Entre o Céu e o Inferno. escrita por Sami


Capítulo 21
Capítulo XX


Notas iniciais do capítulo

Olá amores, voltei mais cedo com mais um capítulo pra vocês!
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/789063/chapter/21

CAPÍTULO XX 

Era por volta de quatro da tarde quando Alana finalmente já estava seca e recuperada de sua viagem ao inferno; depois é claro de muita insistência por parte de Kambriel para que ela descansasse por um tempo e tentasse comer algo, pois seu corpo ainda encontrava-se fraco devido a viagem feita antes.  

A humana estava reunida juntamente com Eva e Kambriel na sala para que finalmente pudesse contar tudo o que conseguiu de informação com Eligus e, viu-se ansiosa para esse momento, porque sabia que assim que contasse tudo o que soube, seria uma questão de tempo até que o arcanjo finalmente conseguisse resolver todo aquele caos na cidade. E ela bem sabia que, todas as informações que obteve com ele, seriam úteis para sua missão.  

Devagar a moça começou a narrar a conversa que teve com o demônio, evitando é claro mencionar a parte em que eles fizeram um tipo de passeio estranho pelo lugar e ele lhe mostrou as almas em suas condenações. Evitou também mencionar como Eligus era... Diferente do que ela imaginava para um demônio e claro, sobre a segunda conversa que tivera com ele aonde soube sobre seu pai e sua mãe. 

— ... Eligus não está envolvido nisso, ele disse que já tem um tempo desde que subiu para a terra e que só está sabendo sobre esses ataques porque estão falando sobre isso — West fez uma pausa muito rápida antes de prosseguir. — Ele não sabe exatamente quem está causando isso, mas disse que é algum demônio da alta hierarquia e que, esses demônios que estão atacando só estão fazendo isso porque provavelmente estão recendo algo em troca.  

Foi algo que aconteceu muito rápido, com as palavras de Alana em voz alta a expressão de Kambriel mudou para algo que deixasse claro sua preocupação e logo ele estava com ambas as mãos sobre o rosto, respirando profundamente como se já soubesse de algo ou tivesse alguma ideia de quem poderia estar por trás disso. Já o rosto de Eva transparecia concordância; ela não parecia nada surpresa com aquela informação.  

— A alta hierarquia é claro. Agora muita coisa faz sentido! — Repetiu a informação como se acabasse de concluir um pensamento. E realmente fizera isso. Os dois a olharam com expressões bem diferentes, enquanto o arcanjo parecia apenas esperar para que ela contasse o que pensou, Alana a encarava sem entender sua fala. — A alta hierarquia é quem cuida do inferno quando o Lúcifer não pode, são como seus filhos e fazem sempre o que é mandado. Os demônios que estão fora dessa hierarquia nos vêm... Como líderes, fariam qualquer coisa que eles mandassem sem nem pensar duas vezes. Se há uma troca de interesses então, é como ter centenas de marionetes em seu comando.  

— Mas não é só isso, o demônio que atacou o pastor Jeffrey era um caído, talvez quem esteja por trás disso não esteja apenas liderando os que vivem no inferno, mas alguns dos caído também. — Lembrou Kambriel, seu tom de voz pesou ao mencionar muito rapidamente o pastor Jeffrey; o desconforto em sua voz era evidente.  

A demônio concordou.  

— Eligus falou alguma coisa sobre os caídos? — Eva questionou, olhando na direção da jovem.  

Alana negou com a cabeça. Sequer chegara a mencionar isso em sua conversa, porque até aquele momento, não tinha conhecimento sobre o assunto.  

— Bem, ele foi claro quando disse que não poderia ajudar nisso, e deu algumas pistas bem vazias que não ajuda em muita coisa, também falou sobre Baltazar ser a nossa melhor ajuda, porque ele está aqui na terra e pertence a essa hierarquia. — Ao mencionar o nome do demônio ela se assustou quando a face de Eva se transformou em algo assombroso. Seus olhos tornaram-se escuros e fundos, a boca se torceu de forma grotesca e algumas veias em seu rosto saltaram a deixando com uma aparência completamente diferente de segundos atrás.  

A careta que ela mostrava era uma mistura de raiva e nojo, nem mesmo quando a mulher mencionava ou estava perto de algum humano ela agia de tal maneira e Alana imediatamente se recordou do que Eligus lhe disse: Eva e Baltazar tinham um passado. E ela se perguntou o que acontecera para que a mulher estivesse daquele jeito.  

— Baltazar é claro... — Eva respirou profundamente ao dizer o nome do demônio, era visível a raiva que subia por seu corpo e lhe dominava; como uma doença. A mão esquerda estava fechada num punho firme enquanto a outra apertava a própria perna como se estivesse ao ponto de arrancar a própria pele.  

— Eligus disse que quando fôssemos falar com ele que, você não estivesse junto, Eva. — A humana arriscou dizer, tinha aquela fala do demônio como um tipo de lembrete, afinal, estava tendo um vislumbre completo de como a mulher passou a agir só de ouvir seu nome; não conseguia nem imaginar o que poderia acontecer se acaso ela estivesse junto quando fossem falar com ele.  

— E ele por acaso disse aonde poderíamos encontrá-lo? — Perguntou Kambriel, desviando a atenção de Alana para que ela agora o olhasse enquanto Eva aos poucos conseguia se acalmar. Deixando seu rosto como antes.  

A humana negou e viu decepção nos olhos do arcanjo e então olhou para a mulher.  

— Eva... — O rapaz a chamou e automaticamente ela o olhou de volta, os dois pareciam ter uma conversa mental, deixando West de fora do assunto. Novamente a mulher se mostrou irritada, porém não como antes, mas seus olhos continham aquela mesma raiva de momentos atrás.  

— Não consegue usar suas habilidades de arcanjo para fazer isso, ao menos dessa vez? — Quis saber, ainda tinha o rosto direcionado para ele, furiosa como antes. Inquieta.  

— Sabe que não é assim que funciona e ele também não está por aqui, eu o teria sentido caso estivesse. — Ele responde, diferente dela mostrando muita calma com a situação. O contraste perfeito entre os dois. — Você o conhece melhor que eu, sabe como ele age e como ele é... Daqui é a única que consegue.  

West viu quando a mulher bufou alto e fechou os olhos enquanto prendia a respiração pelo que pareceu cinco minutos, sua mente estava tomada por uma agitação que era vista por suas atitudes e reações, o corpo não parava mais quieto por mais de cinco segundos. Eva parecia descontrolada naquele momento por causa daquela conversa. E enquanto isso, Alana apenas assistia os dois conversarem sem entender exatamente qual seria a pauta, mas entendera que se tratava de Baltazar.   

— Sabe que isso vai demorar bem mais do que Eligus, não é? Conseguir falar com ele foi pura sorte, não posso dar essa mesma garantia com Baltazar. — Com suas mudanças drásticas de humor e expressões, Eva abriu os olhos e foi como olhar para uma nova pessoa, estava finalmente mais tranquila, apesar de ainda ser possível perceber a fagulha de raiva que pairava sobre os olhos dela ao dizer o nome dele com tanta repulsa. — Ele não está em Grória então eu vou ter que sair à sua procura, isso leva tempo e seria mais fácil se aquele fofoqueiro do Eligus ao menos nos desse uma pista de onde ele possa estar.  

Kambriel assentiu muito lentamente, olhando para a demônio com a mesma tranquilidade de antes. Novamente eles pareciam ter uma conversa secreta entre suas mentes, as expressões que iam e vinham do rosto de Eva denunciavam essa outra conversa que tinha.  

— Tudo bem, eu procuro por ele! — Anunciou ela com um sorriso que conseguiu forçar com maestria para exibi-lo aos dois. A imagem não era muito agradável e Alana conseguiu perceber que a mulher parecia se esforçar muito para sorrir diante a sua própria fala. 

A falsa alegria em sua fala era perceptível e novamente Alana se viu tomada pela curiosidade para saber o que acontecera entre ela e Baltazar para que apenas a menção do nome do demônio conseguisse irritar tanto assim Eva.  

●●●

Já era noite e Alana ainda não conseguia dormir, não por estar na casa de Eva, mas por causa de tudo o que aconteceu nas horas anteriores. Depois da conversa longa aonde ela contou tudo o que conseguiu obter com Eligus e a mulher anunciar que iria ficar fora durante alguns dias para procurar por Baltazar por não saber aonde ele estaria, West finalmente pôde pensar a respeito de tudo o que aconteceu, do que viu e claro, do que descobriu sobre seu pai e sua mãe.  

Eva os deixou em sua casa, alegando que seria mais seguro que eles ficassem por lá durante a noite em vez de retornar para a casa de Alana e mesmo com certa hesitação por parte de Kambriel, ele acabou concordando com isso. Depois disso, não houve mais conversa, eles jantaram e cada um seguiu para o quarto aonde dormiriam, contudo, a jovem percebeu que não teria uma noite boa de sono; não depois de ter ido ao inferno e ver o que viu e ouviu.  

Dormir seria uma tarefa complicada e quando percebeu que seus olhos não iriam simplesmente se fecharem e sua mente não iria relaxar, ela nem mesmo tentou lutar. Aceitou a ausência do sono. West estava sentada no chão da pequena varanda do quarto que Eva lhe ofereceu para passar a noite, era um cômodo pequeno se comparado com os outros cômodos que havia visto, tinha apenas uma cama e uma estante média com alguns livros escritos em uma língua desconhecida. Nada mais do que isso.  

Alana estava pensativa sobre tudo, calada desde que passara as informações necessárias para os dois e, nada mais disse após a conversa. Conversou um pouco com Kelory através de mensagens curtas, obviamente não contou a respeito de seus dias e apenas inventou mentiras convincentes para que a amiga pensasse que ela estivesse dentro de casa se recuperando do susto de dias atrás.  

Kambriel percebera que tinha algo de errado desde o momento em que a viu sair da água e ela sabia que existia a possibilidade de que ele soubesse que não tinha relação alguma com sua ida ao inferno e o tempo que ela passou lá. Seria apenas uma questão de tempo até que ele viesse querer conversar com ela sobre isso e apesar de estar esperando por esse momento, a moça não tinha muita certeza do que iria falar a ele ou se realmente deveria contar tudo.  

E, ela não se surpreendeu quando ouviu batidas leves na porta do quarto. A moça virou o rosto, olhando para a porta entreaberta do quarto, pensando se deveria deixá-lo entrar ou se fingia estar dormindo. Seus pensamentos pareciam rir de si, alguns apenas lhe diziam o clássico “eu avisei” enquanto os outros, pareciam mais concentrados em relembrar a viagem de mais cedo.  

— Entre. — Ela disse, contrariando seus últimos pensamentos que parecia obrigá-la a negar a entrada do rapaz no quarto. Ela não queria falar com alguém naquele dia, mas não negaria que, iria se sentir muito melhor se o fizesse e sabia que só conseguiria isso com o arcanjo.  

Alana voltou a encarar o céu escuro da noite, ouvindo os passos calmos dele até senti-lo ao seu lado.  Sem nada dizer, o arcanjo sentou-se ao seu lado no chão, puxando uma parte da coberta na qual ela estava enrolada para se proteger do tempo gelado daquela noite e do vento frio que soprava; ou ele daria uma bronca por estar tomando friagem, ou perguntaria o que a estava atormentando, muito provavelmente, as duas coisas. E West já se preparava para ambas situações. 

A presença dele a acalmou, não totalmente, pois ela ainda estava perturbada com o que houve, mas o que estava predominando ali era o que sentiu e o que viu logo após tocar Eligus, mas não contaria isso a ele. Ao menos era isso o que tentava fazer. 

— Você não está bem e isso é perceptível em seus olhos, então eu vou ir direto para a pergunta; o que aconteceu? — Sua voz era doce e a fez virar o rosto em sua direção, ela o olhou, ainda calada. Pensando em qual resposta daria a ele.  

Kambriel tinha o rosto numa expressão neutra, os lábios pouco carnudos fechados formando uma linha perfeitamente reta, os olhos azuis estavam fixos no rosto feminino e ele sequer parecia piscar; era como olhar uma estátua. Isso a intimidou um pouco, pois queria vê-lo mais humano, assim talvez conseguiria esquecer-se de tudo o que presenciou no inferno, mas não sabia como fazer aquele pedido a ele; nem mesmo sabia se era algo possível de se pedir. 

Alana sabia que teria de contar tudo a ele e então decidiu começar pelo que julgou ser mais simples. 

— É muito estranho, — Alega de forma misteriosa, suspirando pausadamente antes de prosseguir. — Ir e voltar. A minha percepção é de que eu passei uma eternidade lá no inferno, mas é diferente com você, porque apenas cinco minutos se passaram desde que afundei na água da banheira e voltei.  

Ao mencionar a viagem, Alana se percebeu agitada, as mãos gesticulavam de forma confusa enquanto ela tentava conseguir se expressar melhor sobre a sensação que teve. Como sabia que aconteceria, contar sobre a ida ao inferno pareceu lhe deixar mais leve, mas ainda havia muito para falar sobre seu tempo lá e era essa a questão; ela não sabia como contar tudo. Nem mesmo se deveria.  

— Quando falou que o tempo lá era diferente daqui, imaginei um tipo de fuso horário ou apenas alguns minutos de diferença, mas — Ela desviou os olhos do arcanjo e fez uma pausa rápida. — Eu não esperava essa diferença, sabe? Enquanto eu estava lá, pensei no tempo em que fiquei andando até finalmente encontrar Eligus, eu andei pelo lugar e nossa, eu só conseguia pensar: esses cinco minutos já se passaram, por que ainda não voltei?  

A jovem apertou os lábios com força, era estranho recordar-se daquela aventura perigosa que teve.  

— Esses cinco minutos também demoraram para mim, Alana. — Ele admite, também não estava a olhando mais. — Eu não queria que descesse até lá e mesmo sabendo que você conseguiria fazer o que tinha de ser feito, no momento em que você desceu... Foi como se eu estivesse a jogando no inferno. 

Alana o empurrou levemente com o ombro.  

— Mas foi uma decisão que eu tomei, Kam. — Disse, sem perceber que o havia chamado pelo mesmo apelido que Eva costumava chama-lo.  

— Eu sei, mas me preocupa que ter deixado que fosse até o inferno a tenha exposto bem mais que antes. — Faz outra confissão e sem saber o que responder a ele, a moça apenas fica em silêncio, pensando sobre suas palavras com calma. Tinha demônios atrás dela, sim, era verdade, mas mesmo que tenha ido ao inferno e andado pelo lugar, não sentiu-se exposta. Atormentada? Sim. Mas não exposta.  

— Eu o toquei sem querer, — Confessa de repente, fechando os olhos ao sentir que as imagens viriam em sua mente e tentou impedir que isso acontecesse. Estava sentindo-se culpada por esconder isso dele e bem, ela precisava contar sobre o que viu quando o tocou. — Eu sei que não deveria fazer isso, mas foi um impulso e quando eu me dei conta tinha o segurado por dois segundos... Eu entendi o motivo de você não querer que eu soubesse o motivo de não deixar que eles me tocassem e...  

Ela interrompeu sua própria fala e passou as duas mãos pelo rosto, soltando um suspiro demorado. Omitiu a parte sobre o motivo de ter tocado no demônio, sabia disso, mas não estava pronta para contar tudo o que descobriu sobre seu pai assim. Não quando a mente de Kambriel já estava cheia sobre sua missão. Ao seu lado, não houve uma reação esperada, o arcanjo não se afastou e nem mesmo começou um sermão sobre o perigo que ela correu ao fazer aquilo, ele apenas a olhou. 

— O que você viu quando o tocou? — Ele perguntou, a voz bem mais baixa agora, deixando claro que havia uma preocupação presente em seu tom, mas nada além disso.   

— Só coisas ruins. — Respondeu. O coração acelerou com a lembrança das tantas imagens que viu correr por sua mente quando o tocou, não eram apenas coisas desagradáveis que seriam difíceis de serem apagadas de sua mente. Era muito mais do que isso, era... Um tormento incomum, um terror do qual ela jamais se esqueceria e uma sensação de morte, tudo unido a imagens de si mesma em situações tão horrendas e perturbadoras. — Eram como cenas de futuro meu, morte, acidentes... Como premonições, sabe? E eu me vi em todas aquelas imagens horríveis. 

Alana estremeceu ao relembrar do que viu. Kambriel, porém, nada disse a respeito de sua fala, o que a surpreendeu, pois, Alana imaginou que ele iria brigar com ela, xingá-la de irresponsável — porque realmente foi — e descuidada por ter feito aquilo, mas isso não aconteceu.  

Ele apenas passou seu braço por seus ombros, puxando-a para perto de seu corpo e apoiando sua cabeça em seu próprio ombro. De início ela estranhou sua ação, pois não estava esperando por algo daquele tipo, mas ainda assim o aceitou. Sentiu quando ele passou a mão livre por sua cabeça e seu cabelo como se ele estivesse acalmando uma criança e, aos poucos aquela sensação que lhe dominava estava deixando seu corpo, dando espaço para uma leveza já sentida na noite passada.  Ele estava fazendo aquele seu truque de arcanjo novamente e, ela agradecia por isso. 

Durante um tempo breve, West fechou os olhos, apreciando o toque que recebia, apesar de ser algo muito superficial e simples. Aspirou profundamente sentindo o odor que vinha dele, o percebendo pela primeira vez e notando como era algo doce e tão agradável. West pensou em falar sobre a segunda conversa com Eligus, que descobrira o que seu pai foi fazer no inferno, mas deixou isso de lado. Não iria incomodá-lo. 

— Está fazendo aquele seu truque de anjo comigo de novo? — Questionou de forma inocente e com um leve humor, virando levemente o rosto para olhá-lo. Ela viu quando os lábios dele se esticaram num sorriso silencioso e largo, a ação foi rápida, mas o bastante para fazê-la se sentir contagiada com aquele sorriso.  

— Hum... — Ele fingiu pensar em sua resposta, o que apenas tirou dela uma risada rápida. Seu humor já estava diferente de momentos atrás e ela era grata por isso. — Não totalmente, quer dizer, sim, estou usando o meu truque de anjo com você, mas não é só isso que estou fazendo.  

Alana sentiu seu cenho se franzir brevemente, mas então pareceu compreender a fala do rapaz.  

— Isso é algo que faz parte de quem você é? — Fez outra pergunta, sem se dar conta de que estava cada vez mais aconchegada no corpo do arcanjo e que, ele também parecia mais aconchegado a ela.  

— Não exatamente. Como arcanjo, sou um guerreiro e não um anjo protetor, mas diante da atual situação na qual nos encontramos, acho que não há nada de errado em acrescentar isso a quem sou. — Responde muito calmamente, seus olhos estavam fixos no céu escuro, aonde a lua se escondia por entre algumas nuvens; impedido que seu brilho fosse visto.  

Ela ri brevemente. Alana também tinha os olhos fixos no céu, porém era óbvio que os dois estavam com percepções diferentes do que via. Enquanto a moça apenas apreciava a noite e a luz pouco escondida da lua, o arcanjo tinha seus pensamentos fixos em seu lar. De esguelha ela o olha, se perguntando momentaneamente o que estaria se passando em sua mente nesse momento em que olhava para o céu.  

Ele sentia saudades de seu lar? Dos outros anjos e arcanjos que viviam com ele? Saudades de seu Pai?   

— Obrigada, Kambriel. — Agradeceu quando sentiu que todo aquele tormento que lhe dominava a havia deixado por completo. Sua voz atraiu a atenção do rapaz que, rapidamente virou o rosto em sua direção, ambos se encarando.  

— Não precisa agradecer, Alana. — Sua reposta sai com um sorriso leve e Alana também e estica os lábios num sorriso muito simples e curto, desviando seus olhos para as mãos de Kambriel sobre a coberta que os mantinha aquecidos naquela noite fria. Ela as acompanhou quando percebeu que estavam se movendo e se assustou quando sentiu uma delas em seu rosto, a palma maior e quente repousada sobre sua face em uma ação tão inesperada e diferente de tudo o que ele já fizera antes.   

Sem pensar direito no que estava fazendo ou no que deveria realmente fazer a respeito, ela imitou sua ação e repousou sua mão por cima da dele, pressionando a palma masculina por seu rosto como se tentasse prolongar aquele toque e impedir que algo o interrompesse. Se aquilo era algum outro tipo de truque de anjos, ela não sabia, mas gostou de como seu rosto reagiu e da sensação que a dominou naquele momento. West continuava imóvel, encarando o arcanjo na sua frente sem saber o que dizer, ela queria dizer algo, talvez até puxar um novo assunto, mas naquele momento as palavras simplesmente escaparam de sua mente, forçando-a num silêncio que não era seu normal.   

Seu rosto pareceu se aquecer com aquele toque e era uma sensação muito reconfortante e agradável, ela sabia que em certo momento iria precisar se afastar e apesar de uma parte mais racional e lógica de si mesma estivesse lhe dizendo para fazer isso, Alana contrariou a si mesma e continuou a permitir receber aquele toque. Memorizando-o em sua mente, porque não sabia se tornaria a receber algo parecido em breve e, ela queria guardar em sua memória aquela sensação boa que ganhara dele.  

Novamente ele a trouxe para perto, apoiando sua cabeça em seu ombro como fizera antes, tão próxima dele como estava naquele momento, foi possível conseguir ouvir as batidas aceleradas de seu coração contra seu peito. Uma agitação incomum. Alana então se perguntou se ele também estaria conseguindo ouvir seu coração bater mais forte, ou se estaria percebendo a estranha agitação que a dominou. Muitas perguntas se formaram em sua mente, algumas que pareciam não fazer muito sentido, mas uma em questão que chamou a sua atenção para um assunto importante.  

Aquela resposta de seu corpo, seria uma reação causada por sua real natura, ou algo a mais?  


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

~O amor está no ar, mas eles ainda não sabem disso...

~Mais um demônio que vamos conhecer muito em breve, preparem-se porque se Eligus foi um encontro tranquilo, o encontro com Baltazar não será nada bom...



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Entre o Céu e o Inferno." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.