Estava acabando julho, que é época de férias escolares. Até aí tudo tranquilo, mas minha mãe apareceu do nada com uma cara esquisita.

— Tenho uma revelação importante a fazer... — Ela começou, parecendo preocupada.

— Pode dizer! — Mangle pediu, e todos ficaram atentos.

— Vocês foram seriamente enganados, e a culpa foi minha. Me perdoem. — Ela abaixou a cabeça.

— Enganados? Quando? — Perguntei, curiosa.

— Vocês nunca foram humanos antes disso. Implantei memórias falsas em vocês para que vocês não se desesperassem.

— Eu nunca fui humana e nunca me chamei Cecília? — Chica perguntou, chocada.

— Exatamente... A Cecília existe, mas ela não é você. Essas versões humanas de vocês sempre existiram separadamente.

— E por que eu não ganhei outro nome que nem os outros? Nas minhas memórias eu era humana, mas também me chamava Drikka! — Questionei.

— É que eu nunca achei a sua versão humana, então não sei como ela se chama.

— E por que tá contando isso só agora? — Meu irmão perguntou.

— Porque eu matriculei vocês em uma escola. Precisava contar isso pro caso de vocês encontrarem as suas versões humanas lá.

— E se encontrarmos? — Foi a vez de Bonnie ficar curioso.

— Se encontrarem, não falem nada sobre suas experiências como animatronics. Escondam qualquer resquícios daquela vida, desde as penas até a cauda. — Ela instruiu. Todos fomos dormir, já que as aulas começariam no dia seguinte, e admito que tive dificuldades para pegar no sono por causa da revelação.

Fomos nos arrumar, e tentamos ao máximo esconder nossas partes de animais. Foi quase impossível esconder essa cauda enorme de lobo. Mangle colocou uma peruca preta para esconder os cabelos brancos e as orelhas de raposa, Bonnie escondeu as orelhas com um capuz, eu também coloquei uma peruca para esconder as orelhas e a mecha dourada, e o resto colocou chapéus. Chica teve que usar um casaco por causa das penas em seus braços. Com tudo pronto, saímos.

Minha mãe nos deixou na porta da escola, e fomos para a nossa sala. Tinha bastante gente, e de cara localizei algumas versões humanas, mas nada da minha... Aula vai, aula vem, e deu o horário do intervalo. Não conhecíamos ninguém, então nos juntamos em um banco no pátio. Deixei o grupo por alguns minutos para pegar um lanche, e uma menina da minha sala veio falar comigo.

— Oi! Você é a novata, não é? — Eu não sabia dizer se ela era simpática ou não. Ela era só... Estranha.

— Sou sim! Meu nome é Drikka, e o seu? — Respondi, ainda tentando identificar o que tinha de esquisito com a menina.

— Meu nome é Lara. Espero que consiga se adaptar aqui! Parece que você já conhece os outros novatos, né? — Ela perguntou, olhando em direção ao banco que meus amigos estavam.

— Ah, sim, já nos conhecíamos antes de vir pra cá. Olha só, eu tenho que voltar agora. Podemos conversar depois? — Tentei cortar o assunto. Eu realmente não estava confortável ali.

— Ah, claro! Até mais, então! — Lara se despediu e eu fui embora, voltando pro banco que estava antes. Que garota esquisita... O que tem de errado com ela?