Entre o Céu e o Inferno. escrita por Sami


Capítulo 38
Capítulo XXXVII


Notas iniciais do capítulo

Oie! Chegamos ao tão esperado (ou não) capítulo onde teremos o caminho para o final da história! Confesso que escrever esse capítulo foi bem difícil porque eu simplesmente comecei a chorar com ele e com tudo o que acontece aqui kkkk. Pois bem, terá alguns spoilers nas notas finais então não as leiam antes de ler o capítulo hein kk.
Boa Leitura!



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CAPÍTULO XXXVII

 

O pedido do Juiz foi obedecido, seu semblante era algo bem mais humano e gentil, um truque — ela sabia que era — para que Alana se sentisse mais confortável com toda a situação. Ela demorou para perceber que todos os Juízes tinham semblantes mais amigáveis e gentis em suas faces conforme se aproximava deles. Mentalmente agradeceu por isso.

Contrariando o que Alana imaginava que aconteceria, Kambriel não soltou sua mão enquanto seguiam para frente, o que a fez estranhar, pois para os presentes — exceto por Eva — aquele tipo de demonstração de afeto daria apenas mais motivos para as claras suspeitas que os Juízes tinham.

— Alana Halphas, aquela que é herdeira e marco de conquista — As palavras do Juiz ao dizer seu nome, mas usando o mesmo sobrenome que pertencia a Lucius era a última confirmação de que, Jacob West realmente não era seu pai verdadeiro. O que doeu em seu peito. — Criada e ensinada pelo pastor Jacob S. West.

As últimas palavras ditas fizeram com que Alana erguesse parcialmente o rosto em direção ao Juiz que falava, ela o encarou tempo o suficiente para que se sentisse menor nervosa do que estava e, por um segundo muito breve, ela esqueceu-se do que poderia acontecer com ela durante aquele julgamento.

— Arcanjo Kambriel. — Saudou o arcanjo com um aceno simples com sua cabeça, o qual obteve como resposta um aceno mais discreto. — Pela maneira como estão, creio que percebem que há mais um crime a ser julgado aqui. Estou certo?

Perguntou, pendendo o rosto para o lado encarando-os com curiosidade e certa irritação também, até porque, parecia um pouco hipócrita da parte de Kambriel ter denunciado Lucius quando ele também claramente estava quebrando as regras. Os dois acenaram com a cabeça em um sinal positivo, Alana fechou os olhos momentaneamente, tentando pensar em alguma maneira de livrar o arcanjo, viu o que aconteceu com Lucius, não queria que aquele tipo de castigo recaísse sobre ele também.

— Há muito para ser julgado aqui, Alana é filha de Lucius, um dos originais e antes príncipe de Lucifer, tem conhecimento de que, por ter o sangue dele correndo por suas veias isso a torna herdeira do Inferno? Apesar de sua existência ser algo do qual ambos os mundos abominam. — Questionou. Abominam. Aquela palavra tão simples foi o suficiente para que seu interior entrasse em um estado de quase colapso nervoso, Alana tentou disfarçar o tremor que sentiu. Abriu a boca para falar, mas logo a fechou, pois não fazia ideia do que poderia falar diante do que acabara de ouvir. Sua existência era proibida, praticamente ouviu que ela jamais deveria existir. E, se ela pensasse a respeito, era uma verdade. Se não fosse por sua causa nada daquilo estaria acontecendo. — E claramente também está envolvida com o Arcanjo, dois tipos de abominações...

— Eu... — Kambriel começou a falar, porém antes que sua fala pudesse ter continuidade, o Juiz que se encontrava de pé o interrompeu. Levantando uma mão para que ele parasse de falar imediatamente, a ordem fora atendida e Kambriel retornou ao mais completo silêncio.

Alana o olhou de esguelha, ele parecia tão culpado quanto ela. Imediatamente recordou-se da conversa que tiveram antes, ele lhe dissera que não se importava com as consequências daquilo, mas a verdade era que Alana se importava. Ela sabia sobre a história de Eva e Jane, a mulher deixara tudo para proteger a mulher que amava, perdera tudo e agora vivia como um humano; por mais que sentisse algo forte quanto a Kambriel, ela não podia permitir que isso viesse a acontecer com ele.

— Também chegou ao nosso conhecimento que a humana em questão tem tido um certo tipo de envolvimento em assuntos do Céu, um tipo de envolvimento que a levou ao Inferno e a ver a real aparência de um dos enviados do Céu. — acusou o Juiz, arqueando uma sobrancelha. — O arcanjo conhece as regras e sendo ele conhecedor delas, deveria saber que envolver humanos nesses assuntos é proibido. Punível.

Alana prendeu a respiração.

— Não costumamos ser misericordiosos, especialmente diante de crimes assim, os quais as punições são severas e, consequentemente para ambos os lados. — O Juiz começou a falar, sua voz era mansa, incrivelmente mansa. — O envolvimento de humanos em missões do Céu é uma de nossas mais antigas leis, dar esse tipo de conhecimento a alguém indigno como o homem só não é tão horrendo quanto envolver-se com um.

Dessa vez era Kambriel quem prendia a respiração, o que tanto temeu acontecer estava enfim se desenrolando. As punições por ter se permitido envolver Alana em sua missão.

— Contudo, estamos diante de um caso muito raro, Alana, filha e herdeira de Lucius é uma humana ensinada e criada por um pastor, o qual vive agora no Paraíso e que, se nega a aceitar o que lhe fora deixado por seu pai biológico. Humana criada na terra, teve ensinamentos e ganhou conhecimento de um mundo na qual nunca tivera parte, até o momento em que conheceu o Arcanjo Kambriel, estou correto?

West concordou lentamente.

— É também de nosso conhecimento que você o ajudou em sua missão, uma presença proibida por razões óbvias, mas que, de acordo com o arcanjo — O Juiz gesticulou para o arcanjo ao seu lado. — Fora algo necessário e que, segundo suas palavras, nos trouxe para a conclusão de um verdadeiro caos na cidade aonde reside. Estou correto sobre isso também?

Novamente ela concordou sem nada dizer.

— Estamos dispostos a conceder aos dois um perdão pelos crimes cometidos, porém se aceitar isso apenas afetará a você, Alana. Diante de que estará vivendo longe de sua progenitora humana, acreditamos que isso bastará para que você possa seguir com sua vida sem a presença do arcanjo na mesma. — Disse. — Se negar a aceitar o perdão que estamos concedendo a você, é Kambriel a sofrer a consequência dos crimes.

A moça ergueu o rosto na direção dos Juízes, encarando cada um com surpresa e Kambriel, ao seu lado, fazia o mesmo. Para Alana, aquela decisão parecia ser muito óbvia, nem mesmo precisaria pensar na resposta que daria a eles, independente do que lhe aconteceria.

— O que acontece comigo se eu aceitar? — Perguntou ela, avançando um passo para frente, nesse mesmo instante Kambriel segurou sua mão com mais firmeza, tentando impedir que ela avançasse, mas a moça apenas o ignorou.

— Você voltará a ter sua vida como sempre a teve, viverá seus anos em terra normalmente, mas tudo o que houve aqui e tudo o que passou desde o momento em que se envolveu com o arcanjo Kambriel será apagado de suas lembranças, como se nada disso tivesse acontecido um dia. — Contou. Dizendo cada palavra com muita calma, como se quisesse que ela as entendessem bem. — E adianto que, se não aceitar, Kambriel perderá tudo, assim como aconteceu com Lucius, porém, ele viverá seus dias humanos na terra; como um caído. Completamente destituído de seus direitos como arcanjo e enviado do Céu.

— E quanto a mim e a minha mãe?...

— Isso se manterá, na verdade — O Juiz fez uma pausa muito curta. — Você saberá que ela está na terra, viva e perfeitamente bem, porém terá em mente que não poderá mais vê-la. Tão pouco se aproximar dela.

Alana estaria mentindo se dissesse que as duas respostas não a assustaram. Mas na verdade, as palavras ditas não causaram nela o tipo de reação esperada, ela estremeceu, de fato, mas não por saber que poderia esquecer-se de tudo e sim por saber que Kambriel estava diante de uma possibilidade de tornar-se humano.

Ela lembrava-se de quando ele contou sobre Eva, que ela se sacrificou para proteger a mulher que amava e que isso custou tudo o que ela sempre foi e, saber que ela poderia deixar isso acontecer era a decisão mais egoísta que tomaria em sua vida. E ela não precisaria de tempo para dar a resposta, pois sabia muito bem o que escolheria.

— Eu aceito! — Falou decidida, sem nem pensar melhor em sua decisão. — Eu aceito o perdão!

— Alana! — Kambriel a puxou ao seu encontro, encarando-a com claro espanto e certa negação em seus olhos azuis e brilhantes. — O que está fazendo?! Não pode... Pense melhor no que está aceitando!

Ela esticou os lábios em um sorriso triste e leve.

— Eu não preciso pensar melhor sobre isso, depois de tudo o que aconteceu por minha causa e de tudo o que você já fez... Acho que é o mínimo que posso fazer. — Respondeu num tom de voz baixo, abaixando o rosto minimamente, seu corpo pareceu jogá-la para frente, mas ela fora forte o bastante para impedir que fizesse algo que desse aos Juízes motivos para condená-los.

O cenho de Kambriel se franziu, diante de tudo o que ele poderia ter imaginado acontecer naquele julgamento, desde perder Alana para uma condenação cruel a algo mais absurdo como ela ter a vida tirada — por sua existência ser algo completamente proibida —, ele nunca pensou que estaria diante de algo assim. Ela viveria, teria sua vida normal e humana de volta, porém, não se recordaria dele e de Eva. Na verdade, não se lembraria de nada do que aconteceu nos últimos meses; ao mesmo tempo que aquilo parecia uma benção era uma maldição também.

E, saber que ela estava realmente disposta a aceitar...

Sua recusa não era por saber que ela se esqueceria dele, mas sim por ela apenas aceitar esse caminho para que ele não se tornasse humano. Alana estava de novo pondo seus próprios desejos e vontade de lado para preservar alguém, e a pessoa em questão era ele. Kambriel nem mesmo se imaginava digno de um gesto como aquele.

— Alana, eu não posso deixar que aceite algo assim por minha causa...

— E eu não vou deixar que se perca tudo o que é por minha causa, Kam. — Ela o cortou, nem mesmo se mostrava assustada ou preocupada com a decisão tomada, pois já parecia convicta de que realmente queria aquilo.

Um pensamento cruel demais correu por sua mente, ele imaginava que Alana estava apenas aceitando aquela condição para realmente se esquecer dele, mas aquilo não fazia o menor sentido. Não quando a conhecia e sabia que, a humana estava colocando-o em primeiro lugar do que a si mesma. Ela poderia sim ser filha legítima de Lucius, tinha algumas de suas características físicas, mas era visível que, aquilo era uma de suas tantas qualidades adquiridas pelos ensinamentos dados por seu pai Jacob West.

O arcanjo balançou a cabeça, não deu importância se estava sendo observado por seus líderes e pelos Juízes, até mesmo se esquecera da presença de Eva ali; naquele momento, o que realmente importava era Alana e o que ela estava disposta a aceitar para evitar que ele simplesmente perdesse tudo.

— Você tem noção de que, assim que sair daqui se esquecerá de tudo?... Do que viveu e de... — Ele não terminou a frase, nem mesmo iria conseguir fazer isso sem que as palavras saltassem de sua boca. Não queria implorar, não quando ela já se mostrava tão decidida de sua decisão, mas sabia muito bem que era exatamente isso o que estava fazendo naquele momento. Implorando. — Por que está fazendo isso?

Ela desviou a atenção de seus olhos por breves segundos, mas que para Kambriel, pareceu durar longas horas.

— Muita coisa aconteceu por minha causa, minha mãe foi condenada e finalmente consegui tirá-la de lá, mas ela jamais poderá viver comigo novamente, meu pai foi morto por um demônio e, centenas de vidas foram mortas por minha causa. Aceitar que você perca tudo só porque não quero ficar longe de você será uma das coisas mais egoístas que farei na vida. — Respondeu, ela mordeu o lábio antes de continuar a falar. — Você me salvou tantas vezes, até Eva foi me tirar do inferno e ela nem gosta de humanos — riu. — Eu tenho a opção de ser a única a sofrer as consequências aqui e, se aceitar isso significa que ela e você ficarão bem... Então eu aceito.

O rapaz fechou os olhos com força quando sentiu algo encher seus olhos. Ele acreditava ser uma reação de seu corpo ainda humano e para tal não estava preparado, ao abrir os olhos para encará-la, algo escorreu de seus olhos, gostas pequenas e tão discretas que, ao vierem de encontro com a pele de sua face, ele estranhou. Mas então se lembrou; eram lágrimas. Estava chorando.

Seu peito doeu. Uma dor estranha e que não chegava perto de tudo que já sentira em batalhas que travou ou em guerras que participou, nem mesmo quando fora ferido por demônios sentira aquela dor que lhe ardia o peito. De início, ele não compreendeu aquela sensação, pois não havia a sentido em seu tempo terreno e por esse mesmo motivo não estava familiarizado com ela, mas era algo difícil de ser descrito. Uma dor que ele não sabia se passaria, mas que viera de maneira tão inesperada e rápida que, achou que morreria.

E ele não deixou de duvidar disso.

— Você tem mesmo certeza disso? Quero dizer, eu posso lidar e viver com o fato de perder tudo isso — ele gesticulou com o queixo para suas asas. — A ideia de viver na terra não me parece ser um peso do qual não poderei suportar.

Por um breve segundo ele imaginou que a viu pensar a respeito, mas estava enganado. Alana realmente pensou naquela possibilidade, mas se negava a aceitá-la por achar e imaginar que isso o faria se odiar para o resto de sua vida.

— Mas eu não posso conviver com a ideia de que, eu o olharia como um humano e me lembraria de que você só se tornou um por minha causa. — Alana pareceu honesta ao dar sua resposta, o que pareceu apertar ainda mais o peito de Kambriel. Ele pensou, como ela conseguia ser assim? Pensar nos outros e não em si mesma?

Kambriel abaixou o rosto em lágrimas, com os lábios perto dos dela, um ato que ele sabia, que seria visto com maus olhos pelos demais presentes; exceto por Eva. Ele levou as duas mãos para a face humana, tocou o rosto quente de Alana com as duas mãos e conseguiu sentir algo bem diferente do que costumava sentir quando ousava como naquele momento, era sempre ele a passar uma sensação de alívio e paz para ela, mas isso não aconteceu ali. Dessa vez, parecia vir dela aquela calmaria. O arcanjo sabia e tinha total convicção de que isso não era um truque que West estava fazendo, mas sim algo natural que já emanava dela e que, ele percebeu tarde demais.

Alana então tocou seu rosto também. Levou as duas mãos humanas e quentes para sua face em uma carícia tão simples, mas que encheu o peito dele com uma outra sensação, algo inédito também, mas que causou em seu interior um verdadeiro turbilhão de sentimentos e sensações. Tudo o que sentiu era bom, agradável.

E, pensar que seria a última vez a senti-los... Partia-lhe o coração.

— Eu sei o que isso parece, mas tente pensar no lado positivo de tudo isso — Ela tentou falar, mas sua voz saiu trêmula e fraca demais; deixando claro que ela parecia também estar prestes a chorar. — Você estava tão preocupado antes por causa das consequências e não vai sofrê-las...

— Mas só porque é você quem está se sacrificando para que isso não aconteça. — Ele completou a frase por ela, a contragosto, pois não queria que suas palavras fossem interpretadas de maneira incorreta por ela. Contudo, Alana pareceu compreender muito bem o que ele quis dizer.

— É por um ótimo motivo. — Concluiu. Novamente seus lábios se esticaram, mas o sorriso que foi exibido não era alegre e nem confiante; era apenas triste. — Deixar que você e Eva não sofram mais do que já sofreram por minha causa é o mínimo que posso fazer como retribuição por tudo o que fizeram por mim. Pense nisso como um agradecimento.

Os dois se calaram logo em seguida, encarando-se durante um longo momento, ambos esquecendo-se de que estavam diante de oito Juízes, dois arcanjos e de Eva que, assistia a cena com o coração pesado, pois sua mente a fizera recordar-se do que fizera anos atrás em prol da pessoa que tanto amou anos atrás. Demorou para que ele enfim aceitasse que nada do que dissesse para Alana a faria mudar de ideia, tão pouco repensar por mais tempo em sua decisão, Kambriel não queria aceitar que, independentemente das palavras que iriam sair de seus lábios, Alana já tinha decidido o que fazer e, muito em breve ele a perderia para sempre.

O rapaz mordeu o próprio lábio, jogando uma força extra em seus dentes, como ele gostaria que ela fosse egoísta o bastante para negar perder suas lembranças, como ele queria vê-la negar o perdão que os Juízes estavam oferecendo para que fosse ele a sacrificar algo. Ele nunca desejou tanto, tomar o lugar de um humano para que fosse ele ali, a estar prestes de perder algo.

— Eu aceito. — Alana repetiu a frase, voltando-se para diante dos Juízes que, assistiram toda aquela cena de perto, por sorte nenhum deles esboçaram reações ou comentaram a respeito, por perceberem que houvera aceitação da condição dada, talvez acharam melhor deixá-los terem uma última conversa antes.

O Juiz de pé assentiu muito lentamente.

— Todas as suas lembranças, desde o momento em que seu caminho cruzou com o que Kambriel até esse exato momento serão retirados de sua mente, será como se nada disso tivesse acontecido durante esses meses, não se lembrará de ninguém e de nada. Esses últimos meses serão apenas dias comuns, você viveu seus dias como qualquer cidadão de Grória. Com medo dos ataques e temendo sua segurança. — A avisou, fazendo uma pausa demorada para que ela conseguisse entender cada palavra que saiu de sua boca. Alana assentiu. — Que fique claro que, estamos sendo misericordiosos com ambos, pois poderíamos muito bem puni-los pelos crimes que cometeram, entretanto não negaremos que sua participação incomum e proibida não trouxe benefícios.

Alana sabia que isso era verdade.

— Compreendemos. — Foi Kambriel quem respondeu, fazendo um tipo de reverência com a cabeça em sinal de agradecimento. Ele realmente era grato pela misericórdia dos Juízes, até porque ele estava esperando pelo pior, porém não negaria que aquilo ainda parecia e muito com um castigo. Mas ele deixaria esse pensamento apenas em sua mente.

— Você, arcanjo, poderá levá-la para terra para que se despeçam da maneira correta, Eva será deixada lá também. — Anunciou. O rosto que se formou no Juiz parecia esboçar um riso discreto, mas o rapaz achou que estava vendo coisas. Sua atenção se voltou para a humana ao seu lado e então ele olhou na direção de Eva, a mulher sim estava sorrindo, mas assim como Alana, era um sorriso carregado de tristeza. — E que ambos estejam cientes de que não poderão vê-la, qualquer contato que acontecer, será visto como traição e não pensaremos em puni-los por isso.

Ambos assentiram, até mesmo Eva que estava mais afastada assentiu.

— Como sua missão na terra está encerrada, você poderá retornar para o Céu, irmão. — A voz grave e poderosa de Gabriel cortou qualquer pensamento que pudesse estar se formando em sua mente, fez com que o arcanjo olhasse rápido demais para o outro. O arcanjo estava parado com Miguel ao seu lado, diferente do que ele pensou ou imaginou, a expressão que se fazia presente em cada rosto não era de desaprovação ou julgamento, era algo acolhedor. Gentil.

— Estaremos esperando pelo seu retorno. — Miguel finalizou, lembrando o rapaz de uma realidade que ele simplesmente deixou de lado nas últimas horas.

Se saber que Alana teria suas lembranças apagadas, ser lembrado que voltaria para o Céu e não mais a veria pareceu apenas feri-lo ainda mais que antes. Duras realidades das quais ele não mais poderia fugir, e nem mesmo tinha como.

Mesmo que não estivesse totalmente disposto a isso, Kambriel assentiu devagar. Tentando não mostrar sua hesitação em retornar tão rápido para seu verdadeiro lar, algo que ele sabia que iria acontecer uma hora ou outra e, que ele não se via nada preparado. Iria rever seus irmãos, todos eles. Estava com saudades deles, das tantas conversas e trocas de experiências, mas... Ficar na terra nunca se mostrou tão tentador como naquele momento.

— Estão livres. — Anunciou o Juiz, retornando a sentar-se em seu trono.

Aquele momento, desde caminhar pelo mesmo caminho a preparar Alana para seu retorno na terra pareceu durar segundos, um efeito — ele julgava ser isso — que apenas estava acontecendo por ele se negar a aceitar os poucos minutos que ainda tinha com ela. E ele fez de tudo para prolongar, demorou para ajeitá-la em seus braços e quando o fez, a abraçou forte, torcendo em seu interior para que tudo aquilo não passasse de apenas um sonho que estava tendo. Contudo, isso se mostrou uma dura verdade quando ela também o abraçou, os braços mais curtos e magros o envolveram pelo pescoço ao entrar em contato com sua pele o trouxe de volta e ele odiou isso.

Olharam-se novamente, Alana estava grudada ao seu corpo e ele conseguiu sentir seu coração bater muito rápido — não era muito diferente de como o dele se encontrava ali — contra seu peito e suas batidas aceleraram quando ela se firmou contra seu corpo e repousou o rosto em seu ombro. Kambriel suspirou, sacudiu suas asas como se as despertassem e então saltou, as duas bateram forte quando passou a voar, o brilho de seu corpo e asas logo se apagaram e, naquele momento, se não fosse pelo par pouco luminoso de asas em suas costas, ele poderia ser confundido com um humano.

O retorno foi mais demorado — ele agradeceu por isso —, o tempo estava um pouco mais frio e, ainda era noite. Na verdade, o tempo nem mesmo pareceu passar desde que saíram da casa de Alana, ele sabia que horas tinham se passado durante os dois julgamentos, mas o tempo no mundo espiritual era bem diferente do humano e, no plano terreno, apenas alguns poucos minutos se passaram desde a ausência de Alana na terra. E, ele desejou que o tempo na terra se passasse mais lentamente, talvez até parasse, para que pudesse ter mais tempo com ela, como ele desejara antes.

Eva já estava esperando por eles quando Kambriel pousou no quintal da casa de Alana, a mulher estava com a cabeça baixa, os braços cruzados enquanto chutava uma pedrinha qualquer que encontrou. Lena também os aguardava e, diferente da outra demonstrava uma tristeza que lhe cortava o coração humano que tinha.

Quando Eva os viu seu semblante mudou, mas não era alegria e sim um sinal claro e nada discreto de que, àquela seria a última vez que iriam se ver antes de Alana simplesmente esquecer-se deles. Já a mãe da moça, parecia sofrer bem mais, contudo evitava demonstrar esse sofrimento.

Houve uma grande recusa de seu corpo em soltá-la, até porque ele queria poder prolongar cada simples segundo com ela, mas viu que seria necessário para que Lena e Eva pudessem se despedir da jovem e, quando a soltou, livrou o corpo humano de seus braços, ele se sentiu estranhamente vazio e incompleto.

Alana caminhou primeiro para a mãe e a abraçou com força. Foi necessário fechar os olhos para evitar as lágrimas que tanto ameaçaram sair escapassem, o abraço foi demorado, pois a West mais nova bem sabia que aquele seria o primeiro e último abraço que receberia da mãe.

— Eu te amo, Alana. — Lena começou a falar, fechando os próprios braços ao redor do corpo da filha, ela já chorava, de forma controlada e baixa. — Eu queria ter tido a oportunidade de conhecê-la melhor, saber seus pensamentos, seus sentimentos...

— Eu vou sempre pensar em você, mãe — Alana conseguiu dizer, sentindo algumas lágrimas rebeldes escapar. Ela afundou o rosto no ombro da mulher, escondendo o rosto para que os outros não a vissem chorar.

— Obrigada. — a mulher agradeceu, esboçando um sorriso genuíno nos lábios esticados, realmente grata. — Pelo que fez por mim, você e o arcanjo... Eu nunca vou conseguir ser capaz de retribuir o que fizeram, por terem me tirado do inferno... Obrigada.

As duas trocaram mais algumas palavras, Kambriel as assistia emocionado, evitando olhar demais para a cena, porque sentia que se o fizesse não encontraria forças necessárias para fazer o que precisava ser feito. Foi então que ele viu quando Alana e Lena se afastaram da outra, a mulher beijou o rosto da moça algumas vezes, chorando um pouco mais antes de falar algo somente para que a filha a escutasse então se afastou, despedindo-se da moça e seguindo para longe dali. O arcanjo olhou ao redor, imaginando que Lena pudesse estar sendo observada e por esse mesmo motivo ela não se demorou em continuar no mesmo ambiente que a filha, sabendo que não poderiam ficar juntas.

Sua suspeita mostrou-se real quando ele viu, um arcanjo a acompanhar. Lena seguia com segurança para algum lugar com um de seus irmãos por perto, o rapaz não viu quem estava a protegendo, mas sabia que, se mandaram um arcanjo para segui-la, era por terem suspeitas de que Lena não obedeceria. Ele fechou os olhos, tentando sentir a presença de mais um irmão, nada.

Suspirou um pouco mais aliviado.

Foi a vez de Eva, a mulher caminhou até Alana, em uma atitude até inesperada, abriu os braços em um abraço ainda não realizado e trouxe a moça para si.

— Eu sei que sempre odiei vocês humanos, mas você... — Ela suspirou e fechou os olhos, parecia estar prestes a chorar, mas se negava a fazer isso na frente de West e até mesmo de Kambriel. — Você é a segunda humana que gosto em meu tempo na terra, um privilégio, saiba disso.

Alana riu, a abraçando de volta com mais força.

— Obrigada por ter ido me resgatar do inferno, Eva. — West agradeceu, a voz embargada devido ao choro que parecia se esforçar para segurar. — Eu nunca vou poder retribuir por isso...

— Não é necessário. — A mulher a interrompeu com gentileza. — Você já fez demais e, é o bastante. Só prometa que vai viver sua vida, fazer suas coisas... Viver a sua vida.

Alana engasgou com algumas palavras.

— Eu queria fazer isso com ela — disse, referindo-se a mãe. Eva assentiu em um sinal claro de compreensão.

— Eu sei que sim — A mulher passava as duas mãos pelo rosto da moça, arrumando algumas vezes alguns fios rebeldes de seu cabelo quando caiam-lhe na face. — Imagino que ache injusto o que houve e não pense que eu esteja de acordo com a decisão dos Juízes, mas eles tomam conta do Céu, Inferno e Terra... Eles sempre decidirão aquilo que não afetar nenhum dos planos do qual cuidam.

West a contragosto concordou, era tarde demais para se lamentar pelo destino de Lena.

— Há sempre uma maneira de burlar algumas regras — Eva sussurrou, dando a Alana uma fagulha pequena de esperança. Apesar de saber que poderia se colocar e colocar a mulher em risco, sua fala despertou em si um lado menos irracional. Se fosse mesmo possível, Alana iria tentar descobrir uma maneira de ver a mãe. — Enfim, eu quero que se cuide, humana fedorenta.

Dessa vez as duas riram ao mesmo tempo, Kambriel assistia a cena um pouco mais afastado, tentando se concentrar em lembrar de tudo o que tinha para dizer a ela antes de perdê-la, ele respirava fundo, limpava as mãos nas calças para livrá-las do suor que vinha; algo do qual não estava acostumado também.

— Saiba que eu vou me manter por perto e também vou ficar perto de sua mãe, vou cuidar dela para que nada e nem ninguém tente alguma coisa. — Contou com esperança, um brilho ansioso correu por seus olhos. Alana apenas assentiu e agradeceu.

As duas trocaram um sorriso amigável antes de se afastarem da outra, Eva foi quem se afastou ainda mais para que pudesse dar a eles um pouco de privacidade. Alana caminhou de encontro a ele, os passos estavam hesitantes e ao mesmo tempo firmes sobre o gramado ralo de seu quintal.

Ela piscou algumas vezes antes de estar diante dele, durante um momento ela tentou rir para ele, mas não estava dando certo. Lágrimas rebeldes começaram a correr pelo seu rosto. Kambriel não suportou a distância, correu até ela a envolvendo com os braços novamente, apertando-a contra seu corpo com força, mas sem machucá-la.

— Eu sabia que isso iria acontecer — Ela começou a falar, dessa vez deixando as lágrimas escorrerem de seus olhos para seu rosto, molhando sua camisa. — E eu já passei dias pensando sobre esse momento e tentando me convencer de que seria fácil me despedir, mas agora é tão...

— Eu sei. — Ele completou a frase por ela. Porque se sentia da mesma maneira, sempre soube que seu tempo na terra não era algo duradouro, mas ter que se despedir depois de tanta coisa lhe parecia injusto. — Eu não tenho palavras para descrever a minha gratidão, por você ter me proporcionado algo tão diferente de tudo o que estava acostumado em terra... Eu nunca me senti tão feliz e completo por ser um arcanjo transfigurado em um corpo humano. E nunca me senti tão grato por um humano como me sinto com você.

Seus dedos se afundaram em seu cabelo, nunca aquela ação pareceu lhe trazer uma sensação tão agradável como naquele momento. O modo como seus dedos simplesmente se enroscaram nos fios castanhos como se fosse um terreno conhecido... Ele nunca se esqueceria daquela sensação.

— Você... — Ele começou a falar, mas parou quando Alana ergueu o rosto para olhá-lo e, foi isso o que fez com que as palavras simplesmente fugissem de seus lábios. Durou apenas poucos segundos e, quando ele sentiu que era hora de parar de encará-la, Alana o surpreendeu em levar os lábios de encontro aos dele.

O beijo era uma despedida, ele não queria pensar nisso, mas tudo nele deixava claro de que era o último. A forma urgente e gentil de como seus lábios se uniram a maneira como as mãos dela o agarrou pela nuca, repuxando seu cabelo ao mesmo tempo em que ele a apertou na cintura e ergueu seu corpo alguns centímetros do chão. Seu coração nunca disparou daquela maneira antes, sua respiração nunca se tornou tão falha e fraca como naquele momento e, ele nunca se sentiu assim. Completo. Inteiro.

Quando se afastaram, não houve palavras, apenas uma troca intensa e longa de olhares que nunca mais aconteceriam novamente, Kambriel tocou o rosto dela uma última vez, passando o dedo por cada detalhe que existia; desde ao contorno perfeito de sua face as duas pintas minúsculas que ele percebera escondidas em seu queixo.

— Eu nunca vou me esquecer de você, Alana West. Estarei sempre pensando em você, em tudo o que fez pela cidade, por Eva e por mim... Sempre a terei em meus pensamentos. — Ele disse, ele mesmo tendo que segurar as lágrimas persistentes que tentavam a todo custo escapar de seus olhos azuis.

— Vou sempre pensar em você também. — Alana respondeu com uma convicção inocente, ela pareceu precisar pensar que aquilo era mesmo uma verdade. O arcanjo sabia que era mentira, ela se esqueceria dele e de tudo no momento em voltasse a dormir, mas aceitou sua fala, a guardou em seu coração. — Eu estou com um pouco de medo.

Ela confessou um pouco sem jeito, pareceu tentar rir de sua fala, mas não conseguiu. Pois mais lágrimas escaparam de seus olhos.

— Você enfrentou demônios, foi ao inferno praticamente duas vezes, estava diante de divindades poderosas e só agora está com medo? — Ele perguntou com um pouco de humor, percorrendo a mão pelo rosto dela, o rapaz lutou para sorrir, mas quando fez menção disso as lágrimas se mostraram mais fortes e escaparam enfim. — Não há nada com o que se preocupar, eu vou estar cuidando de você, sempre. Mesmo que longe, a manterei segura.

— Como têm feito desde que nos conhecemos. — Ela disse com tristeza, engolindo seco quando mais lágrimas escorreram dos olhos.

Kambriel assentiu devagar, beijando o topo de sua testa e ousando um pouco mais ao beijá-la nos lábios novamente, não se importava por estar quebrando as regras novamente, afinal, Alana já concordou em sofrer as consequências do crime.

Seu coração bateu mais forte, mais rápido, ele sabia que em algum momento teria de deixá-la ir e, mesmo sabendo que era necessário, ele simplesmente não conseguia soltá-la, sabendo que nunca mais a veria, sabendo que não mais se abraçariam ou sequer chegariam perto do outro. Mas precisou fazer.

E o fez.

Alana esticou os lábios uma última vez, olhando-o com atenção, os olhos castanhos e sempre tão curiosos correram por toda sua imagem como se ela tentasse guardá-la em sua mente. Lentamente Kambriel a soltou e seus corpos se afastaram, ainda que estivesse claro toda a recusa existente neles.

West respirou profundamente antes de começar a caminhar em direção para dentro de sua casa sem nem olhar para trás; sabendo que se o fizesse não encontraria forças para prosseguir. Não houve uma despedida por palavras, não houve o tão conhecido adeus porque nenhum dos dois queriam tornar aquilo mais real do que já era e nem mais difícil do que claramente foi.

Cada passo dado por ela, para mais perto de sua casa ele sentia como se estivesse recebendo uma facada em seu peito, um novo golpe dado com força que, arrancava dele tudo o que lhe preenchia a cada passo. Tirando dele toda a sua essência.

Kambriel sentiu que desabaria quando a viu finalmente entrar e fechar a porta da mesma. Aquele era o fim que ele não queria que acontecesse, o momento que tentou não fazer acontecer e que viera de uma só vez. Tudo tornou-se estranho, incompleto, vazio e silencioso demais quando a presença de Alana não se fazia mais notável ali no jardim, o arcanjo percebeu como passou a sentir-se... Tão estranho.

Eva se aproximou dele muito lentamente, os olhos vermelhos por causa do choro que ela se esforçava para segurar diante da despedida.

— Ela vai ficar bem. — Disse convicta. — Eu vou ficar por perto, vou cuidar da mãe dela e também dela, mesmo sabendo que nada mais vai acontecer e que você com toda certeza estará a observando de longe.

Ele não conseguiu responder, as palavras não estavam vindo como acontecia antes. Silenciosamente ele chorou, seu peito se apertou e ele sabia que a perdera para sempre, por causa de sua qualidade em não ser egoísta como ele gostaria que ela fosse. Que nunca mais teria tempo com ela, que Alana West jamais o veria novamente; ao menos não de perto. Ele a veria obviamente, não iria se aproximar demais porque não era permitido, mas ele a observaria de longe, cuidaria dela.

A veria crescer, fazer aniversários... Se apaixonar... Formar uma família. Kambriel a acompanharia, assistiria suas conquistas, suas falhas, suas alegrias e tristezas... A veria feliz e segura enfim. E ele não poderia se aproximar, jamais.

— Eva — Ele a chamou depois de um longo momento calado, sua voz saiu estranha. Tomada por um tom diferente e rouco. — Posso... Posso fazer uma pergunta? Mas uma pergunta bem pessoal?

A mulher o olhou, franziu o cenho e então assentiu.

— Sabe que pode.

Kambriel pensou nas próprias palavras que diria a seguir, era uma decisão? Uma opção? Ele não sabia ao certo do que se tratava, mas precisava saber, independente do que estava passando na sua mente. Ele queria apenas a resposta da questão que seus pensamentos formaram.

— Você se arrependeu do que fez? Teve algum dia em você simplesmente imaginou como teria sido se não tivesse feito as escolhas que fez até esse momento? — Ele deu com os ombros, sentindo quando um grande nó se formou em sua garganta.

— Nunca. — Respondeu com honestidade. — Eu sabia o que estava disposta a fazer por Jane, sabia o que me envolver com ela significaria e acho que foi isso o que tornou tudo ainda mais fácil. Escolher protegê-la de Baltazar foi uma escolha simples... E eu escolheria de novo e de novo... Não pensaria duas vezes.

O arcanjo assentiu, aquilo foi o suficiente para ele entender a dúvida e finalmente dá-la como respondida; ainda que não compreendesse totalmente como Alana pudera preferir salvá-lo a manter-se livre, a resposta que obteve de Eva lhe deu uma luz. Uma escolha por amor que a humana fizera por ele.

E ele jamais poderia retribuir.

 


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Notas finais do capítulo

Calma, teremos ainda o epílogo!
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Nota da autora com spoiler:
~ Eu sei que parece cruel ter feito a Alana se esquecer de tudo, mas acreditem, eu já tinha planejado isso desde o começo da história. Até porque ela nem deveria saber sobre tudo o que aconteceu e nem fazer parte do mesmo. Escrever essa despedida realmente me fez chorar porque eu sou sensível demais kkkkk, mas foi necessário.

~ Kambriel e Eva não podem chegar perto da Alana por razões óbvias, apesar da Eva agora ser totalmente humana ela ainda tem envolvimento com o inferno e por isso esse “castigo” foi aplicado para ela também. Mas, como ela mesma disse para a Alana: existe sempre uma maneira de burlar essas regras hehe.

~ Os Juízes só não foram mais rígidos com a punição da Alana porque gostando eles ou não, ela ajudou demais o Kambriel. Foi pro inferno quando nem ele e nem a Eva poderiam, conseguiu respostas com o Eligus e era a única com quem o maldito do Baltazar conversaria. Ou seja, eles podem não ter gostado de saber que ela estava envolvida na missão do Kam, mas não puderam negar sua ajuda e por isso “aliviaram” quando a puniram.

~ Alana não é egoísta, ela poderia muito bem negar o perdão e deixar o Kam sofrer, mas a história da Eva a fez pensar bastante e por isso ela não deixou que ele se tornasse humano. Mesmo gostando demais do anjinho ela nunca ia deixar que ele perdesse tudo por causa dela e espero que vocês estendam a decisão dela de preferir esquecer de tudo e dele pra mantê-lo arcanjo.

Nos vemos no último capítulo!



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