Você Vê, Mas Não Observa! escrita por danne


Capítulo 3
- Não pense que eu não estou puto...PORQUE EU ESTOU!


Notas iniciais do capítulo

eai pessoas, como vão? espero que bem.



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De todas as muitas coisas que se passava pela cabeça de Kate, o motivo de Sherlock ter voltado só agora, era a principal. 

“Por que?” 

Ela se perguntava a cada três passos que dava pelas ruas de Londres. 

Tudo estava tão bem! 

Okay, não tão bem assim se formos citar outra vez o estado que a loira ficou nesses dois anos... 

Mas mesmo assim! Sherlock não tinha o direito de aparecer de uma hora pra outra, como se só tivesse saído de manhã pra resolver a droga de um caso idiota como fazia antigamente. 

As coisas não eram assim, não eram simples

Ele forjou a própria morte, ela ficou destroçada. Ele sumiu por anos, ela sofreu cada maldito dia. 

E o pior foi sempre ter aquela sensação, mesmo que bem fraquinha e cegamente confiante, de que ele estava vivo. Todas as vezes que a loira ia ao seu túmulo a última coisa que pedia - depois de falar sobre sua vida monótona e sem graça sem ele - era que ele estivesse vivo e que voltasse logo pra ela. 

Mas por Deus! Kate queria voltar correndo para o apartamento e pegar Sherlock num abraço esmagador e aí sim esmurra-lo para pedir explicações. 

Mas não podia, tinha que se manter firme e resistir a essa tentação. 

Tudo estava miseravelmente confuso que quando se deu conta estava em frente ao prédio onde Lestrade morava. 

Greg havia se tornado, depois da "morte" de Sherlock, uma espécie de novo melhor amigo para a loira. Os dois saiam pra beber, passavam horas um na casa do outro ou no telefone jogando conversa fora e era a loira que o consolava quando o inspetor tinha alguma discussão com Mycroft. 

Pensar no irmão de Sherlock trouxe uma nova raiva à tona. 

Sherlock por mais que fosse bom demais jamais conseguiria forjar sua morte sem ajuda, e de repente uma pequena luz se iluminou na mente de Kate fazendo-a dizer entre dentes. 

— Ah Greg, eu mato seu namorado engomadinho! 

E apertou o interfone do prédio com raiva 7 vezes seguidas antes de ouvir a voz de Lestrade um pouco alterada. 

— Pelos céus, hoje é meu dia de folga! Preciso de um pouco de paz! 

— Se não me deixar subir, paz é a última coisa que vai ter! 

— Kate... - a voz de Greg mudou para preocupada, afinal a loira parecia bem alterada - Aconteceu alguma coisa? 

— Aconteceu...- a voz da loira tremeu um pouco. 

Então o inspetor não pensou em mais nada, deixando que a amiga subisse. 

(...) 

Depois que Greg apaziguou a raiva da loira, eles se sentaram no sofá grande um de frente para o outro. 

— Okay, agora pode me explicar porque diabos está desse jeito? Tom fez algo com você ou... 

— Não, não! Não foi nada disso... - ela disse rápido. 

— Então o que houve? 

Kate respirou fundo algumas vezes antes de começar: 

— Olha, eu sei que vai parecer meio louco e você provavelmente vai recomendar que eu volte a ver minha psiquiatra, mas eu preciso que você acredite Greg, eu preciso muito que você acredite em mim... - Greg a olhava atentamente - Sherlock está vivo! 

De todas as reações que ela esperava receber de Greg, a que teve foi a mais inesperada. 

Ele sorriu, seguido por uma risada feliz. 

— Você me ouviu Lestrade? Eu disse que SHERLOCK ESTÁ VIVO! E tudo que você faz é ficar ai rindo! 

Kate disse irritada, o que provocou uma gargalhada no inspetor. 

— Pare de rir, estou falando a sério! 

— Eu sei que está e é por isso que é tão incrível! 

A loira o olhou sem entender nada. 

Greg pegou a amiga delicadamente pelos braços. 

— Kate, ele está vivo! Vivo! Nós não queríamos tanto isso? Nós não pedimos tanto aos céus para que ele estivesse vivo? E agora ele está! Por que diabos não está feliz? 

Kate se soltou do amigo levantando-se do sofá. 

— Greg, Sherlock estar vivo não é um milagre divino nem qualquer outra coisa! Ele MENTIU pra todos nós! Ele FORJOU a própria morte! Eu sofri, você sofreu, Sra. Hudson sofreu, o cara da entrega do restaurante japonês sofreu, Londres toda sofreu, pra agora depois de dois anos ele voltar com a cara de pau e dizer que sente muito? Eu que sinto muito por não ter queimado as coisas dele, assim ele não teria motivo algum pra voltar ao 221B. 

Mas suas explicações só fizeram Greg rir mais ainda, e contra isso Kate usou sua última arma. 

— Espero que você continue rindo assim, mesmo sabendo que Mycroft sabia de tudo o tempo todo. 

E com uma expressão de vitória a loira viu o rosto do amigo se transformar em uma máscara de dureza ao gritar: 

— MYCROFT VENHA AQUI AGORA! 

Mycroft estava ali? 

Ótimo, Kate o mataria ali mesmo. 

Um minuto depois o Holmes mais velho adentrou a sala com sua típica pose altiva, mas desta vez com uma expressão confusa no rosto, que logo foi desfeita ao encarar Kate com um sorriso sarcástico. 

— Katherine Watson, é uma grande honra tê-la aqui. 

Kate usou de todo seu autocontrole para não voar no pescoço do moreno metido. 

— Mycroft - Greg lhe tomou a atenção -, você sabia que Sherlock estava vivo? 

O Holmes mais velho engoliu em seco. 

Ele sabia que havia chegado a hora de parar de mentir, mas olhar no fundo dos olhos de Greg e admitir isso era uma coisa que definitivamente ele não queria ter que fazer. Ele teve uma escolha, poderia ter dito tudo a Greg a qualquer hora, afinal era Greg, o Greg, o seu Gregory. 

O silêncio da parte de Myke foi o suficiente como resposta. 

O que irritou ainda mais Lestrade. 

— DROGA MYKE! - exclamou jogando os braços pros ares - Por algum acaso não esteve aqui durante esses dois anos, não viu o estado em que todos nós ficamos? Como pôde ser tão frio ao ponto de simplesmente ignorar nossa dor? 

— Eu vi como vocês ficaram, mas eu não tinha o direito de contar. Era um plano de Sherlock! - exclamou. 

— Dane-se que era um plano do seu irmão! Você não tinha o direito de esconder! - berrou. 

Kate - que esteve quieta desde que Mycroft entrou no recinto - se manifestou quando viu que Greg estava muito alterado. 

— E agora, quem mais sabe que Sherlock está vivo? 

O Holmes mais velho se recompôs da discussão antes de responder: 

— Dois homens de minha total confiança, Anthea e Molly Hooper. 

Ah não! 

Ai já era demais! 

Molly sabia que Sherlock estava vivo. 

Molly. 

Molly Hooper!  

A mesma Molly que era completamente apaixonada por Sherlock. A mesma Molly que estava noiva de uma cópia mal feita de seu Sherlock. A mesma Molly que todas as vezes que teve a chance nesses dois anos fez questão de ir até ela com a cara mais deslavada possível e dizer que sentia muito por Sherlock! Molly Hooper sabia! E como Kate odiava Molly Hooper! 

— EU VOU MATA-LA! - a loira gritou pegando uma almofada do sofá de Lestrade e batendo com ela contra o próprio sofá raivosamente. 

— Primeiro eu vou matar aquele serzinho falso da Molly Hooper, depois eu vou matar seu irmão estúpido - jogou a almofada na direção de Mycroft -, depois eu vou matar você Lestrade - pegou outra almofada do sofá e dessa vez a jogou contra Greg -, só por você ser o namorado dessa criatura desprezível, e por último e vou atrás de Mike e vou fazê-lo pagar por me indicar o apartamento da rua Baker! - e então pegou as três almofadas restantes as jogando contra o chão. 

Ok, Kate não estava em seu normal. 

Ela estava não só com raiva, mas morrendo de ciúmes de Molly Hooper

Greg teria gargalhado da cena da amiga por horas a fio se não fosse sua então também raiva de seu namorado por ter escondido algo tão importante. Porque sim, Sherlock era importante e igualmente muito amado por todos, por seu irmão que demostrava aquilo terrivelmente, por Greg que chegava até a ser o mais sentimental de todos, perdendo só para a Sra. Hudson que mesma reclamando fazia questão de encher Sherlock de mimos e havia Kate que o amava de um jeito singular, ele recebia dela o amor que nunca quisera ter, nem ao menos teve a curiosidade para tal, mas a vida deu um jeito pra isso de alguma forma o induzindo a beber naquela noite na festa de aniversário de Lestrade, que acabou resultando naquele relacionamento torto sem pé nem cabeça dos dois, mas que acabou sendo o ideal para ambas as partes. 

O inspetor chegou perto da amiga que estava prestes a derramar lágrimas de raiva. 

— Shhh, Kate, se acalme. Vou pegar um pouco de chá pra você... 

— Whisky...- disse contrariada, mas nem disso ela gostava de verdade, só queria uma coisa forte pra acalmar sua alma. 

— Whisky, foi isso que eu disse, vou pegar Whisky pra você. - Disse e foi em direção da cozinha. 

Quando Greg saiu da sala o silêncio prevaleceu. 

Kate queria ainda dizer poucas e boas a Mycroft, mas se conteve. O Holmes mais velho pela primeira vez se sentia arrependido de uma escolha, ele viu o quanto Gregory estava magoado com ele, viu ainda mais o quanto Kate estava e se pôs a imaginar no lugar dela e Greg no lugar de seu irmão, e isso teve efeito no coração de gelo do moreno, foi por isso que as palavras que saíram de sua boca foram as mais sinceras. 

—Me perdoe, Katherine. 

A loira custou a acreditar que Mycroft Holmes havia dito aquilo mesmo, por isso não conseguiu proferir nenhuma palavra ou gesto sequer, deixando o moreno sem resposta alguma. 

(...) 

Quando Greg voltou a sala com seu Whisky, pediu a Kate para contar como havia sido o encontro com Sherlock e omitindo a parte de seus sentimentos ela contou cada detalhe. 

No canto da sala, Mycroft ouvia tudo sentado em uma poltrona, soltando pequenos sorrisos sarcásticos ao imaginar seu irmão reencontrando Kate, imaginando a expressão de seu rosto em completo encanto pela pessoa que ama inconscientemente, mas ele nada podia falar pois sabia que ficava do mesmo jeito quando o assunto era Gregory Lestrade. 

Aos poucos Kate se acalmou, enquanto estava mais deitada que sentada do sofá grande, Greg estava ao seu lado, sempre conversando, sempre a confortando. Aos poucos o cansaço tomava conta da loira que mal falava direito. 

— Querida, por que não toma um banho pra relaxar? Ainda está com a roupa que chegou do consultório. Pode dormir aqui se quiser, fique com meu quarto que eu mesmo me ajeito aqui no sofá. Lhe empresto umas roupas que ficam apertadas em mim, elas vão ficar um pouco grandes, mas vão servir pra dormir. Amanhã bem cedo te deixo em casa antes de ir pro trabalho... 

A loira estava cansada demais pra recusar, então balbuciando um 'boa noite' foi para o quarto de Lestrade, já que conhecia tudo. 

Quando olhou para Mycroft que havia se levantado da poltrona o olhando meio incrédulo. 

— O que? - perguntou confuso. 

— Gregory é a nossa noite, você está de folga. Com que frequência isso acontece nos últimos tempos? - perguntou retoricamente. 

Greg riu irônico. 

— Mycroft você presenciou tudo isso que acabou de acontecer aqui essa noite? O seu irmão está vivo, a minha melhor amiga está magoada e ah é... VOCÊ MENTIU PRA MIM NOS ÚLTIMOS DOIS ANOS! - gritou - Não pense que eu não estou puto...PORQUE EU ESTOU! - gritou outra vez - Então não tente agir como se fosse uma noite qualquer, porque não é. A nossa noite acabou no segundo que eu ouvi "Sherlock está vivo", não posso deixar a Kate sozinha, porque justamente ela nunca deixou a mim sozinho. 

Eles ficaram em silêncio por um tempo até o moreno suspirar em concordância e ir pegar seu suéter verde escuro que estava pendurado na parede ao lado da porta de entrada do apartamento. 

— Uma ligação e eu estarei aqui pra você - e saiu porta afora. 

(...) 

Kate tomou um banho e colocou a samba canção e uma blusa de mangas compridas que Greg havia deixado separada por cima da cama pra ela, e quando a loira já havia se deitado o amigo apareceu para ele mesmo escovar os dentes e colocar uma roupa para dormir. 

— Obrigada por me deixar ficar Greg... - ela agradeceu - e me desculpa se estraguei sua noite de folga. 

Lestrade bufou do banheiro enquanto enxugava suas mãos e seu rosto. 

— Não precisa agradecer, eu adoro quando você vem, mesmo com as circunstâncias de hoje. E não ligue pra minha noite, vou ter outras melhores - ele disse sorrindo. 

— Acha que as coisas vão se ajeitar entre você e Mycroft? 

Ainda sorrindo ele se sentou ao lado da amiga na cama. 

— É claro que sim, ele não sabe como viver sem mim - disse todo convencido. 

— Como se você soubesse viver sem ele - a loira riu. 

O sorriso de Gregory se iluminou com a constatação e ele pensou sobre algo por alguns instantes antes de dize-las a Kate. 

— Como acha que as coisas vão ser com Sherlock agora? Quando ele "morreu" vocês estavam naquele esfrega-esfrega por todo lado e agora você está na mesma situação com o Tom... 

Kate balançou a cabeça negando antes de responder: 

— Nada vai mudar entre eu e o Tom, vamos continuar "nisso" nosso. O fato de Sherlock ter voltado não muda nada! 

Greg riu alto agora. 

— "Não muda nada”, como assim? Você é completamente louca pelo Holmes number 2 desde que o conheceu! Você ama aquele cara, certo que eu não sei o que diabos você vê nele, mas... 

— Opa, opa, opa... - ela o interrompeu -, você quer mesmo falar de gostos por aqui, quando é você que namora Mycroft Holmes

Lestrade fez uma cara de bravo que fez Kate gargalhar. 

— Não vamos desviar o foco da conversa que ainda é: o que você vai fazer com Tom e Sherlock. 

Kate suspirou. 

O que ela podia fazer? Mesmo ficando com Tom continuaria pensando em Sherlock, tão mais agora que este estava vivo... 

Então uma lâmpada se ascendeu em sua cabeça, tal como nas de desenho animado. 

Ela não queria se desfazer do relacionamento com Tom, eles tinham algo legal, sem compromisso, apenas dois amigos se curtindo e igualmente podendo ter encontros com outras pessoas, mas ela podia 'usar' o amigo colorido para montar sua pequena vingança por Sherlock ter mentido pra ela, e também pela história de Molly Hooper

A loira tinha um sorriso sapeca no rosto. 

—O que acha de uma pequena vingança, Inspetor Lestrade? 

 


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Notas finais do capítulo

gostaram?? cap agora só na semana que vêm, até lá ❤❤❤❤



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