A Herdeira do Oceano escrita por carlotakuy


Capítulo 2
Invasão pirata




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Sozinha em seu quarto Liana encarava, sentando em sua penteadeira, o colar disposto sobre a superfície de madeira. O espelho refletia-a, com seus cabelos selvagens e a camisola fina de dormir.

Depois do acontecimento da tarde aquele colar e sua vendedora a intrigaram. Ela não mais achou Ana ou Cadu no centro e só os encontrou no começo da noite, quando chegaram cansados em casa com o dobro de sacolas do que estiveram carregando de amanhã.

Com os braços cruzados Lia suspirou se debruçando sobre o móvel roçando delicadamente a ponta dos dedos sobre o frágil búzio customizado. O que naquilo tanto a encantava?

Ela conseguia sentir uma conexão com o estranho objeto. Ele a chamava e ela se coçava inteira para poder corresponder ao seu chamado. Parecia bruxaria e por um momento ela cogitou que a vendedora fosse uma bruxa do mar.

Mas riu de sua teoria ridícula e tirou o cordão da caixa. Enquanto se encarava no espelho, tentando prender o colar em seu pescoço, Liana sentiu o que sempre sentia todos os dias ao se olhar no espelho.

Estranheza.

Era ela refletida ali, naquele pedaço oval de vidro, mas ao mesmo tempo ela sentia que não. Era uma estranha que a olhava de volta, com olhos verdes e cabelos castanhos. Nem mesmo as linhas de seu rosto lhe eram familiares.

Entretanto, era verdade. Ela não uma família com a qual se basear e os genes dos Witherson eram muito distantes dos dela. Ana era muito diferente dela. Agatha. Nathan.

Suspirando ela conseguiu fechar o colar ao redor de seu pescoço e a sensação do búzio descansando em seu colo lhe encheu de um súbito calor.

Mas a sensação se dissipou no instante em um grito ecoou no corredor, chegando até a porta de Lia. Ela levantou apressada e correu até a porta, abrindo-a vagarosamente. No breu da noite com algumas poucas lâmpadas iluminando o corredor ela viu.

Três homens fortes e robustos, com roupas grossas e surradas, arrastando Ana de seu quarto. O cheiro de peixe preencheu o vão e Lia sentiu náuseas. Outro grito de Ana enquanto eles desciam as escadas com ela tirou a jovem do choque e Lia pensou rápido.

Fechando a porta e correndo até a escada pela qual eles desceram ela os seguiu, silenciosa como pôde, sentindo o frio da noite atravessar a longa, porém fina camisola. Mas nada tinha qualquer lugar em sua mente a não ser salvar sua irmã.

O que ela faria? Eram três homens grandes e fortes e ela só uma. Conseguiria lidar com um só deles, tinha truques e formas de vender uma briga, mas três?

Um suspiro de exasperação escapou os lábios da mesma quando ela chegou no térreo. Tudo ao redor estava destruído desde as chiques esculturas de mármore de Agatha ao navio em miniatura que Nathan guardava como um troféu no centro de sua sala. As mesas estavam de cabeça para baixo, quebras e sem pernas enquanto os assentos jaziam espalhados, esfolados e murchos.

Lia correu na trilha dos invasores e quando saiu da mansão, sentindo finalmente o cheiro de fogo notou que não eram só pessoas tentando invadir a mansão dos Witherson. Envolvia muito mais.

Ao longe o porto estava em chamas enquanto ruídos de gritos ecoavam por toda a cidade que vinha logo antes. A ilha estava sendo atacada e destruída. Os invasores da mansão não eram sequestradores quaisquer. Eram piratas.

Mais um grito de Ana, desta vez pelo caminho que ela e Cadu seguiram naquela manhã, tornou a despertar Lia do choque que a cercava. Com dificuldade ela conseguiu discernir velas escuras no porto, longe o suficiente das chamas, e instintivamente soube o que fazer.

Tomando o caminho contrário dos invasores Lia deslizou pela lateral da mansão, em direção a praia, se arranhando na descida brusca em pedras e conchas afiadas. Correu sem pensar duas vezes pelo caminho que sabia, desde pequena, dar acesso rápido ao porto e encontrou caos quando subiu na plataforma.

Mercadorias em chamas e homens tentando, inutilmente, apagá-las. Um grupo de piratas saqueando o que podiam e ao longe mais gritos. Lia correu por entre os barcos e se escondeu de homens suspeitos na sua empreitada até o navio dos piratas.

Viu quando Ana foi arrastada pelos mesmos três homens sujos para dentro do navio e tentou segui-la, entretanto, a entrada da embarcação estava fortemente guardada e uma súbita ideia se apossou da jovem.

Sem pensar muito ela alcançou os espólios que os invasores puseram de lado antes de entrar no navio e entrou, sem dificuldade, num barril grande. Ouviu os resmungos dos homens quando eles a carregaram do porto para dentro do navio e sorriu vitoriosa quando sentiu-o colocá-la no chão úmido da embarcação.

Ficou em silêncio enquanto tentava captar os barulhos ao redor, mas pés não paravam de se arrastar pelo chão trazendo aos montes as mercadorias que deveriam servir de lucro para o porto e os comerciantes. Os gritos de Ana ficaram se repetindo dentro da cabeça de Lia até tudo ao seu redor silenciar.

Quando um som de porta fechando inundou o vão ela espiou de dentro do barril. Caixas e mais caixas se amontoavam ao redor dela, com roupas, joias, dinheiro, comida e ouro. Outros barris estavam dispostos ao seu lado e ela levantou com tudo ao perceber estar sozinha.

Quando tentou descer Lia caiu e rolou junto com seu esconderijo pelo chão pegajoso. Foi então que percebeu o movimento das ondas se tornando mais fortes. O navio estava em movimento.

Medo cruzou sua espinha, mas ela se manteve focada. Tinha que sair dali e encontrar sua irmã o mais rápido possível, para conseguir voltarem a tempo para terra firme. Mas o lugar era escuro e os gritos nos andares de cima faziam os pelos da jovem arrepiar.

Ela nunca esteve tão a fundo num navio antes. Nem mesmo os que chegavam ao cais ela se arriscou a explorar tão a dentro sem seu pai. Agora que estava ali, sozinha, uma inquietação a deixava cada vez mais apreensiva.

Conseguiria alcançar sua irmã? Sairiam vivas? Ou no mínimo inteiras?

Lia forçou a porta pesada e de madeira, assim como todas as paredes e o chão, mas ela não se moveu. Praguejando ela socou a mesma e ouviu o barulho de madeira reverberar, seguido de um logo atrás de si.

Virou-se assustada, pronta para chutar o estranho no lugar certo, mas ao ver a cabeleira castanha de Cadu seu coração acelerou em alívio e alegria. Ele estava saindo desajeitado de um outro barril e sorriu torto para ela, com a roupa ensopada.

— Parece que não fui o único a ter essa ideia.

Sem esperar Lia o abraçou, molhando a si mesma.

— Ainda bem que você está aqui – sussurrou de encontro ao peito dele.

As mãos grandes acariciaram os cabelos cheios e agora sujos da garota.

— Você é maluca – Cadu tentou soar bravo – o que achou que poderia fazer invadindo um navio pirata?

Liana se afastou e o olhou nos olhos, com a mesma pergunta refletida neles. Sob a luz da fraca iluminação do cômodo os olhos verdes pareciam selvagens.

— Eu lhe pergunto a mesma coisa.

Ela andou até o centro do possível compartimento de carga.

— Ouvi os gritos e fiz a primeira coisa que me veio na cabeça – ele conseguiu sair do barril – só não achei que era um barril de rum que me caberia.

Liana riu.

— Você é gigante, me admira ter conseguido entrar no barril.

— Você não deveria estar aqui, Lia.

— Nem Ana.

Cadu entortou a boca e a jovem o ignorou, forçando a porta.

— Como vamos conseguir abrir isso daqui? – ela o olhou como quem espera alguma reação – Vamos garoto, reaja, temos uma princesa para salvar.

— Sai da frente – ele a afastou – eu mal consegui falar alguma coisa e você já estraga o meu momento – chiou.

Antes de Lia rebater viu quando ele encaixou a chave na fechadura. Olhou surpresa para ele que fez sua melhor expressão de ofendido.

— Sim, eu roubei a chave do cara.

— Você é demais! – Lia riu o abraçando, molhando-se ainda mais em rum.

Tão silenciosos quanto poderiam eles deslizaram pelo corredor, encontrando diversas portas e uma escada lateral. Vasculharam todos os espaços atrás da amiga, mas naquele nível nada encontraram.

Subiram as escadas com ainda mais cautela e notando um movimento ameno nele se esgueiraram o mais rapidamente que puderam para dentro da primeira porta. Lá dentro haviam duas camas bagunçadas e roupas jogadas para todo o lado.

Um cheiro ocre tomava conta de todo o ar do lugar e através de uma janela redonda de vidro grosso Lia viu a espuma das ondas chocarem-se contra a embarcação.

Eles estavam mesmo em movimento.

Suas entranhas se contraíram e ela jogou todo o tremor que ameaçou atravessar seu corpo para algum lugar escondido dentro dela. Não era hora de vacilar. Não quando Ana estava em algum lugar daquele navio, sozinha, chorando, e sabe-se lá quem estaria envolvido nesse cárcere.

Fazendo sinais para Cadu a jovem os guiou em mais uma aventura pelo corredor até o próximo vão. Lá dentro os móveis eram idênticos ao anterior, exceto pelo cheiro de ervas e roupas pesadas dispostas sobre uma das camas.

Quando prontos para irem ao próximo cômodo a dupla foi surpreendida pela entrada súbita de dois marujos. Um era alto e forte, com cabelos queimados pelo sol e a pele bronzeada em excesso. O outro, mais baixo, era negro e tinha olhos negros e espertos, e foi o primeiro a se lançar sobre a dupla, ainda em choque, para imobilizá-los.

Lia olhou alarmada para Cadu quando as mãos do homem prenderam as suas nas costas, enquanto gritava chamando reforço. Seu amigo também não conseguiu escapar e o homem alto iniciou um confronto corporal com ele que Cadu logo perdeu, parando com o corpo prensado contra o chão úmido e as mãos presas.

Numa prece silenciosa Lia pediu a qualquer divindade que os ajudasse.

•••

Liana e Cadu foram arrastados pelas escadas até a parte superior do navio e a jovem quase se sentiu feliz o suficiente por novamente poder respirar ar puro, diferente dos odores nos níveis mais baixos do navio.

Entretanto não havia nada para despertar alegria ali: homens suados e sujos trabalhavam nas cordas, uns até mesmo com as roupas chamuscadas, rindo e olhando descaradamente para a dupla, com o foco voltado mais a fina camisola da garota do que ao jovem empapado de rum.

Respingos da água os atingiram diversas vezes antes dos piratas pararem frente a uma cabine logo abaixo do leme, circundada por duas escadas. Eles abriram a porta abruptamente e lançaram a dupla lá dentro, sem o menor cuidado, fazendo-os chocarem-se com o chão.

Lá dentro estava quente, diferente da ventania e da água gélida que predominavam no exterior. Liana notou, assim que conseguiu se sentar no chão, quadros de embarcações e paisagens preencherem todas as paredes do vão.

Diferente dos cômodos mais abaixo aquele era limpo e iluminado, com tons de dourado em detalhes nas janelas onde nos outros vãos havia apenas ferro enferrujado. Também haviam diversas miniaturas de navio e a imagem de Nathan, tão fascinado por aquelas decorações, cortou os pensamentos da jovem.

Logo acima dos corpos jogados ao chão se prostrava uma escrivaninha em mogno polido, contrastando a cor escurecida das paredes da embarcação. Lia viu primeiro os pés dos sujeitos dispostos logo atrás dela e só quando conseguiu se forçar a levantar que os rostos deles entraram no seu raio de visão.

Um dos homens tinha cabelos grossos e negros, assim como uma barba cheia que lhe preenchia a face. Ao lado do outro ele parecia mais alto do que Lia achou que seria e trazia no rosto velho, com rechonchudas bochechas, um sorriso torto que nublava parcialmente o espanto em seus olhos.

O outro, que a jovem notou ser muito mais novo que o primeiro, tinha cabelos loiros curtos, na altura da orelha, e não tentava esconder a surpresa em seus olhos amendoados. Seu rosto era mais afilado que o do homem, mas no minuto em que os olhou juntos ela pôde notar. Eram parentes.

O homem da direita e mais velho foi o primeiro a se manifestar.

— Sejam bem-vindos ao meu navio! Senhor...?

Cadu remexia o maxilar com uma careta e olhou para Lia antes de responder ao homem. A voz dele soou com autoridade, ainda que o sorriso que brincava em seus lábios tentasse dissipar a tensão.

Eram piratas, Lia repetiu para si. Homens perigosos e encrenqueiros que viviam de roubos e pilhagens.

— Carlos Eduardo Beeck.

Satisfeito ele voltou-se a Lia. Houve um momento de choque quando eles trocaram olhares e por um momento ela sentiu que o homem não lhe era estranho. Um sorriso dele a tirou de seus pensamentos.

— Senhorita...?

Ela encarou a dupla com determinação.

— Liana Witherson.

Cadu pareceu surpreso ao seu lado. Ela nunca usara o sobrenome da família que a havia acolhido. Liana falava sempre sobre eles como “os Witherson”, mas nunca junto a seu nome.

Mas seria melhor assim, ponderou. Estavam em menor número e presos​ num navio com piratas. Usar o nome de uma família rica e influente poderia ceder a eles vantagens. Ela realmente pensava rápido.

— Belas coxas.

O rosto de Lia se tornou pétreo e antes que Cadu saísse em sua defesa o homem já se movimentava, saindo de trás da escrivaninha, deixando a mostra um mancar característico.

— Por que nossos convidados não se sentam? – ele abriu os braços para todos os assentos disponíveis.

Duas poltronas de frente a escrivaninha e um sofá num canto afastado, até então despercebido pela dupla.

— E nos explicam como conseguiram entrar no nosso navio – o sorriso se tornou algo entre raiva e curiosidade.

Nesse instante o loiro, ainda parado ao lado da escrivaninha, cruzou os braços observando a cena. Cadu interrompeu o que quer que fosse falar com a expressão do homem, mas Lia não se intimidou e percebeu, logo depois, que aquele era o capitão do navio.

Merda.

— Entramos em barris – começou depois de perceber que era tarde demais para recuar – nos escondemos e seus homens nos trouxeram para cá.

Os olhos castanhos do homem brilharam com a explicação.

— E o que vocês vieram fazer aqui? – ele avaliou a ambos – Suas roupas não indicam que estavam atrás de férias prolongadas.

— Vocês raptaram minha irmã – foi direta.

Novamente algo modulou nos olhos do capitão e até mesmo o seu guarda-costas de pedra arregalou os olhos.

— Eu não poderia deixar ela passar umas férias prolongadas sem mim, não acha?

O sorriso da jovem fez o capitão rir segurando inconscientemente na barriga rechonchuda.

— Quanto amor fraternal! E ele?

Cadu tentou ser mais corajoso do que se sentia.

— Sou funcionário do pai delas.

Lia o olhou de esgueira.

— E nosso amigo – o corrigiu ignorando os olhos irritados do garoto – poderia, no auge de sua hospitalidade, nos levar até os com certeza magníficos aposentos dela?

O capitão alisou a barriga e remexeu na barba, como se pensasse no pedido da jovem.

— Não sei, vocês invadiram nosso navio, senhores. Não acham que deviam ser punidos por isso?

— Não deveria punir o amor entre amigos, capitão — usou o termo surpreendendo todos na sala – nem mesmo entre irmãs – ela olhou para o loiro na sala – os vínculos familiares são fortes demais, como deve saber.

O loiro, ainda parado na sala, percebeu a insinuação. Olhou para o homem ao seu lado e o viu abrir um sorriso torto, sem qualquer emoção, sabendo exatamente o que ele dizia.

A garota havia mandado bem.

— Que jovem interessante você, senhorita Witherson.

Ele abrandou os braços.

— Depois de tão calorosas palavras como poderia lhe negar seu pedido?

O sorriso no rosto de Lia e o brilho em seus olhos foi uma reação estranha para os dois piratas na sala. Assentindo com veemência ela parecia ter pedido toda a postura de autoridade de segundos atrás, demonstrando ainda mais a verdade em suas palavras. Ela amava verdadeiramente a garota da qual falava.

— Pedirei para um de meus homens os escoltarem até o quarto de sua irmã – ele elevou a mão enquanto falava – e os pedirei para tratar com gentileza nossos mais novos hóspedes.

Ele sorriu torto.

— Amanhã nós jantaremos juntos, até lá não saíram do quarto.

Calada Lia aceitou todos os termos, ansiando por reencontrar logo sua irmã. Ela estaria assustada?

— E mandarei – o capitão avaliou as roupas ensopadas do garoto ao lado de Lia – roupas novas.

Cadu, contra a vontade, anuiu.

— Kevin – a voz do homem despertou o loiro, que olhava intrigado para a garota – chame Richmond e diga a ele para levar nossos convidados até o quarto da garota.

Com um aceno o jovem deslizou, como se flutuasse, da escrivaninha até a porta. Lia o acompanhou pelo periférico enquanto ele se afastava e tomou um fôlego que não lhe pertencia.

Ele era extremamente bonito, como um felino espreitando sua presa. Liana não saberia explicar como se manteve firme quando o olhar dele se cravou nela enquanto falava com o capitão. Seu corpo parecia eletrizado e ela achou aquilo uma loucura.

Uma loucura deliciosa.

Gritos fora da cabine foram ouvidos e logo o rapaz voltou, mas não retomou seu lugar atrás da escrivaninha, como a jovem achou que ele o faria. Ao invés disso se deteve ao lado da porta, esperando pela passagem da dupla.

— Podem ir. Os verei amanhã.

Os olhos do capitão caíram sobre a jovem cintilantes.

— Senhorita Liana – ele acenou.

Liana retribuiu o aceno.

— Capitão...

Os olhos dela caíram sobre ele surpresos por não saber seu nome. O homem sorriu, também notando o fato, e se adiantou.

— Pierre, senhorita.

— Capitão Pierre – Lia acenou novamente – obrigada pela generosidade.

Diversão correu a expressão do capitão.

— Não foi generosidade, Liana. Mas se apressem, precisam conferir se sua – ele correu os olhos para Cadu, ainda calado e parado ao lado da jovem – amiga está intacta, não é?

O sorriso de lado de Lia modulou novamente a percepção do capitão. Que jovem fantástica e destemida!

— Sim, capitão. Novamente obrigada – ela anuiu – se me permite.

Fazendo um movimento com a mão, incentivando-os a ir embora, Pierre voltou a andar até a parte traseira da escrivaninha. Cadu se apressou, tentando ser útil pelo menos em fornecer a Lia um escudo contra os homens do lado de fora, mas o que a garota queria mesmo era um escudo contra o homem ali dentro.

Quando Cadu saiu e ela fez menção de o seguir sentiu os olhos intensos do loiro sobre si. Engoliu a própria saliva, pronta para ignorá-lo, mas quando sua curiosidade venceu o nervosismo seus olhos chocaram-se com os olhos do garoto.

Liana não sabia a beleza dos olhos amendoados, não até aqueles na sua frente se mostrarem tão belos e sedutores. Desviando o olhar e se apressando para sair da cabine ela sorriu, pensando no quão boba ela soaria.

Encantada pela beleza de um pirata. Que bela piada.

•••

— Ana!

A garota virou-se assustada da grande cama em que estava encolhida e correu aos tropeços até seus amigos, abraçando-os aos prantos. Lia apertou sua irmã como se nada mais no mundo pudessem separá-las e ouviu o choro dela diminuir lentamente, tornando-se um soluço rítmico.

Os homens que os levaram haviam fechado a porta com uma chave e daquela vez nem mesmo Cadu possuía formas de abri-la, então os três permaneceram ali, quietos e unidos, sem saber o que fariam para enfrentar um navio cheio de piratas tão logo o dia voltasse a nascer.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam do pensamento rápido da nossa protagonista? Hehe.



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