As desventuras do Kiba babá escrita por Lux Noctis


Capítulo 1
Único




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Às quintas Shino ajudava Hinata cuidando de Himawari enquanto a amiga viajava à cidade vizinha para trabalho, não tardava a voltar, mas as vezes voltava apenas tarde da noite, fazendo a pequenina dormir na casa do amigo, mas não era incômodo, não quando Shino era tão solícito e se dava tão bem com a criança. Era certo, claro, que Kiba o “ajudava” quando estava por lá, na casa do namorado. O que no fim das contas, dava muito mais trabalho a Shino, mas Kiba não via assim. 

Naquela quinta não tinha nada de especial. Tinha a manhã preguiçosa enquanto espreguiçava-se e sentia os braços do namorado ao redor de sua cintura, a respiração dele contra sua nuca e costas despidas. Riu ladinho quando esfregou-se um pouco mais, instigando-o à uma ereção, iniciando o dia com sexo, mesmo tendo fechado a noite anterior da mesma maneira, com chave de ouro. 

Os beijos, os chamegos em meio ao banho à dois, ao café da manhã… e a campainha. 

Não esperavam ninguém naquele horário, estranharam, mas Kiba, o mais vestido no momento ficou encarregado de atendê-la enquanto Shino seguia para o quarto para terminar de se vestir e ir trabalhar até o meio expediente que lhe era comum nas quintas. 

—  Ohayo! —  Hinata fez uma mesura enquanto Kiba olhava para baixo, perdido naquele pequeno sorriso banguela e os cabelos alinhados com perfeição. 

—  Hinata, entra! —  Kiba deu-lhes passagem chegando para o lado enquanto via Himawari lhe sorrir tão infantil. Crianças tinham disso, leveza. Talvez por isso gostasse tanto de Kiba, ele era leve também. 

—  Hinata? O que aconteceu? —  Shino vinha elegantemente vestido, terno e gravata e pasta em mãos, assim como o óculos que já fazia parte de seu visual característico. 

—  Hanabi não pode ficar com ela hoje pela manhã, então, vou levá-la comigo. Passei para avisar que, então, não precisará ficar com ela a tarde, Shino. 

Kiba ponderou. Oras, não faria nada aquela manhã… e no almoço Shino estaria de volta. Seria cansativo para uma criança seguir a mãe no trabalho, ainda mais numa viagem assim, de última hora onde não teria o que fazer por todo um longo dia. 

—  Ela pode ficar comigo aqui, quando o Shino voltar do trabalho, a rotina da Himawari não terá sido afetada de modo brusco e você vai ficar sem preocupações durante a reunião. —  comentava como se ainda estivesse apenas pensando alto, a bem da verdade era que, era exatamente isso. 

—  Você pode? Ele pode? —  A primeira pergunta foi direcionada à Kiba, a segunda, entretanto e mais firme, à Shino. Hinata queria saber se era confiável, pouco sabia de Kiba, que não que era um desenvolvedor de jogos digitais, 15 anos mais novo que seu melhor amigo. 

—  Bem, sim. Ficariam aqui em casa, e, como pontuado, volto na hora do almoço. —  Shino concluiu, olhando de Kiba à Hinata e vendo como Himawari facilmente seguia em direção ao seu namorado, os bracinhos estendidos em sua direção, já acostumada a ele e às brincadeiras que ele sempre parecia tirar das mangas para entretê-la. —  Eles se dão muito bem. 

—  Deve ser a faixa etária. —  Hinata não soube como não implicar, sutil, Kiba nem notou. 

—  Dá tchauzinho pra mamãe, ursinha. —  Sim, Kiba tinha até mesmo apelidado a criança de ursinha, visto os pelinhos que tinha no rosto e as marquinhas salientes que faziam-na parecer uma pelúcia. —  Vai trazer o almoço? — Kiba perguntou a Shino enquanto Hinata se despedia da filha, deixando a bolsa da pequenina sobre o sofá.

—  Sim, o que vai querer?

—  Tudo. 

 

Sozinhos em casa, Kiba tentava entender como Shino dava conta de fazer as coisas e olhar a criança, e Himawari sequer era arteira como ele fora na infância, coitada de sua mãe! Agora ele dava valor! Tentava equilibrar a atenção, ora com os olhos vidrados na tela do notebook, ora na pequena que rabiscava algum dos papéis de Shino, torcia para não serem de grande importância. Desenho não a distraía, mas o distraía então era inviável deixar a televisão ligada, acabaria que ele não faria o serviço e gastaria horas ali, olhando a animação bem feita na tv. 

Jogos!

Era sempre bom em entretê-la com brincadeiras, acontece que precisava ficar ali, sentado na cadeira com o notebook descansando sobre a mesa de tampo de vidro. 

—  Estou com fome. 

—  Sabe ursinha, eu também. 

Olhou o relógio, 10:15 am. Teriam ainda horas de espera pelo almoço, era melhor comer algo para passar o tempo. Frutas? Talvez Hinata tivesse algumas na bolsinha de Himawari, cortadas de preferência. Sorte, um potinho com frutinhas e um outro com biscoitos, deu as maçãs à Himawari, ficou com os biscoitinhos de coala para si. Oras, também estava com fome. 

—  É melhor pegar algo pra beber, não é?

Perguntava mais para si do que para a pequena de 4 anos que pouco lhe dava ouvidos enquanto comia os pedacinhos de maçã sacudindo a cabeça de um lado ao outro, como se dançasse uma música que somente ela conseguia ouvir. 

Bobeou por segundos, pegando na geladeira o chá gelado, voltando à sala para ver a desgraça. 

—  Caiu. 

A roupa molhada pelo suco na canequinha mal tampada. A poça no tapete de Shino, uma poça amarelada no tapete cinza. Se não soubesse ser suco, juraria que era xixi. 

Roupas, teriam de trocá-las! 

Vasculhou na bolsa as peças que seriam necessárias para uma troca. 

—  Tem idade pra tomar banho sozinha? Eu não sei dar banho em… pessoinhas do seu tamanho. 

—  Dá banho no tio Shino? 

Era melhor não responder.  Segurou-lhe a mão, verificando que: não. Ela não tinha idade pra banho sozinha, então optou por molhar uma toalha de rosto, uma daquelas bem dobradas no armário de Shino, e passar pelos braços e barriga da pequenina enquanto puxava a camisa ensopada para longe do corpo, passando, claro, pelos cabelos e melecando-os para trás. 

—  Precisamos tirar todo o doce, senão as formigas farão a festa com você. 

—  Eu gosto de festa. —  Fez um pequeno bico, cruzou os bracinhos. Oras, festa era bom, não? As pessoas se divertiam e batiam palmas e lhes davam presentes. —  As formigas dão presentes também? 

—  Não ursinha, é outro tipo de festa. —  riu da inocência enquanto esfregava a toalha nos cabelos dela também, pegando a nova troca de roupas e a ajudando a passar os bracinhos pelo local certo, tal como a cabeça. —  Pronto, limpinha! — aproximou-se e cheirou os cabelos — e com cheiro de pêssego, maravilha! 

Himawari não entendeu bem, mas achou curioso o banho de toalha molhada, era rápido e mais seco. 

Voltou com ela para a sala, deixando-a no sofá, comendo os biscoitinhos de coala, enquanto seguia para a área buscar um balde e produtos de limpeza para tirar o ensopado de suco de pêssego do tapete. Luvas, escova, desodorizador. Shino tinha a política de 0 aromas diferentes em seu apartamento, e não tinha quem não sentisse pêssego ao cruzar pela porta. 

Esfregou, espirrou produto, esfregou, passou um pano úmido sobre a mancha que só espalhou. O cheiro parecia mais forte a cada esfregada, como se aquilo em suas mãos fosse um potencializador de pêssego! Estressou-se, cansou, pensou no trabalho que deu à mãe. Bufou! 11:20 am. Uma hora e cinco minutos limpando uma criança e um tapete, e nenhum dos dois estava de fato limpo!

Pelo menos não tinha como piorar!

Levantou-se e derrubou o balde, cheio d’água no tapete. 

Era melhor reformular: agora sim não tinha como piorar. 

—  Ojisan… 

Himawari só o chamava assim em momentos especiais. A última vez ela tinha febre e estava carente da atenção de um adulto. Chega temeu olhar para a pequena no sofá.  A carinha de desconforto, mas não muito. 

—  Acho que preciso ir ao banheiro.

Se pudesse, ele declinaria. A feição foi de um curioso ponto de interrogação, buscando ligar a frase ao que significava, e olha que era simples. Ele vivia, apenas, esquecendo-se da pouca idade de Himawari. Crianças pequenas precisavam de uma ajudinha para chegarem até o vaso. Bem, isso ele podia fazer. O tapete ele resolvia logo depois. 

Voltou com ela ao banheiro, ajudando-a a despir da cintura pra baixo, cauteloso e só colocando-a sentadinha na privada e virando para dar privacidade.

—  Quando acabar, é só chamar, okay?

Ouviu um “uhum” antes de sair, sem fechar a porta, seguindo para a sala. A melhor opção era tirar o tapete e colocá-lo na área para secar, ou, seja lá o que era o certo a fazer, ele simplesmente não fazia ideia.

O peso era considerável, agora que estava molhado. Tinha pouco tempo para arrumar tudo antes do retorno de Shino, e ainda precisava dar um “gás” no seu serviço para não tomar a manhã como perda total. Ia passar um pano na sala e pronto, era isso. Até ouvir de novo o “ojisan” vindo do banheiro. 

Nada o preparou para aquilo, para o choque e a risada que foi acompanhada por Himawari. De algum modo ela caiu, entalada na privada os pézinhos para o alto, próximo ao rosto enquanto ela se movia tentando sair. 

Puxá-la dali foi fácil, cuidou para que ela não se machucasse, mas não parou de rir em nenhum momento. 

—  Tadaima! —  Shino pronunciou ao chegar, provavelmente tirando os sapatos no genkan.

—  Okaeri! —  Himawari entoou com ele. —  Estamos no banheiro. 

Haviam dois, um pequeno lavabo, discreto e usado pelas visitas, quando Shino as recebia. Era onde Kiba e Himawari estavam, não dispunha de chuveiro, então Shino soube que não se tratava de um banho, apesar do desastre molhado em sua sala. 

—  Tomei de 5 à 0 hoje, Shino. O tapete, acho que é perda total, tá com suco e água. E essa pequenininha aqui, esse é o segundo banho dela, e estamos falando de água de privada. 

—  Um foi seco, com toalha. —  Himawari cobria o corpo com a toalha que Kiba a enrolou ao desentalá-la do vaso. 

—  Bem, trouxe lámen. O seu preferido. Coloque a mesa, em cinco minutos eu levo ela, de banho tomado e vestida. —  Shino estendeu a mão para que a pequenina o acompanhasse. Levaria-a ao banheiro de seu quarto, para que ligasse o chuveiro e deixasse sair o cheiro de pêssego, que sim, ele notou. E agora o de água de privada. 

Não demorou para uma pequena de cabelos molhados agarrar-se às pernas de Kiba, sorridente e segurando uma pelúcia em mãos. Shino veio em seguida, livre do terno e da gravata, as mangas da camisa social dobradas até acima dos cotovelos. 

—  Então… aprontaram muito? —  Sentou-se, pegou o hashi e os separou. 

—  Pior que não. —  Kiba exibia uma feição cansada. —  Foi uma sucessão de coisas absurdas demais para acreditar. Criança dá trabalho, vamos planejar bem antes de ter os nosso, tá Shino. 

Nem notava como Shino sorria, ocupado em agradecer o alimento e servir uma porção à pequenina, colocando na gola da blusa um guardanapo para que não fizesse sujeira ao comer, ajudando-a, dando-lhe de comer. 

Depois do almoço, Kiba penteou os cabelos molhados de Himawari enquanto Shino lhe calçava meias antiderrapantes para que não escorregasse na sala sem tapete, que claro, Shino secou. 

Eram pequenas desventuras em série, um Kiba babá era algo novo, mas que tomariam como experiência para, quando arriscassem uma família, soubessem como dosar e acertar. 


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