Capítulo 3

3 de novembro de 1663

Está nascendo o segundo filho do novo casamento do pastor Cullen. Os dois recém- casados decidiram que o menino vai se chamar John William.

— Ahhhhhhh... – grita no quarto a Sra. Cullen sentindo as contrações de trabalho de parto.

A parteira é a velha conhecida que ajudou sua primeira filha a vir ao mundo, mas agora está acompanhada da filha que vai continuar a profissão da mãe, ela já está muito idosa e vai se afastar.

Abraham Cullen está nervoso do lado de fora do quarto, aguardando por notícias na sala. Dessa vez ele está sozinho, pois seu filho mais velho fruto de seu primeiro casamento morreu há pouco mais de seis meses.

Ele não ficou tão enlutado como a esposa e madrasta de Carlisle ficou. Claro que guardou algum tempo de silêncio, mas não em respeito da memória do filho, e sim para não demonstrar desacordo com a mulher. Sua primeira esposa se viva estivesse teria ficado muito triste com o que aconteceu com Carlisle, diria que ele não merecia. Foi uma fatalidade.

Ele não reconhece a obediência do filho até a morte, nem mesmo assim o pastor Cullen se compadece da sorte de Carlisle.

Graças a Deus que a esposa atual não perdeu o bebê que já estava esperando quando eles souberam da notícia pelo vizinho. Seria outra morte causada por Carlisle que deixaria Abraham ainda mais irritado, além do filho ter matado a própria mãe também teria assassinado o seu irmão.

Por causa do que passou ele também está preocupado com a demora, já deveria ter nascido. Dizem que o segundo bebê sai mais rápido do que o primeiro então deve haver algum problema...

Ele não pode evitar pensar em sua primeira esposa, que Deus a tenha, ela era uma santa que não merecia ter morrido. O Senhor não faria isso com ele novamente, faria? Levar a mulher e deixar o menino. ‘Por que comigo? Por que?’ ele se pergunta. ‘O que eu fiz para merecer?’ Ele não iria suportar outro golpe como esse, pois já está muito velho.

— Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh... – grita Emila.

Para alívio do pai nesse instante ouve-se um choro de bebê:

—Uéééééé... uéééééé... uééééééé...

— Nasceu! – ele diz orgulhoso para si mesmo.

Logo a parteira sai do quarto para chamá-lo:

— Sr. Pastor – ela abre a porta e segura.

— Já posso entrar?

— Claro que sim.

— Os dois estão bem? – pede para confirmar, pois sabe que se algo ruim tivesse acontecido já saberia.

— Graças a Deus.

— Amém.

Ele entra no quarto para conhecer o filho recém-nascido.

A filha da parteira termina de arrumar mãe e filho e sai para dar privacidade ao casal.

 - Finalmente! – ele diz aliviado ao ver a mulher sorrindo olhando o bebê.

— Graças a Deus fui capaz de lhe dar um filho – diz a Sra. Cullen.

Ela sabe que ele estava com medo de perdê-la, porque conhece a história da primeira esposa do pastor Cullen. Que Deus a tenha.

Emila sabe que Abraham não gosta de expor sentimentos, apesar disso, ela pode ver no rosto do marido o quão orgulhoso ele está.

— Valeu a pena esperar tanto ele é bem grande e saudável, mas não faça isso comigo de novo querida!

— Eu prometo que não farei mais isso, querido. Ele é mesmo robusto – ela olha admirada para o pequeno.

— Obrigado querida! – Abraham beija a testa da esposa.

Algo raro, ele não é muito disso. Ele está mais sentimental hoje, com as emoções exacerbadas devido aos acontecimentos.

— Por nada querido, eu é que o agradeço por ter me dado nosso filho.

— Eu te amo! – declara.

— Eu também – ela responde.

Ele se inclina sobre a cama e beija os lábios da esposa.

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