Cullen sister escrita por Angel Carol Platt Cullen
Capítulo 17: Flashback: 01 de fevereiro de 1640
Desde o começo do dia a mãe de Carlisle está sentindo que a hora de seu filho nascer se aproxima:
— Ai! – arqueja a Sra. Cullen.
— Querida você está bem? – pede o pastor Cullen preocupado com a esposa.
— Sim, eu estou ótima! Não dá para definir como me sinto. Foi mais um movimento de nosso bebê. Nosso filho vai chegar logo logo.
— Posso? – ele pede para tocar na barriga dela.
— Oh, claro que sim querido!
Assim que ele coloca a mão sobre seu abdome inchado ela suspira:
— Aaaaaa...
— Tudo bem meu amor? Me desculpe eu não fiz intencionalmente.
— Não se preocupe, meu amor. Nosso menino sentiu seu toque.
Ele não consegue evitar o sorriso que surge em seu rosto.
— Ele sabe quem sou?
— É claro que sim! Ele ouve o que digo, eu gosto de conversar com ele e Carlisle gosta da minha voz. Ouch!
— Filho, se comporte! – o pai repreende o bebê. – Não machuque sua mãe.
— Ele não tem essa intenção eu sei que não foi ele agora, foi meu corpo.
— Como você consegue diferenciar?
— Eu sei. Apenas sei a diferença entre um ‘chute’ e uma contração muscular.
— Está chegando a hora?
— Ainda falta muito. Você sentiu o movimento dele?
— Sim, foi como se estivesse tremendo.
— Para mim é diferente um pouco, pois eu sinto por dentro.
— Vocês mulheres realmente foram agraciadas com esse dom por Deus de carregar uma nova vida.
— Nós não podemos sem vocês. Só os dois juntos, homem e mulher podem criar um bebê.
— Fazemos a parte física, Deus faz a alma. É hoje então?
— Sim, mas vai demorar algumas horas, não se agite. Eu vi outras mulheres terem seus filhos e ajudei minha mãe a ter meu irmão mais novo.
...XXX...
Era final da tarde quando ele pediu para chamarem a parteira, pois o céu estava escurecendo indicando que logo viria uma tempestade. O pastor Cullen não considerou isso um presságio, um sinal divino do que iria acontecer mais tarde, porque era um homem de fé e não supersticioso. Não acreditava que Deus se comunica com os homens, isso ficou no passado e agora só nos restava Sua carta: a bíblia.
...XXX...
Segurando as mãos do marido ela pede:
— Você não quer ficar, querido? – ela olha para as mulheres que permitiriam que ele ficasse ali, embora os homens geralmente não possam. No futuro isso vai mudar.
— Não posso, não é certo. Além do mais sou fraco para essas coisas, não quero vê-la sofrendo. Vou ficar na sala, mas estarei rezando por você.
— Está bem – ela se resigna. Ela precisava tanto do apoio dele agora, mas ele prefere ficar longe.
Os dois trocam um olhar e ele percebe como ela ficou magoada com o que ele disse:
— Vou, mas estarei pensando em você – ele tenta consertar.
Sabe que a esposa preferia que ele ficasse ali ao seu lado. Solta a mão dela.
— Vai dar tudo certo, querida! – ele diz esperançoso, mas não pode prometer uma coisa dessa, isso está além do seu poder.
Fecha a porta atrás de sim.
— Querido... – tenta dizer assim que ele sai, mas é interrompida.- Ahhhhh! – o rosto dela se contorce numa careta.
— Força querida! – incentiva a senhora.
Ela está sozinha no quarto com as mulheres, pois o marido foi esperar na sala o nascimento do filho.
Um trovão ribomba no céu. Parece que o mundo vai acabar e o firmamento desabar:
— Que hora foi escolher esse bebê para nascer! – diz a assistente mais jovem surpresa.
— A criança não escolhe quando quer vir ao mundo, se já está pronta a natureza manda nascer. Nem a mãe pode segurar para um momento mais conveniente. É imperativo, não se pode fazer nada, apenas ajudar como necessário.
— Ahhhhhhhhhhhh...
Outro estrondo reverbera:
— Não é a primeira vez que ajudo um bebê a nascer nessas condições, minha filha. Ao menos estamos abrigadas – conclui a anciã.
— Ainda bem!
— Ahhhhhhhhhhhh... meu Deus! É tão difícil assim sempre? Não acredito. Eu é que sou fraca demais. As mulheres nascem para dar à luz, eu não consigo. Há algo errado comigo. Meu Deus me ajude, por favor. Nossa Senhora vem em meu socorro nessa horaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhh....
— Você vai conseguir querida, tenha fé. Não é a primeira que diz isso, você pode sim. Vai dar tudo certo e depois estará sorrindo satisfeita com seu filho no colo ao lembrar de tudo que passou.
— Ahhhhhhhhhhh... Eu não aguento. Acho que não sou preparada. Meu Deus, pelo menos deixe Carlisle para meu marido se for me levar. Eu peço, eu imploro. O Senhor é pai, sabe a dor que é perder um filho. Por favor, eu já vivi, ele ainda não e merece ver o mundo. Eu lhe rogo. Ao menos parte de mim vai ficar – ela diz ofegante. - Obrigada! - ela conclui como se já tivesse sido atendida. Ou confiando que será.
Caroline sente sua vida se esvaindo.
— Não desista Sra. Cullen, continue – recomenda a idosa. – Estamos quase lá.
— Ahhhhhhhhhh... Carlisle, meu filho, eu te amo!
A maior prova de amor é dar a vida por alguém e isso ela fará.
— Ela está sangrando muito – diz a moça.
A outra nem dá muita atenção, pois a mais nova deve estar impressionada. Um pouco de sangue é normal, ela já assistiu outros partos e já deveria saber disso.
— Isso é normal, o bebê sempre nasce um pouco sujo de sangue – diz sem olhar.
— Não pode ser, eu sei, ela está perdendo muito sangue. Veja!
— Santo Deus! – exclama a idosa ao ver a cama quase escarlate. – Que ele nos ajude, tudo que podemos já fizemos.
— Agora só Ele pode salvá-los.
Semiconsciente ela escuta a sentença da parteira, ela já sabia disso no fundo de seu ser desde que soube que estava grávida, mas não disse para ninguém.
— Estou vendo o cabelinho dele! – diz a parteira.
Isso lhes trouxe esperança de que o menino pelo menos vai sobreviver, quanto à mãe só Deus sabe.
Caroline faz um último esforço, ela já não tinha forças e não sabe de onde veio essa capacidade renovada. Certamente foi Deus que a ajudou por meio do Espírito Santo. Carlisle será importante então precisa viver, ele será um vampiro bom. Ficará do lado do bem, mesmo contra sua natureza e Deus estará com ele.
— Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa...
— Uééééé... uééééé... uééééé... – Carlisle chora.
A Sra. Cullen sorri e desfalece:
— Finalmente! – Exclama a mais nova. – Ela desmaiou!
— Ela deve estar cansada, completamente exausta de tanto esforço que fez. Deixe-a dormir, o sono é um santo remédio – responde a mais experiente.
A jovem se aproxima para ver se ela ainda está viva.
De repente a mulher acorda:
— Por favor, me dê meu filho. Quero vê-lo – pede com a voz sumida, mas as outras mulheres entendem.
A velha pega o bebê no colo e corta o cordão umbilical, enrola-o em um lençol e entrega o menino para a mãe. A criança procura logo seio materno:
— Ele está com fome!
— Oh Carlisle, você é tão lindo meu amor! Valeu a pena, morro em paz.
Ela coloca o filho para mamar e minutos depois, fecha os olhos sorrindo.
— Ela está morta! Pegue o menino – comanda a idosa para a outra.
Poderiam ter deixado o bebê mamar, mas acreditam que vivos e mortos devem ter o mínimo contato possível.
— O quê? – a porta do quarto se abre subitamente e o pastor Cullen entra indo direto para perto da esposa.
— Não! Não, querida, não faça isso comigo meu amor! Volte! Volte para mim. Oh meu Deus, por favor não faça isso comigo! Querida volte!
Pelo menos ninguém terá que dar a notícia, nem fechar os olhos da defunta. Ela mesma por obséquio fez isso ao morrer.
— Sinto muito! – diz a senhora parteira.
— Não, você não sabe como é essa dor!
— Eu sou viúva, eu entendo o senhor.
— Não, me deixem em paz. Quero ficar sozinho com minha esposa. Saiam daqui - ele diz grosso.
— Eu sei o quanto o senhor está sofrendo...
— Não sabe nada, me deixe em paz. Eu já disse saiam daqui - ele repete nervoso.
— Meus pêsames pastor, eu lamento, fizemos tudo que podíamos, mas Deus quis assim.
— Porquê Deus iria querer isso? Só os vivos podem servi-lo.
— Se você não sabe, muito menos eu – Carlisle chora, pois ainda está com fome. – Ao menos seu filho está bem.
— Porque ele e não ela? Se ela tivesse ficado poderíamos ter outros filhos. Porque ela morreu e não ele? Preferia que Deus tivesse levado ele ou os dois.
— Deus sabe o que faz. Não entendemos suas ações, mas ele sempre faz o melhor para nós e quer nosso bem.
— Como isso é o melhor? Deixar um bebê sem mãe não é algo certo.
— Para nós não, mas há outros meios.
Não apenas ele perdeu a esposa, mas Carlisle está condenado a crescer sem a mãe. Mas ele não percebe isso. sua dor não deixa perceber a dor do filho.
— Porquê então Deus não levou ele?
— Não diga isso pastor, sua esposa disse antes de morrer que queria deixar ao menos o filho de vocês para ficar parte dela.
— Eu queria ela não ele; não só parte dela, mas toda ela.
— Nem tudo é como nós queremos. Temos que aceitar isso. Não faz sentido brigar com o destino.
- Nem todas as mulheres morrem quando o filho nasce, porquê foi a minha?
— Há muitos anos quando eu era jovem, assisti um parto em que mãe e o filho morreram, infelizmente. Isso sim é lamentável, você ainda teve sorte e pode ficar com um.
— Então eu deveria ser grato por minha mulher ter morrido? Quem é você para me dizer como devo interpretar as ações de Deus, o pastor sou eu.
— Mas eu sou mais experiente na vida do que você meu filho. E não, é claro que não é isso que eu disse. Você deve ficar contente por ao menos ter ficado seu filho.
Carlisle chora faminto e a jovem lhe dá o dedo para que ele se acalme.
— Preferia que ele tivesse morrido também então. Vou sempre me lembrar da mãe dele quando olhar para ele.
— Devemos aceitar o que aconteceu e tentar ver o melhor, o lado bom. Sempre há.
— Qual lado bom pode haver? Minha esposa morreu. Ela está morta! Eu nunca mais vou me casar. Não iria suportar outra vez isso.
— Talvez, o senhor ainda é jovem, vai encontrar outra companheira. Não diga nunca. E quem disse que vai acontecer isso com sua futura esposa?
— Quem garante que não vá se repetir?
— Ao menos seu filho sobreviveu.
— E agora como vou cuidar dele? Eu não tenho nenhuma prática com criança.
— Poderia aprender, não é difícil. E agora os laços entre vocês dois deveriam se fortalecer, para juntos suportarem a dor da perda. Ele nem conheceu a mãe, pobrezinho! – olha para o bebê recém-nascido.
— Era melhor que ele tivesse morrido... Deus não pensou nisso?
— Eu posso cuidar dele – propõem a jovem, Carine. Perdi um filho há pouco tempo e ainda tenho leite.
— Pode ficar com ele para você se quiser, não quero vê-lo nunca mais.
Novamente o Pastor diz nunca.
— Vou devolvê-lo assim que puder quando ele estiver andando e o senhor puder cuidar de seu filho.
...XXX...
Três anos depois ela cumpre o combinado e leva Carlisle até o pai:
— Pastor Cullen. Aqui está seu filho.
— Eu não disse que não o quero? Pode ficar com ele.
— Eu posso continuar cuidando dele para o senhor. Se puder me ajudar, agradeceria.
— Como? Com dinheiro? Está pensando que eu sou rico? Você é que quis ficar com ele eu não tenho nada com isso!
— Papai, nos deixe ficar. Não temos para onde ir - o garotinho intercede.
— E daí? - responde rispidamente o velho pastor.
A expressão dos dois fica assustada e triste ao mesmo tempo. Atônitos e sem saber o que fazer ficam ali parados.
O menino é tão parecido com Caroline que ao invés de comovê-lo parece deixá-lo ainda mais furioso. Mas seria como mandar a esposa embora então ele fica mais calmo:
— Está bem, vocês podem morar aqui comigo.
— Obrigado Pastor Cullen – a mulher agradece.
— Obrigado papai!
...XXX...
Carlisle chamava a mãe adotiva de madrinha e corria sempre para seus braços quando o pai lhe batia. Carine não fazia nada, não podia contrariar o pai do afilhado, só cuidava como precisava do garoto. Ele ficou muito triste quando ela faleceu anos mais tarde quando Carlisle já tinha 18 anos. Quando o pastor Cullen casou novamente ele ficou entusiasmado em ter uma madrasta. Carlisle se dava bem com Emila e cuidava muito de Carole sua pequena irmãzinha que nasceu pouco depois do casamento dos pais, em 1661.
...XXX...
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