Immortality escrita por lisa gautier


Capítulo 2
Capítulo Um


Notas iniciais do capítulo

Olá, olá!
Retorno com um novo capítulo... Espero que gostem!
Até lá embaixo!



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CAPÍTULO UM:

Época de Alegria

 

1918

 

 

Não foi surpresa alguma para a família Masen, e nem para a Swan, quando Edward e Bella se casaram.

Charlie Swan desistira de convencer a filha a casar-se com outro durante a Páscoa de 1917, mas lhe contara apenas alguns meses depois. Edward, que apenas aguardava o passe verde do chefe Swan, não demorou a fazer o pedido — e muito menos Bella tardou a derreter-se e aceitar. O casamento, apesar de situado no meio de uma Guerra, trouxe alegria infindável para ambas famílias, mas principalmente para Elizabeth e René, que diariamente se dedicavam com os preparativos: bordaram novas toalhas para a cerimônia, dedicaram-se dias e dias a preparar saborosas refeições, ajustaram os últimos detalhes do vestido de Bella. Charlie e Edward Sr. haviam entrado em acordo, sendo que ambos financiariam a festança. Charlie assinara um cheque de malgrado, apesar de saber que era preferível um genro meramente chato do que folgado, afinal, no fim do dia Edward Masen permanecia sendo um bom rapaz, cursando Direito e trabalhando junto do pai.

Tendo uma descendência italiana correndo nas veias da família de Isabella, não fora nada surpreendente o choque da família Masen com as escolhas de músicas, quantidade absurda de vinho e excessos de comida. Houve uma discussão acalorada entre Edward Sr. e Charlie Swan, ambos se debicando quanto a igreja em que seria realizada a cerimônia; a família Swan era tradicionalmente católica e os Masen protestantes. No final, decidiu-se que Bella abdicaria do catolicismo — um corre-corre deu-se enquanto tentavam consertar o aspecto religioso do casal. Bella pouco acreditava em algo, diferente de Edward, então não fora grande sacrifício mas apenas um pequeno estágio para conquistar o que finalmente almejava.

Edward relembrava-se com diversão do dia de seu casamento, tendo chorado durante a cerimônia na igreja e gargalhado até as costelas doerem durante a festa. Fartura não faltara nas mesas e muito menos vinho nos copos; perto das dez da noite, enquanto a banda tocava suas últimas notas, Bella estava vermelha, tanto da dança constante quanto do álcool. A garota Swan, agora Masen, erguera o vestido de seda até os joelhos e chutara os sapatos para longe; puxara Edward para o centro da pista, tascando-lhe um beijo antes de ensinar-lhe, mais uma vez, uma dança tipicamente italiana. Edward bebera bastante do vinho doce que lhes serviam, sentindo o corpo esquentar mais e mais conforme as horas de festa estendiam-se.

Como a tradição ditava, Isabella cuidadosamente preparou-se para o casamento, usando algo emprestado (os brincos de prata de Elizabeth), algo azul (a tiara de safiras da vovó Swan), algo velho (o véu que passava de mulher em mulher há sete gerações) e um presente (um deslumbrante par de saltos diretamente da Europa). Manteve-se longe de ouro, evitando a má sorte, e vestiu-se de verde na véspera, esperando trazer sorte ao casal.

Não havia viagem de lua de mel, mas pouco lhes fazia falta; rumaram em direção ao apartamento no centro de Chicago, onde seria sua nova morada. Edward carregara Bella porta da casa. Uma garrafa de prosecco os aguardava em um dos poucos móveis da nova casa; Edward ligara o rádio enquanto Bella enchia dois copos, ambos se embebedando mais um pouco enquanto dançavam uma música lenta. As bolhas da bebida seguiram-se de beijos demorados e úmidos enquanto o vestido de Isabella deslizava, revelando seu corpo jamais tocado.

A conexão perfeita entre seus corpos fez com que Edward e Bella suspirassem em uníssono, deliciando-se com as sensações que provocavam um no outro. Não havia escapatória, eles sabiam; era como se tivessem sido destinados desde o começo dos tempos. Amaram-se profundamente, demoradamente; primeiro no sofá, depois na cama e, ainda sedentos pelo contato, na banheira, entre risadas e gemidos.

O relógio na parede apontava 10h quando Bella despertou, nua e com os cabelos cacheados, livres do coque que usara na cerimônia; agora Sra. Masen, desceu delicadamente, observando Edward dormir com a calmaria de um anjo. De pés descalços, entrou no banheiro. Atenciosa, observou seu reflexo parcial no pequeno espelho. Manchas avermelhadas, algumas mais claras, algumas mais escuras, espalhavam-se pelo seu queixo, pescoço e seios. Sorriu pequeno, lamentando nada — Edward fora perfeito, incrivelmente atencioso.

Vestiu um roupão de seda, que sua mãe lhe dera garantindo o sucesso de um casamento. Moveu-se até a cozinha, deparando-se com um fogão e armários elevados vazios. Encontrou um pouco de pó de café e pôs-se a passar a bebida, fazendo com que o cheiro amargo, mas agradável, espalhasse-se pelo apartamento inteiro. Bella recolheu da sala a garrafa vazia de prosecco e os copos, lavando-os para servir o café neles. Não aguentaria muito tempo daquela maneira; logo, comentaria com Edward da necessidade de buscar os presentes de casamento na casa de seus pais. Secava as mãos no próprio roupão quando surpreendeu-se com braços fortes cercando-a enquanto um rosto conhecido afundava na curva de seu pescoço. Bella gargalhou.

— Cuidando do lar, Sra. Masen? — provocou Edward.

— Nos seus sonhos, Sr. Masen. — retrucou. Edward riu baixinho, apertando-a mais: a aliança grossa de ouro fez pressão contra a barriga de Isabella e ela se sentiu satisfeita com tal sensação. — Cozinhei por muitos anos no lugar de minha mãe. Está na hora de alguém me mimar. — declarou.

— Hmmm — ronronou Edward. — O que você quer que eu cozinhe? Pelo que vi, temos caixas de bombons e um pouco de gim.

Bella batucou nas mãos de Edward, desvincilhando-se do abraço. Virou-se, encarando o marido vestido meramente com sua calça sem suspensórios.

— Devíamos ter ido as compras antes. — anunciou, perdendo o ânimo. Sentia-se desorganizada, perdida em sua própria casa. — Mal temos um par de talheres, nada além de chocolate para comer.

— Certeza que não está cuidando do lar, Sra. Masen? — outra vez, Edward riu.

Bella revirou os olhos.

Era óbvio que ela estava cuidando do lar. Qual a dúvida? Cozinhava e limpava a casa desde que tinha sete anos, quando compreendeu que René era muito confusa e infantil para a própria idade. Quando terminara o ensino básico e ingressara no curso de enfermagem, dividia seu tempo entre estudar, cuidar da casa e namoricar com Edward; a garota não conhecia uma vida que não envolvesse afazeres domésticos.

— Não fique chateada. — pediu Edward, beijando-lhe com gentileza a ponta do nariz. — Talvez você queira vestir algo. Vamos tomar café no Bernie’s.

Aquela fora a primeira vez que saíram como um casal. Ouviram congratulações do dono do restaurante que, com sua ganância, avistara a quilômetros a aliança de ouro. Entre as xícaras de café com creme e pedaços de bacon com ovos, foram abordadas outras inúmeras vezes. Antigas colegas de escola, clientes de Edward Sr., vizinhas fofoqueiras. Jessica Stanley tentara sorrir, mas mordia a língua de desgosto. Mike Newton, um dos pretendentes que Charlie Swan esperançava que fosse despertar o interesse de Isabella, ofertou-lhes um olhar falsamente contente e os cumprimentara com um tirar de chapéu.

— Estou tão feliz que não casei com Mike Newton. — murmurou Bella com um guardanapo de pano cobrindo os lábios.

— Eu sou tão maravilhoso ou ele é tão péssimo? — indagou Edward, bebericando do café doce.

— Os dois. — respondeu ela, retirando o guardanapo da boca. — Os Newton são muito numerosos. Você lembra quantos irmãos Mike tem? Dez irmãos! E cada irmão tem, no mínimo, quatro filhos. Eu estaria parindo nesse momento.

Edward sorriu de canto.

— Você está sugerindo que não teremos filhos, Sra. Masen?

— Não agora. — respondeu ela, esticando os dedos para tocar na mão de Edward. — Contudo, não me oponho que continuemos tentando. Você sabe ...

— Claro, claro. — diverso e desejo brilharam no rosto de Edward. Bella mordeu o lábio inferior, engolindo seu desejo de sorrir. — A prática leva a perfeição, não?

— Com certeza, Sr. Masen. — e um sorriso escapuliu de sua boca.

Os primeiros dias de casados passaram em um átimo, divididos em travesseiros suados, refeições interrompidas e uma tentativa pobre de organizar a casa. Edward era habilidoso fisicamente e Bella o observou da soleira enquanto o homem montava a mesa da cozinha. Tendo pego os presentes de casamento na casa de Charlie e René, Bella encontrava-se com uma imensidade de louças de porcelana, talheres de prata, toalhas luxuosas e panelas jamais usadas. Ganhara um belo bule envernizado, no qual ortodoxamente enchia de chá no final da tarde, sentando-se a varanda para beber com Edward enquanto conversavam.

Tamanha fora a devoção do casal entrei si que não tardara mais de três meses para que Isabella começasse a sentir fortes enjoos matinais, choramingando quando não conseguia manter o mínimo de comida no estômago. Rapidamente, os rumores se espalharam — algumas senhoras cochicharam na mercearia que o casal não havia esperado pelo casamento, que só tinham amarrado o nó por causa da gravidez. Mentiras e mais mentiras.

No dia 20 de junho, em seu aniversário, Edward empurrou uma caixa pesada pela entrada de casa. Suor escorria por suas têmporas após carregar tamanho peso por uma escadaria de três andares. Bella, que estudava para suas provas finais enquanto ostentava uma barriga de 5 meses, esticou o pescoço curiosa. Da mesma forma que apareceu, Edward desapareceu, trancando-se no quarto adjacente ao do casal. Uma hora depois saíra, batendo as mãos, e suando mais. Bella espiara, chorando de uma forma que não desejava jamais fazer na frente do marido: um belíssimo berço de mogno estava montado.

Edward a abraçara com carinho, sussurrando-lhe ao pé do ouvido o quanto a amava e o quanto estava grato pela vida que construíam juntos. Elizabeth os visitara naquele dia, carregando consigo um arsenal de agulhas de tricô e lãs coloridas; agora que seria mãe, não tardava que Bella desenvolvesse alguma outra habilidade feminina. Costurar, caso não tivesse sucesso na lã — bordar ainda era uma opção, mas pouco lhe serviria no dia a dia, sendo mais um passatempo que uma habilidade. Bella achava uma bobagem imensa, pois tinha dinheiro para comprar roupas e também porque Edward sempre se mostrara muito talentoso ao costurar os buracos nas roupas; decidiu optar por fingir interesse pelos conhecimentos da sogra, sempre deliciando-se com os biscoitinhos que a mesma trazia.

Contra todos os argumentos de Edward, Bella começara a trabalhar por tempo integral no Hospital. Não era de praxe que admitissem mulheres grávidas, mas com a Guerra ainda em ação e os boatos sobre uma nova doença se espalhando, a escassez de profissionais falara mais alto. Edward nunca se mostrara contra o desejo de Isabella trabalhar, contudo, devido a natureza de sua profissão, temia pela sua saúde e do bebê. Mas nada de mal lhe acontecera, apesar de todas as probabilidades. Andava todos os dias entre os doentes, trocando bandagens, limpando feridas, aplicando medicamentos, e jamais espirrara; era como se fosse inume a tudo. Mesmo com a proeminente barriga de quase nove meses, levantava-se todo dia: degustava de um café da manhã preparado por Edward, vestia seu vestido branco e andava até o Hospital, cobrindo-se parcialmente com seu avental branco antes de entrar na sala dos enfermos.

Edward velava-a com carinho durante a noite, questionando como aquela mulher que tanto detestava sangue esquecia dos próprios sentimentos para salvar os outros. Admirava-a mais que tudo e desejava que a mesma se desse mais créditos. No final de setembro, na semana em que Bella despedira-se por tempo indeterminado da enfermaria, sua barriga ficara pequena demais para que carregasse a criança por mais um dia sequer.

Era uma menina, observara Edward enquanto lágrimas pingavam de seus olhos. Uma criaturinha rosada, calma e rechonchuda, certamente daquele tamanho devido à quantidade imensa de açúcar que Elizabeth tratava Isabella.

Fora um mês encantador, lembrava-se Edward, apesar da exaustão e lavagem constante de fraldas de pano. Bella tinha os braços perfeitos para acalmar uma criança, o temperamento e quantidade de amor ideais. Nessie era a realização de um sonho que nem sabiam ter. E Edward, apesar de passar parte do dia fora trabalhando com seu pai no escritório e estudando, sempre deixava duas refeições prontas para Bella e um bilhete carinhoso.

Fora perfeito, ele era perfeito.

Mas, da mesma maneira que a felicidade entrara por aquela porta, saíra.


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Notas finais do capítulo

Sempre relembrando a importância da opinião de vocês... Me digam: o que acharam do primeiro capítulo? Ansiosos pela continuação? Comentem!
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