Quando a humanidade criou a tecnologia, causou uma interferência nas Muralhas da Realidade e acabou acessando por acidente um plano totalmente fora dos padrões humanos — a Rede, nada mais nada menos que o universo digital, uma dimensão cibernética toda feita de dados, circuitos e códigos virtuais (lar de todos os seres digitais, desde deuses a criaturas da natureza chamadas Digimons). Portais surgiram, ligando nosso universo à Rede, e consequentemente nosso mundo ao mundo dos Digimons — Okgeiden, o Mundo Digital (mais conhecido como Digimundo). Uma vez estabelecidos, as pontes entre os dois mundos jamais poderiam ser quebradas.

Mesmo com essa ligação dimensional, os humanos seguem ignorantes sobre os Digimons e qualquer coisa que diz a respeito à Rede, continuando a não fazer ideia do que há além da eletricidade que alimenta seus eletrodomésticos e eletroeletrônicos.

O primeiro contato estabelecido entre a Terra e o Mundo Digital aconteceu em 1922, quando Yew, uma deusa digital secundária, conseguiu ir para a Terra através de um portal — ela estudou em segredo, as passagens dimensionais que conectavam Okgeiden e o novo mundo inexplorado, ciente de que os outros deuses não sentiam vontade de ir a Terra, por não quererem quebrar a harmonia da paz que viviam (ela era curiosa demais para dar ouvido aos outros deuses, e nunca ligara para tradições).

Fascinada com a Terra e com a humanidade, Yew deu o Digicódigo — a energia da vida e do poder presente em todos os seres do Mundo Digital — a algumas crianças ao redor da Terra (ela desejava que Digimons, deuses digitais e humanos pudessem conviver, todos abençoados com a dádiva do Digicódigo. Um sonho ingênuo e um tanto perigoso, considerando que o coração dos humanos pode ser bondoso e altruísta, assim como egoísta e maldoso).

Qineru, patrono dos deuses digitais, pai de Yew, estranhando a ausência da filha, foi à sua procura, descobrindo para onde ela fora por um Digimon que a vira partir. Ele foi atrás dela, encontrando-a na Alemanha. Como matar vai contra os princípios dos deuses digitais, Qineru selou os Digicódigos das crianças e apagou as memórias que elas tinham acerca de Yew, do Digicódigo e de Okgeiden, indo embora e levando sua filha desobediente de volta ao Mundo Digital. Para se assegurar de que futuros imprevistos não ocorressem, o Senhor dos Deuses apagou as memórias de Yew sobre as crianças humanas ou qualquer coisa que pudesse fazê-la querer retornar a Terra. De volta ao Digimundo, Qineru fechou com lacres poderosos todos os portais que levavam à Terra, interrompendo a conexão entre os dois mundos, Real e Digital.

Por muito tempo, tudo permaneceu igual — os humanos sem saber do universo digital e os seres digitais sem fazer contato com eles. Mas em dezembro de 1991, Aíria, um dos Três Oráculos de Okgeiden, traiu seu povo e armou uma arapuca para capturar os deuses e subjugar todas as criaturas digitais. Aíria almejava poder e ela faria de tudo para conseguir. O que não previa era que suas irmãs, os outros dois Oráculos do Digimundo, se voltariam contra ela.

Lírian e Nírian, os outros dois Oráculos do Digimundo, receberam um chamado dos Nigmas Sagrados — os Digimons Primordiais, aqueles que originaram todos os Digimons —, e então tiveram uma visão de quem andaria lado a lado com eles na guerra contra Aíria. Almas humanas abençoadas com o Digicódigo, mais brilhantes que milhares de sóis…