassem. No final você ainda vai me agradecer porque esse menino não é bom das ideias.

— Você queria que terminássemos porque me queria ao seu lado. Aqui estou pai. – ele riu mais uma vez.

— Não. Você voltaria de qualquer jeito. O motivo era outro. – ele desviou o olhar. – Você deve ficar com Kemeron.

— Por qual motivo?

— Devo um dinheiro muito grande ao pai dele e ele me chantageou.

— O Kemy te chantageou? – eu estava abismado.

— Você sempre é surpreendido pelas pessoas né filhinho?

— Deve dinheiro de que? Do hotel?

— Jogos. – ele desviou o olhar.

— Viciado do caralho. – resmunguei com raiva.

— Respeita o seu pai.

— Se você fosse mesmo um pai.

— Vai ficar com ele né?

— Como vai ser isso?

— Sua mãe está digerindo o fato de você ser gay. Vá conversar com ela, eu já te pedi isso. Depois o assuma. Ele quer que seja assim.

— Ele não se aceita, como vou assumi-lo?

— Os planos dele são maiores que a não aceitação própria.

— Tudo é isso. Sempre tem uma razão por trás das coisas. É exaustivo. Suga a alma da gente.

— Agora você tem alma Kevin? Uma vez me disse que não tinha.

— Estou tentando mata-la novamente. Mas preciso da sua ajuda.

— Vá fazer o que eu te falei.

— Agora não posso. – me sentei na cadeira. – Preciso fazer Arthur me odiar. Ele não é uma boa influência no momento. E para isso vou dar em cima de Alice. Não posso aparecer namorando e dar em cima dela. Não vai ter muito crédito.

— Crédito teria. Você está desesperado. É natural. Mas Kemeron não iria gostar se soubesse disso. É melhor você resolver isso primeiro. Quanto tempo precisa?

— Uma a duas semanas. Preciso mostrar que estou mudando.

— Se afaste dele. Ou deles. Ou de todos. Pare de conversar com esse povo. Sempre esteve perto deles apenas para irrita-los. Não há necessidade.

— Quero que faça algo por mim. – ele me olhou com uma expressão nada boa. – Tire aquela vadia do abrigo. – falei sério e com ódio.

— Acho que já deu a hora de terminarmos isso mesmo. Está ficando complicado. Vou dar um jeito. – me levantei e me preparei para sair. Quando rodei a maçaneta ele me chamou, parei e nem me virei. – Ele não te merecia. Se te amasse de verdade teria ficado e lutado por você.

— Vai para o inferno papai.

"Quem aperta o gatilho não diz que vai atirar."


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Notas finais do capítulo

Será que isso vai dar certo?! Extremamente perigoso!
Até amanhã ♥



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