Desci do Uber e me aproximei da campainha. Apertei o botão e aguardei, o Uber foi embora, a rua estava vazia, e comecei a me sentir desconfortável em frente ao portão.

—Pois não? - uma voz grossa e rouca rompeu o silêncio incômodo.

—A Isa está? - esperei uma resposta por dois segundos e não obtive - Aqui é a Nat... Natasha, amiga dela...

—Só um minuto...

E tudo ficou quieto novamente, olhei para a rua vazia e de repente o portão começou a abrir lentamente. A casa foi aparecendo conforme o portão se abria, dois andares, toda branca com janelas enormes e um gramado perfeito, uma mulher baixinha, eu diria que da minha altura, apareceu na porta e me disse com uma voz acolhedora:

—Pode entrar querida, a Isadora está la no quarto. - e sorriu 

Me aproximei da porta principal da casa, onde a mulher estava

—Oi, sou a Nat... 

—Oi, sou a Gio, pode me chamar de dona Gio se quiser, eu cuido da Isa desde que ela nasceu. - disse enquanto adentrava a casa - Vou avisá-la que você está aqui. Pode esperar aqui.

Eu a segui até a sala da casa. Tentei não ficar olhando em volta e reparando a casa e todos os móveis chiques e de alto padrão que haviam. Parei próximo ao sofá e fiquei olhando a piscina que ficava em frente a sala, apenas grandes portas de vidro separavam a sala de estar do quintal gigantesco.

Senti que alguém havia chegado na sala e então me virei. Ele estava em pé, a alguns metros de mim, tinha uma pasta preta em uma das mãos e um celular na outra, estava de roupa social, alto, cabelos pouco grisalhos, barba rala e grisalha, olhos verdes e no mesmo instante seu perfume invadiu a sala toda. Ele me olhou nos olhos e me senti intimidada

—Oi - ele disse e continuou com os olhos focados nos meus - Natasha? - disse tentando quebrar o gelo com um meio sorriso

—Oi— respondi um pouco envergonhada - Sim, meu nome...

Ele sorriu de lado.

—Nat!! - Isa gritou vindo em nossa direção 

—Oi! Eu, te mandei mensagem em todos os lugares mas você não me respondeu então eu vim até aqui - Respondi com um sorriso amarelo e encolhendo os ombros

—Meu celular quebrou! Achei que não precisaria te avisar já que estava certo que iriamos estudar juntas hoje - ela estava desconfortável assim como eu - Vi que já conheceu meu pai - confirmou já que a presença dele era mais que evidente.

—Ah, sim, quer dizer...— me aproximei estendendo a mão a ele - Prazer em te conhecer...

—Prazer - ele respondeu apertando minha mão formalmente e sorrindo por completo.

—Vem vamos pro meu quarto - Isa disse já me puxando pela mão 

Subimos as escadas em silêncio até chegar ao quarto dela;

—Isa, me desculpe ter vindo assim sem avisar, mas não ia dar pra gente estudar, te mandei mensagem mas depois que vi que não visualizou fiquei preocupada e...

—Amiga, relaxa! Esta tudo bem, eu entendo!

Isa é a pessoa mais compreensiva e amável que eu já vi, e ninguém diz isso quando a vê; uma garota de olhos azuis, loira e patricinha mimada tem tudo para ser detestável, mas ela era totalmente o contrário. 

—Me conta o que houve que não podemos mais estudar lá - ela perguntou

—O vizinho de cima está em obras 

—Entendi! - ela disse sorrindo - Vamos estudar, já que estamos aqui - ela disse já indo buscar os livros.

Estudamos a tarde toda, sem perguntas sobre as demais coisas, como sempre era, porém o perfume do pai da Isa e o olhar dele não saiam da minha cabeça. Até que a mãe dela chegou, e além dos meus pensamentos, todo nosso estudo foi interrompido .