Ser infantil é diferente de ser uma criança escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 1
Pijama frouxo é confortável, mas constrangedor


Notas iniciais do capítulo

Olá a todos!

Cá estou com mais uma fanfic de Gintama, agora é uma comédia! Nosso querido Gin-san voltou a ser criança, e agora vai ter que dar um jeito de voltar ao normal. Será que o Trio Yorozuya vai conseguir uma solução para esse problema?

Espero que gostem! Boa leitura a todos e divirtam-se!



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O sol nasceu iluminando todo o Distrito Kabuki, que começava a acordar e a se movimentar por suas ruas de chão batido. Enquanto Catherine jogava água em frente ao bar de Otose, no andar de cima tudo ainda permanecia em silêncio.

Kagura ainda dormia em seu armário, com Sadaharu na parte de baixo do mesmo. E Gintoki dormia em seu quarto, até que o despertador em formato de justaway começou a tocar escandalosamente. De sob o cobertor, uma mão tentou alcançar o barulhento despertador, procurando-o para acertar um soco, mas não achando.

Será que o bendito despertador havia deslizado pelo chão enquanto tocava, como algumas vezes fazia?

Resolveu botar a cabeça para fora do cobertor como uma tartaruga saía do casco. Seus olhos avermelhados mal se abriam de tanto sono. Havia ido dormir tarde, pois lera o novo volume da Jump recém-adquirido e não vira o tempo passar. Além disso, a madrugada e a manhãzinha estavam meio frias e isso o fazia ficar com mais preguiça de se levantar.

Por fim, alcançou o despertador e o fez parar de tocar, sem precisar socá-lo. Entretanto, seus olhos se arregalaram ao olhar mais atentamente para a sua mão... Mas não parecia ser sua mão. Não sentia nenhum dos calos que costumava ter e parecia menor.

Conhecia bem suas mãos, pois usava cada parte dela para fazer tudo quanto é coisa, tanto coisas decentes quanto indecentes. Eram mãos de um adulto, com calos por conta de anos empunhando katanas e, atualmente, sua bokutou e outras ferramentas pelo seu trabalho de faz-tudo.

Ex-samurais e trabalhadores braçais têm mãos calejadas, certo? E um homem de vinte e poucos anos de idade tem mãos de acordo com sua estatura, certo?

Por que via e sentia mãos de criança, então?

Jogou para o lado o cobertor que parecia muito maior do que de costume, assim como seu futon. Foi quando se sentou e percebeu que até seu pijama verde-claro parecia grande – ou melhor, enorme – e totalmente frouxo.

Será que havia encolhido?

― Nãããããão... – ele tentou tirar da cabeça uma hipótese tão absurda. – Eu não posso ter...

Seus olhos se arregalaram ao ouvir a si mesmo quando se interrompeu. Aquela não era sua voz. Definitivamente, não era sua voz grave de Sugita Tomokazu¹. Seus pensamentos tinham a sua voz de adulto, mas da sua garganta saía uma voz aguda, de criança.

Tomou coragem para encarar suas mãos pequenas, sem calos. Percebeu o pijama muito frouxo e se atreveu a olhar para dentro de suas calças e cueca agora grandes, somente para fazer uma constatação...

― E-eu só estou sonhando, certo...? Ainda sou um adulto, tenho certeza... Não posso ter perdido assim aqueles pelos, não é mesmo...?

Levantou-se, segurando as calças enquanto a parte de cima do pijama se abria completamente e estava do tamanho de um de seus quimonos do dia a dia. Pé ante pé, foi até o banheiro, mas ao passar pela sala, tropeçou nas calças e caiu de cara no chão. A dor que ele tentava amenizar esfregando o nariz que fora de encontro ao chão era bem real.

No banheiro, enquanto ainda segurava as calças, encarou a pia e o espelho logo acima. Tudo parecia maior para ele, realçando o fato de que ele não tinha mais um metro e setenta e sete centímetros de altura e que naquele momento vestia muito pijama para pouco corpo... E sua voz estava mais para a de Asami Yaguchi².

Apesar de ainda alcançar a pia, o espelho só refletia o topo de sua cabeça e sua permanente natural prateada. Sabia que Kagura conseguia se ver no espelho, mas ele, naquele momento, não. Segurando as calças frouxas, deu um pulinho e viu seu rosto refletido nele.

― Hã...?

Arregalou os olhos ao perceber que tinha visto rapidamente um rosto infantil. Tinha realmente visto aquilo?

Deu um novo pulo, olhando fixamente o espelho. Aquele rosto era realmente seu?

― HÃ? HÃÃÃÃÃÃ?!

Impulsionou suas pernas para um novo pulo, mais alto. Precisava ter certeza de que aquela cara era realmente sua.

Pulou. Viu seu reflexo no espelho. O rosto lisinho que, se fosse ainda adulto, ele iria barbear naquela manhã... Se fosse ainda adulto, porque estava com cara de criança! O reflexo no espelho da pia do banheiro mostrava um garoto de idade entre dez e doze anos, com cabelos prateados bagunçados, olhos rubros arregalados e boca escancarada numa genuína expressão de surpresa:

― O QUÊÊÊÊÊ??!!

Ouviu a porta do banheiro se abrir. Apreensivo, segurou com força as calças do pijama verde-claro para não cair. Sabia muito bem quem iria entrar. Shinpachi ainda não havia chegado, então...

― Prendeu “aquilo” no zíper das calças de novo, Gin-chan...?

Era Kagura que fazia aquela pergunta com uma voz sonolenta, ainda vestida com seu pijama rosa, os cabelos ruivos bagunçados e esfregando os olhos azuis. Ela lavou o rosto e o enxugou, terminando assim de acordar. Os olhos azuis da garota olharam para a pequena figura desajeitada, segurando as calças frouxas do pijama, cuja parte de cima lhe ficava igualmente enorme.

Encarou o garoto, que era bem menor que ela. Devia ser só um pouco mais alto do que Seita. Tinha a sensação de que conhecia aquele moleque, mas era estranho que ele estivesse tentando vestir o pijama do Gin-chan.

Foi quando ela avançou para cima do pequeno albino.

― O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO COM O PIJAMA DO GIN-CHAN, SEU PIRRALHO?!

Gintoki se esquivou da primeira investida, assustado:

― EI, KAGURA! ACORDA, EU SOU O GIN-CHAN!

Não adiantou, a Yato começou a correr atrás de Gintoki, que saiu correndo do banheiro para fugir e salvar a própria pele.

― GIN-CHAN! TEM UM LADRÃO DE PIJAMAS AQUI! ELE TÁ ROUBANDO SEU PIJAMA, GIN-CHAN!

O Yorozuya correu pela casa toda, mas na sala não conseguiu parar a corrida e tropeçou novamente nas calças e ele caiu de cara no chão. Kagura não perdeu tempo e ordenou que Sadaharu o pegasse, o que foi obedecido fielmente pelo cão gigante, que não se importou com o quanto sua presa se agitava para tentar sair de sua mandíbula.

A porta corrediça se abriu e Shinpachi nem se anunciou, pois havia deparado com a cena bizarra na sala com Sadaharu segurando um garoto pela cabeça, este se debatia tentando sair e suas calças caíram no chão, e Kagura gritando por Gin-chan para ele deter o “ladrão de pijamas”.

O garoto de óculos tentava entender aquela cena, mas não conseguia de jeito nenhum. Cada dia era uma bizarrice diferente.

― MAS O QUE É QUE TÁ ACONTECENDO AQUI?!

 

*

 

Shinpachi trazia, em uma bandeja, o café da manhã pronto. Assim que as coisas se acalmaram, conseguira fazer algo para os outros dois comerem. Deixou na mesinha de centro o que Kagura iria comer, para depois deixar sobre a escrivaninha o leite de morango e dois pedaços do bolo que havia comprado na loja de conveniência no trajeto.

Deteve-se em Gintoki, que precisara colocar um catálogo telefônico sobre sua cadeira para poder alcançar mais adequadamente a mesa e comer. Como seu pijama e suas roupas ficaram enormes, teve que vestir um conjunto vermelho de Kagura, a blusa vermelha de manga longa e as calças, e ainda assim a roupa ficara meio folgada nele.

Se não fossem tão grandes, preferiria as roupas sem graça do Quatro-Olhos, mas a verdade é que passara a ser o “chaveirinho” do grupo.

Dera muito trabalho para convencer os pirralhos de que ele não era um moleque que roubava pijamas, mas que era Sakata Gintoki, o líder do Trio Yorozuya, que por alguma razão acordara como uma criança. Quem o salvara de apanhar dos outros dois fora Sadaharu, que cheirara o pijama verde do albino e apontava para ele.

Enquanto comia com alguma calma o bolo e bebia seu leite de morango, sentia que os primeiros açúcares ingeridos do dia começavam a lhe ajudar a aclarar a mente. Na véspera, lembrava que tinha ido fazer um serviço com Shinpachi e Kagura para o velho Hiraga Gengai. Era para ajudá-lo a organizar um pouco a oficina, pois estava construindo algumas invenções que requeriam espaço e as peças e sucatas estavam tão fora de ordem que tomavam conta do local.

Os três carregavam pilhas e pilhas de sucata de um lado para outro do galpão. Não se lembrava de ter visto e carregado tanta tranqueira em que só o velho via alguma utilidade. Mas fazia aquele serviço, pois em troca ele faria revisões e alguns reparos em sua scooter sem cobrar nada por alguns meses. Era o que ele poderia lhe pagar, pois a grana estava curta para o inventor.

Gintoki topou, pois de graça ele toparia até injeção na testa. Assim, sobraria algum trocado para comprar alguns doces e, talvez, apostar no pachinko.

E agora se lembrava de como provavelmente voltara a ser criança...

Ao mudar mais uma pilha de sucata de um lado para o outro do galpão, essa pilha específica estava mais alta e obstruía sua visão. Pisou num grande parafuso e escorregou, caindo para a frente e derrubando tudo em cima de Gengai e a invenção que estava sendo consertada por ele. A máquina caiu no chão e começou a disparar raios laser por todos os lados até atingi-lo e, em seguida, ser desligada pelo inventor.

O raio laser que recebera não lhe fizera qualquer dano; assim, o restante da tarefa seguiu normalmente.

Então... Fora aquele raio que o atingira e o fizera voltar a ser um garoto! O processo deve ter levado horas!

Terminou de comer o primeiro pedaço de bolo e devorou rapidamente o segundo, para depois acabar com a caixinha de leite de morango. Bateu com as duas mãos na mesa:

― Pattsuan, Kagura, vamos à oficina do velhote!

― Fazer o quê, Gin-chan-chan?

― Que negócio é esse de “Gin-chan-chan”, Kagura...? – Gintoki indagou.

― Então, Gin-chan-kun?

O Yorozuya deu um facepalm:

― Eu só sou pequeno, não precisa ficar mudando o jeito de me chamar. Só “Gin-chan” já tá de bom tamanho.

O agora garoto albino saiu da escrivaninha e coçou o queixo pensativo:

― Se fui atingido por aquele laser e fiquei assim, será que minha roupa de ontem também ficou?

Cheio de esperança, correu até o cesto de roupa suja, onde encontrou a muda que usara na véspera. Levou até a sala a camisa e a calça pretas, o quimono branco, a faixa roxa e o cinto preto, e até a cueca samba-canção com estampa de morangos. Jogou as peças de roupa em cima da mesa de centro, conferindo uma por uma, sob os olhares de Shinpachi e Kagura.

Sorriu aliviado, pois não precisaria ir para a rua com as roupas da Yato. O tal laser havia afetado também suas roupas, mas...

― Vai ter que lavar essa roupa, Gin-san – o garoto de óculos tapava o nariz. – Tá suja e fedendo a suor.

― Tá fedendo a cecê de homem, Gin-chan – a ruiva imitava o gesto do Quatro-Olhos. – E o seu quimono tá tudo, menos branco.

Gintoki tinha que se conformar, já que Sadaharu também havia sentido o fedor de sua roupa e virado a cara. Realmente sua roupa precisava de um tratamento urgente de água e sabão, exalava um forte odor de suor pelo esforço físico de carregar aquelas tralhas de Gengai, bem como estavam muito sujas de poeira e fuligem.

Releria sua Jump enquanto esperava sua roupa ser lavada. As peças eram menores, secariam rápido. E não estava disposto a fazer cosplay de Kagura na rua... Já bastava ter ficado menor do que ela e Shinpachi.


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Notas finais do capítulo

¹ Sugita Tomokazu: Seiyuu que dá voz a Gintoki no anime.
² Asami Yaguchi: Seiyuu que dá voz a Gintoki (criança) no anime.



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