Cap.1 Depois da escuridão vem o sol.

Abriu os olhos lentamente, não via nada além de terra e marionetes espalhadas por todo o canto, piscou um pouco se acostumando com a claridade do local e sente o sangue correndo levemente sobre o seu queixo e caindo no chão.

Não entendeu nada, a Chyo-baa havia o deixado viver? Não... Não pode ser isso, ela estava disposta a matá-lo, então por que não morreu?

Não se mexia, não conseguia mover seus braços ou suas pernas. Palavras não podiam descrever o ódio que sentia daquela bruxa velha e daquela testuda de cabelos rosa, porém nada se podia fazer a não ser esperar a morte.

"Se é para eu morrer, então eu espero a morte quando ela vier" repetia para si mesmo.

Lá em Konoha

-Mas Hinata-sama, tem certeza que vai ficar bem? –perguntava um garoto de cabelos longos e compridos e olhos brancos.

-Claro Neji-neesan. Só vou andar um pouco. –respondia com uma voz tão vergonhosa pela preocupação do primo.

Hyuuga Hinata era uma ninja de 15 anos, cabelos negros, olhos brancos como qualquer outra Hyuuga. Herdeira da família principal e tinha o Byakugan. A garota tinha uma paixão, Uzumaki Naruto, mas este raramente a via. É tímida e doce e era aluna de Neji, seu primo, que ajudava ela com seu Byakugan.

Era tão desligadinha que nem percebia que alguém realmente a amava. Hyuuga Neji, 16 anos, tinha um amor platônico pela sua aluna/prima. Mas por ser orgulhoso acabava deixando esse amor escondido com o desejo que sua amada nunca descobrisse.

-Então toma cuidado. –repetiu o garoto antes de vê-la sumir entre as árvores.

No campo de batalha

O ruivo fitava seriamente o céu que estava laranja por causa do pôr-do-sol, devia estar ali há horas. Porque não morria logo? A dúvida permanecia em sua cabeça: Chyo-baa não o matou por enganar-se ou a perda de vontade de matar o seu neto, ele não sabia. Só sabia que estava vivo, e não devia estar.

Seus dedos ainda estavam frios, não conseguia levantá-los, mas podia senti-los. Seu coração pulsava. Seu corpo de madeira ainda estava quente com os raios do sol da tarde. O sangue em sua boca e seu corpo já estava seco.

Aos poucos começou com uma visão distorcida, finalmente a morte estava por vir. Ficou aliviado, não aguentava mais a dor que estava sentindo. Resolveu fechar seus olhos deixando o frio da noite que já tomara o céu correr pelo o seu corpo.

Em Konoha

-Está demorando muito, onde está Hinata-sama? –perguntou para si mesmo Neji.

-De que isso te importa? –agora a voz fria da irmã da Hinata, Hanabi, tomava conta do quarto.

-Sai daqui, não é da sua conta.

- De novo o seu estranho incompreendido e patético amor pela minha irmãzinha?

Neji olhou para a Hyuuga menor com um olhar de surpresa.

-Não sou tão burra quanto pensa. – e por fim concluiu. –Desista, mesmo que não fossem primos, acha mesmo que ela ia querer você?

Hanabi abriu um sorriso maléfico no rosto e saiu metida porta a fora deixando o Neji contemplativo. Sempre havia pensado na possibilidade de namorar a Hinata se ela não fosse sua parenta de sangue.

Mas como alguém como ela, doce e delicada, poderia querer alguém como ele, bruto e violento? Impossível. E aquela peste da Hanabi fez questão de mostrar que aquilo era a mais pura verdade de todas. Achava-se um doente por ter aquele amor.

-Neji, vai dormir... Hinata já é grandinha o suficiente para se virar sozinha. – agora é o pai da jovem Hyuuga que falava.

-Hai, eu já vou.

Em uma caverna não muito longe...

Novamente abriu seus olhos, não estava mais no campo de batalha, estava em uma caverna úmida, com as gotículas de água das estalagmites e estalactites tocando suavemente o chão.

Sentia numa posição mais confortável do que se encontrava de manhã, não sentia mais frio nem dor, pois estava coberto e tinham tirado as espadas que atravessavam o seu corpo. Entretanto ainda estava muito ferido para se mexer ou fazer movimentos bruscos.

Com seus olhos castanhos explorou inexpressivamente cada canto da caverna, até que avistou uma figura humana, uma garota para ser mais específico. Ela preparava uma coisa que pelo cheiro devia ser chá. Foi quando esta notou que ele a observava.

-A-Ah! V-Você acordou... – foi uma voz bem fraca porque estava envergonhada.

Sasori ficou analisando-a com os olhos sem perder a frieza do olhar, tinha cabelos longos e azulados, olhos exóticos brancos, um casaco roxo e uma calça nem tão comprida azul e uma sandália de mesma cor. Realmente daria uma linda marionete.

Hinata persebeu que o ruivo a fitava e ficou constrangida com a cena, corou tanto que sua face ficou vermelhinha. Rapidamente começou a se explicar mexendo suas mãos de uma maneira de mostrar sua timidez.

-B-Bem, eu estava a-andando p-p-por ai e t-te v-vi e...

-Poderia falar ao menos uma palavra sem gaguejar? –perguntava sério e sarcástico ao mesmo tempo.

Viu quase lágrimas no rosto dela, estava quase chorando, mas o orgulho do ruivo sempre foi maior e fingiu não ligar para a moça triste, apesar de sentir um certo remorso.

-Gome... –disse a ninja entre lágrimas.

-Começa tudo de novo e fala direito.

-E-eu...

-É SURDA POR ACASO? SEM GAGUEJAR!

-Eu estava andando por ai e vi você caido, estava machucado e eu te trouxe aqui para cuidar de você.

Não gaguejou nenhuma vez, o que era bem raro, mas ainda mantinha uma bochecha corada de vergonha e timidez.

-Melhorou, depois trabalharemos essa timidez. –mantinha seu olhar frio.

-Está com fome?

-Não.

-Sede?

-Não.

Hinata abaixou a cabeça desanimada, parecia que era uma inútil, o que ela teria que fazer para conseguir a confiança dele? Levantou-se calmamente do chão e se direcionou até o ruivo com um copo na mão.

Derramou uma coisa pastosa na boa do ruivo que fez o mesmo gemer de nojo e seguiu até a ponta da caversa e olhou para trás, mais precisamente nos olhos de Sasori.

-Eu vou porque eu quero te curar e a Sakura me prometeu ensinar técnicas básicas de ninjitsu médico.

-Tanto faz...

Essa resposta não agradou, claro que Hinata ficou tão triste quanto desanimada, mas tinha que continuar com seu trabalho.

Em Konoha

Hinata parou na entrada da cidade ainda pensando no ruivo mau humorado que acabara de salvar, pensou no porque dele ser tão frio e calculista. Então Sakura veio ao seu encontro, parecia aflita e um tanto nervosa.

-Hinata do céu! Aonde você estava? Está todo mundo preocupado comigo.

-Sakura, era com você mesma que eu queria falar.

-Fala então.

-Err... Eu estava pensando... será que você... pode me ensinar umas técnicas de ninjitsu médico?

-Claro! Vamos começar agora mesmo, pode me responder por que?

Hinata pensou em sua fala, Sakura não podia saber que estava escondendo um criminoso, nem que estava cuidando dele, ai que ela não ia ensinar mesmo.

-É... segredo... –olhou para o chão e corou um pouco, depois olhou timidamente para a rósea. –Entenda por favor.

-C-claro. –respondeu um pouco desconfiada, depois relaxou, afinal, era a Hinata. –Vamos começar com o básico.

Sakura ensinou o ninjitsu básico a ela, como curar ferimentos pequenos e gripes, Hinata olhava e fazia exatamente o que a sensei ensinava.

No final do dia, estava muito tarde e a morena de olhos perolados estava exausta com o treino e resolveu tomar o caminho de casa. Na rua ficou pensando que no dia seguinte iria visitar o ruivo e curá-lo dos principais ferimentos. Quando entrou em sua casa percebeu que Neji chorava.

-N-Neji-neesan... O-O que a-aconteceu?

-Hinata-sama. –e correu para abraçar a morena. –Nunca mais saia de casa por tanto tempo ouviu?

-D-Desculpe, eu não queria te preocupar. Pode me soltar? Está me machucando um pouco.

-Hinata-sama... Eu não queria... Juro! Me desculpa mesmo.

-Calma Neji, eu estou bem, não precisa se preocupar com isso.

Uma lágrima saiu no rosto do Neji, olhou para as próprias mãos, mãos que machucaram a Hinata, a menina linda e tão idolatrada por ele, se achava um mostro naquele mesmo instante. Como pode machucar a Hinata?

Continua