Segredos Obscuros - Jungkook escrita por Nath


Capítulo 3
Segredo obscuro de Jayne


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.
Boa leitura!



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Jungkook

Estava um dia frio lá fora, presumi que estava no inverno, mas eu não poderia ter tanta certeza, já que não me importava muito com as estações e essa coisa de meses do ano.

Estava no meu primeiro ensaio, e antes da aula começar eu já estava ansioso.

— Temos que fazer isso ser inesquecível. - a voz grossa de Taehyung é ouvida na sala. - Ano passado a equipe de Jazz da Dance in the vein foi humilhada, não conseguindo nem o terceiro lugar! - ele andava de um lado pro outro como se fosse um general, e os alunos seus soldados 

— Porém, esse ano será diferente, porque é o hip-hop que vai comandar aquele lugar! - todos urraram de empolgação, com a fala de Taehyung. - Mas como alegria de pobre dura pouco, já que fomos o estilo de dança escolhido esse ano, nada mais justo que os outros alunos da academia fazerem... as pegadinhas.

Os alunos se entreolham e depois voltam seu olhar de pena pra mim, todos presentes no local dirigiram seu olhar a mim. Franzi o cenho, e abaixei meu rosto pela vergonha. Porque eles estão olhando pra mim daquele jeito?

— Jean Jungkook! - Taehyung grita meu nome o que me faz dar um pulinho de susto. Será que se eu fingir que não escutei, vai ser muito falta de educação da minha parte? Só queria que algo tipo Sexta- Feira Muito Louca acontecesse comigo e com alguém naquela sala, para eu não ter que ficar no mesmo corpo de quem tá passando essa vergonha.

Olhei para Mary que estava do outro lado da sala, com um olhar em busca de ajuda; e quando ela percebeu meu olhar sobre si , me olhou de volta, e começou a dar uma risada fraca, e depois mordeu o lábio, na tentativa de conter uma risada maior, se virou e cochichou algo no ouvido de Jayne; e agora as duas estavam tentando contar as risadas.

 Tem gente que se diverte com o sofrimento dos outros! 

Continuei sentindo o olhar de Taehyung sobre mim, e com relutância levantei minha cabeça, para observa-lo.

— Você é o novato, vulgo, alvo principal das pegadinhas. -  só havia uma coisa passando pela minha cabeça: Porque eu?! - Não nós leve a mau Jeon, mas se tentarmos proteger você das pegadinhas, os alunos vão fazer elas com a turma inteira, então você é como um sacrifício.

Ele me olhou como se aquilo fosse algo super normal de se falar pra alguém. Parece que as coisas na minha vida sempre estão destinadas a dar errado. Só queria saber o quê eu fiz de tão ruim pra Deus, para ele querer me castigar tanto.

— Eles fazem uma pegadinha todo dia, durante uma semana e no final da semana eles fazem a pegadinha! - todos se entreolharam, cúmplices. - Essa será sem duvida a mais perigosa. Te desejo sorte Jungkook. - ele disse e depois deu três tapinhas no meu ombro.

[...]

Fiz a entrevista de emprego de zelador a pouco tempo e inesperadamente, a diretora veio me avisar que eu estava contratado. Aquela notícia boa me fez ficar mais feliz do que hoje de manhã quando descobri sobre as pegadinhas. No primeiro dia da semana. Eu não tinha trabalho no restaurante, mas era meu primeiro dia como zelador. 

Fingi coragem enquanto passava pano nos corredores, mas na verdade eu estava me mijando de medo por dentro. Estou com medo de alguma pegadinha me pegar de surpresa. Hoje eu nem consegui jantar com medo de terem envenenado minha comida!

Quando fui limpar o corredor do quarto de Mary, ouvi uns barulhos de algo quebrando e fui até onde o barulho vinha. Cheguei perto da porta e os barulhos ficaram mais altos. Encostei meu ouvido na porta e pude escutar a voz de Mary gritar "Você não me ama?!", e outra voz falar algo em um tom mais baixo, que eu não conseguia ouvir; um tempo depois eu ouvi um grito... um grito de dor.

Esse quarto era o de Mary! O que será que está acontecendo lá dentro?

Não queria me entrometer, então passei o pano rápido pelo chão do corredor e depois fui para outro, depois outro, e outro.

Quando o trabalho terminou, fui para o corredor onde ficava o meu quarto e quando cheguei lá, Jayne estava escorada na porta, e brincava com uma chave de fenda nas mãos. Ela percebeu minha chegada e endireitou a postura.

— Jungkook - disse ela me mostrando um sorriso. - Desculpa vir te atormentar depois do seu turno, e eu sei que está tarde e também sei que você está cansado, mas você poderia me ajudar com uma coisa?

Pensei em negar, mas logo depois decidi que a ajudaria. Estava tão cansado que só queria fazer tudo logo.

— Claro. Do que você precisa?

Ela sorriu antes de falar:

— Eu comprei uma estante de livro, mas não consegui montar, você... pode montar pra mim? - sorriu e estendeu a chave de fenda.

— Pode deixar - peguei o objeto de sua mão.

— Obrigada! - ela abriu a porta do seu quarto e depois abriu passagem para eu entrar; era o mesmo lugar da festa, só que desta vez, arrumado e sem colchoes no chão. No meio do quarto estava uma estante de madeira inacabada.

Jayne entrou, e fechou a porta atrás de si.

— Quer um café ou alguma coisa pra beber, Jungkook? - ofereceu Jayne.

— Um copo de água, se não for incômodo - eu sentei no chão e comecei a trabalhar na estante com a chave de fenda enquanto Jayne pegava um copo de água para mim.

— O que te trás a Seul? - disse ela, me estendendo um copo de água; bebi um gole.

— Como você sabe que eu não sou de Seul? - ela se sentou na cama.

— Jimin me contou. - bebi outro gole da água. - Ele está caidinho por você. Também, você é um gato! - engasguei com a água, depois desse comentário, e comecei a tossir freneticamente. - Calma! Eu tô só brincando! - ela se levantou e começou a dar leve batidinhas com a palma mão nas minhas costas pra me ajudar a tossir.

— Desculpe... - tossi pela última vez e me virei para a estante e continuei a monta -la. - Eu vim com a minha mãe e o esposo dela - ela percebeu o meu tom quando falei "esposo dela", mas não perguntou sobre, por algum motivo eu sabia que ela entendia sobre e por isso não queria perguntar. - Também vim pela academia.

— Porque você desperdiçou sua noite de sexta- feira, pra vim ajudar uma menina a montar uma estante? - disse, levantando uma sobrancelha pra mim.

Demorei um pouca para responder, pois estava formulando a resposta na minha cabeça.

— Eu desisti de ficar sozinho em casa pra vim ajudar uma garota divertida e bonita a montar uma estante!

Ela sorriu e depois olhou para as mãos. voltou seu olhar pra mim e disse:

— Você é fofo, Jungkook.

— Obrigado.

Depois que eu terminei de montar a estante; eu e Jayne conversamos enquanto eu colocava os livros nela, e um deles me chamou atenção. Ele era gordo e pesado e na capa trazia um desenho o menino Harry e seus amigos montados em um dragão.  "Harry Potter e as Relíquias da Morte" era o que se lia na capa . Eu queria aquele livro a um bom tempo. Era o último que falta pra eu terminar a coleção de Harry Potter.

— Me empresta, Jayne? - disse mostrando o livro pra ela.

— Gosta de Harry Potter? - assenti sorrindo. - Você já leu todos os livros?

— Já, menos esse. - falei, balançando o livro em minha mão.

— Eu li só até Prisioneiro de Askaban, mas já vi todos os filmes. Qual é o seu favorito?

— Eu gosto de Cálice de Fogo e Câmara Secreta. De livro e de filme, esses são meus preferidos.

Ela sorriu. Um sorriso meigo, que a deixou mais linda do que ela já era. Apenas alguns fios de cabelos lisos castanho clarinho caído sobre os olhos, os próprios olhos castanhos, a boca perfeitamente desenhada em formato de coração, faziam que o rosto dela fosse uma combinação perfeita de beleza... Tão linda que chegava a doer, pensei.

—  Não consigo escolher qual eu gosto mais. Pra mim todos os filmes são perfeitos. - ela fez uma pausa, riu e disse: - E dos livros que li, eu adorei todos.

Sorri, pegando mais um dos livros e o colocando na estante. Peguei o livro que nós falávamos segundos atrás e o encarei. Percebi que o cabelo de Hermione Granger estava preto no desenho da capa do livro. No livro, o cabelo dela é dessa cor?, pensei. Não me lembrava do cabelo dela ser preto...

— Te empresto. - disse Jayne.

— O quê? - questionei, confuso.

— O livro. - apontou pro objeto na minha mão. - Pode pegar o livro. Depois você me devolve.

Agora era eu que estava sorrindo. Gostava de ouvir ela falar. Joguei o livro que foi me emprestado na mesa.- pra me lembrar de pega-lo depois.- Me virei e continuei a ajudar Jayne a colocar os livros na estante.

Sentia o cheiro de poeira e de shampoo de morango. Deduzi que o cheiro de poeira, era dos livros guardados. E o de shampoo, provavelmente,  vinha do cabelo de Jayne.

— Me conte algo que você nunca contou a ninguém. - falou Jayne, cortando o silêncio com um novo assunto.

Pensei sobre o que iria falar. Algo que eu nunca contei a ninguém? Nada passou pela minha cabeça.

— Eu não sei... - eu disse, incerto. - Bem, acho que há uma história sobre meu pai. Uma história que nunca contei a ninguém. 

— Conte-a para mim. - ela disse, sorrindo logo em seguida. - Você me conta essa história, e depois eu conto uma história minha, que eu nunca contei a ninguém.

Contei a ela sobre o dia que meu pai e eu fugimos, juntos, da minha mãe, só para brincar na neve. Contei sobre o treno enferrujado, que nós usávamos para escorregar na neve. Falei também sobre como minha mãe nós xingou, porque nós dois ficamos resfriados. Eu era péssimo em contar histórias. Sempre me perdia e tinha de voltar ao começo para que ela entendesse. Mas mesmo assim, Jayne continuou me ouvindo. Ela sorria em algumas partes e até comentava em outras. Por último contei que eu e meu pai ficamos de castigo, presos no quarto embrulhados em um monte de cobertores, revesando entre a tosse e os espirros de cada um.

— Seu pai parece ser um cara legal. - comentou ela.

— Ele é. - afirmei. Quando falamos dessa forma de uma pessoa morta. Algo dentro de nós, nos alerta que ela morreu, isso desperta uma tristeza profunda em nós. - Acho que agora é a sua vez de contar a história.

Peguei o último livro e o coloquei na estante. sentei me em sua cama, vendo a sentar a meu lado, logo em seguida.

— Quando eu era pequena, minha mãe... ela... - Jayne olhou pra mim, e nossos olhares se encontraram. Ela balançou a cabeça e desviou o olhar antes de dizer: - Eu gostava de um menino, no ensino médio e...ele... - ela olhou pra mim de novo. - Jungkook, por algum motivo eu não consigo mentir pra você. Isso que eu ia lhe-contar era mentira, desculpe...

— Não tem problema! - falei. - Não precisa me contar nada, senão quiser.

— Vou te contar um segredo. Meu maior segredo. Meu segredo obscuro. - ela pegou uma o travesseiro da cama e o abraçou, depois voltou a falar: - Isso já faz muito tempo, bem, eu tinha um namorado. Eu o amava e ele também me amava, mas ele sofria de depressão. ele se cortava, chorava só de se olhar no espelho, porém ele nunca me contou o por que de estar tão triste. Mas eu acabei descobrindo, de qualquer forma. Os pais dele eram religiosos e obrigavam a fazer as coisas do jeito deles, ele não podia fazer praticamente nada, pois seus pais falavam que era pecado. - ela fez uma pausa, mas depois prosseguiu: - Um dia ele disse que tinha que me contar uma coisa, então eu falei para a gente sair e para ele me contar no carro. Eu estava dirigindo calmamente quando ele falou. Ele falou que... que estava... - ela começou a chorar, e entre soluços, disse: - Ele falou que estava pronto pra morrer! Ele falou que não aguentava mais e que iria se matar. Eu o amava tanto, Jungkook! Ele era tudo pra mim! - ela abraçou mais forte o travesseiro e deixou suas lágrimas pingarem nele - Eu sabia que ele não iria mudar de ideia. Ele não aguentava mais. Para ele viver era uma tortura. Eu não pensei direito naquela hora... Pensei que se ele fosse morrer, eu teria que morrer junto com ele. Foi então que eu decidi. Fiz uma curva maluca, na esperança de que a batida matasse nós dois. Porém quando batemos eu apenas desmaiei. Depois de um tempo acordei e ainda estávamos no carro. O carro estava destroçado, e partes especificas do meu corpo doíam, por causa dos cacos de vidro que me perfuravam, mas nenhuma dor se igualava a que eu senti ao olhar pro lado e ver ele...morto. Com um pedaço de vidro gigante perfurando sua cabeça. Eu o matei... — pensei em Janet, e em como eu entedia perfeitamente a dor dela. - A ambulância chegou e depois só me lembro dos policiais me interrogando sobre o que aconteceu, eu disse que havia sido um acidente. Os pais dele ainda me chamam de Demônio. - riu entre lágrimas.

— Qual o nome dele? Do seu ex-namorado? - perguntei, receoso.

— O nome dele era Josh, mas eu nem sei porque eu te contei isso. - ela se levantou e me puxou para eu levantar junto. - Acho melhor você ir, Jungkook. - ela enxugou as lágrimas e foi em direção a porta, a abrindo logo em seguida. - Fingi que eu não te contei nada, okay? Só vai embora.

— Tudo bem. - eu disse indo pro lado de fora.

— Obrigada, pela estante... Boa noite! - ela disse antes de fechar a porta na minha cara.

[...]

A semana estava passando e eu morria de medo de ser pego por uma pegadinha. Estava sendo  torturante ter toda aquela precaução. Comprar comida longe da academia, por medo de morrer envenenado. Dormir pensando que alguma pegadinha como em Operação Cupido vá acontecer comigo, mesmo eu não tendo uma gêmea.

Minha mente só pensava em quatro coisas:

Os gritos no quarto de Mary;

O segredo obscuro de Jayne;

As pegadinhas;

E que Park Jimin estava afim de mim!

Me importava mais com as outras do quê com a ultima. Mas isso não a fazia menos importante.

Naquele dia, quando entrei no patio, estava decidido a perguntar a Mary o quê eram aqueles gritos que eu ouvi vindo do quarto dela. Avistei ela sentada em uma mesa com Taehyung e seus amigos; o braço de Tae estava sobre seus ombros. Ela não parecia feliz, estava com uma cara horrível. Fui até ela e perguntei:

— Mary... desculpe por me intrometer, mas... - nessa hora todos da mesa olhavam pra mim, inclusive Taehyung - eu ouvi uns barulhos estranhos vindo do seu quarto, ontem. Só queria perguntar se está tudo bem.

Não foi ela que respondeu, e sim Taehyung

 

Continua...


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Notas finais do capítulo

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