Ser infantil é diferente de ser uma criança escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 5
Não é só criança que faz criancice




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Mistu se sentiu extremamente insultado pela provocação de Gintoki. Ele poderia ser um garoto bonitinho, mas era o mais malcriado que já vira em toda a sua vida. Como aquele pirralho de cabelo prateado ousava mostrar-lhe o dedo do meio e provocá-lo daquela maneira? E ele ouvira toda a conversa com Taeko, o que significava que o moleque sabia o que não devia.

Por isso estava disposto a matá-lo antes que falasse demais.

― Que foi? – o Yorozuya voltou a provocar. – Não sabe usar uma pistola? Ou a sua mira é tão ruim até pra fazer xixi?

Ele fez uma careta, mostrando a língua e gritando “lero-lero” para o amanto que logo efetuou os primeiros disparos. E ele era realmente tão ruim de mira que Gintoki não teve qualquer necessidade de tentar se esquivar. Até o albino ficou impressionado com a péssima pontaria.

― Cara... Seu banheiro deve feder muito a mijo...

― Eu geralmente não fico nervoso com garotos – Mistu estava visivelmente nervoso e as mãos que seguravam a arma estavam bem trêmulas. – Mas você me tira do sério com essa sua boca suja!

Gintoki segurava a bokutou apoiada no ombro direito e, com a mão esquerda, limpava o ouvido para depois assoprar a cera retirada do dedo mindinho.

― Ei, eu escovo os dentes todos os dias, tá? E com pasta de dentes sabor menta. Nem se eu beber feito um gambá fico de mau hálito. – sorriu escancaradamente debochado. – E nem usei todo o meu repertório de duplos-sentidos, palavrões e xingamentos cabeludos, porque a fanfic é de classificação +14!

Mistu disparou mais alguns tiros enquanto Gintoki, em frente à jovem Taeko, limpava o nariz com o dedo indicador da mão esquerda, para depois assoprar a caquinha. Realmente, o cara tinha uma pontaria horrível, de dar pena. Mas não tinha paciência para ver o sujeito ficar atirando até acabar a munição, então correu e saltou para acertar a cabeça do amanto com sua bokutou. Entretanto, não contava com o alien jogando a pistola fora para sacar uma katana e bloqueá-lo.

“Eita”, o albino pensou. “O cara tem pontaria ruim, mas parece bom na espada!”

Não bastasse a presença da espada, o Yorozuya ainda viu um grupo de seguranças chegando para interferir. Entretanto, uma explosão derrubou uma das paredes e, do buraco resultante, avistou o autor do disparo: Okita Sougo. No chão estava Hijikata Toushirou, se levantando após escapar de mais uma tentativa de assassinato por parte de seu subalterno e o xingando com seu repertório de impropérios.

Mas, antes que alguém tentasse fugir, chegava a cavalaria: montados em Sadaharu, Kagura e Shinpachi avançavam rapidamente, com o cão gigante fazendo um strike nos seguranças. Os que permaneceram em pé tiveram que dançar quando a garota Yato fez disparos com a metralhadora embutida em seu guarda-chuva roxo.

― Shinpachi, Kagura! – Gintoki começava a lutar com Mistu ao mesmo tempo em que protegia Taeko. – Tirem ela daqui!

― Eu vou te ajudar, Gin-san!

Shinpachi desceu do cão gigante enquanto Kagura montava a jovem Takada no animal para sair. O garoto de óculos encontrou uma katana jogada no chão e começou a enfrentar os seguranças, enquanto seu chefe mostrava que, mesmo com pouco tamanho, ainda tinha uma força considerável.

Entretanto, Mistu começava a ganhar terreno, se aproveitando de seu tamanho e envergadura para encurralar Gintoki. Shinpachi conseguiu se esquivar do ataque adversário e chegou perto de onde estava o rejuvenescedor. Chutou o objeto, que caiu no chão e deslizou para perto do Yorozuya. Ele o pegou e achou o botão de “Reverso” recém-instalado por Gengai, que havia justificado mais cedo: “ora, vai que alguém se cansa de parecer criança, não é?”. Acionou o aparelho, que disparou contra ele um raio que imediatamente o fez crescer e voltar ao que era até vinte e quatro horas atrás.

Obviamente, Mistu ficou boquiaberto ao ver que o “lindo menininho boca-suja”, na verdade, era um homem crescido que esteve sob o efeito do raio do rejuvenescedor. E o albino não escondeu sua expressão de alívio ao perceber que voltava à sua compleição física de sempre. Voltava a ver o Quatro-Olhos de cima, sentia cada calo em suas mãos e sua bokutou não parecia mais tão grande a ponto de ser quase do seu tamanho. Deu uma pigarreada e já gostou do som que fizera.

Olhava para Mistu cara a cara, não mais de baixo para cima. Com isso, apoiou a bokutou no ombro e abriu mais um largo sorriso debochado:

― Adivinha quem cresceu? – da garganta, saía sua voz grave de Sugita Tomokazu e em seguida seu sorriso se tornou sádico. – Agora podemos ter uma luta justa, não acha, Shotacon-san? Já que curte meninos, que tal lutar com o “meninão” aqui, hein?

O amanto demorou, mas processou aquela surpresa. O tal garoto era um marmanjo de vinte e tantos anos que havia acidentalmente virado criança. Não era à toa que estranhava que ele falasse e agisse como um adulto, pois de fato era um adulto. Mesmo assim, não iria aceitar tudo o que aconteceu!

Ele sabia tudo o que estava acontecendo e deveria ser silenciado!

Mistu atacou Gintoki com a katana, facilmente bloqueada pela bokutou do albino. Saiu do bloqueio e tentou atacar mais uma vez o ex-samurai, que novamente se defendeu. O Yorozuya contra-atacou, fazendo sua espada de madeira encontrar a lâmina adversária.

― Olha, pra um sujeito que não sabe atirar com uma pistola e deve deixar o banheiro todo mijado, você até que é bom com uma katana!

― E você cresceu, mas continua agindo como um moleque desbocado, sabia?! – Mistu respondeu à ironia de Gintoki enquanto segurava a katana com força para manter o bloqueio. – Estou decepcionado!

― Eu nem quero imaginar que tipo de fantasia nojenta você estava tendo comigo... – Gintoki forçava a bokutou para superar aquele bloqueio. – Tenho vontade de quebrar todos os ossos da sua cara! E tenho vontade de quebrar todos os ossos do seu corpo por você olhar de forma nojenta para aqueles pirralhos também!

O Yorozuya deu um giro rápido para a esquerda, atingindo as costas de Mistu com um potente chute e o jogando de cara no chão. Enquanto o amanto se levantava para continuar a luta, Gintoki disse:

― Eu normalmente não dou muita bola para aqueles ladrões de impostos e suas missões, mas caras pedófilos como você merecem apodrecer atrás das grades. São caras como você que roubam a infância de muita gente, e EU NÃO VOU DEIXAR VOCÊ CONTINUAR COM ISSO, DESGRAÇADO!

O albino, ao gritar isso, golpeou com grande força sua bokutou contra a katana de Mistu, que se quebrou como vidro e atingiu o rosto do amanto de forma devastadora, o arremessando para perto dos pés de Hijikata e Okita. Em seguida, ele saiu caminhando tranquilamente com o rejuvenescedor na mão, seguido por Shinpachi, e o jogou para Yamazaki:

― Jimmy, pode ser que no meio desses moleques tenha alguém da minha idade. Usa esse troço pra descobrir.

Seus olhos recaíram sobre a jovem modelo Takada Taeko.

― Ah, e usa na garota também quando for tomar o depoimento. Ela quer crescer.

 

*

 

Naquele mesmo dia, mais tarde, o Trio Yorozuya decidiu ir à loja de dangos, onde Gintoki pediu por alguns para degustarem sentados em um banco, observando o movimento da rua em Kabuki. Observar aquela movimentação da rua de chão batido fazia os três se lembrarem de como era estranho quando haviam ido para aquele bairro rico, cujas avenidas largas e asfaltadas eram vazias e sem graça, apesar da bizarra aventura na qual se envolveram.

O trio percebeu que já tinha companhia. No banco, se sentara uma mulher vestindo um quimono azul-claro, com estampa de flores cor-de-rosa. Gintoki logo a reconheceu e sorriu, gesto imitado por Shinpachi e Kagura.

― Para algumas pessoas, o tempo faz muito bem, não é? – ele disse.

A jovem de pele levemente bronzeada, cabelos negros longos, lisos e sedosos e olhos igualmente pretos, aparentando por volta de vinte e cinco anos, sorriu. Sorriu de um modo que parecia transbordar de alívio e felicidade.

― Né? – Kagura fez coro com o Yorozuya. – Você cresceu e ficou muito bonita!

― Vai seguir a carreira de modelo, Takada-san? – Shinpachi indagou.

― Ainda estou pensando no que farei daqui em diante. – Taeko respondeu. – Se quiserem uma modelo adulta, talvez eu continue. Se não, eu procuro alguma outra coisa. Quem sabe não posso ser uma hostess? Mas enfim... Neste primeiro momento eu só quero agradecer a vocês.

Ela se levantou e fez uma mesura.

― Muito obrigada. Muito obrigada mesmo por me libertarem daquela gente. Nunca vou esquecer o que fizeram por mim e por outros na mesma situação que eu.

Taeko se despediu e se foi, enquanto o dono da loja de dangos aparecia para receber o pagamento pelos doces consumidos pelo Trio Yorozuya. Entretanto, Gintoki já saía correndo a toda velocidade enquanto carregava Shinpachi e Kagura nos braços e era seguido por Sadaharu.

E ao pobre homem, só restava suspirar e lamentar mais um calote daquele cara enrolado e imaturo.

Fim!


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Notas finais do capítulo

E aqui chegamos ao final desta divertida fanfic. Espero que tenham gostado de ler, assim como gostei de escrever. Obrigada por lerem e acompanharem!

Vejo vocês nas minhas outras fics! ;)



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