Final Fantasy XV - Another Tale escrita por Petram


Capítulo 8
Ano 756 da Era Moderna, 12 de Outubro - Parte 4




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/788883/chapter/8

 

Ao atravessar o portão, fiquei chocado com a Lestallum que eu vi, suja, pobre, e sem vida. Os civis pareciam não ter alma, apenas medo e desesperança. Os soldados, não tão diferentes, disfarçavam tais sentimentos com rostos determinados. Eu entendi que eles não podiam se deixar a levar por aquelas emoções, a determinação deles era a única coisa que impedia da cidade cair aos demônios.

Ainda assim, a cidade conhecida por suas luzes, pelo seu calor e povo acolhedor, parece ser uma mera fabula agora. Eu já vi suas luzes na Velha Lestallum, que diferente do que se esperava, era separada por quilômetros de distância e nada semelhante a sua cidade irmã.

— “Civis para esse lado, fecharemos essa área para o pessoal militar e autorizados.” – Disse um dos soldados, enquanto evacuava os civis.

Não consegui prestar muita atenção para onde eles foram, pois o marechal pediu para que eu o seguisse.

— “Você se saiu bem, recruta. E posso ver que está mais que apto para servir a Lucis, ao menos em missões de menor risco.” – Falou o marechal

— “Eu entendo, senhor.” – Abaixando me curvando rapidamente, em respeito.

— “Amanhã, procure por Monica, ela será sua superior e irá atribuir missões a você. Hoje você está livre e pode descansar no dormitório. Dispensado.”

Abaixei minha cabeça e pus meu punho fechado ao meu peito, como os Lâminas do Rei faziam nos eventos comemorativos que passavam na tv. O marechal levantou uma de suas sobrancelhas, com uma cara de surpreso, um pouco antes de eu me retirar ao dormitório. Eu realmente espero que ele tenha ficado surpreso no bom sentindo, e não ter achado desrespeitoso por eu não ser um verdadeiro Lâmina.

— “Não se preocupe, ele ficou surpreso no bom sentido.” – Disse Libertus, o qual aparentemente estava comigo aquele tempo todo. – “E não fica com essa cara de assustado. Eu não leio mentes, está tudo escrito na sua cara.”

Nota: treinar as coisas que eu “escrevo” na minha cara sejam menos aparentes.

Libertus me olhou mais de perto e começo a gargalhar – “Você está cada vez mais vermelho! Há! Melhor mudar de assunto antes que as coisas piorem.”

Ele tinha mudado para uma expressão mais séria como se fosse dar uma notícia triste – “Cara, é aqui que nos separamos por agora.”

— “Você vai para alguma, missão?” – Perguntei a ele.

Ele sacudiu a cabeça, desviando seu olhar de mim. – “Não, minhas missões acabaram... eu vou parar.”

— “Mas por quê?”

— “Eu... Não me orgulho de certas coisas que eu fiz, perdi tudo e todos que eu conheci por minha ignorância, e apesar do Co... Marechal, ter falado que ainda sou bem-vindo a servir Lucis, eu não me sinto bem depois do...”

— “Libertus, o que aconteceu?” – Ele escondia alguma coisa que claramente o afligia só de lembrar. Aquilo me deixava preocupado com Libertus, me pergunto o que pode ter acontecido. Mas no fim ele não disse.

— “Não se preocupe quanto a isso, um dia quando eu me redimir de minhas ações, talvez eu conte. Se você me pagar algumas cervejas claro. – Disse ele sorrindo, voltando ao Libertus que conheci horas atrás.”

— “Antes de ir, não esqueça de sua adaga.” – Disse entregando-a ele.

— “Quanto a isso, pode ficar. Ou melhor, fique com o par.”

— “Têm certeza?”

— “Absoluta. Minhas futuras batalhas, não precisarão delas, mas as suas podem precisar.” – Terminou ele, entregando as adagas e piscando para mim. – “Até mais Iustitia.”

— “Até...”

Entrei no “dormitório”, que na realidade já foi um hotel recheado de turistas, de acordo com Tobul, um dos homens com que eu aparentemente irei dividir o cômodo que ficarei nesse tempo. Ele estava ansioso em saber mais sobre mim e minha história. Não que seja grande coisa. A história de um garoto fazendeiro ter chegado onde chegou porque um homem misterioso o mandou para um lugar errado, mas na hora certa.

— "Que história doida, cara! – Disse ele todo entusiasmado. – Queria ter uma dessas para contar."

Tobul tinha me contado, que morou em Insomnia e presenciou muito bem a invasão de Nilfheim. Um de seus irmãos era um Lâmina, que infelizmente pereceu naquele dia.

—Desde então morei como refugiado em um dos campos de Duscae. Aí, quando a noite começou a comer o dia, recebi o chamado da Justa. E bem, aqui estou eu agora.

A história dele era tão impressionante quanto, se não mais. Se bem que eu não gostaria de ter visto o que ele viu em Insomnia.

Totalmente cansado, escrevi todos esses acontecimentos antes de poder dormir. Isso têm sido um ótimo exercício, um que alivia meu espírito um pouco. No entanto, a ansiedade de experienciar mais um dia nesse mundo caótico que vivo ainda me incomoda.

Acordei no meio da noite, com o coração pulando para fora, sonhei com os meus pais, e lembrei que não vi eles chegarem, se é que eles chegaram. Eu rezei para os deuses que eles estivessem bem. Eu não sei o que faria, do contrário. A euforia de ser um escolhido dos reis tinha passado. Agora eu sentia uma dor no estomago, uma ansiedade de não conseguir, de perder tudo, de me arrepender ou sofrer como Libertus.

— "Não tema, jovem súdito. Sua jornada será rogada de tormentas e bençãos. Ela durará até você e seus camaradas conseguirem provar aos deuses que esse mundo é sim digno de conhecer a luz mais uma vez. Porém, saiba disso: Todos os Lâminas de Lucis agora são pequenas peças do único pilar que ainda segura Eos. Não se abale pelo o que o mundo irá te mostrar, pois vocês são a luz que corta as trevas. As Lâminas do verdadeiro rei. As Lâminas da luz."

Aquela voz tinha soado igual à do Feroz, não era a mesma, mas parecia vir da minha cabeça também. Seria outro rei, ou seria outra coisa. O que a voz quis dizer com “provar aos deuses” me faz perguntar se enfuriamos eles de algum modo.

Agora, o que me afligia era parte das tormentas.  A falta da presença da minha família me incomodava, tanto. Poderia ser eles, quem a voz estava falando. Ou quem sabe talvez seria outro alguém, ou alguma coisa. Tantas coisas que podiam ser, e meu corpo tremia só de pelas suposições que eu fazia em minha cabeça. Eu temia que o pior poderia acontecer.

Mas não adianta pensar muito sobre isso, agora eu preciso descansar. Os reis contam comigo, assim como o marechal e Libertus! E só espero que amanhã eu receba boas notícias. Agora, só posso me consolar com a esperança de que tudo estará bem.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Final Fantasy XV - Another Tale" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.