Drania escrita por Capitain


Capítulo 45
Juízes


Notas iniciais do capítulo

boa leitura!



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— O Arauto... - é um fantasma?

Não só um fantasma, como também a pessoa que matou Ogün. quer dizer que ele realmente ganhara um corpo. e que fantasmas podem possuir pessoas. Talvez essa fosse uma informação útil, mas adiante. Espere, isso queria dizer que o Arauto era uma garota? E que o grande mago líder do culto do caos tinha mais ou menos a minha idade? ou será que aquela identidade era um disfarce?

Seria possível que o Arauto fosse um transmorfo?

— A presença dele e daquele fantasma são muito similares - Aurora explicou, me distraindo da minha montanha de perguntas - eu notei quando ele nos encontrou, lá em Ágora. Mas falamos disso depois. Goroth ainda está muito mal. Posso preguntar se você tem um plano?

— Para ser sincera, eu não achei que a gente ia chegar tão longe. - Eu disse - talvez Rasth acreditasse o suficiente na história para não sair acusando Goroth de trapaça. Acho que o fato de Goroth não saber do plano ajudou, mas sobre o que fazer agora...

Eu senti uma esfera de luz familiar se aproximar de Aurora e Goroth. Talvez fosse isso que Aurora quisesse dizer com “presença”? Demorei um pouco para reconhecer o dono dela, mas quando ele falou, ficou claro quem era. Era o orc que eu havia entreouvido mais cedo, conversando com outro orc sobre o ataque e os planos de Rasth.

— Goroth não está em condições de continuar lutando - a voz dele projetou-se para a multidão - porém não foi Rasth quem desferiu o último golpe, e sim um terceiro. Eu também não vejo nenhum indício de trapaça, de nenhum dos lados - ele continuou - meu voto como juiz, é que o duelo foi justo, e o resultado foi empate.

Mesmo sob a terra, eu conseguia ouvir o grupo discutir após essa declaração. Então é assim que eles julgam os duelos, pensei. Goroth havia mencionado um grupo de juízes e testemunhas, mas eu não lembrava de ter visto nada disso ser arranjado antes da luta. Talvez os juízes fossem só uma espécie de arranjo informal? Quem sabe os orcs mais respeitáveis ou fortes da plateia?

Outro orc se apresentou, deixando o círculo de curiosos e se dirigindo ao meio. Eu não conseguia vê-lo, de onde estava escondida sob a superfície, e não quis arriscar aparecendo acima da terra, mesmo num canto qualquer. Era impossível saber, com um grupo tão grande, para onde todos estavam olhando.

O segundo juiz hesitou por um momento antes de começar a falar. Sua presença era agitada, e eu quase podia ver a miríade de pensamentos flutuando ao seu redor. Ele estava nervoso? Ou talvez, estivesse em dúvida sobre como proceder?

— Sim, Goroth não está em condições de continuar a luta - ele começou - mas Rasth ainda está de pé. Além disso, eu acredito que todos vocês viram - ele fez uma pausa, eu conseguia ver os pensamentos multiplicando-se ao redor da sua cabeça. - Que mesmo antes da chagada dessa... Drania, Goroth já havia perdido a luta. Mesmo que a luta tivesse continuado, estava claro que ele iria perder. Meu voto como juiz, é de que o duelo foi justo, e Rasth venceu.

A plateia ficou em silêncio por alguns momentos. Um a um, pensei. O terceiro juiz vai decidir o destino de Goroth. Quando o terceiro orc caminhou para o meio do círculo, havia uma certa tensão no ar. Eu não conseguia vê-lo, mas sua presença era bastante distinta. Era calma, quase ao ponto de ser considerada pacífica, mas o brilho de sua consciência indicava que ele tinha uma quantidade absurda de energia vital. Seus movimentos eram suaves e deliberados, e ele permaneceu em silêncio por alguns segundos após chegar ao centro do círculo.

— Goroth parece incapacitado no momento - a voz era feminina, mesmo que bastante grave. Eu confundira uma mulher orc com um homem? Havia também um leve sotaque na sua voz, e a forma como ela pronunciava a letra “o” e a letra “r” como “u” e “h” era definitivamente estranha. - Porém, o chefe Rasth Kvöth não tinha uma vantagem decisiva antes da interrupção para ser considerado vencedor. Meu julgamento é de que o duelo foi justo, e de que o resultado foi um empate.

Eu teria dado um suspiro de alívio se ainda respirasse, e pude sentir a mente de Aurora ficando um pouco mais calma também. então o plano funcionou, eu comemorei. Conseguimos enganar Rasth e Goroth não perdeu sua última chance de provar sua inocência.

— Chefe Rasth Kvöth, - a mulher orc falou, de repente - eu irei convocar uma reunião dos sete chefes. Compareça assim que for possível.

— Eu irei, Chefe Erenid Fÿerin.

Aquela mulher era a chefe de um dos clãs?

— Ela é a chefe do clã Fÿerin, o clã do lobo. - Eu ouvia voz de Goroth na minha cabeça - o que quer dizer que a sua mentira sobre a Apóstola e a outra Drania vai ser recontada para os sete chefes.

Opa.

— Goroth - eu disse - eu sinto muit...

— Do que você está falando? - Goroth me cortou - mesmo que você tenha a inventado a parte sobre você ser filha da apóstola, a verdade que a antiga líder do culto de Kraaz mandou matar um dos chefes finalmente foi aceita, graças à sua pequena peça de teatro.

— Mesmo assim, você ter acabado aqui em primeiro lugar foi culpa minha, porque eu dei a entender que Aurora tinha morrido e esqueci de te avisar que ela estava bem...

— Não, não, isso foi culpa minha. - Ele respondeu, imediatamente - você disse que iria salvar Aurora, e você fez o que prometeu. Vocês teriam conseguido sair da cidade sem problemas se eu não tivesse tirado conclusões apressadas e deixado a raiva tomar conta...

— Vocês dois! - Aurora ralhou - foi um mal entendido, ok? Sim, podia ter resultado em algo mais sério, mas por enquanto, parece que acabou bem. Ninguém morreu... recentemente, pelo menos. Temos coisas mais importantes a discutir no momento, caso não tenha notado...

— Chefe Rasth, a respeito de Goroth e sua... amiga... - ouvi o primeiro juiz falar, acima de mim - posso oferecer um lugar em minha casa para hospedá-los até a revanche?

Eu não consegui ouvir a resposta de Rasth, então imaginei que ele havia respondido com um gesto.

— O que Rasth disse? - eu perguntei

— Ele concordou. - Seremos hóspedes de Nanúr.

— Você conhece o sujeito, então. - Eu falei - Espera, vocês dois não eram considerados traidores inimigos a alguns minutos atrás? Tanta coisa mudou só porquê...?

— Mesmo se não houvesse a parte sobre a Apóstola, ainda seríamos tratados como hóspedes no caso de um empate - Goroth explicou - um empate é bem incomum, mas se alguém está lutando por sua honra, ou se defendendo de alguma acusação, um empate nesse duelo é visto com bons olhos. Significa que você está pelo menos parcialmente certo, eu acho. Ou talvez indique que a situação não é tão clara quanto antes.

— Então você está me dizendo que, de acordo com os orcs, o acusado é inocente até que se prove o contrário..., mas só se ele conseguir pelo menos um empate com o acusador na porrada?

— Quando você fala assim, até parece um sistema ridículo - Goroth brincou.

— Eu não sei o que pensar.

— Nós vamos até a casa de Nanúr - Aurora falou - Goroth precisa de mais um tempo para se recuperar, e acho que nós três temos que descansar um pouco.

— Meu nome é Nanúr - Eu podia sentir a presença dele ao lado de aurora, pronto para guia-la até a sua residência - eu estarei hospedando os dois até que os chefes decidam quando será a revanche de Goroth. O seu nome é Aurora, certo?

— Seria uma honra - aurora respondeu.

— Na verdade, você pode ir na frente com a bruxa - Rasth interviu - eu preciso conversar com Goroth.

— Você também, Drania. Por favor. - Goroth disse, e se desconectou de minha mente. Eu ainda não sabia direito como a tal da telepatia funcionava, mas ele claramente não queria que eu escutasse qualquer que fosse a conversa entre os irmãos. Eu assenti, com um rápido movimento de cabeça, mesmo que ninguém pudesse vê-lo, e segui Aurora e Nanúr para longe de Goroth.

 


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Notas finais do capítulo

próximo em breve!
aparentemente, mentes não são fáceis de decifrar por fora, usando telepatia, e distinguir gênero apenas sentindo a mente de alguam é difícil. quem diria? eu não tinha pensado sobre essa parte da magia antes, então provavelmente vou ter que rever alguns capítulos depois...



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