Jungkook

Não consigo acreditar no que está acontecendo.Eu estou oficialmente matriculado na academia mais famosa de dança da Coreia do Sul!

Estou quase saltitando pelos corredores; quando sem perceber esbarro em alguém que corria parado lado oposto ao meu,Era a menina que eu conheci hoje de manhã. Tentei relembrar o nome dela antes chamar sua atenção.

— Mary? - falei meio incerto se aquele era realmente seu nome. Ela parou de correr e olhou em minha direção, dando um sorriso de alivio enquanto recuperava o fôlego.

— Cara! Eu tava te procurando... - ela continuava ofegante -, a carta da regional chegou! a Ana vai falar qual o estilo de dança vai competir esse ano. - ela agarra meu braço e começa a me puxar em direção ao patio.

Agora nós dois estávamos ofegante, mas pelo menos chegamos no patio. E logo vemos Ana em cima de um palco com um envelope em mãos.

— Então sem mais delongas vamos descobrir que grupo vai competir na regional esse ano. - acho que chegamos atrasados, mas antes tarde do que nunca!

Ela rasgou o envelope que havia em suas mãos e o leu em voz alta.

— Hip Hop!

Gritos se alastraram pelo patio.

Estava tão feliz que um sorriso se formou em meus lábios. Depois da morte dela era difícil sorrir, era difícil realmente sentir felicidade. Acho que nunca perdi alguém tão importante pra mim quanto ela, tento ignorar a dor mas é quase impossível ignorar a agulha afiada que está no meu coração, furando-o aos poucos, enquanto me proporciona picadas de dor insuportáveis toda vez que eu lembro dela.

Saio dos meus pensamentos quando uma mão gentilmente segura o meu ombro.

— Você é muito sortudo! - disse Jimin com um sorriso lindo no rosto. - Vai pra regional no seu primeiro ano, parabéns!

Não só o sorriso de Jimin era bonito, ele por inteiro era bonito. Senti uma grande vontade de pergunta se ele já tentou ser modelo ou algo do tipo.

— E você? deveria estar feliz também!

— Não, não, acho que você se enganou. - disse ele, diminuindo o sorriso. - Eu sou da dança contemporânea , não do hip-hop.

— Ah, entendi... - me sentir um pouco mal por desmanchar aquele sorriso, mas continuei a conversar com ele.

Mary

Essa festa está incrível! Depois da noticia de qual seria o estilo da regional esse ano, eu e as meninas do do hip-hop decidimos fazer ma festa do pijama no quarto da Jayne.

Após eu e Jayne humilharmos as outras meninas no truco; fomos assistir 10 coisas que eu odeio em você.

Um pouco antes do filme terminar ouvimos barulho de vidro quebrando.

Min So havia quebrado a caneca do homem de ferro da Jayne. Ela iria ter que me perdoar mas eu não conseguia parar de rir de Jayne dando tapas em seu braço por ter quebrado sua caneca preferida. Jayne amava suas coisas do homem de ferro tanto quanto amava o próprio homem de ferro.

O filme acaba e todas nós vamos atrás de uma garrafa para jogarmos verdade ou desafio. Procuramos entre a pilha de pacotes de doces que acabamos de comer.

—Achei! - ouço Yoojin falar ao encontrar uma garrafa de refrigerante.

Já com o circulo de meninas formado iriamos começar a jogar, mas ouço alguém bater na porta.Provavelmente era Jimin com as comidas que a gente pediu, ele não do hip-hop, muito menos menina pra participar da festa, mas ele implorou tanto que o deixamos participar.

Vou em direção a porta e a abro, logo me deparando com Jeon Jungkook do outro lado.

Jungkook

Estou trabalhando no restaurante a um dia, mas já quero manter distancia do cozinheiro. Ele me olha estranho, mas acho que ele só queria ser meu amigo, de qualquer forma ele é muito estranho.

São exatamente uma hora da manhã quando chego na academia, e sem pensar duas vezes vou pro meu quarto tomar um banho. Me lembro que amanhã os ensaios serão a tarde, me privando de acordar cedo.Sinto meu corpo relaxar ao saber que poderei dormir até tarde.

Deitado na cama com a coberta cobrindo meu corpo dos pés a cabeça, tento dormir mesmo com o barulho que vem do quarto ao lado.Risadas extremamente altas veem do outro lado da parede.

E depois de um tempo ouço barulho de vidro se quebrando, e sem mais paciência saio do meu quarto indo em direção ao quarto onde veem os barulhos.

E quando fui bater na porta vi Jimin do outro lado do corredor vindo em minha direção.

[...]

Jimin ficou um bom tempo me convencendo a entrar pra festa mesmo eu dizendo que não queria ser o acompanhante penetra, do próprio convidado penetra. Mas depois de um tempo eu acabei cedendo aquela ideia horrível e bati na porta.

Mary abre a porta e arregala os olhos ao saber que sou eu do outro lado, mas depois que o Jimin saí de trás de mim sua expressão se suaviza, pra logo em seguida ela franzir o cenho, mostrando que estava confusa.

Porque eu estava prestando tanta atenção em seu rosto?

Sorri ao olhar o que ela estava vestindo. Ela usava um pijama de coraçõezinhos e pantufas de pinguins. Realmente muito fofa, pensei.

— Vocês não se importam de ter mais um convidado nessa festa, não é? - Jimin se pronuncia olhando pra Mare com um olhar esperançoso.

Mare para de me encarar, para prestar atenção no garoto ao meu lado. Por um segundo desejei que Park não tivesse falado, para não tirar o olhar dela sobre mim.

— Claro que não! - diz a amiga de Mary de dentro do quarto, pois ela mesma ainda estava parada na frente da porta sem dizer nada - pelo menos ele é do Hip-Hop.

Sinto que essa foi uma piada de mau gosto ao meu amigo da dança contemporânea. Jimin não achou nenhuma graça, diferente das meninas da festa que riam da brincadeira.

— Vocês vencem uma vez e ficam se achando pro resta da vida - diz Jimin entrando no quarto - Abaixa essa bola Jayne, que vocês não tão com isso tudo.

— O que foi? vai chorar por nunca ter ganhado? - diz Jayne retrucando Jimin - E vocês? Vão ficar aí parados ou vão entrar? - diz se referindo a demora minha e de Mary para entrar. Sem questionar entramos, e logo vou ate Jimin ficando atrás dele, morrendo de vergonha por estar usando um pijama de ancoras que minha mãe havia me dado.

— Então...garotos - Ouço a voz de Mary pela primeira vez desde que chegamos - vocês gostariam de jogar verdade ou desafio... com a gente? - ela balança a garrafa em sua mão direita.

— Verdade ou desafio?! - fala Jimin indignado. - Quantos anos vocês tem?

— Eu tenho 25! - diz Jayne não perdendo a chance de estressar Park.

— Eu também! - digo levantando a mão pra receber um "toca aqui" de Jayne

— Com toda educação do mundo Jean..., eu posso te bater? - Jimin fala me olhando bravo.

— Calma Jimin... vamos sentar e jogar o jogo tranquilamente, sem matar ninguém. - Mary diz.

— Okay... - Depois de dizer isso ele se junta as meninas.

Jimin me apresenta as meninas e depois começamos a jogar.

[...]

Todas já dormiram na bagunça de colchões e travesseiros no chão do quarto de Jayne. Só eu e Park estamos acordados, concentrados em As Patricinhas De Beverly Hills que passava na TV.

— De onde você é, Jungkook? - Ele interrompe minha concentração na TV com essa pergunta, o encaro antes de responder.

— Eu nasci em Busan, mas depois me mudei pra são Paulo no Brasil com minha mãe e o meu padrasto, depois de meu pai morrer. - respondo sem olhar pra ele para não demonstrar meus sentimentos. - E a pouco tempo viemos pra Seul.

— Sinto muito pelo seu pai. - acinto não querendo mais falar nesse assunto - Também nasci em Busan e morei lá por bom tempo até que... - Jimin parou de falar e começou a encarar o controle que girava em suas mãos. Sua face não era a feliz de sempre, acho que é a primeira vez que vejo Jimin triste de verdade.

— Não precisa falar agora, conte no seu tempo - falo tentando o alegrar -, ou não conte.

—Tudo bem.

Antes que o filme acabar eu pego no sono, ali mesmo.

[...]

Acordo com o sol da janela batendo no meu rosto.

Pego meu celular pra ver as horas. São 11:00! Eu tenho ensaio em duas horas!

Me levanto e vou até a porta tentando não pisar nas meninas deitadas no chão.

Mary

Acordo e vou depressa ao meu próprio quarto, abro a pota e lá está Taehyung assistindo algo no computador.

Quando começamos a namorar, nós não dividimos o mesmo quarto na academia, e tivemos que ir ao quarto um do outro as escondidas e isso me fazia sentir uma espiã,mas depois de um tempo perdeu a graça, e decidimos ficar no mesmo quarto.

Vou tomar banho depressa, pra não me atrasar para o ensaio.

Enquanto a água cai sobre meu corpo nu, concentro meu olhar em minhas mãos, pra olhar pra elas de novo. As manchas de queimaduras que envolvem quase minha inteira.

Não choro mais por isso. Hoje em dia pouco me importo com essas queimaduras e com a causadora delas, mas mesmo assim acabo me lembrando da história, que eu realmente queria que tivesse acontecido em um filme ou em uma serie, e não na minha vida.

Maggie e Mary, irmãs inseparáveis, melhores amigas inseparáveis, gêmeas inseparáveis.

As duas eram idênticas, da cabeça aos pés , até mesmo a mulher que as deu a luz não sabia as identificar. As duas prometiam uma a outra que nunca se separariam e que sempre seriam amigas, e que aquelas palavras seriam as mais verdadeiras que elas poderiam dizer, ou pelo menos Mary achava isso.

Moravam com seus pais no Canada, em uma casa muito bonita devido a fartura de dinheiro da família.

Mesmo elas sendo quase a mesma pessoa, havia algo que as diferenciava; suas personalidades. Quando Mary gostava de uma música, Maggie a ouvia e em seguida dizia que se continuasse a escutando, seus ouvidos sangrariam. Quando Maggie gostava de algo da cor branca, Mary simplesmente amava o preto. Quando uma gostava muito de um tipo de comida, a outra colocava na boca e em questões de segundos vomitava.

Mas isso não impedia a amizade delas, pelo contrário, ter algumas diferenças era o que fazia a amizade delas ser tão forte.

Certo dia Maggie teve uma ideia brilhante e decidiu compartilha-la com sua irmã que ficou assustada no começo, mas logo concordou.

Maggie disse a Mary que se elas queimasse as pontas dos dedos, queimando assim as digitais, elas seriam realmente idênticas visualmente e nunca teriam que se separar.

Maggie punha um pano sobre a boca de sua irmã, e a outra acendeu um fósforo e o jogou na fogueira . E sem aviso prévio Maggie segurou a mão de Mary colocando seus dedos sobre o fogo, enquanto seus gritos de dor era abafados pelo pano cobrindo sua boca. E quando todas as pontas dos dedos de Mary já haviam sido queimadas, Maggie não deixou de segurar seu pulso e começou usar a força de seu corpo para forçar o de Mary contra a fogueira.

Na verdade Maggie não queria queimar as digitais de Mary, ela queria matar Mary.

Com sua irmã morta ela teria, um quarto só pra ela, a atenção dos pais só pra ela, e principalmente, Kim Seokjin.

Elas estudavam com ele desde que entraram na escola, e Maggie era apaixonada por ele desde a primeira vez que se viram, porem Seokjin era apaixonado por Mary, desde a primeira vez que se viram, mas estão amor não era correspondido, assim como o de Maggie não era correspondido por Seokjin.

"Se somos praticamente idênticas, porque não me amaste também?" Maggie fazia essa pergunta a si mesma com frequência.

Enquanto a pele da mão de Mary queimava, Maggie apresentava um sorriso perverso nos lábios, que logo se desfez, ao perceber a chegada de seu pai, que agressivamente a jogou no chão

— O que você pensa que estava fazendo?! - A irmã de Maggie chorava se afastando do fogo e olhando para as novas marcas em suas mãos - Você podia ter matado a sua irmã! - Maggie não escondeu o sorriso ao ouvir aquilo - Você acha isso engraçado, Maggie?!

Ela sempre soube que os pais preferiam Mary, porque todo mundo sempre preferia a Mary. Mas não esperou que seu pai fosse capaz bater nela. Quando a mão pesada do pai atingiu seu rosto e só nesse momento Maggie chorou.

Depois daquele dia, as gêmeas se separaram. Maggie foi mandada para um internato para adolescentes criminosas, ou como ela gostava de chamar "Prisão infantil".

Mary continuou a morar com os pais e tentou esquecer sua irmã, mas essa era uma tarefa difícil, quando se tem manchas nas próprias mãos lembrando-a toda hora sobre a existência de sua gêmea.

Mary nunca teve coragem de considerar aquele seu segredo obscuro, porque na verdade era o segredo obscuro de Maggie.

Continua...