Eu nunca havia me interessado por homens mais velhos, eu juro! Mas nunca diga nunca, e mesmo que eu quisesse não poderia ter dito não aos meus sentimentos...

Era meu terceiro ano na faculdade de contabilidade, eu e minha melhor amiga Isa estávamos no mesmo curso. A conhecia desde o ensino médio quando me mudei para uma escola paga, já que a vida financeira dos meus pais haviam melhorado. Desde então eu e Isa nunca mais nos desgrudamos.

Apesar de estarmos sempre juntas, eu nunca havia ido ate a casa dela, nos trabalhos que tínhamos que fazer ela sempre ia para minha casa depois da aula, e sua mãe a buscava quando terminávamos.

Isa não comentava muito sobre sua família, portando tudo o que eu sabia era que a mãe era professora de Espanhol e dona de uma escola de idiomas, uma mulher magra e alta, com cabelos loiros e curtos, com a testa franzida, reclamava constantemente e entre os dedos sempre havia um cigarro pela metade. Já o pai era sócio de uma das grandes empresas da cidade e estava sempre ocupado de mais para buscá-la na escola, por isso nunca o vi, mas segundo Isa, sempre a ajudou com os deveres da escola a noite, ela dizia que puxou os olhos dele, verdes e expressivos.

Isa nunca foi muito apegada a família, não tinha amizade com os pais no Facebook e evitava falar sobre eles, eu respeitei o espaço dela quanto a isso, porém mal sabia eu que tudo mudaria.

Já eu cresci em uma família unida, simples e grande, sou filha unica mas cresci com muitos primos, tios e tias e meus avós. Isa sempre se sentiu muito acolhida em nossa família, e eu a adotei como uma irmã que nunca tive.

Eu trabalho como contadora, porem em Home Office. Moro sozinha em um apartamento e embora seja meio difícil pagar aluguel, faculdade e ter dinheiro para comida e meus luxos ainda consigo me manter com meu salário. Assim que encerro meu dia de trabalho vou para a faculdade. 

Semana de provas e precisamos estudar para poder passar em todas as matérias. Isa se vira para mim 

—Amanhã e sábado fica ótimo pra gente estudar! - ela diz 

— Claro!— confirmo

—E então, saiu com o cara do Tinder?

—Sai mas...

—Mas? - ela pergunta curiosa - Pau pequeno?

—Não! - dou risada a repreendendo com o olhar - Não rolou nada, ele era um babaca.

—Eles sempre são - ela concluiu - Mas uma transa de vez em quando não faz mal a ninguém - sorriu maliciosa 

—Para com isso.

— Qual é? você já não transa com ninguém há quanto tempo? Uns 6 meses?

—Não, 8 meses! - respondo 

—Meu Deus não sei como você aguenta!

—Nem eu! 

—Precisamos resolver isso! 

—Isa, para! - dei risada - não quero mais saber desses caras de Tinder, eles só querem comer e sair fora. Vamos encerrar aqui.

 Após as aulas, esperei a van da Isa chegar, ela havia bebido e batido o carro que os pais deram a ela, então como castigo ela ficou sem o carro por uns meses.

—Então, amanhã eu pego um Uber até sua casa!

—Ok!

—Nos vemos amanhã

—Até mais - acenei enquanto ela subia na van.

Fui embora, tomei um banho, comi um lanche natural e fui deitar. Isa me mandou cinco fotos de uns caras que ela achou no Instagram da balada que frequentamos

          "Escolhe um que sábado já ta ai e eles confirmaram presença na                      balada " 

          "Escolho dormir, boa noite" - respondi ignorando o turbilhão de mensagens que vieram depois

Ao amanhecer corri ligar o notebook e trabalhar e comecei a escutar barulho de obras no apartamento de cima, interfonei para os queridos vizinhos que vivem "pisando na minha cabeça"

—Bom dia, estou ouvindo uns barulhos ai no seu apartamento...

—Ah sim, estamos fazendo umas obras aqui e vamos ter que fazer um pouco de barulho! - disse o vizinho me interrompendo

—Ok! - respirei fundo e desliguei.

O dia seguiu com muito barulho de coisas quebrando e sendo arrastadas enquanto eu tentava me concentrar no trabalho, oque era praticamente impossível. Na hora do almoço pedi uma marmita e enquanto esperava chegar meu pedido lembrei de avisar a Isa que não iria dar para estudarmos pois o barulho estava alto irritante de mais! Mandei mensagem e nada dela visualizar, tentei ligar e caiu na caixa postal, instagram, facebook, twitter e nada de resposta da parte dela, comecei a ficar preocupada e apos almoçar resolvi ir ate a casa dela. Procurei o endereço e consegui por meio de uma amiga em comum que nos da carona para a balada. Chamei um Uber e fui.

Bairro nobre, casas grandes e de arquitetura moderna, viramos algumas ruas e paramos em frente a um portão alto.

— Você chegou ao seu destino - o google maps avisou.