A eterna guerra contra si mesmo. escrita por Ninguém


Capítulo 15
Tudo começa com amor.




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Alector olhava para o homem de joelhos a sua frente. Quando se mata pela primeira e não vem qualquer remorso você entende que matar uma pessoa não é diferente de esmagar uma barata: sem empatia, com algum nojo e apenas de vez em quando ao ver ou acreditar que é uma ameaça.

Já havia matado vários, já tinha lutado de tal modo que só poderiam ser descritos em desenhos animados ou obras de ficção com grande orçamento que exemplificassem o caos de uma batalha que destrói o terreno a sua volta, mas não os usuários. Quem nunca assistiu um único episódio de Dragon Ball? O ambiente a volta sempre fica em pior situação que os desafiantes.

Alector trucidara soldados alados e pessoas comuns e conseguia dizer claramente que não havia diferença porque ele sempre vencia ou não sentia nada ao esmagar seus corpos e ser sujado com o sangue ainda quente de suas vítimas. Só que aquele homem de joelhos a sua frente seria diferente, ele poderia mata-lo com um simples toque, mas queria ouvir a história dele... queria entender o motivo que levara Natasha ou Diego a agirem como agiram. É comum que as pessoas sejam vulneráveis, uma vez tomadas pelo ego elas buscam desesperadamente uma ilusão de segurança e espelham tal miragem em qualquer um que mostre características dessa falsa segurança. Coragem, confiança, perseverança, tranquilidade... basta que surja alguém que tenha o comportamento que um vulnerável inveje e este o seguirá.

Só que Natasha e Diego já havia sido libertados do ego, eles entendiam que não devem endeusar pessoas porque, não importa o quão fantásticas sejam, são vulneráveis, fracas e medrosas em algum ponto de suas vidas. Não são perfeitas. Dizem que Einstein era um gênio cujas descobertas estão sendo comprovadas décadas depois de sua morte, tal inteligência porém não resolveu dilemas de sua vida pessoal que em alguns aspectos poderia ser visto como um grande fiasco.  

Sim, endeusar pessoas é um erro só que um erro justificável porque os adorados possuem características invejáveis. Alector entendia isso. Então era esperado seu espanto ao ver a devoção e Natasha e Diego a este ser humano patético de joelhos olhando para o chão de cascalho enquanto chorava igual a uma criança.

— Se todo este drama fosse uma história – disse Alector – podemos dizer que esse é o final. Ego conseguiu o que queria, eu consegui o que queria e agora a vida seguirá normal... ou quase isso.

Alector ergue o punhal o qual Egoinis usou para perfurar sua carne três vezes e libertá-lo de seu estado altamente negativo.

— Chega a ser assustador que isto seja incipere, uma arma tão pequena que é capaz de causar tanta destruição.

Eren agarrou no cascalho com as duas mãos com força e falou em meio a soluços:

— Estão todos mortos?

Alector olhou para o lado em direção a cidade. A grande nuvem de fumaça negra que emergia aos céus provocando uma fina chuva de cinzas revelava um estado deplorável em meio a uma visão tímida do inferno.

— Provavelmente. Sabe por que eu tirei de lá antes de acabar com tudo? Por realmente quero saber, muito mesmo, o que tem de bom que leve alguém e gostar de você. Natasha, Diego... talvez até aquele seu amigo risonho, ou mesmo a tal mulher que você me disse antes... Amerília.

Alector dobra os joelhos pegando nos cabelos de Eren forçando-o a olhar nos seus olhos.

— As vozes dizem que você é um dos piores tipos de ser humano que existem. Sabe, mesmo depois que me libertei da escuridão da minha mente eu continuo conversando com as vozes em minha cabeça... muitos acham que é loucura, mas não. É algo real. Sabe aquele instinto primitivo que todo humano tem no fundo de suas cabeças? O instinto primordial que nos dá a sensação da realidade a nossa volta... pois é. Minhas vozes são isso e instintivamente elas dizem ou eu sei: você é podre. Por quê? Ainda não sei. Nunca soube, apenas quando o vi eu soube que não presta... é tipo aquilo: o santo não bate, entende?

Ele o solta e volta a ficar de pé.

— Que tal uma brincadeira? Vamos brincar de tribunal do júri. As vozes serão os jurados e eu serei o juiz e carrasco. Vamos ouvir sua história e dependendo do veredito haverá três possibilidades: 1 – deixarei que vá. 2 – usarei incipere em você para libertá-lo de sua escuridão. 3 – o matarei.

Eren tomba de costas no chão olhando para o céu, o céu estava nublado e as cinzas desciam como flocos de neve – apesar de Eren nunca ter conhecido a neve. Ele abre os braços e funga várias vezes para limpar o nariz entupido.

— Você disse que se isso fosse uma história esse seria o final...? Talvez esteja certo. Quer saber minha história? Tudo bem, eu te conto.

Alector continuou parado o observando. Eren ergueu o braço direito enfaixado e o encarou como se ali houvesse algo digno de grande concentração.  

— Tudo começa com amor. Sim, começou no momento em que eu me apaixonei por Amerília.     


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